por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Negando fogo



O Cabo  era um pequeno distrito próximo à Matozinho. Um arruadozinho de pouco mais de trinta casas dispostas de forma pouco regular que se foram amontoando pouco a pouco,  em longos e longos anos. Um dia os viventes daquele oco de mundo  tinham sido moradores da Fazenda do Coronel Serapião Garrido.  Com a viagem derradeira do coronel, a fazenda terminou rateada por muitos herdeiros que foram paulatinamente se desfazendo de suas terras. O fragmento onde hoje se situa o Distrito chamado de “Cabo”  comprara-o  um policial da região chamado Cabo Altino que findou seus dias ,tragicamente, assassinado por um marido ciumento. Como partiu prematuramente, não havia deixado descendentes e as terras , por usucapião, findaram nas mãos dos antigos moradores da época ainda de Serapião. Em homenagem ao policial legaram-lhe o nome de “Cabo Altino” que, com o tempo, por lei do menor esforço, recaiu num simples “Cabotino” e, finalmente, talvez pela feiúra do epíteto,  virou, por fim:  “Cabo”.
                        Passaram-se os anos e o arruadozinho permanecia exatamente o mesmo , motivo de inúmeras chacotas em Matozinho. Dizia-se que ali só se abria nova rua quando caía uma casa. Apelidaram de “Cabo”  um anão da Vila.   E tome-lhe potoca: “Mais atrasado que o Cabo”! “Esse menino num cresce não, é empererecado danado , parece o Cabo”! “O Cabo  é tão atrasado que não muda nunca de patente: não sobe nem prá sargento!” Todos estes chistes precisavam ser ditos à boca miúda, sob pena de algum cabense infiltrado, tomar as dores e resolver a pendenga à força de facão rabo-de-galo.
                        Pois bem, situado bem nosso arruado, voltemos à nossa Matozinho que vivia, naquele momento, em período eleitoral, nas vésperas de eleições para deputado, senador e presidente. Ao contrário do pleito para escolha de prefeito e vereador, aquele não dava muito solavanco nos ânimos matozenses, não ! A coisa permanecia meio morna, meio em banho-maria. Talvez, por isso mesmo, Giba,  o dono do Bar mais famoso da Vila,  estivesse, naquele dia preocupado com razões outras bem distantes de Chapas e Urnas. É que havia combinado  , desde a semana anterior, com o velho Atanásio Jovelino,  para mandar emprestado o jumento de lote de Giba para o distrito do Cabo, com o fito de cobrir algumas éguas .  O dono do bar estava meio agoniado,  primeiro porque se tratava de dia de Feira em Matozinho e, depois, porque mandara  Tõin Catingueira  , seu fiel escudeiro numa fazendola nas cercanias da Vila, na dura missão de pegar o jerico e trazer para cidade. Dali, Zezé da D20, um pegador de frete, já havia lavrado contrato para levar o jumento até às mãos de Atanásio. E aí vem a segunda razão do vexame de Giba:  Zezé havia combinado a viagem para as oito da matina, já passara duas vezes no Bar e, até aquele momento, mais de onze , Tõin Catingueira, que tinha fama de lerdo e macio, não tinha aparecido com a encomenda.
                        Pois bem, para que se entenda bem a história, neste momento, entra em cena uma outra trama. Giba nem lembrava,  mas, na semana anterior, um primo o havia escrito da Capital, pedindo sua ajuda num empreita.  É que um amigo dele era candidato a Deputado Estadual e estava indo para Matozinho na semana seguinte, com fins de fazer campanha e carrear alguns votos. O primo havia recomendado Giba como cicerone:
                        --- Dono de Bar, Giba conhece todo mundo! Ele vai te levar aos melhores cabos eleitorais da região !
                        No azáfama do dia a dia, Giba já nem mais lembrava o pedido do primo. Pois não é que o homem resolveu chegar exatamente naquele dia : em meio à feira, imprensado entre o jumento, Zezé e Catingueira? Apresentou-se ao dono do botequim e este foi muito cordial. Pediu-lhe apenas um tempinho e ficou naquela aflição danada, aguardando a chegada de Tõin que não vinha e a insistência periódica de Zezé que, passando por ali já pela quarta vez, tinha ameaçado cancelar o contrato.
                         O candidato esperou um pouco, enquanto conversava com a clientela matutina do bar: os bêbados mais inveterados e que precisavam tomar a primeira,  para parar aquela tremedeira . Ante o stress de Giba , andando de lado a lado e resmungando :
                        -- Como é que pode uma coisa dessas ? Tõin não chega! Lerdo ! Abestado ! Tratante !
                        O candidato imaginou, com seus santinhos, que a figura aguardada com tanta ansiedade só podia ser um importante cabo eleitoral da região. Tõin que vinha tangendo o jumento de lote, por sua vez, sabia apenas quem alguém transportaria o bicho até o distrito do Cabo e, ciente do atraso,  preparava-se para o esporro do patrão.
                        Quando apontou, por fim, nosso vaqueiro na extremidade da rua, um Giba ,já suando em bicas,   gritou:
                        -- Finalmente  o pomba-lesa do Catingueira chegou !
                        Ao ouvir o abre-te-sésamo , o deputado,  acreditando tratar-se do detentor de uma mina de votos, saiu correndo em desabalada carreira e abraçou nosso vaqueiro efusivamente:
                        --- Bem vindo Catingueira ! Ainda bem que você chegou , rapaz!
                        Catingueira, meio confuso, imaginou que aquele era o homem do frete e que ia transportar nosso jegue até à lua de mel em terras de Atanásio ! Dirigiu-se diretamente ao candidato e entregou-lhe o jumentão de lote que, animado, excitado,  já pressentia as futuras noites de núpcias:
                        --- Pronto ! Taqui o que o sinhô tava esperando! Vossimicê  já pode levar esse jumento até o cabo !
                        O deputado, ante a ameaça , afastou-se rápido, ainda ouvindo as ritmadas batidas do falo jeguiano no bucho,  e negou fogo :
                        --- Que conversa é essa, seu Catingueira? Não meta as pernas pelas mãos não, homem de Deus ! Quem leva jumento até o cabo é eleitor e não político !  Tesconjuro, desgraçado !

J. Flávio Vieira


Vale a pena conferir...



Colaboração de Geraldo Ananias



No tempo da minha infância
(Ismael Gaião)

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal

Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria

A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade

Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração

Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido

Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir

Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança

No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado

Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria

Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira

Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado

Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos

Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras

Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cowboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão

Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé

Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pegava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar

Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão

Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha videocassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia

O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço

E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira

Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar

Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade

Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança

A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...
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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Festa




Vivo sempre antenada,
Mas a vida infestada
De tristeza que não passa
Esconde a festa que alegra
Nossa alma encarnada.

Festa é encontrar amigo
cidade, mar ou roçado
compartilhar todo canto
espantar o nosso pranto
No som de algum compasso.

Na aridez do Nordeste
o que salva é a nossa arte
Que pena ,o mato queimado
Destarte tanta toada

Desligo a informação
Mas fico alienada
Querendo um verso perdido
Quando mudei de estrada.

Sonhando com voz amiga
Eu volto pro mesmo ponto
E aguardo outra loa
Pra LUA lá da calçada.


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Não te amo mais.
Estarei mentindo se disser que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza de que
Nada foi em vão.
Sei dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer nunca que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase

EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade:
É tarde demais...
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Clarice Lispector

Estrelas - Aloísio


Estrelas

Estrelas nos meus caminhos
À minha infância retorno
É uma viagem distante
É como um mar que contorno
 
Lembro das noites sem lua
Quando ficam mais brilhantes
É como os olhos pedindo
Os carinhos dos amantes

Estrelas que no infinito
Vão clarear meu presente
Pra entrar no desafio
Todo escrito de repente

Depois de lido o poema
Fui chamado para versar
Quando acordar deste sonho
Quero as estrelas tocar.
 

Continua o desafio
Com a palavra festa


Aloísio
12/09/2012

terça-feira, 11 de setembro de 2012




Língua
Caetano Veloso



Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E – xeque-mate – explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique
– Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem

© Editora Gapa

Moça na Cama - Adélia Prado


Papai tosse, dando aviso de si,
vem examinar as tramelas, uma a uma.
A cumeeira da casa é de peroba do campo,
posso dormir sossegada. Mamãe vem me cobrir,
tomo a bênção e fujo atrás dos homens,
me contendo por usura, fazendo render o bom
. Se me tocar, desencadeio as chusmas,
os peixinhos cardumes.
Os topázios me ardem onde mamãe sabe,
por isso ela me diz com ciúmes:
dorme logo, que é tarde.
Sim, mamãe, já vou:
passear na praça em ninguém me ralhar.
Adeus, que me cuido, vou campear nos becos,
moa de moços no bar, violão e olhos
difíceis de sair de mim.
Quando esta nossa cidade ressonar em neblina,
os moços marianos vão me esperar na matriz.
O céu é aqui, mamãe.
Que bom não ser livro inspirado
o catecismo da doutrina cristã,
posso adiar meus escrúpulos
e cavalgar no topor
dos monsenhores podados.
Posso sofrer amanhã
a linda nódoa de vinho
das flores murchas no chão.
As fábricas têm os seus pátios,
os muros tem seu atrás.
No quartel são gentis comigo.
Não quero chá, minha mãe,
quero a mão do frei Crisóstomo
me ungindo com óleo santo.
Da vida quero a paixão.
E quero escravos, sou lassa.
Com amor de zanga e momo
quero minha cama de catre,
o santo anjo do Senhor,
meu zeloso guardador.
Mas descansa, que ele é eunuco, mamãe.

Os versos acima, publicados inicialmente no livro "O Coração Disparado", foram extraídos de "Adélia Prado - Poesia Reunida", Editora Siciliano - São Paulo, 1991, pág. 175.


"Sereno da Madrugada
Carlos Gonzaga


Sereno da madrugada
Caindo no meu caminho

Na rua abandonada
Eu ando triste sozinho

Sereno a minha amada
Se encontra
Em outro ninho e não no meu

Sereno da madrugada
Amigo que Deus me deu "

Para Aloísio- por Socorro Moreira ( dez/2010)
Esse mote
que o carteiro
na minha noite pingou
é sereno , o meu amigo,
um poeta de louvor !

Sereno me surpreende
quando o flagro numa flor
mas o sereno Aloisio
não perde nunca um repente
quando cumpre um desafio

Agora mudando a prosa
eu falo da serenata
com a música do Gonzaga
que a minha infância encantou
Começo a cantarolar
lembrando a praça molhada
quando uma estrela chorou

Considerando as estrelas
na contagem sideral
eu pergunto ao Deus do céu
pelo lenço que o sereno
não gosta nunca de usar
e fico embevecida
vendo a planta embriagada
de versos, rima e luar !
.
E antes do fechamento
eu lembro a velha canção
que o poeta da vila
deixou pra gente cantar
ele fala como a gente
que também se diz boêmio
e gosta de versejar :

"Sou do sereno
Poeta muito soturno
Vou virar guarda noturno
E você sabe porque
Mas você não sabe
Que enquanto você faz pano
Faço junto do piano
Estes versos prá você"(Noel Rosa)


Deixo uma nova palavra
pra alguém considerar
dentre as estrelas que vejo
uma delas é um olhar
que começa a serenar!





Futebol: a Seleção Maguila

Muitos daqui se lembram do simpático ex-pugilista Adilson Rodrigues, o Maguila, um bom boxeador em nível regional que alguns brasileiros espertos tentaram elevar a fenômeno internacional.
Para fazer cartel, como se chama no boxe (acumular vitórias), Maguila lutava contra sparrings e pugilistas inexpressivos, alguns barrigudos e flácidos, em lutas transmitidas como se fossem espetáculos inesquecíveis da Nobre Arte pelo locutor Luciano do Valle.
Quando ousou enfrentar pugilistas de destaque dos EUA, precisou de uma ajudinha dos juízes num resultado que entrou para a história do boxe, no Maracanãzinho, e foi à lona em lutas nos Estados Unidos. Tornou-se “campeão mundial” por uma obscura associação.
Pois bem, parece que a História se repete, e desta vez como segunda farsa. Estamos vendo nos gramados a Seleção Maguila.
Desde que o técnico Mano Menezes pediu à CBF para desmarcar amistosos contra a Espanha e a Itália, no final de 2011, optando por jogar contra Gana, Gabão e Egito e virando motivo de chacota internacional, a Seleção adotou a tática Maguila para permitir ao seu treinador fazer cartel e evitar derrotas humilhantes contra grandes adversários.
Quem acompanha a Seleção há décadas e já teve de conviver, infelizmente, com técnicos como Falcão, Lazzaroni e Leão, sabe que mesmo nos piores momentos nunca tivemos medo. Na linguagem futebolística, nunca fugimos do pau. Até a Era Mano Menezes. Até a Seleção Maguila.
O primeiro resultado dessa tática covarde, motivada em parte pela pior colocação da Seleção na história da Copa América, foi a perda de uma medalha de ouro fácil nos Jogos Olímpicos. E há dois anos não ganhamos de nenhuma Seleção importante.
Após o fiasco em Londres, Galvão Bueno, que faz o papel então reservado a Luciano do Valle, tentou convencer o País de entrávamos numa fase de “reinício de trabalhos” – e não, obviamente, de continuidade: o mesmo treinador, os mesmos jogadores, a mesma tática, os mesmos adversários.
Goleamos a China por 8x0 ontem.
Quem é a China?
Uma Seleção já eliminada da Copa do Mundo de 2014 num grupo de quatro Seleções que contava com Iraque, Jordânia e Cingapura. Iraque (do treinador Zico) e Jordânia se classificaram para a fase seguinte. A China ocupa atualmente a 78ª colocação no ranking da Fifa (África do Sul, penúltimo adversário da Seleção, ocupa a 74ª colocação).
Como a grande mídia não gosta de fazer jornalismo, nós fazemos. Vejam essa curiosa diferença de escalação inicial, do último jogo da China nas eliminatórias para o jogo da vitória maguiliana.
China 3x1 Jordânia.
C. Zeng, X. Sun, P. Zhao, L. Zhang, J. Liu, J. Hao , T. Chen , S. Qin, H. Yu, P. Lu., L. Gao. http://uk.eurosport.yahoo.com/football/world-cup-qualification-afc/2014/china-pr-jordan-464272.html
Brasil 8x0 China.
Isso mesmo. A Seleção que derrotamos por um placar patético não é sequer a Seleção principal da patética equipe chinesa (aliás, a Seleção com o pior ranking enfrentada na Era Mano).
Agora pensemos alto. Temos a Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo em 2014. Qual é a utilidade de jogar partidas em que ficamos 90% do tempo no campo do adversário? Testa-se a defesa, o meio de campo, o ataque – este, contra defesas eficientes?
Que conclusões podem ser tiradas sobre o desempenho dos jogadores se estamos jogando contra Seleções que não participarão dos principais torneios que precisamos ganhar? Como esses atletas jogarão contra grandes Seleções, aquelas que precisamos derrotar para conseguir títulos? Que treino é esse?
Seleções principais derrotadas na Era Mano: Estados Unidos, Irã, Ucrânia, Escócia, Romênia, Equador, Gana, Costa Rica, México, Gabão, Egito, Bósnia, Dinamarca, Estados Unidos, Suécia, África do Sul e China.
Esta é a nossa turma.
Só há duas utilidades efetivas nesses jogos: fazer cartel para o treinador e vender jogadores para o exterior.http://extra.globo.com/esporte/copa-2014/em-dois-anos-jogadores-convocados-por-mano-menezes-ja-renderam-1-bilhao-em-negociacoes-6032738.html
É esta a nossa outrora gloriosa Seleção Canarinho: a Seleção Maguila, a Seleção da Era Mano.
Fiquem certo os mais jovens: nunca foi assim. Nunca passamos vergonha por medo, nunca precisamos de vitórias questionáveis contra Seleções ridículas para segurar treinadores e dar confiança a jogadores.
Podíamos nem ter bons jogadores, mas ao menos tínhamos coragem. Éramos homens em campo.

Baião de Nós pra degustação


Petisco musical do meu novo CD, que está prestes a ser lançado. Trecho de uma das faixas e clima da produção. Sua visita à nossa página será bem-vinda: https://www.facebook.com/baiao.de.nos

domingo, 9 de setembro de 2012

O "estilo" Dilma

Nota Oficial
Citada de modo incorreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado neste domingo, nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, creio ser necessário recolocar os fatos em seus devidos lugares.
Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.
Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infra-estrutura e reservas cambiais recordes.
Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes.
Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista.
Não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O melhor do mundo - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Certa vez, um repórter perguntou a Altamiro Carrilho, há poucos dias falecido, o que  era preciso para se tornar um bom músico. E ele prontamente respondeu: "Em primeiro lugar, o sujeito precisa nascer músico. Depois estudar muito, horas e horas a fio".

Creio que o pianista João Carlos Martins preencheu completamente os requisitos ditados pelo saudoso Altamiro Carrilho. Iniciou seus estudos ao piano ainda criança com a professora Aída de Vuono. Aos oito anos já tocava piano como gente grande, tendo vencido um concurso para execução das obras de Bach. Em seguida ingressou no Liceu Pasteur, onde se aperfeiçoou com o professor russo José Liass, época em que chegou a estudar por mais de seis horas diária. Aos treze anos venceu um concurso internacional em São Petersburgo, na Rússia.

Em 1960, quando João Carlos Martins tinha vinte anos, foi convidado por Eleanor Roosevelt, ex-primeira dama dos Estados Unidos, a se apresentar no mundialmente famoso Carnegie Hall, ocasião em que interpretou Bach. Ele conta que ao final do concerto, a senhora Roosevelt adentrou ao camarim acompanhada de um cidadão excêntrico, que lhe disse:
- "Eu sou Salvador Dali. E você é o melhor interprete de Bach que há no mundo. Repita isso durante toda a sua vida. Faz quarenta anos que eu digo que sou o maior pintor surrealista do mundo e todos acreditaram!"

O talento nato entretanto é importantíssimo. De nada adianta cantar vantagem, quando não se tem a certeza do dom com o qual cada um nasceu. O difícil é descobrir que dom é esse. Acima temos dois exemplos de pessoas que descobriram esses dons e por isso foram vencedoras.   

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

quarta-feira, 5 de setembro de 2012



O Falatório do Homem Massa


Pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a certeza de vir a ser recompensado.José Ortega y Gasset

    Como todos sabem, estamos no período eleitoral onde as mais diversas propostas (nem tão diversas assim) propagadas por uma infinidades de candidatos tem colocado a população em um estado de nervos deveras excitante. Tratando-se o Crato como cidade da cultura, não era de se espantar que sua população participe ativamente dos debates políticos que tem se dado em praças, rua e principalmente na internet, e mais especificamente do facebook.
    O que cabe ao eleitor que pretende se informar a partir das inúmeras informações emitidas nos debates em questão é: 1º - A veracidade das mesmas; 2º -A confiabilidade do seu emissor e; 3º - A capacidade de você mesmo percebê-la, comparando a informação obtida com os dados que a realidade lhe apresentam.  O que estamos falando aqui é algo essencialmente filosófico, onde conceitos de ciência polícia, história, oratória e até a mais abjeta erística se misturam. Isso complica bastante ao leigo no debate pois os com conceitos não nos chegam prontos e explicados, cabendo a nós mesmos a habilidade de entender cada um deles em sua singularidade, separá-los e conexioná-los segundo a necessidade do momento.
    Há a partir de então, para um debate saudável, uma primeira necessidade que é a percepção do real em suas diversas singularidades e expressá-lo de modo mais fidedigno possível. Quem atende essa primeira premissa é um grupo de artistas e escritores maduros, que, embora adicionem um elemento estético, este elemento está submetido a realidade. É importante entender que ao falar em realidade, não me refiro ao realismo como escola artística. É possível que várias correntes artísticas emitam um signo realístico segundo sua própria estética, sem que seja necessário relativizar a verdade (como vem acontecendo costumeiramente). Como exemplo, podemos coletar ao longo da história da literatura uma série de exemplos, que podem ser entendidos como “signos artísticos” que dão lastro a quem os estuda para perceber melhor a realidade que os rodeia. Após ler um Homero, Sófocles, Cervantes ou Dostoiévski, temos uma variedade de personagens decodificados que podem ser reconhecidos em nosso convívio diário. Uma das características de uma obra clássica é o número de eventos extraordinários que acontecem em um espaço temporal relativamente pequeno. O leitor tem então uma enorme fonte de experiências que ele pode ter acesso sem sofrer as consequências de nenhuma delas, aprendendo se possível com cada uma. Isso é a transposição da experiência em memória e linguagem e expressão culturalmente reconhecível.
    Sem esse número de experiências decodificadas primeiramente pela literatura (que já deixa marcado no imaginário da população, por assim dizer, os “mocinhos e os bandidos”) é impossível o desenvolvimento político saudável que é nada mais do que uma extensão das atividades da filosofia. Como nosso caso não é este é reduzido o número de experiências necessárias para a entrada de qualquer pessoa no debate político. Fica fácil então qualquer um começar a dar palpite sem que sua própria consciência seja verificada antes do mesmo ser ouvido. Ora, este debatedor que não foi verificado sua procedência pode ser um Raskólnikov, uma Madame Bovary em potencial. Como alguém deste nível, que não reconhece os próprios pecados poderá ser ouvido em questões públicas? Alguém deste nível poderá elabora algo em um significado filosófico mais profundo? Ora, é claro que a necessidade de elaborar um discurso de mudança é algo comum a qualquer ser humano, mas, o que é preciso pensar é se a personalidade e o empenho de tais pessoas são condizentes com seus desejos de mudança.
    É fácil elaborar uma questão maliciosa para um político, mas vez que você próprio não seria capaz de superá-la. O problema de uma população que não tem esse imaginário literário que decodifica muitas coisas da vida por experiências dadas de presente a quem se dedica a sua leitura é que, uma vez sem essa experiência em potencial já pronta, a sociedade terá que vivê-las por sua própria conta, podendo repetir os mesmos erros totalmente desnecessários. Esse é o preço que uma sociedade sem literatura e sem história paga. Portanto, como diria o grande Chesterton: “Tradição significa conceder votos à mais obscura de todas as classes: nossos ancestrais. É a democracia dos mortos. A tradição recusa submeter-se a essa arrogante oligarquia que meramente ocorre estar andando por aí." Portanto, quanto mais experiências nós absorvemos, mais fácil fica para entender a realidade, seja ela qual for.
    O que tem me deixado um tanto perplexo é como pessoas de inteligência tem trabalhado questões políticas por meio de um molde feito pelas experiências de massas, que, de um modo geral, não tem uma experiência bem elaborada de questões necessárias para um debate saudável. Quando falo que não tem, não é pelo fato de que as mesmas simplesmente não queiram, mas que o fracasso da educação brasileira os usurpou dessa possibilidade. O número de palpiteiros nos grupos do facebook atesta o que estou falando: Afirmação graves são proferidas sem provas, invertem conceitos, tomam-se constantemente a mera hipótese por prova incontestável, entre tantos outros pecados intoleráveis para uma argumentação lógica, saudável e que possa contribuir para alguma coisa. É preciso urgentemente que a chamada Cidade da Cultura se afine de fato com os grandes nomes da cultura ocidental. Não estamos acima deles, portanto, não podemos desprezá-los. O que nos resta é baixar a cabeça e aprender humildemente, ou, continuar no falatório travestido de erudito, que, na maioria dos casos não resiste a menor réplica.

Antonio Sávio Nunes de Queiroz

CRIA O TEU RITMO


“Cria o teu ritmo e criarás o mundo.”
Eu era adolescente quando li esse verso de Ronald de Carvalho. Pareceu-me de imediato uma chave para a poesia. Simples. Básico. Bastava-me criar o meu ritmo e eu seria poeta. Fácil, não? Ainda hoje estou tentando criar o meu ritmo, falar com a minha voz.
Há sempre um outro por trás. Talvez meu outro eu. A minha máscara – essa que todo poeta usa. Essa que, afinal, fala com a sua voz.
Dizem: o seu estilo é inconfundível. E me confundem, se confundem, não me reconhecem no que escrevo.
Como quando, certa vez, eu era jovem ainda, mostrei um pequeno poema de Drummond a umas amigas. Elas ficaram assim, assim. Como quem não sabia o que dizer. Então eu disse: “É de Drummond.” “Ah, bom”, disseram.
Não era apenas bom, o poema. Bom como eu não seria capaz de fazer. Tinha mais, tinha uma voz, que não era a minha – mas se confundia com a minha em sua impessoalidade.
Impessoalidade. Contento-me lembrando Gide: Estilo é não ter estilo. O estilo ideal é não se denunciar por artifícios de linguagem, por enfeites, floreios, etc. A linguagem ideal é a que parece de todo mundo. Nem se percebe que por trás há o homem.
Por trás há o outro.
Um poeta só é poeta quando descobre a própria voz, quando cria o seu ritmo.
O ideal é que não se perceba o outro por trás.
Pouco importa se não é reconhecido, se a sua voz parece a voz de todo mundo. Melhor ainda. Eu é um outro, diria Rimbaud.





terça-feira, 4 de setembro de 2012

Por Rosa Guerrera


A LIBERDADE DE SONHAR
Eu queria muito todos os dias enxergar paisagens de sol e de luz.
Queria poder ligar a TV e não mais ler notícias de atrocidades e vinganças.
Queria não me envergonhar da impunidade que reina no nosso país.
De não constatar a cada instante que o poder e a clamada Justiça são alimentadas por aqueles que possuem altas contas bancárias.
Queria ver destruido o mundo tenebroso das drogas e recuperadas as energias dos pobres viciados.
Queria ver modificadas e criadas novas Leis , hoje caducas e esquecidas pelo poder público.
Eu sei que querer ver a humanidade de braços dados sorrindo é uma utopia , um sonho apenas criado nos meus desejos julgados talvez puerís ou ridículos.
Infelizmente o mundo vive aprisionado em fortes cadeias de opressões e injustiças .Mas o direito de sonhar , só Deus pode nos tirar . E aqui na terra ninguem jamais terá o poder de colocar os nossos sonhos num banco de réus.
por rosa guerrera 


APENAS UM CÃO (A.D.)

De vez em quando escuto alguém me dizer: “Pára com isso! É apenas um cão!!!” Ou então, “Mas é muito dinheiro pra se gastar com ele! É apenas um cão!”
Estas pessoas não sabem do caminho percorrido, do tempo gasto ou dos custos que significam “apenas um cão”. Muitos dos meus melhores momentos me foram trazidos por “apenas um cão”.
Por muitas horas em minha vida, minha única companhia era “apenas um cão”. E eu não me senti desprezado. Muitas de minhas tristezas foram amenizadas por “apenas um cão”.
E naqueles dias sombrios, o toque gentil de “apenas um cão” me deu conforto e motivo para seguir em frente.
E se você também é daqueles que pensam que ele é “apenas um cão”, com certeza deve entender bem expressões como “apenas um amigo”, “apenas um nascer de sol”, “apenas uma promessa”. “Apenas um cão” deu à minha vida a verdadeira essência da amizade, da confiança, da pura e irrestrita felicidade.
“Apenas um cão” faz aflorar a compaixão e a paciência que fazem de mim uma pessoa melhor. Por causa de “apenas um cão”, eu me levanto cedo, faço caminhadas e olho com mais amor para o futuro.
Porque pra mim - e pras pessoas como eu - não se trata de “apenas um cão”, mas da incorporação de todos os sonhos e esperanças do futuro; das lembranças afetuosas do passado; da pura felicidade do momento presente. “Apenas um cão” faz brotar o que há de bom em mim e dissolve meus pensamentos e as preocupações do meu dia. Eu espero que, algum dia, as pessoas entendam que não é “apenas um cão”, mas aquilo que me torna mais humano e me permite não ser “apenas um homem”.
Então, da próxima vez em que você escutar a frase “É apenas um cão”, apenas sorria para estas pessoas porque elas apenas não entendem...
por rosa guerrera

SEGUIR SEMPRE
Na vida são muitos os paradoxos e interrogações.
O que hoje é sublime pode ser amanhã efêmero e vice versa. Mas o que deve restar dentro de cada um de nós é aquela certeza de termos um dia tentado a concretização de algo.
Algo que muitas vezes se resumiu num pedacinho de sonho que furtivamente entrou nos aposentos no nosso coração , ou ainda num doce poema que ficou por terminar.
De uma ou de outro maneira , o impotante é seguirmos sempre .
Olhos marejados.
Pés calejados.
Sentimentos feridos.
Não devemos desistir .Não possuimos o direito de estagnar .Precisamos ter a capacidade de romper todos os obstaculos, e acreditar sempre na beleza do nascer de um novo dia !
 por rosa guerrera

MEDITANDO.........
Alguma coisa ficou a ser escrita no livro da minha alma .
Alguma coisa que nasceu repentinamente e morreu muito antes de se realizar.
Eu sei que alguma coisa ficou perdida em alguma praia distante ...em algum lugar ...
Alguma coisa que era talvez pesada demais para um sonho , e quem sabe demasiadamente leve para os atalhos da vida.
Alguma coisa ficou realmente a ser escrita. Algo tão meu , que até hoje não conseguí encontrar .
por rosa guerrera 

O RIO E O MAR

Você foi para mim como um rio
que contornando obstáculos desaguou
no mar dos meus braços...
E juntos velejamos por entre
ondas plácidas na mistura de águas tão diferentes...
Sentimos juntos o calor do sol nas auroras de paixão ,
e nos espelhamos na luz do luar em promessas de ternura.
Nos embalamos em espumas brancas de paz
após tempestades de loucuras
no cansaço das nossas mãos entrelaçadas .
E não vimos que o marchar das águas de um rio
é um continuo seguir sem olhar para trás .

Hoje ,daquele encontro de águas apenas ondas de lágrimas
espalhadas nas areias de uma praia deserta...

Ros@





segunda-feira, 3 de setembro de 2012



Sol de Primavera
Beto Guedes

Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez
Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer
Sol de primavera abre as janelas do meu peito
a lição sabemos de cor
só nos resta aprender...
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