por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 3 de março de 2013


Assim escrevo... Pedacinhos de mim...Pedacinhos de vida...Pedacinhos de um livro que fala de amor, aromas, paixão e saudade...

"Ainda sinto o cheiro das frutas frescas de minha infância e o perfume das flores dos jardins que minha mãe cuidava com carinho. Lembranças eternas e suaves que me fazem sonhar e relembrar momentos que não voltam mais. Acho que tudo isso já me fez um pouco poeta desde criança."...

"O sol poente lentamente parecia rasgar o mar em meio a nuvens avermelhadas transmitindo uma beleza sem par vista pelas janelas da casa.
Lírios e rosas perfumavam os cômodos dando a impressão de um jardim mágico onde os sonhos se realizam.
Da cozinha, vinha um cheirinho de quitutes preparados com esmero."...

Ignez Olivieri

sexta-feira, 1 de março de 2013

A "estranha diligência" de um Magistrado - José Nilton Mariano Saraiva


Qualquer trabalhador que tenha algum vínculo empregatício, do humilde empregado da bodega da esquina ao mais alto executivo de uma grande corporação, sonha com o dia em que poderá oficialmente jogar tudo pro alto, livrar-se da ditadura do relógio, tomar umas e outras sem maiores preocupações, dormir até tarde, viajar por aí, esconder-se em algum recanto inóspito e de acesso se possível impossível, enfim, sonha em entrar de férias, evidentemente que levando a “mobília doméstica” (família) a tiracolo. Pelo menos esse é o entendimento das pessoas consideradas “normais”.

No entanto, como os integrantes do nosso Poder Judiciário não se consideram pessoas normais, mas, sim, o “supra-sumo de uma casta de iluminados”, a viverem num mundo particular, só deles, eis que, no Judiciário cearense surge uma situação curiosa: é que, embora em pleno gozo de férias, o desembargador Rômulo Moreira de Deus, integrante de um dos nossos Tribunais Superiores, deixou-se localizar facilmente e, procurado pelos empresários-dirigentes do Sindiônibus, sem maiores cerimônias houve por bem emitir, em caráter de urgência, liminar favorável aumentando o preço da passagem do transporte coletivo de Fortaleza de R$ 2,00 para R$ 2,20 prejudicando, assim, milhares de usuários do transporte coletivo (a troco mesmo de quê ???).

Questionado publicamente pelo jornalista Fábio Campos, do jornal O POVO, sobre se seria legal tal atitude, Sua Excelência publicou no mesmo jornal, dia seguinte, um extenso arrazoado sobre, onde enumera pareceres de eminentes juristas assegurando não haver nenhum impedimento em tal ação (trabalhar nas férias, concedendo liminar). Não convenceu, tanto que seus próprios colegas de Tribunal não concordaram com o seu posicionamento. Agora, que ficou esquisito, ninguém tem dúvida.

A pergunta é: e se ao invés do forte Sindiônibus, fosse o ilustre magistrado procurado pra conceder uma liminar em favor de algum pobre indigente necessitado, que estivesse dependendo da liberação de alguma grana prá salvar a própria vida, será que Sua Excelência teria sido tão diligente ???

Você, aí do outro lado da telinha, teria opinião formada a respeito ??? 

Papa dando sopa



O Grupo Escolar Capistrano Landuá, em Matozinho, ganhara fama ,na região ,por se tratar de uma escola bastante ortodoxa, destas de dar pesqueiro em Piaget e chulipa em  Paulo Freire. Os matozenses contavam orgulhosos  a grande quantidade de ex-alunos que ganhou importantes cargos em todo o estado, forjada nas rígidas regras do Capistrano. Comerciantes importantes, barnabés e até deputados ! D. Eufrazina, uma das pioneiras da educação na cidade, tinha sido a fundadora do Grupo e devia-se muito a ela a seriedade disciplinar da instituição,  nos muitos anos que a dirigiu. Com a partida da educadora para os campos celestiais, a escola foi, pouco a pouco , livrando-se dos velhos tempos e investiu-se de um certo ar de liberalidade, com os novos diretores que foram se sucedendo. Falamos em liberalidade, mas é importante dizer que era com os freios de disco matozenses, nada para além do que seria permitido num convento ou numa mesquita. Mesmo assim, a tradicional família de Matozinho malhava o pau nas mudanças  e vivia a recordar os bons tempos do quartel de Eufrazina:
                                    --- Aquilo sim é que era escola e não essa putaria: mistura de cabaré com Circo de Cavalinhos !
                                   Reclamava a cidade que o Capistrano já não tinha o mesmo desempenho dos anos gloriosos. Nem lembravam que o acesso à escola havia se ampliado nos últimos anos e não só a classe média estudava, mas adentraram as classes os mais desfavorecidos, com todos seus imensos problemas. Assim, caiu como uma notícia auspiciosa a nomeação do novo diretor do Grupo : Prof.  Bento de Assis. O mestre tinha fama de durão, fora coroinha de igreja, membro da TFP e um dos mais famosos anticomunistas e dedos-duros na época da ditadura  militar. Os bons tempos do Capistrano tinham tudo para retornar. 
                                   Bento fez valer a sua fama de duro como beira de sino. Fez uma reviravolta na Pedagogia. Implantou a velha Gramática de Carneiro Ribeiro, o ensino do latim e do Grego na grade curricular, a matemática tradicional com sua tabuada ( nada de maquininhas) e a velha palmatória como professor adjunto. Geografia e História,   só antigas e com o seu decoreba incluso. Nada de figurinhas, cartazes e muito menos diabo de computador. Mudou ainda a farda,  com a necessidade dos homens usarem calças compridas, sapatos fechados e ceroulas e as mulheres saias longas, com toda a proteção interna :califon, anágua e combinação. Proibiu ainda os homens usarem cabelos longos e as mulheres , curtos. Brinquinho em macho, piercing em moça era motivo imediato de expulsão. Não bastasse isso, Bento modificou totalmente a merenda escolar, trocando o velho mingau de aveia,  por uma sopa de coentro que ele tentava convencer os alunos ser mais saudável, mas confidenciava aos professores que aquilo diminuía o tesão dos meninos, em plena fase perigosa de explosão hormonal.  As solenidades na escola eram uma sucessão de rezas e mais rezas todas, necessariamente, em latim.
                                   Bento tinha ainda uma profunda preocupação com os possíveis desvios dos alunos em fase de formação. Encheu a escola de beatas tentando ensinar os meninos que sexo só depois do casamento; que camisinha era uma passagem pro inferno. Amedrontavam ainda os guris lembrando que o pecado solitário era um assassinato em massa, pior do que no nazismo, pois milhões e milhões de espermatozóides eram sacrificados.
                                   Semana passada, depois de uns oito meses de mandato, estranhamente, Bento renunciou ao cargo. Reuniu os alunos no grande pátio, na hora da merenda,  e explicou que estava velho e cansado e que precisava passar a diretoria para alguém mais novo e disponível.  Os matozenses, depois, comentaram que a desilusão dele teve outros motivos. Mais de dez alunas tinham engravidado no último ano, para seu desespero. Os meninos viviam no Cyber da cidadezinha , criticando-o no Facebook. O estado abriu ainda sindicância por conta de um enorme   desvio na verba da merenda escolar por uma quadrilha montada dentro da escola por pessoas do Núcleo Gestor, da sua mais inteira confiança. Não bastasse isso vários alunos colocaram no You Tube vídeos de transas entre eles ,em festinhas promovidas por eles mesmos,  em fins de semana, sob o nome : “As Taradas do Capistrano”. A gota d´água, no entanto, parece ter sido a divulgação de pretensas cartinhas de amor do nosso sério diretor ,  dirigidas a um servente da escola chamado Valdemarzão.
                                   Enquanto o Diretor avisava, solenemente, os motivos da sua renúncia, os alunos , ouvidos de mercador,  engolindo a contragosto a insulsa sopa de coentro, começaram a gritar em uníssono:
                                   --- Queremos papa! Queremos papa  !

J. Flávio Vieira

Zodíaco – Março – poema de Daniel Lima

                               Março vem
                Quando menos se espera.
 Março é pássaro avoante
                é ave de arribação.

Há de repende uma escuridão no céu
                               Como de chuva urgente.
                Levantam-se cabeças.
          Não há nuvem de chuva,
               Não é escuro do ar.

São pássaros que passam em revoada,
                               é março que flutua,
                é março no seu tempo e no teu céu.

Março é fluido e fluente
                    como o rio de Heráclito.
Mas ao cair da tarde,
                à chegada da noite
março firma-se no chão
como o ser de Parmênides,
é terra em que se pisa, solo firme,
vontade de ficar.

                Fluir, ficar.
Às vezes, penso:
                março fundou a dialética
(a verdadeira, não a nossa,
                a triste pobre nossa
                dialética da consumição).

Março é essa perpétua interrogação    
                               suspensa no ar.
É a resposta não percebida
                senão quando passou.

Março é a véspera
                (não aconteceu ainda).

 Março é o dia seguinte
                (acontecerá sempre amanhã).

Março é o intervalo,
                               a pausa,
                a ansiosa espera,
o olhar perdido na distância,
                               quase desesperado,
                mas o teimoso coração
                              a se dizer: “Ele vem!”

Quem que vem? Quem março espera?
Ele, ela, o amor, a paz,
                a boa serenidade,
                               o calmo desencanto,
                o alegre imprevisto,
                               a vida afinal
                (que nem sempre acontece).

Março é o travo
 que dá sabor à vida
                e elimina
a nauseante doçura original.
A amargura de março.
               Sem ela
ninguém suportaria a vida
medíocre feliz e doce vida demais.

A felicidade é fruta
     que tem sabor e cica.
   Março é fruta e é feliz.

Aprende a saborear com volúpia
a vida e seu travor.

É março que te diz.
                Ama a fruta e seu travo.

Março semeia,
                Março não colhe.

O milharal de março
                Será o milho que assarás
Nas fogueiras de junho.

    Março tem a humildade, a grandeza
da fonte cujas águas te abastecem
    e que te matam a sede
    e de que nem te lembras
                e que até desconheces.

Março é a paixão que olha para si mesma
    e se queima no próprio fogo
                como uma vela.

É preciso traduzir março
                para entendê-lo.

Ele é o gesto
                o código
                     o enigma.

Traduze-o vivendo.
                Simplesmente vivendo.
(Não compliques).

Março é a oculta mão,
                               No entanto estendida
                e que não apertas
porque não a vês, a oculta mão
                               a ti sempre estendida.

               Março é a altura da tua alma.
Cresce para colheres sempre mais
                               no alto,
                a amarga, a saborosa fruta
                    que é março em tua vida.

                           (Daniel Lima in POEMAS. Recife 2010)

 

 

               

Uma mente "arejada" - José Nilton Mariano Saraiva


Está mais que provado que uma das causas determinantes do “festival pedófilo” que permeia na Igreja Católica tem tudo a ver com a insistência da manutenção do ultrapassado dogma do celibato (dentre outros). Em sã consciência, é difícil imaginar que um homem “normal”, mas que instruído a “evitar olhar nos olhos da mulher”, não sinta o sexo manifestar-se vez por outra (mesmo que involuntariamente). Se até os animais irracionais possuem o instinto do sexo, o que dizer do racional ser humano, ante a profusão de beldades que desfilam por aí, inclusive nas Igrejas ??? E aí não dá pra segurar (literalmente) ou refrear o desejo, daí a monstruosa e bestial busca por satisfazer suas necessidades sexuais com crianças inocentes (e aí o pecado passa a ser hediondo, com direito a passaporte vip para o Inferno).
Configura-se, pois, ato grotesco e incompreensível, por parte da Igreja Católica, a absurda exigência que aqueles que com ela “contraem matrimônio”, assumam o compromisso de lhes ser fiel, inclusive via celibato, até mesmo porque, em outras seitas, religiões ou ajuntamentos religiosos, os pastores, padres, ou seja lá o que for, têm permissão pra paquerar, namorar, casar, ter filhos e por aí vai. Então, por qual razão não na Igreja Católica ??? Por que castrar aos seus integrantes a benção de ser pai ??? Não foi o próprio Senhor que ordenou o “crescei e multiplicai-vos” ???
Eis que de repente, em pleno Ceará, como se fora “um estranho no ninho”, um dos mais fervorosos e ortodoxos defensores da Igreja Católica, num átimo de sinceridade e certamente depois de muita reflexão, resolve expor publicamente seu sonho de adoção de uma espécie de “abertura lenta, gradual e segura” dessa mesma Igreja, ao colocar na mesa as seguintes ponderações (ipsis litteris): “Por que não colocar para os papas uma regra já existente para os bispos? A aposentadoria automática aos 80 anos. Afinal, dirigir uma organização com mais de um bilhão de seguidores é uma tarefa que, além das qualidades espirituais e intelectuais exige também muita aptidão física. E esta última condição torna-se difícil de ser encontrada numa ancião”... “A renúncia do Papa Bento XVI me encheu de esperanças para o futuro. Não custa sonhar em grandes mudanças para a Igreja. Em primeiro lugar, sonho com a extinção do celibato. Isto permitiria a ordenação de maior número de sacerdotes, que estariam mais presentes no meio das comunidades carentes”... e “Desejo também a ordenação de mulheres. Quantas Teresa de Calcutá poderiam surgir?”. 
De parabéns, pois, o conterrâneo e católico praticante Carlos Eduardo Esmeraldo por, sem abrir mão das suas convicções religiosas, ter a coragem de expor sem temores o que muitos outros católicos pensam, mas se recusam a extravasar.
No mais, é esperar e torcer para que o substituto do Benedito XVI consiga INSERIR a Igreja Católica no mundo real, contemporâneo, cibernético, atual, através da paulatina revisão dos seus dogmas milenares. Para tanto, a “demolição” do celibato já seria um bom começo.  

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

R$ 86.000.000,00 - José Nilton Mariano Saraiva


Você, que com muito sacrifício paga em dia os escorchantes impostos cobrados pelo Governo do Estado do Ceará, não pode deixar de lavrar seu protesto veemente, de manifestar-se de alguma forma, de exercitar sua cidadania. É que, segundo dados oficiais disponibilizados pelo valente Deputado Heitor Ferrer, um dos poucos na Assembléia Legislativa do Ceará que não tem rabo preso, o Governo Cid Gomes, no período 2008 a 2012, literalmente “jogou fora” o montante de R$ 86.000.000,00 (oitenta e seis milhões de reais) via pagamento a seresteiros, sertanejos, forrozeiros e por aí vai.
Para um Estado onde tudo falta, onde a população interiorana passa fome e sede, onde não existe saneamento, habitação, postos de saúde, etc,  gastar em média R$ 17.200.000,00 (dezessete milhões e duzentos mil reais) por ano com esse tipo de promoção, no mínimo configura falta de respeito para com o contribuinte.
Mas, como pimenta nos olhos dos outros é refresco, um dos Tribunais Estaduais (certamente que estimulado pelo Governador) decidiu que o Ministério Público Estadual está proibido de questionar números ou solicitar qualquer documentação relacionada a gastos governamentais.
Assim, resta-nos torcer para que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal se sensibilizem e procurem um jeito de examinar essa autentica farra com o dinheiro público por parte de um governo que se diz sério, mas que, por baixo dos panos, pratica manobras pra lá de suspeitas. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Horda de marginais - José Nilton Mariano Saraiva



Ao raiar do ano 2000, de férias no Rio de Janeiro, tivemos oportunidade de ver em ação a tal torcida organizada “Gaviões da Fiel”, do Corinthians. E podemos garantir: trata-se de uma coisa assustadora, de arrepiar qualquer um, fazer tremer estátua de pedra. Aos hurros, proferindo palavras de ordem, aquela horda descontrolada de marginais penetrou na estação do metrô em Copacabana e, literalmente, passou como um rolo compressor, verdadeiro redemoinho, por sobre o que encontrou pela frente; catracas, os parrudos seguranças e torcedores do time adversário e por aí vai (ainda bem que os seguranças, pós-passagem e refeitos do susto, num átimo de coerência, nos recomendaram – torcedores do Vasco da Gama - que, se não quiséssemos ser trucidados, tirássemos imediatamente a camisa do time, adversário do Corinthians naquele jogo da final do Campeonato Mundial, dali a pouco, no Maracanã.
Dali até aqui, foram muitas (mas sempre suportadas) as confusões patrocinadas pela “Fiel”, mas eis que, agora, 13 anos depois, os marginais que se dizem torcedores (e que são financiados pelo clube, sim, em suas andanças pelos estádios de futebol por esse mundo afora), chegaram às raias do absurdo: assassinam de forma violenta e covarde um jovem adolescente e, ainda por cima, em um outro país.
 E aí, temos a palhaçada, verdadeira canalhice, patrocinada pela principal emissora de TV do país (Rede Globo), de par com a CBF e torcedores corintianos integrantes de segmentos da mídia esportiva: ante a perspectiva real de o clube ser penalizado com a exclusão de uma competição internacional, dada a repercussão mundial do fato e em sendo o Corinthians um chamariz de audiência e, conseqüentemente, patrocinadores, imediatamente deram um jeito de arranjar um “menor de idade” (acompanhado da mãe), que, orientado com perguntas e respostas devidamente ensaiadas, prestou depoimento exclusivo àquela emissora, em horário nobre, garantindo ter sido o responsável isolado pela barbárie (na realidade, não exista prova nenhuma de que realmente estava presente ao estádio, mas, só em alegar tratar-se de um “menor de idade”, a Globo se previne, na perspectiva de que nada lhe acontecerá; quanto à família, será regiamente “recompensada”, a posteriori).
A matéria foi reprisada nos dias seguintes, nos diversos telejornais da emissora (manhã, tarde e noite), de forma que se firme na mente dos incautos e desprovidos de consciência crítica que tudo não passou de uma fatalidade, que o “coitadinho” não tinha consciência do que estava fazendo, que não direcionou a bomba para a torcida contrária e, enfim, que a vida segue e nada adiantará ficar remoendo coisas da espécie; a Globo continuará bancando o Corinthians, ad infinitum, e arrecadando milhões com os patrocinadores, enquanto os marginais das “organizadas” continuarão impunes e aprontando (covardes e ridículos, alguns dos bandidos que foram presos, portando e exibindo “santinhos” do Cristo, tiveram até a desfaçatez de se dirigir, claro que pela Globo, à presidenta Dilma Roussef, solicitando que o governo brasileiro intervenha para a sua soltura).
O que mais revolta nisso tudo é que, embora todos saibamos tratar-se de uma farsa grotesca, visando não prejudicar os ganhos futuros da Globo, os formadores de opinião de outros veículos de comunicação não questionam, não se interessam no aprofundamento da questão, portam-se como verdadeiros cúmplices da barbárie.
Mas... por que estranhar: afinal, Obama não disse que matou Osama e, embora ninguém tenha visto o corpo, até hoje muitos acreditam seja aquela a verdade verdadeira ???     

Que nenhum Papa morra. - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

A renúncia do atual Papa Bento XVI declarada no início deste mês e a ser concretizada neste dia 28 de fevereiro, foi um acontecimento surpreendente até mesmo para aqueles que não se dizem católicos. Considerações dos entendidos em Vaticano à parte, para mim foi uma atitude bastante coerente e que deveria ser regulamentada daqui para a frente. Por que não colocar para os papas uma regra já existente para os bispos? A aposentadoria automática aos 80 anos. Afinal, dirigir uma organização com mais de um bilhão de seguidores é uma tarefa que, além das qualidades espirituais e intelectuais exige também muita aptidão física. E esta última condição torna-se difícil de ser encontrada numa ancião.

Durante a minha vida já acompanhei a mudança cinco papas: por morte de Pio XII; Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II. Em todas as ocasiões havia o mesmo ritual de notícias que os meios de comunicação social voltam a nos proporcionar atualmente.

Lembro-me que os colégios católicos decretavam três dias feriados após a notícia da morte de um papa. E na morte do Papa Paulo VI, em 1978, o meu primeiro filho, à época com apenas quatro anos, ficou muito contente com o feriado. Vinte dias depois, todos estávamos aliviados porque tínhamos um novo Papa: João Paulo I, que reinou durante apenas um mês. Na manhã de 28 de setembro de 1978, eu soube pelo meu filho, que retornava da escola acompanhado da sua mãe e comemorando mais um feriado: "o Papa morreu de novo!" 

Em menos de vinte dias, foi eleito e empossado o Papa João Paulo II, de 58 anos, um jovem, em comparação com seus antecessores. E o tempo passou, e alguns meses depois, acredito que no ano seguinte, o nosso primeiro filho entranhou a falta de um feriado. E então exclamou à sua mãe: "Nunca mais morreu um papa!"

A renúncia do Papa Bento XVI me encheu de esperanças para o futuro. Não custa sonhar em grandes mudanças para a Igreja. Em primeiro lugar, sonho com a extinção do celibato. Isto permitiria a ordenação de maior número de sacerdotes, que estariam mais presentes no meio das comunidades carentes. Desejo também a ordenação de mulheres. Quantas Teresa de Calcutá poderiam surgir? 

Sonhar é possível. E eu sonho com uma Igreja voltada para o povo sofredor e focada na pessoa de Jesus Cristo, que viveu pobre e no meio de gente pobre e humilde. 

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

IRONIAS DE PATATIVA AO PROCESSO DE APOSENTADORIA



Em texto postado na semana passada, fiz referência a poesia de Patativa do Assaré escrita durante processo de requerimento da sua aposentadoria do FUNRURAL. Transcrevo os versos:

Aposentadoria de Mané do Riachão


Seu moço, fique ciente
De tudo que eu vou contar,
Sou um pobre penitente
Nasci no dia do azá,
Por capricho eu vim ao mundo
perto de um riacho fundo
no mais feio grutião
e como alí fui nascido,
Fiquei sendo conhecido
Por Mané do Riachão.

Passei a vida penando
no mais crué padecê,
Como tratô trabaindo
Pru filizardo comê,
A minha sorte é trucida
Pá miorar minha vida
Já Rezei e fiz premessa
Mas isso tudo é tolice,
uma cigana me disse
que eu nasci foi de trevessa.

Sofrendo grande cancêra
Virei bola de biá
Trabaino na carrêra
Daqui pra ali pra culá
Fui um eterno criado
Sempre fazendo mandado
Ajudando aos home rico,
Eu andei de grau em grau
taliquá o pica-pau
Caçando broca em angico.

Sempre entrano pelo cano
E sem podê trabaiá,
Com sessenta e sete ano
percurei me aposentar,
Fui batê lá no iscritoro
Depois eu fui no cartoro
Porém de nada valeu,
Veja o que foi , cidadão,
que aquele tabelião
Achou de falar prá eu.

Me disse aquele escrivão
Frangino o côro da testa:
- Seu Mané do Riachão
Esses seus papé não presta,
Isto aqui não vale nada,
Quem fez esta palelada
Era um cara vagabundo,
Prá fazê seu apusento
Tem que trazê decumento
Lá do começo do mundo.

E me disse que só dava
Prá fazê meu aposento
Com coisa que eu só achava
No antigo Testamento,
Eu que tava prazentêro
mode recebê o dinhêro
me disse aquele iscrivão
Que precisava do nome
E tombém do subrenome
de Eva e seu marido Adão.

E além da Identidade
De Eva e seu marido Adão
Nome da niversidade
Onde estudou Salomão
e outras coisa custosa,
Bem custosa e cabulosa
Que neste mundo revela
A escritura sagrada
Quatro dedo da quêxada
que Sanção brigou com ela.

Com a manobra e mais manobra
Prá puder me aposentar,
Levá o nome da cobra
que mandou Eva pecar
E além de tanto fuxico,
O registro e currico
De Nabucodonosô,
Dizê onde ele morreu,
Onde foi que ele nasceu
e aonde se batizou.

Veja moço, que novela,
Veja que grande caipora
A pior de todas elas
O senhô vai vê agora,
Pra que eu me aposentasse,
Disse que tombém levasse
Terra de cada cratera
Dos vulcão dos istrangero
E o nome do vaquêro
Que amançou a besta fera.

Escutei achando ruim
Com a paciência fraca
E ele olhando prá mim
com os olhos de jaraca
Disse a coisa aqui é braba
Precisa que você saba
que sou iscrivão
ou estas coisa apresenta
ou você não se aposenta
Seu Mané do Riachão

Veja moço, o grande horrô
Sei que vou morrer depressa
Bem que a cigana falou
que eu nasci foi de trevessa
Cheio de necessidade
Vou viver da caridade
Uma esmola cidadão
Lhe peço no santo nome
Não deixe morre de fome
O Mané do Riachão

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

MAIS UM MOTIVO DE ORGULHO PARA D. ALMINA - 3






A jovem médica cratense, Thais Pinheiro Callou, neta de D. Almina Arraes, filha de José Luna Callou e Mª Benigna Arraes (Bida), depois de ter mostrado seu brilhantismo obteendo nota máxima na especialização do Hospital Santa Luzia em Recife, confirmou suas qualidades no concurso de especialização na USP, em São Paulo, agora ratifica seu valor na seleção de médicos promovida pela Santa Casa, também de São Paulo. Com a mais recente vitória, Dra. Thais portará o título de especialista também em córnea.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Caio Fernando Abreu










Página oficial www.caiofernandoabreu.com
Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996) foi um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro.
Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um "fotógrafo da fragmentação contemporânea".

SENHOR DEPUTADO, UM MÍNIMO DE RESPEITO – José Nilton Mariano Saraiva


Quando se dispõe a escolher um determinado candidato, concedendo-lhe, através do voto, um passaporte/mandato para tomar assento numa das várias Assembléias Legislativas (vereador, deputado ou senador) naturalmente que a população espera que o próprio seja emissário e portador das demandas que lhe afligem, através de um trabalho diuturno, sério e de alto nível, consubstanciado em propostas práticas e exeqüíveis; afinal, os problemas são muitos e diversificados, e eles, parlamentares, são a caixa de ressonância da coletividade.
Muitas dessas “Excelências”, no entanto, por despreparo, descompromisso, ou até mesmo por não terem idéia da seriedade do compromisso assumido, terminam por transformar o ambiente parlamentar numa espécie de circo de quinta categoria, estuário das suas ironias e piadas de mau gosto.
A mais nova deu-se dias atrás, quando do “batismo” da rodovia estadual CE-350, que liga os municípios de Pacatuba/Maranguape/Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza: pois bem, a deputada Fernanda Pessoa sugeriu que, para homenagear os índios Pitaguarys, antigos donos de uma parte das terras, a rodovia referenciada recebesse  tal denominação (Pitaguarys); já o parlamentar Lucilvio Girão, legislando em causa própria, sugeriu que o patrono da mesmo fosse um parente, Luis Girão, porquanto teria prestado relevantes serviços a uma das comunidades; e aí, durante a áspera discussão que se seguiu, um terceiro deputado – Ely Aguiar - resolveu fazer gracinha, transformar a arena parlamentar num ambiente circense, ao sugerir que a rodovia fosse batizada com dois nomes distintos: Pitaguarys, no sentido de quem demanda da capital para o interior; e Luis Girão, para quem vem em sentido contrário, do interior para a capital (não, não é brincadeira; o fato foi noticiado pelo jornal O POVO).
Será que o nobre deputado, que tem sua base eleitoral no Crato, não poderia privar os conterrâneos de um espetáculo tão deprimente ??? Será que a população cratense votou nele pra isso ???  Será que o Crato não tem sérios problemas a serem levados ao plenário da Assembléia, visando debatê-los e solucioná-los ???
Senhor Deputado, um mínimo de respeito para com aqueles cratenses que o sufragaram nas urnas (não nos incluímos aí). Se não pode ajudar, pelo menos não nos mate de vergonha...       

Sinopse - História da Independência de Juazeiro do Norte - Daniel Walker

Em 1907 o povoado de Juazeiro estava em franco desenvolvimento e pagando pesados impostos ao Crato. Um cidadão filho da terra, rico fazendeiro, divulgou um boletim no qual convocava a população para uma reunião cívica em que a emancipação do povoado era o principal tema da pauta. A reunião foi um fiasco! Pouca gente compareceu. Alguém aventou a hipótese de que a população, embora desejosa de ver o povoado livre, estava dividida devido a divergências ideológicas e, por isso, vez por outra se desentendia. Na verdade, a população juazeirense, ontem como hoje, é formada por dois tipos de habitantes: os filhos da terra, chamados nativos, e os adventícios, chamados genericamente de romeiros, pois para aqui vieram atraídos pelas pregações de um padre, líder carismático autêntico, e pela crença num fato que todos acreditam como sendo milagre. Este fato, basicamente, consistiu no sangramento da hóstia na boca de uma beata quando a mesma comungava, além de outros fenômenos igualmente estranhos. O filho da terra e rico fazendeiro referido acima conseguiu a adesão de dois destemidos adventícios para engrossar as fileiras do movimento: um padre cratense fugido de sua cidade por questões políticas com o prefeito e um médico baiano com habilidade em advocacia, embora não fosse advogado formado, que para aqui veio se oferecer para resolver pendências jurídicas referentes a umas minas de cobre do padre que vivia no lugar, mas estava suspenso das ordens eclesiásticas, o líder carismático já citado. Por coincidência, os dois forasteiros também eram jornalistas. Assim, melhor preparado, o grupo resolveu fundar um jornal, cujo objetivo seria servir de ponta-de-lança do movimento de independência do povoado. Mas, apesar de todo o empenho o empreendimento não crescia da forma desejada. Algumas razões impediam-no: o fazendeiro rico não se dava bem com o prefeito do município-sede e os adventícios chamados romeiros se achavam discriminados pela população nativa. Era preciso, então, o surgimento de um fato novo, porém forte o suficiente para esquentar os ânimos da população e capaz de deixar todos com os nervos à flor da pele, prontos para fazer valer a reivindicação tão justa. E, por incrível que pareça, em vez de um apenas, surgiram três. Um atentado de morte contra o médico baiano; uma frase insultuosa ao povo juazeirense proferida no Crato durante uma visita pastoral do bispo auxiliar de Fortaleza, por um padre da comitiva e finalmente, a determinação desastrosa do prefeito cratense que ameaçou de forma ostensiva usar a força policial para receber os impostos atrasados, que os contribuintes resolveram não pagar mais. A ordem do prefeito era severa: em caso de resistência, bala! Pronto, estava criado o ambiente propício para o líder carismático do lugar agir. Ele até então se encontrava receoso, pois era adepto da política da boa vizinhança, e também não queria se indispor com o prefeito cratense, seu amigo, cujo pai havia contribuído de forma bastante efetiva para sua ordenação. E como se não bastasse, era ele próprio um cratense da gema. A situação era dramática e clamava por uma decisão imediata, pois um conflito armado estava prestes a ocorrer. O líder carismático, o padre dos romeiros, estava num dilema: honrar sua naturalidade cratense ou defender a terra que adotou, optando, assim, pela cidadania juazeirense. Com a frase pronunciada em tom enérgico - “Sou filho do Crato, mas Juazeiro é meu filho” -, o líder carismático desfraldou finalmente a bandeira de independência, e o povoado se tornou livre. Esta história narrada desta forma, em rápidas pinceladas, é importante demais para terminar aqui. Precisa, portanto, ser contada com mais detalhes. E somente agora, cerca de cem anos após o fato ter acontecido, surge um livro para tratar exclusivamente dele: HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA DE JUAZEIRO DO NORTE, de Daniel Walker.