por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"A política é dinâmica" - José Nilton Mariano Saraiva

O então Governador do Ceará, Luiz de Gonzaga Fonseca Mota, que fora ungido ao cargo por indicação dos “coronéis” políticos cearenses Virgílio Távora, César Cals e Adauto Bezerra, acabou traindo-os espetacularmente ao escolher o então desconhecido empresário Tasso Ribeiro Jereissati para sucedê-lo; para justificar seu ato ignóbil e traiçoeiro, Gonzaga Mota cunhou uma expressão (ou raciocínio) que passou a fazer parte dos anais (ou do folclore) da política cearense: como “a política é dinâmica”, comportaria quaisquer atos, desabonadores ou não, a fim de alcançar os objetivos colimados (posteriormente, ele provaria do próprio remédio, quando Tasso Jereissati o “aniquilou” politicamente, transformando-o sem dó nem piedade em algo parecido com “sulfato de merda”).
Pois bem, eleito, reeleito, padrinho e responsável pela eleição do sucessor e, posteriormente, sucedâneo deste em mais uma eleição, o senhor Tasso Ribeiro Jereissati passou incríveis dezesseis (16) como Governador do Estado do Ceará (12 efetivos e 04 do afilhado, já que este o consultava sempre nas questões substantivas); pra não largar o osso, já que quem se acostuma com o poder encontra dificuldades em largá-lo, tantas são as benesses, vantagens e mordomias (mesmo para um empresário podre de rico), referido senhor ainda passou oito (08) anos como Senador da República; foram, portanto, 24 anos na “crista-da-onda”, quando mandou e desmandou, casou e batizou, traficou influência e impôs seu estilo arrogante e prepotente. Tanto é que durante todo esse tempo Tasso Jereissati dirigiu o PSDB com mão-de-ferro, não permitindo que ninguém lhe fizesse sombra ou atrapalhasse seus planos, a ponto de ser comum se dizer que, tal qual a sombra de uma frondosa mangueira, aonde ele pisava também não nascia mais grama.
Toda uma família interiorana, no entanto, caiu nas graças e privou do afeto de Sua Excelência: os Ferreira Gomes, de Sobral. À frente o senhor Ciro Gomes (o mais velho dos irmãos), seu “líder” na Assembléia Legislativa e a seguir eleito Governador do Estado por sua influência (chegou até a assumir o Ministério da Fazenda, num ato insano do exótico presidente Itamar Franco), também foram beneficiados os irmãos Cid Gomes e Ivo Gomes (transformados em apagados Deputado Estadual) e até a mulher do próprio Ciro, a inexpressiva Patrícia Gomes, eleita primeiramente vereadora de Fortaleza, depois Deputada e, alfim, Senadora da República (que se notabilizou pela improdutividade, por onde passou). E já se fala que a filha Lívia Gomes (desempregada ???) será candidata a vereadora em Fortaleza, nas próximas eleições
Pois bem, após o término (08 anos) do seu mandato de Senador da República, o senhor Tasso Jereissati houve por bem candidatar-se à reeleição, certo de que levaria fácil, fácil (afinal, já estava mamando há 24 anos e no horizonte as nuvens aparentemente eram tranqüilas e o céu de brigadeiro). E aí, como uma praga avassaladora, o “A POLÍTICA É DINÂMICA” de Gonzaga Mota (que fora traído por Tasso), se fez presente: os Ferreira Gomes traíram “com gosto de gás” aquele que os lançara e os construíra politicamente, ao optarem por um bancário e sindicalista desconhecido (José Pimentel) atendendo a um pedido do presidente Lula da Silva (a rigor, como eram duas vagas de Senadores, os Ferreira Gomes, se gratos fossem, bem que poderiam apoiar um deles e descarregar os demais votos no antigo aliado). A derrota foi humilhante, doída e acachapante (dizem até que o insensível Tasso Jereissati chegou ás lágrimas ante tamanha “consideração”).
Hoje, pra tirar o braço da seringa e tentar uma reaproximação com o ex-tutor, o espertalhão Ciro Gomes soltou a seguinte pérola, numa manifestação pública em Quixeramobim: “O Tasso não merecia passar o que está passando, por tudo que fez pelo Ceará. Não merecia ficar com dois deputados estaduais, um porque é parente e outro porque é doido e ninguém quer” (observação: o parente é o João Jaime e o “doido” o Fernando Hugo).
Só esqueceu de dois pequenos detalhes: 1) que, a debandada de deputados (do PSDB, de Tasso Jereissati) é rumo ao partido que os Ferreira Gomes de apossaram (PSB), certamente que em razão das vantagens oferecidas; 2) que, como a traição perpetrada é de conhecimento público, Ciro Gomes bem que poderia questionar o ex-aliado Fernando Hugo, que o rotulou de “desocupado profissionalmente” e que “Tasso Jereissati foi apunhalado traiçoeiramente pelos Judas Escariotes que estão no poder” (aqui, leia-se família Ferreira Gomes).
E aí, Ciro, vai encarar ??? Ou faltam argumentos ???

Texto de Tiburi sobre Madonna - Colaboração de Luiza



"A Indústria Cultural substituiu a totalidade daquilo que antigamente as pessoas chamavam de arte, mas manteve a promessa de felicidade que a arte promovia
Raramente alguém que diga Indústria Cultural sabe o que está a dizer. A própria expressão cunhada num livro de 1947 por dois autores – Max Horkheimer e Theodor Adorno – sempre criticados por quem jamais os leu de fato, foi apropriada pela indústria que, no ato mesmo de apropriação, aniquilou seu potencial crítico. Ler ou simplesmente citar autores críticos já faz, de certo modo, parte da Indústria Cultural, mas entender o que eles possam ter dito não faz. É assim que, hoje, enquanto o crítico dos produtos culturais usa a expressão com certa vergonha por achá-la inatual, a empresa de entretenimento com franqueza invejável diz agir em nome da Indústria Cultural. A expressão deixou de ser sinônimo de crítica ao lixo cultural (Adorno, por exemplo, dizia que “toda” a cultura era lixo, reaproveitando Freud). Ninguém mais vê mal algum em que a cultura possa ser associada a algo como lixo ou que haja lixo como cultura. Falar de lixo já não assusta. É claro que toda cultura tem relação com o resto da cultura anterior, com o que sobra da pesquisa científica e da produção artística. É certo que toda cultura de massa vive da alimentação que eruditos e populares fornecem às massas, verdade que a construção da ideologia que alimenta as massas vêm de cima pra baixo e, por isso, se falar que cidadãos comuns chafurdam na lama da cultura não é nada demais, muito menos dizer que se lambuzam na cultura de massas. Que o lixo seja cultura é normal e aceitável. Em vez de criar temos que reciclar. Toda a cultura torna-se pastiche.
No entanto, o fato de que a expressão Indústria Cultural seja assumida e não indique nada demais é um problema cultural grave. Significa que, no embate da crítica com seu objeto, a própria crítica foi devorada e só temos que nos conformar que ela passou a fazer parte do sistema contra o qual se dirigia. Ou seja, podemos colocar o sentido crítico da “indústria cultural” no lixo que ela mesma criticava. Porém, analisando um pouco mais, o que foi para o lixo numa manobra que põe em risco o sentido da coisa que se quer designar com a palavra “cultura”, foi a crítica. Com a crítica vai-se embora o sentido da cultura. Ficamos só com a indústria que parece dar mais garantias: emoções baratas como produtos made in China com know-how americano num contexto em que as formas de vida, nossos gestos, pensamentos e ações servem à religião do mercado, à sua versão mais “espiritualizada” cuja crítica Guy Débord, por exemplo, tornou imortal em seu A Sociedade do Espetáculo. Aquilo que chamávamos Vida é o que fica entre o muro da Indústria Cultural e o espelho sem reflexo do Espetáculo.
Falar em Indústria Cultural ainda era um modo de pensar o processo de produção da cultura. Quem quiser se manter crítico não deve colocar o termo no lixo sem antes verificar sua possibilidade de reutilização. Estamos em tempo de valorizar o lixo. Do mesmo modo o lixo como sobra cultural. A crítica, neste sentido, é também uma questão de ecologia cultural. Não de sustentabilidade da cultura diante de sua aniquilação total em indústria, mas da chance de que outras formas de vida e experiência não regulamentadas pela indústria possam ser preservadas. O problema nem é a cultura, mas a indústria que substitui aquilo que muitos esperavam que ainda tivesse a ver com arte, criação, resistência, liberdade de expressão. Coisas velhas que, infelizmente para os mais “espertos”, ainda podem vender bem. Afinal, o que não vira mercadoria? Fugir, não há como negar, ainda é preciso.
Se definirmos “cultura” como processo e obra humana, o que se revela no lugar existencial do qual não podemos fugir é que a vida inteira foi substituída pela indústria. Ao dizer indústria refiro-me à produção em série com vistas ao lucro e que, para tanto, necessita de escravização em graus variados. A indústria define-se pelo processo de produção que envolve a dominação de uns por outros. Se há produção em série é porque há o objetivo da cópia e da distribuição em série de um mesmo produto. Se o objetivo é a reprodução e distribuição, nada mais lógico do que prever quem será o destinatário, seja do produto, seja da mensagem. A este destinatário o “sistema” chama consumidor. Para que haja consumidor, ou seja, alguém que corresponda às produções industriais que devem ser tão efêmeras quanto exige o lucro esperado, é preciso que se controle um sentido da espécie humana que desde que foi descoberto (ou inventado) não deixa de ser manipulado por seu potencial mágico: o desejo.
Assim é que tanto a indústria de automóveis quanto a da pornografia, tanto a indústria cinematográfica quanto a musical ou literária, têm o mesmo propósito. Atingir a aura do capital, servir ao seu valor de culto, afinal não há nada que escape (salvo exceções que confirmam a regra) da religião do capital. Espetáculo é só o seu nome pomposo. Claro que as mercadorias culturais valem muito menos, mas quem trabalha com elas, mesmo se sentindo menos bem remunerado, saberá que, muitas vezes, terá um lucro extra em prazer e, quem sabe, até pagamento em narcisismo. Ou será que o artista seria incapaz de mensurar o que deseja com a obra que faz quando deve incluir o lucro no todo dos seus propósitos? Perguntas como esta não deixam em paz quem se ligue à arte. Será que alguém ainda pode ser romântico diante da Indústria? Quem conseguir se salvar do ideal do lucro é o único que terá vivido uma vida justa como artista. Mas a quem ela ainda pode interessar em termos estéticos e éticos? E apesar de tudo isso, esta crítica não pode significar apenas que o artista deve ser pobre para garantir seu lugar no céu da ideologia da arte.
Indústria, não devemos esquecer, é o contrário do artesanato, ou seja, da produção em pequena escala que dificilmente envolve mais-valia. A maior parte dos artistas vive de uma produção fora da indústria, a qual chamamos de processo. O artista atual ou vive mais próximo do que antigamente chamávamos de artesão ou vive dentro da indústria. Não há terceira alternativa. Arte, no entanto, não é palavra que possa ser aplicada ao que se deve chamar Indústria Cultural, sem que se sinta certa vertigem. Aqui temos que tratar de negócios. Precisamos voltar nossos olhos para o business. Arte, se ainda quisermos pensar no seu potencial de emancipação, resistência, crítica, etc. seria uma irrupção de algo completamente outro em relação à mercadoria. O que se poderá esperar ou desejar na vida industrializada além de mercadorias? Arte seria algo que muitas vezes está presente nos produtos industriais, mas que não interessa realmente à Indústria para além do lucro que pode render. Também artistas sérios buscam nela seu lugar ao sol.
Indústria como bussiness
Neste ponto, já posso incluir o fantástico exemplo de Madonna no contexto da Indústria Cultural e pensar o que o seu fenômeno significa nestes tempos em que podemos chamar de Espetáculo à religião da Indústria Cultural.
Madonna é vista como uma artista, termo que lhe pode ser bem aplicado, caso se entenda arte como sinônimo de mercadoria. Madonna é um claro produto industrial, como os carros que são fabricados em série na mítica cidade de Detroit onde ela nasceu e viveu até se tornar aquilo que, sem desmontar o mito, chamam “rainha do pop”. Madonna não é arte, contudo, no sentido de produto insubmisso à sua transformação em mercadoria. Ela é pura e explicitamente mercadoria. Ninguém pode lhe objetar a falsidade. Quem pergunta se ela é arte está equivocado quanto ao estatuto da questão.
Madonna não é nada, dirão seus críticos mais ferrenhos, aqueles que percebem sua inexpressividade musical, mas desconsideram a competência espetacular que é o seu foco. Dizer que ela é uma má artista é um exagero que desconsidera que sua questão, a despeito da enganação que a publicidade faz com o povo usando o apelativo da arte, não é a arte, mas o Espetáculo. Quem entender de mercadoria não poderá se revoltar contra Madonna. Como mercadoria ela nem pode ser cobrada de qualquer ética para além do que ela está a vender.
Madonna é um produto muito competente da Indústria Cultural que culmina na Sociedade do Espetáculo. Ela é uma empresa que usa a cena da arte. É um negócio como qualquer negócio. Emblema da competência, ela é a alegoria perfeita da Indústria Cultural e a melhor expressão da falta de expressão do Espetáculo. Vazio estético apresentado com pompa de efeitos especiais e corpo de plástico, pura esteticidade que impera com sua marca autoritária de coisa a ser seguida por hordas de imitadores e “consumidores”, aparência de beleza eterna que sobrevive ao tempo, estereótipo e simulacro. Imitar a produção não serve para alimentar seu ego. Isto não vem ao caso. O que importa é a série de produtos que são vendidos com a marca da Madonna. Nada de novo se diz aqui. A única coisa que seria realmente uma novidade seria a consciência de que a imersão no meramente estético que a mercadoria Madonna define é que estamos diante de uma máscara sem rosto. Só o que podemos lhe objetar é aparecer tanto e roubar espaço em nosso imaginário. É não pedir licença. A Indústria Cultural é um eterno saque indevido, um roubo, no tempo do imaginário que seria um direito de todos.
Madonna ou Vênus
Assim como no Renascimento italiano a Vênus surgindo das águas na pintura de Botticelli representou a verdade, Madonna é a nova verdade na passagem dos séculos. É a Indústria Cultural emergindo no Espetáculo. O mito do nascimento da Vênus na pintura de Botticelli mostrava que a verdade deveria estar nua e livre das roupas da cultura. Madonna inverte tudo. Enquanto a Vênus nascia do mar, sustentada por uma concha, Madonna surge de dentro de carros, holofotes, lasers, luzes e toda a parafernália que adorna o kitsch pomposo do pop com seus trejeitos herdeiros das óperas, feito de rituais de efeito sadomasoquista e lúdico-tecnológico. Seu corpo forte e musculoso, capaz de enfrentar toda fraqueza, que promete superar toda morte, é o emblema do poder invejável, o poder que faz qualquer um entregar sua liberdade em nome de um sentido, uma proteção pela adoração da imagem.
Aqueles, feministas ou não, que viram em Madonna a emblemática da mulher poderosa porque desbocada, sexualmente livre, determinada, competitiva, e apesar de toda a sorte de liberdade, capaz de ser uma boa e caretíssima mãe, não percebem que ela mesma é uma montagem que deriva da cultura patriarcal que continua dizendo o que devem ser as mulheres. Não mais do que coisa para olhos alheios. Sem moralismo quem poderá objetar que há algum mal nisso tudo? Temos apenas que cuidar para que a ausência de moralismo não nos jogue de cara no chão do cinismo que a tudo perdoa.
Madonna não é feminista. Seria feminista se não fosse senhora e serva da indústria, rainha e súdita do pop. Madonna, emblema da indústria, é fabricada pela indústria que precisa levar em conta as demandas feministas, pois “mulheres” também é uma excelente mercadoria.
A Indústria Cultural substituiu a totalidade daquilo que antigamente chamamos de arte. Mas manteve a promessa de felicidade que a arte promovia. A arte, assim como a crítica, foi descartada já que o que ela prometia custava caro em termos de experiência. A crise da arte não pode ser separada do capitalismo, do consumismo e da indústria que promete dar tudo aquilo que a arte antigamente prometia, mas por meios mais fáceis. O que a arte prometia era felicidade pelo estranhamento e pela distância. A indústria afirma que a felicidade pode vir sem estranhamento nem distância. Ela está ao alcance do cartão de crédito, ou dada de graça em rádios e tevês, e, hoje em dia, dada a qualquer um que aceite a publicidade, basta um pouco de prostituição ou aluguel dos seus sentidos. Nenhum de nós cobra pelo aluguel de nossos olhos e ouvidos. Somos otários ou ingênuos. A publicidade vende a idéia de que basta comprar e ter, que basta comprar para lucrar em entendimento e emoção. Quem não queira lucrar não deixará de ser otário. Pagará igualmente pela própria possibilidade que parece vir de graça. A publicidade, parasita de toda mídia, não irá deixá-lo em paz, seja pelo chamado do tele-marketing que já era uma potência da invenção de Graham Bell, seja antes de assistir o filme no telão do cinema onde se compra o ingresso para ver um determinado “produto cultural” e quem sabe “lucrar” vendo sinais de “arte”, e paga-se pela propaganda que não se pediu para ver. A única justiça seria ingressos de graça ou pagamento pelo aluguel da nossa paciência de rebanho.
Em show da Madonna no Rio, em um país pobre como o Brasil, os ingressos ao preço indecente do nosso salário mínimo de fome sobraram porque também haverá fome diante da Indústria Cultural. Ela não é acessível como finge ser. Nem Madonna escapa da nossa fome. E mesmo quando o preço do ingresso vale a emoção, ninguém sai sabendo mais do que aquilo que já se sabia quando se usa qualquer droga, o efeito é sempre o mesmo."

* Comentário de Luiza

Cérebro é uma coisa maravilhosa, todas as pessoas deveriam ter um!...rs..
E, não me venham com este papinho mais que furado..”gosto não se discute" e tal. Não, não me venham com desculpinhas maltrapilhas. A maioria das pessoas tem gosto musical eclético, também tenho, porém, costumo comparar gosto musical com paladar, uns gostam de comida oriental, outros preferem a comida francesa, outros tantos, a brasileira, e assim por diante, mas causa-me espanto que alguém consiga descer goela abaixo, e ainda deleitar-se.. com comida estragada! Enfim...
Que gozem os tambores!..rs..nem cabe discutir Madonna e Arte no mesmo parágrafo, e duvido que ela considere seu trabalho, arte!
Madonna é fake. Só consome quem gosta porque se identifica!
Não conheço uma só pessoa do meu círculo de amizades que admire ou mesmo curta a Madonna, e sinceramente, se um dia... conhecer alguém que goste, aniquilo..kkkk....!(preconceito??!!) bem, preconceito, às vezes, também é algo maravilhoso, assim como o cérebro...nos poupa um tempo precioso..rs..
Bom feriadão!

Luiza


chapéu da via-láctea
rabo de baleia
banana e telepatia
o show não é só na tv
hollywood e rabanete
teu novo sabonete
o brilho dos teus dentes
continente muito quente
a boca da estrela
------------------------------
dê conta do recado
ai bela flor do lácio
a energia da paixão
me escondeu
no frio louco do alaska
a segunda coca-cola
menina esqueça agora
choveu
e o sol entrou nas escolas
nas asas das cabeças novas
-----------------------------
sei do perfume mortal
da equação artificial


Geraldo Urano
Só de Você
Composição: R. de Carvalho / R. Lee

.
Será que a gente ainda será
A velha estória de amor que sempre acaba bem, meu bem
Meio demodée para hoje em dia
Antigamente, tudo era bem mais chique

Porque a gente nem sabe porque
Mas acontece que eu nasci pra ser só de você
É claro que a sorte também ajudou
Ultimamente, um romance dura pouco

Cola, seu rosto no meu rosto
Enrola, seu corpo no meu corpo
Agora, está na hora de dançar...

Guiomar - Por Rejane Gonçalves


Guiomar vive na rua de cima. Hoje, desceu. Num vestido sem mangas, de saia rodada e flores verdes em salpico, cintura marcada, decote sedento por um pedaço de chão. Braços nus, abandonados ao longo do corpo, mas vivos. Braços de bailarina. Olhos acesos catando os céus, luz em foco na palidez de cera do rosto de santa. Andar roubado, leveza de garça e ondulações de serpente. Veio do alto. Venceu a terra barrenta da rua comprida com força de inundação. Chegou embaixo repleta, grandiosa, maior que seu próprio tamanho. Acumulada.
Vi os cabelos de Guiomar, cortados à faca pelos soldados que a conduziam, sumirem na escuridão do corredor da delegacia daquela cidade pequena. Minha quase aldeia, aonde o tempo também vai devagar e arrasta-se pestanas adentro das janelas que olham.
Nunca esqueci.


Rejane Gonçalves

PAULO ROBERTO - por Norma Hauer



GENTE QUE BRILHA

No início do século XX havia, no município de Ponte Nova (interior de Minas Gerais) uma vila de nome Saúde. Foi ali que no dia 10 de outubro de 1903 veio ao mundo alguém que recebeu o nome de José Marques, mas ficou conhecido no meio radiofônico como PAULO ROBERTO.

Deixando seu município natal, veio para o Rio de Janeiro, onde estudou Medicina, tornando-se um médico obstetra. Parece que já estava escrito: ele nasceu em Saúde e se transformou em um grande médico ajudando centenas de crianças a nascer.
Mas...
Mas não foi como médico que ficou famoso. Dividindo-se entre a Medicina e a radiofonia se tornou um dos grandes vultos do tempo áureo do rádio com o nome de PAULO ROBERTO. Como radialista formou, ao lado de Almirante e de Paulo Tapajós,o trio que mais fez em prol de nosso rádio e sua história.

A primeira vez que ouvi Paulo Roberto foi na Rádio Tupi, apresentando as "Serestas de Sílvio Caldas", onde , com pequenos resumos, falava das melodias que seriam cantadas por Sílvio. Sílvio Caldas era imprevisível e desaparecia indo garimpar em algum lugar do Brasil..Antes de viajar, porém, passou para o disco uma das obras-primas de Paulo Roberto:"Cigana", cuja última estrofe dizia:

".. e dei-te as mãos, e nossas mãos tremeram,

Teus olhos nos meus olhos se perderam.

Eu fiquei mudo e não disseste nada.

Então sorriste e eu te chamei querida,

Unimos nossas vidas, numa vida.

E desfez-se o mistério do teu porte.

Mas não perdeste o teu poder divino,

Nas minhas mãos não leste o meu destino,

Porque está em tuas mãos a minha sorte. "

Seu veio de compositor ainda o fez autor de uma bela canção chamada "Minha

Serenata" e de "Vagalumeando".

Deixando a Tupi, Paulo Roberto levou seu talento para a Rádio Nacional e passou a

ser conhecido em todo o Brasil com seus inteligentes e originais programas.

Na RádioNacional lançou "Nada Além de Dois Minutos"; "Gente que Brilha"; "Obrigado Doutor' (que originou um filme com o mesmo nome);"Honra ao Mérito"; "Bandeiras da Liberdade" e, por último, "Lira de Xopotó", trazendo as bandas do interior para que fossem ouvidas e conhecidas em todo o Brasil.

Mas chegamos a 1964 e Paulo Roberto, como muitos outros que fizeram a Rádio Nacional ser a maior emissora da América do Sul, foi "dedurado" como comunista , devido a seu trabalho como médico e suas idéias por uma justiça social atendendo a centenas de gestantes pobres.

A Rádio Nacional deixou de ter talentos, para ter medíocres. A Rádio Mayrink Veiga, na mesma ocasião, foi "cassada" e morreu. A Nacional , como era, também morreu e hoje tenta renascer de suas cinzas.

Afastado do rádio, PAULO ROBERTO deu sua colaboração para a televisão, lançando sua "Câmera Indiscreta", muito superior às "pegadinhas " de hoje.

Como radialista, ele parou quando foi desligado da antiga PRE-8, mas como médico foi importante para o término das obras do Hospital de Clínicas 4º Centenário, que se encontravam paralisadas desde o temporal de 1966, que quase arrasou com Santa Teresa.

Hoje, aquele hospital maravilhoso, no qual acreditei quando era ainda mato e me tornei uma de suas sócias fundadoras, hoje está abandonado, prestes a ser transformado em uma tapera. O que é pena. Era um ótimo hospítal.

Sem completar 70 anos, PAULO ROBERTO faleceu em 1973, deixando um grande vácuo nos corações de todos que o admiraram.

Foi fazer serenata junto aos que partiram antes dele. Assim:

"Nas noites de serenata,

A minha voz se desata,

Surgindo da multidão..."

Norma

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE- por Norma Hauer


Seu nome é Cearense, mas ele nasceu em 8 de outubro de 1863 em São Luiz do Maranhão, onde viveu até aos 10 anos, quando sua família passou a residir no interior do Ceará, terra de seu pai (Amâncio José da Paixão Cearense).

Durante muito tempo, com ele já residindo aqui no Rio de Janeiro, pensava-se que fosse cearense. Parece-me que quem "destrinchou" a verdade sobre sua naturalidade foi Almirante (Henrique Foreis) um dos homens mais inteligentes do rádio brasileiro. Inteligente e pesquisador que ia "fundo". Não aceitava nada sem provas.

Aos 19 anos, Catulo, contra a vontade do pai, abandonou os estudos e passou a dedicar-se a tocar violão. O violão, naquela época, assim como outros instrumentos era considerado vulgar e "gente bem" não se aproximava de um.

Mas Catulo era teimoso e sendo um poeta e músico nato, dedicou-se ao instrumento e começou a compor serenatas, o que era, também, uma "ousadia". Por aí vê-se a dificuldade que deveria ser dedicar-se a coisas "reles" que as pessoas de família não apoiavam.

Catulo, enfrentando tudo, em 1908 apresentou-se com seu instrumento "infame" no Conservatório de Música e passou a ser aceito na sociedade . Afinal era um gênio !!!
Apesar disso, só em 1914, quando a pedido de Nair de Tefé, mulher do então
Presidente da República (Marechal Hermes) apresentou-se no Palácio do Catete, é
que foi mais bem recebido a ponto de ser convidado para saraus, "modismo" da
época. Nair de Tefé, mesmo sendo quem era, também encontrou preconceito para se impor como caricaturista, com o nome de Rian (Nair invertido).
Reconhecido como gênio e freqüentando saraus em um deles uma mocinha metida a importante zombou de sua feiura. Para que?
Na hora ele compôs "Talento e Formosura".

A música mais famosa de Catulo, que é cantada até por crianças atualmente ("Luar do Sertão") não é das mais bonitas nem das mais poéticas, embora seja uma ode ao sertão.

Por Um Beijo ";"Clélia";Cabocla Bonita"; "Rasga o Coração"... são verdadeiras obras de arte, com músicas e poemas deslumbrantes.

Colocarei aqui a letra de "Talento E Formosura"porque a considero uma obra-prima que é uma lição para quem pensa que a beleza é eterna.

TALENTO E FORMOSURA

Tu podes bem guardar os dons da formosura,
Que o tempo um dia há de implacável trucidar.
Tu podes bem viver ufana da ventura,
Que a natureza cegamente quis te dar.
Prossegue, embora,
Em flóreas sendas sempre avante,
De glórias cheias no seu solo triunfante,
Que antes que a morte vibre em ti funéreo golpe seu,
A natureza irá roubando o que te deu.

E quanto a mim, irei cantando meu ideal de amor,
Que é sempre novo, no vigor da primavera.
Na lira austera em que o Senhor me fez tão destro,
Será meu estro só do que for imortal.

Terei mais glória em conquistar com sentimento,
Pensantes almas de varões de alto saber.
E com amor e com pujança de talento,
Fazer um bardo ternas lágrimas verter.
Isso é mais nobre, é mais sublime e edificante
Do que vencer um coração ignorante.
Porque a beleza é só matéria e nada mais traduz
Mas o talento é só espírito e só luz.

Descantarei na minha lira as obras-primas do Criador,
O mago olor da flor, desabrochando à luz do luar.
O incenso dágua que nos olhos faz a mágoa rutilar
Nuns olhos onde o amor tem seu altar.

E o verde mar que se debruça na alva areia a espumejar
E a noite que soluça e faz a lua soluçar.
E a Estrela Dalva e a Estrela Vésper langüescente
Basta somente para os bardos inspirar.

Mas quando a morte conduzir-te à sepultura,
O teu supremo orgulho, em pó, reduzirá.
E após a morte profanar-te a formosura
Dos teus encantos mais ninguém se lembrará.
Mas quando Deus fechar meus olhos sonhadores
Serei lembrado pelo bardos trovadores,
Que os versos meus hão de na lira em magos tons gemer
E eu morto, embora, nas canções hei de viver.

Ufa!!! Penso que para entender bem esses versos, será necessário o uso de um
dicionário.

Catulo faleceu em 10 de maio de 1946, aqui no Rio de Janeiro e hoje, 65 anos após sua morte, ele morto, embora, nas canções está vivendo.

Assim são os gênios !

Norma

domingo, 9 de outubro de 2011

"Cão de Briga" - José Nilton Mariano Saraiva

O “click” do destravamento da estranha coleira mecânica (e sua posterior remoção do pescoço) representava a senha para que aquele aparentemente tímido e frágil ser humano se transmutasse numa fera ensandecida, capaz de aniquilar quem encontrasse à frente. Na verdade, desde a meninice o pacato e “desligado” Danny (Jet Li) que experimentara precocemente a orfandade, fora exaustivamente treinado e programado (por um suposto “tio”) com um objetivo específico: nas arenas da vida, tornar-se uma potente arma de guerra, autentico matador profissional, capaz de trucidar o adversário em segundos, em troca de algum dinheiro. Ao final de cada combate, dinheiro no bolso do “empresário” e o retorno à jaula que lhe servia de moradia, à comida racionada e às humilhações de sempre. Um cachorro vadio e desprezível, na completa acepção do termo.
Mas quando, em razão de um grave acidente (e a presumível morte do seu “tutor-tio”), o “encoleirado” Danny se vê sozinho no mundo, perambulando sem rumo pelas ruas, repentinamente é atraído pelo som de um piano; e aí ele conhece Sam (Morgan Freeman) que, apesar de cego, é um exímio afinador do instrumento.
Desprovido da visão, mas dono de uma apurada acuidade extra-sensorial, Sam detectara a presença de Danny no ambiente, estimulara-o a aproximar-se, pedira sua ajuda no manuseio de algumas teclas do piano e, ao final da conversa que fizera questão de provocar, convencido de que tratava de alguém de boa índole (mas sozinho no mundo, sem eira e nem beira), convidara-o para ir morar em sua casa. Lá, o encontro com Victória, enteada de Sam, aluna-concludente de um dos mais respeitáveis conservatórios de música (piano) dos Estados Unidos.
Pacientemente, os dois deixam que Danny aos poucos se liberte dos seus medos e apreensões, das suas angústias e temores e finde por integrar-ser à “nova família”, até porque, segundo ouviria de Sam a posteriori, “as famílias devem permanecer unidas”; e assim, aos poucos, acompanhado por Sam ou Victória, Danny começa a descobrir os prazeres da vida, em coisas e situações aparentemente banais ao mortal-comum: tomar um sorvete e saber que é gelado, ir a um supermercado, detectar quando uma fruta se acha madura e, até, que um beijo na face, lhe dado por Victória em forma de saudação, é “molhado” e “gostoso”. Definitivamente, aquela era a “sua família”.
De outra parte, os ensaios de Victória ao piano, em pleno recinto familiar, além de deixá-lo embevecido e extasiado, repentinamente o levam de volta ao passado e, via fragmentos memoriais, imagens começam a “pintar no pedaço”. E aí ele obtém a resposta do “porque” da sua atração pelo piano: sua mãe fora pianista. Ajudado por Sam e Victória (através de um “retrato” que guardara e pesquisas posteriores), descobre não só a identidade materna, mas que fora uma pianista consagrada e famosa.
Nisso, numa prosaica visita a um supermercado, eis que Danny é reconhecido por um dos comparsas do “tio” (que ele julgara morto e que o transformara num autentico animal); descobre, então, que o próprio havia sobrevivido ao acidente e se vê “convidado” a comparecer à sua presença, imediatamente (sob a ameaça de que, não o fazendo, descobririam seu endereço e seus atuais protetores sofreriam as conseqüências).
Volta, é obrigado a recolocar a coleira e, mesmo afirmando não mais querer matar ninguém, é jogado numa arena onde cinco profissionais, usando instrumentos contundentes, começam um autentico “massacre”; por instinto de sobrevivência, a “fera” ressurge em todo o seu esplendor e assim Danny acaba com todos eles. Foge e, ferido, arquejante e cambaleante procura o abrigo de Sam e Victória, até porque “as famílias devem permanecer unidas”.
Surpreso, descobre que os velhos amigos (o “tio” à frente), já haviam descoberto seu “esconderijo” e, agora, subiam os lances de escada dispostos a trucidar com todos eles. Após colocar Sam e Victória num local presumivelmente seguro, dá-se a última batalha: um a um os comparsas são abatidos, impiedosamente, só restando o “tio”; já caído ao chão após uma luta sangrenta, incitando-o a que ele (Danny) mostre ser o que realmente é - “só um assassino” – provoca-o mais ainda ao afirmar que sua mãe fora uma prostituta que lhe servira sexualmente em ocasiões diversas; e aí, em feedback Danny revive a cena em que o “tio” matara sua mãe, à queima roupa, com um tiro na cabeça. Ainda assim, naquele momento crucial, o humano se sobressai, a fera sucumbe e Danny terminantemente se recusa a assassiná-lo; não, ele não é “aquilo”. Pressentindo o perigo, Sam sai do esconderijo e acaba com o marginal, ao acertá-lo com um vaso de plantas, na cabeça.
Cena final: no conservatório, ao receber seu diploma de melhor pianista, Victória, ao ser convidada pra mostrar suas habilidades, toma do microfone e anuncia que a música a ser executada é dedicada a alguém muito especial, que se encontra na platéia; alguém cuja vida transformou-se quando encontrou a música.
Haja coração.
Um filmão !!!

Pensamento do Dia, por Liduina Belchior.

Andei por estradas de pedra, de areia, de barro, e de asfalto.
Conheci pessoas de todos os tipos: Amáveis, ingênuas, sagazes,
arrogantes, inteligentes, sapientes e outras.
Fui a lugares inusitados: sertão, chapadas, fazendas, cidades grandes,
cidades pequenas, vilarejos, distritos, sítios e litoral.
Mas o melhor lugar, é onde se é bem amado, e a melhor gente, é a simplória,
que é pura e sabia.

A Brisa do Salgado - Emerson Monteiro


Este o título de outro livro do autor Dimas Macedo, telúrico lavrense de quatro costados e raízes fincadas às margens do rio de nosso querido rincão. Devotado à vida de Lavras da Mangabeira de tantos acontecidos e personagens, aprofunda ação no amor à terra, em estudos e registros do universo que lhe convida a momentos definitivos das páginas que escreve com ânimo acendrado. Prolífico, incansável, preserva as relíquias desse lugar, consagrado aos irmãos de uma terra reconhecida pelas letras, de inúmeros títulos, poetas, contistas, cronistas, romancistas, memorialistas, nascidos ou vividos no seio do tórrido continente.

E Dimas se entregou à função de maestro da orquestra multiforme... Escriba primoroso, dedicado, proficiente, recolhe peças elaboradas pelo esmero daqueles heróis da pena, e constitui o acervo da literatura que descobre aos filões na alma dessa gente... Traça rumos, pesquisa, referenda, artífice intelectual da Academia Lavrense de Letras, exemplo vivo de cultor da arte a quem oferta sonhos de inteira devoção.

O livro que hoje nos traz, edição da Imprece Editorial, Fortaleza CE, 2011, consolida posições por meio de crônicas e ensaios inspirados, visando significar o rumo saboroso dos quintais férteis do Rio Salgado, cujas águas acariciam os morenos pés das musas da pátria ressequida. Ainda que envolto nos afazeres profissionais, se permite a instantes preciosos de laborar espelhos de sapiência e monta e totalidade lógica dos discursos textuais coletivos.

Converge, pois, linhas do tempo e do espaço lavrenses na colcha de retalhos dos filhos próximos ou distantes, vivos ou eternos, presentes ou para sempre destacados pela fraternidade, instrumentos afeitos à batuta do grande amigo que resolveu doar genialidade aos amantes das letras interioranas, literatura ao natural.

Um inesquecível cronista das terras alencarinas, poeta, ensaísta e historiógrafo, Dimas Macedo assim subscreve a legenda de que Lavras da Mangabeira se reveste qual cidade fenômeno das letras cearenses, pela incidência privilegiada na relação autores/habitantes no decorrer da sua história, satisfação e honra dos apreciadores da cultura.

por socorro moreira






Um palhaço que sabe chamar
Uma criança que adora brincar
Um choro que se transforma em risos
Toda verdade de cada mentira

-Ser criança é acreditar em tudo
que nos dizem !

Essa energia que invade a nossa casa
Transforma o silêncio, acorda a felicidade ...
Sabe falar coisas engraçadas
Parece ser de um planeta encantado

Olhos nos olhos ,
e o sorriso aflora
Pergunta , e responde,
sem esperar resposta
Abraços ,
Sofias e Clarices,
Biancas, Vitórias !

Alice no país da Bisaflor
Isabelas esperam
a magia de uma nova história
Venham, meninas
O mundo está lotado de avós,
que sabem ser crianças como vós !

(socorro moreira)

Lennon aos 70 anos de idade? - José do Vale Pinheiro Feitosa


E John Lennon hein? Se ainda fosse vivo estaria completando hoje (8 de outubro) 70 anos de idade. E este “se” nos leva a imaginar coisas.

Estaria o Lennon passeando num “of Road” pelas trilhas aburguesadas das últimas terras ditas indenes dos EUA, mas que já de muito estão contaminadas? Teria abandonado o Central Park e moraria num Rancho da Califórnia, tão imenso e desmedido como as fantasias de todos os milionários?

Ou o nosso Lennon continuava um rebelde, dando murros em ponta de faca, tendo sido expulso dos EUA por Bush e ido morar nas Ilhas Virgens por suas posições contra as guerras do Iraque e do Irã? Estaria futucando o Obama pelo desemprego que acabará com uma geração inteira de trabalhadores nos EUA? Ele hoje estaria fazendo perguntas sobre a escolha do Prêmio Nobel da Paz para o dissidente chinês. Um prêmio que tem muito pouco de paz, mas serve para fustigar dentro da guerra obscura das moedas subvalorizadas?

E Lennon ainda estaria com a seiva criadora da música ou como o Chico se retira para escrever romances? Quem sabe ainda manteria a criatividade, agora amenizada, ao gosto das salinhas de classe média? Como o nosso Caetano Velloso estaria na campanha dos Republicanos, mesmo sabendo do Tea Party de madame Palin?

Como seria o Lennon aos setenta anos se aquela bala mortal não fizesse fugir o seu sopro de vida? E muito nos conforma aquele momento radical que não permitiu um quadro de aceitação integral do sistema a quem condenava?

Mesmo assim a nossa imaginação poderia pensar muitas coisas. Uma delas é que ou ele tinha partido para uma ruptura definitiva ou se acomodaria mesmo que mantendo suas posições liberais. Certamente que a pasmaceira dos anos 80 e 90 e os 10 do segundo milênio morreu. A pasmaceira morreu em 2008.

Agora é a crise. E na crise as rupturas recomeçam. Umas autoritárias e outras libertárias. Estamos nos anos jovens do jovem Lennon. Retornamos a eles. Vamos viver muitos solavancos.


out/2010

Retiro

Retiro
Paulinho da Viola

Meu tempo às vezes se perde
Em coisas que não desejo
Mas não repare esse lado
Pois meu amor é o mesmo
Nos momentos de carinho
Eu me desligo de tudo
Nos braços de quem se ama
É fácil esquecer o mundo

Às vezes eu me retiro
E nada me faz sentido
Só há um canto na vida
Aonde eu me refugio
Afasta as sombras que eu vejo
Em teus olhos tão aflitos
Você conhece minh'alma
E quando quer me visita

A Maravilhosa Máquina Do Tempo De Christiano Câmara



Por Fernanda Sleima

Tire uma tarde para fazer algo diferente, dê uma trégua nessa incessante correria contra os ponteiros do relógio. Precisa de um lugar? Tenho um perfeito para você: a casa onde o tempo não passou, onde as paredes respiram historia, onde o passado permanece congelado e acima de tudo, preservado.

O endereço, não podia ser o outro, o velho centro da cidade, atrás da igreja da Sé. Resistindo as especulações imobiliárias, a transformação da antiga e calma Rua de Escadinha em uma travessa comercial, permanece parada no tempo a Casa do Seu Christiano Câmara.

Não se engane com a estreita fachada, o lugar certamente abriga uns dos maiores acervos de música, literatura e cinemas antigos. Toque a campainha e espere, você será recebido por um simpático senhor de 73 anos com uma historia de vida extraordinária.

A partir daí, o prazer é todo seu, Christiano Câmara, pesquisador, historiador, memorialista e musicólogo. Entre, a casa é sua, pergunte o que quiser, desde que seja do século passado e das cincos primeiras décadas desse ano.

No quesito música, se lambuze, se os bolachões lhe parecem peças de museu, espere só para ver os discos de cera de carnaúba, são mais de 20 mil, prontos pra tocar no velho e conservado gramofone.

Tudo isso, com um cenário constituído por mais de 800 quadros espalhados por toda casa, a sensação que se tem é que você esta sendo observado.

Lá pelas tantas entra em cena a matriarca, e a maior colaboradora do trabalho do seu Christiano Câmera, a sertaneja (como ela própria tem orgulho de falar) de Jaguaribara, Douvina Andrade Câmara. Ela certamente ira lhe oferecer um café, não recuse, quem já provou imagina que deve ser sua especialidade.

Não se desespere você vai ser bombardeado de informações, espere seu Christiano Câmera tomar fôlego e entre uma boa conversação e outra sobre a década de ouro da música brasileira, entre na intimidade do casal. Não se acanhe, peça para ler os bilhetinhos escritos diariamente por seu Christiano para sua esposa nesses 50 anos de casados e entenda o real valor da palavra amor. Resultado: três filhas – Zuleica, Vanda e Iara (falecida), e cinco netos: Christiano, Thais, Adriana, Gustavo e Sarah

Se sinta em casa, explore cada lugar, cada foto, cada música, cada objeto.

Se não fosse o barulhento mercado central ao fundo da casa, nada amargaria o a áurea de lar, doce lar do homem-enciclopédia, que vive tirando poeira de tudo, escrevendo em sua velha maquina de escrever, e comprove: “O novo é o velho que foi esquecido” (Christiano Câmera).

O tempo passou rápido? Caiu a noite? Você tem duas opções, acompanhe o casal em seu ritual diário, levando sua cadeira para a calçada e siga na aula que você torce para que não termine. Então se vá, guardando tudo que você viu, ouviu e sentiu, e saia dizendo muito prazer a si mesmo.

Informações:
Seu Christiano reside na Travessa Baturité, Número 162, centro-CE. Seu museu particular está aberto à visitação de segunda a sexta sempre depois das 14h.


sábado, 8 de outubro de 2011

Rios, florestas e cidades: vida! - Por José de Arimatéa dos Santos


A natureza nos brinda e nos dá lições diariamente e sempre. O homem é que deve explorar os recursos dados por essa natureza tão bondosa, mas que parece já em estado de stress para a falta de cuidado e ganância de parte da humanidade.
A natureza é sábia. O homem tem a inteligência. Só que tem um problema não resolvido por parte dos homens. A exploração desses recursos sem o devido cuidado e a exaustão levam destruição de rios, florestas e cidades. É necessário o mais urgente que os recursos naturais sejam explorados de forma mais responsável. Essa preocupação é de ontem. 
Pouluem os rios despejando tudo que é esgoto, além de desmatar suas margens e não proteger as suas nascentes. Crime contra a humanidade fatos dessa maneira. Rio não é esgoto. Uma diversidade de animais e plantas dependem do rio para sobreviver e para o homem explorar economicamente.
Já as florestas todos os dias os noticiários anunciam a quantidade de áreas devastadas da amazônia e todas as matas desse Brasil imenso. A exploração econômica da floresta de forma racional e usando as técnicas de manejo corretas ajudam e muito na preservação da vida tão presente nas matas. Isso não significa só preservar rã, cobra ou onça. Preserva também a atividade econômica do homem que mora na floresta. Explorando de forma correta a mata produz dividendos para toda uma comunidade da cidade e do campo.
As cidades infelizmente não têm um planejamento e isso se reflete nas construções em topo de morro, muito próximas de rios ou em cima de antigos lixões. Depois de construídos prédios comerciais e residenciais aí vem o poder público tentar remediar com medidas paliativas que não resolvem os problemas.
É importante a cada momento fazer a nossa reflexão e ver o quanto ajudamos na preservação da vida. O cuidado com o nosso lixo em separá-lo para a coleta e se preocupar com o seu destino final. Tem também a economia de água e energia que demanda investimentos altos e impactos ambientais(mesmo pequenos) para se produzir essa energia. Toda essa miscelânea de temas expostos acima devem ser debatidos hoje e sempre. A qualidade de vida de todos está em jogo.
Foto: José de Arimatéa dos Santos

Mário de Andrade


Mário Raul de Moraes Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 — São Paulo, 25 de fevereiro de 1945) foi um poeta, romancista, musicólogo, historiador e crítico de arte e fotógrafo brasileiro. Um dos fundadores do modernismo brasileiro, ele praticamente criou a poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro Paulicéia Desvairada em 1922. Andrade exerceu uma influência enorme na literatura moderna brasileira e, como ensaísta e estudioso—foi um pioneiro do campo da etnomusicologia—sua influência transcendeu as fronteiras do Brasil.

wikipédia


Aceitarás o amor como eu o encaro ?...


Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.


Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.


Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.


Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.

(Mário de Andrade)

John Lennon



John Winston Lennon (Liverpool, 9 de outubro de 1940 — Nova Iorque, 8 de dezembro de 1980) foi um músico, compositor, escritor e ativista britânico.


Jacques Brel


Jacques Romain Georges Brel (Ltspkr.png pronúncia do nome em francês) (Schaerbeek, 8 de Abril de 1929 — Bobigny, 9 de Outubro de 1978) foi um autor de canções, compositor e cantor belga francófono. Esteve ainda ligado ao cinema de língua francesa. Tornou-se internacionalmente conhecido pela música Ne me quitte pas, intepretada e composta por ele.

João Cabral de Melo Neto



João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999) foi um poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, que vai de uma tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.

Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre, João Cabral foi amigo do pintor Joan Miró e do poeta Joan Brossa. Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, foi agraciado com vários prêmios literários. Quando morreu, em 1999, especulava-se que era um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura.

Foi casado com Stella Maria Barbosa de Oliveira, com quem teve os filhos Rodrigo, Inez, Luiz, Isabel e João. Casou-se em segundas núpcias, em 1986, com a poeta Marly de Oliveira.

wikipédia


João Cabral de Melo Neto


Tecendo a Manhã



Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.





E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.




(A Educação pela Pedra)

Fidelidade Conjugal - Por Vera Barbosa



Fidelidade conjugal é um tema de considerável importância no mundo ocidental. Na sociedade brasileira, monogamia é sinônimo de bom caráter, mas não é, nem nunca foi, absolutamente praticada. Em tese, todo mundo é contra a bigamia, mas, na prática, a verdade é outra e está registrada nos livros de História, nas canções, no cinema e na literatura. Quem já não ouviu falar daquele casal "perfeito", aparentemente apaixonado, com filhos lindos e que demonstrava afeto em público e se adorava ao longo dos 25 anos de casados, até ela descobrir que ele tinha uma amante havia muitos anos e construíra uma família nessa relação paralela? Se, na época dos meus pais (que completarão 57 anos de casados em setembro), isso já existia, ainda mais agora, com essa onda de relações abertas.

O conceito de fidelidade dá margem a muita discussão. Nós, mulheres, por exemplo, somos educadas para reprimir nossos desejos e, quando estamos comprometidas em uma relação, não permitimos que alguém sequer suponha uma atração por alguém, nem da nossa parte e, muito menos, da pessoa que amamos. Isso em função de nossa essência, mais emotiva que a dos homens, mas também pelo que nos foi ensinado como correto. Nossa herança cultural nos educou para perdoar, mas não para sermos perdoadas. Ao longo dos anos, ouvimos "não perca seu tempo, homem é assim mesmo", a fim de que nos conformemos com as aventuras extraconjugais de nossos parceiros. Contudo, se uma de nós pular a cerca, será, imediatamente, crucificada.

Enquanto os homens são solidários entre si ao burlar as regras do casamento ou qualquer outro tipo de união estável, somos péssimas confidentes e, logo, entregamos nossa mártir às mãos dos opressores. Sim, via de regra, somos machistas. Como também o são (ou foram) nossas mães, avós e bisavós. Apesar de toda a revolução sexual e das conquistas femininas ao longo dos séculos, a mulher ainda é vista como um ser sem direitos sobre seus desejos. Vocês devem se lembrar da infeliz frase “prendam sua cabra, pois meu bode está solto”, no sentido de que meninos podem exercitar sua sexualidade, enquanto meninas são para casar virgens e ser boas donas de casa. Observem que, para a maioria da sociedade, homem que tem várias mulheres é garanhão, mulher que sai com vários é galinha. Homem infiel dá sinal de virilidade, mulher que faz o mesmo é vagabunda. Desculpem-me por ser tão direta, mas não sou a favor de eufemismos. Ou a gente fala o que tem a dizer ou fica de boca fechada.

As novas gerações aderiram à onda do "eu sou de todo mundo e não sou de ninguém", a garotada está mais livre para se relacionar. Meninos e meninas saem, descompromissadamente, com quem lhes der na telha. Não vou discutir se isso é bom ou ruim, nem os riscos das relações sexuais sem preservativos, falar de AIDS ou DST, vou me ater à questão do sentimento e da cumplicidade.

Para muita gente, sexo sem amor já não é mais pecado, algo digno de repressão. Para os que se permitem essas experiências, transar só por tesão e atração física não dá mais a ressaca moral de 50 anos atrás, mas os românticos afirmam que isso não preenche suas necessidades afetivas. Então, para esses, quando se está bem com alguém, nada explica ou justifica esse desejo e a mera transa sem dia seguinte.

Genericamente, ser livre e ficar virou sinônimo de auto-suficiência e poder. Eu gosto de você e você gosta de mim. Então, saímos e ficamos sem pensar no depois e sem o direito de sentir algo além desse gostar. Ciúme, nem pensar! E isso não é privilégio dos adolescentes, não: está assim de marmanjos brincando de amar. Talvez seja uma forma de se proteger e não se submeter ao risco da traição. Se você não tem compromisso, não pode trair ou ser traído. Daí, não sentirá culpa nem apontará culpado. Esses presumem que, sem a relação assumida, sofra-se menos. Você não cobra nem dá o direito de ser cobrado, pois estão se traindo de comum acordo e, portanto, sendo honestos um com o outro: logo, não há traição. Paradoxal, mas real.

Para outros, casais que têm esse acordo acabam, mais cedo ou mais tarde, nas garras do ciúme, porque, quer queira quer não, o ser humano é possessivo e exige, sim, exclusividade – e ninguém pode garantir o total controle sobre os sentimentos. Acreditam não ser possível se relacionar sem afetividade e, se ela acontecer e um dos envolvidos se apaixonar, o acordo pré-estabelecido desmorona.

Há quem afirme ser possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo e estar com ambas de uma forma democrática e satisfatória. Conheço casais que levam a vida amorosa assim e não sei, até que ponto, são felizes de verdade, mas isso é problema deles. Sei de gente que divide a cama com uma terceira pessoa, numa boa, sem neuras (?).

Para outros, amor é liberdade e isso significa estar com quem desejar, sempre que desejar, sem culpa. Então, nesses casos, o parceiro pode escorregar e voltar para os braços do ser amado sem crise. Só que, na maioria dos casos, ele não volta, e o outro descobre que fez papel de idiota. Ou volta, mas nunca está inteiro na relação e, para a tristeza e decepção do cônjuge, continuará tendo relações paralelas. Aí, quem aceitou não tem o que fazer, a não ser chorar sob o cobertor.

Há, ainda, quem diga que "o que os olhos não veem o coração não sente", mas se esquecem de que "o pior cego é o que não quer ver". Então, um faz e outro finge que não sabe. Vão se enganando, e a relação vira uma paranóia.

Portanto, a verdade é que há casais poligâmicos que vivem muito bem e não têm qualquer problema em relação a isso. Da mesma forma, há casais monogâmicos infelizes. E vice-versa. Ou seja, nenhuma verdade é absoluta. É importante discutir, polemizar, mas não rotular. Cada um com sua verdade e o que lhe realiza como pessoa e como amante. Eu, particularmente, acredito ser possível amar tantas e quantas pessoas se desejar, mas uma de cada vez. Eu não saberia administrar esse tipo de relação, mas respeito quem o faça de forma a ser feliz com quem e como escolheu.

Assumo que meu conceito de (in)fidelidade mudou muito ao longo dos anos, mas não o meu conceito de comunhão. Para mim, sexo é bom com amor, confiança e cumplicidade. Quando jovem, eu era enfática ao afirmar que, jamais, perdoaria uma traição. Hoje, compreendo a complexidade das relações e acredito que seja possível amar uma pessoa e se sentir atraído por outra e, assim, escorregar na tentação do desejo. E é perdoável, desde que se abra o jogo e se esteja disposto a retomar a relação com clareza de intenções e respeito. Cabe ao casal decidir o desfecho dessa história.

Cada um sabe de si ao aceitar ou não o que o outro lhe propõe, identificando o que lhe fará bem ou mal. E toda pessoa pode se sentir confusa e errar (nem sei bem se é esse o termo correto a se empregar). O que vale é a sinceridade e o que fazer depois que isso acontecer. Antes de tudo, é preciso ser fiel ao que se sente e ao que se comprometeu a fazer. Se você é monogâmico, mas está com uma pessoa desejando outra, está sendo infiel a você mesmo, e acabará magoando seu par ou reprimindo seus desejos. E, diante das infinitas possibilidades que o mundo moderno oferece (celular, torpedos, internet, chat, msn e outros tantos recursos), é preciso muita clareza de intenções e sentimentos para não escorregar. Portanto, seja responsável e coerente.

Supor ou constatar a traição já não é como no tempo dos nossos avós, mas ainda parece um crime grave diante dos olhos da sociedade. Quem trai é, automaticamente, condenado. Da mesma forma, quem perdoa é desdenhado. Mas não podemos nos esquecer de que somente as partes envolvidas é que podem e devem decidir sobre o fim ou o recomeço. Você se sente no direito de atirar a primeira pedra?

Vera Barbosa
São Paulo, São Paulo, Brazil
"Tão cedo passa tudo quanto passa! Morre tão jovem ante os deuses quanto. Morre! Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe. E cala. O mais é nada." (Ricardo Reis, 3-1-1923)

Londonderry air - Danny boy - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Há alguns anos ouvi pela primeira vez os trabalhos populares de André Rieu e fiz uma série de textos enquanto ouvia váris canções incluindo Londonderry air, uma belíssima canção do folclore Irlandês.

sob a loca de uma pedreira,
embaixo
tudo que resta
são as sombras e a paz na alma.
Olhar que aquieta a paisagem,
que faz a cintilação da luz soante,
sopra o vento em oração de resguardo.
Nas sombras,
a pele que resfria o ambiente,
abaixa a chama que abrasa as paixões.
Sob o teto,
a cabeça anticíclica produz o silêncio,
reduzindo o malho ferreiro ao farfalho de borboletas.
Na umidade das sombras
o sal da terra mina aos poucos a saliva,
um sabor de mel em gotas.
Ali e aqui,
aonde tudo se aquieta,
o chilrear dos homens,
apenas alegria suave,
cada nota uma fibra vibrátil,
o peito é cheio de silêncios cantantes.
Londonderry air.
Danny boy.

 por José do Vale Pinheiro Feitosa

"Are you lonesone tonight"- Por Socorro Moreira





usei os correios
expedi sentimentos
esperei o retorno
pinçando nas entrelinhas
uma intenção verdadeira

os endereços
deixaram de ser
agora é tudo
eletrônico
sem o charme do carteiro.

cartas perfumadas?
foi-se o tempo
foi-se o desejo
a indiscrição
implícita
inscrita...

se o tempo voltasse
eu teria 15 anos
te escreveria um bilhete
e marcaria um encontro
te esperaria escondida
num filme de elvis presley.

Coração Molhado - por Socorro Moreira




Ainda amo o amor. Nunca fugi da paixão, mas ela corre léguas de mim. Não corro atrás... Ou corro?
Só corro!
Vivo um momento do amor sem paixão... Enfim!
Com saudades do que já senti, meu comprometimento é um verso, e uma pitada de alegria.
Ele sabe disso. Muitas vezes julguei que sabia disfarçar, enganar... Ora mais, rapaz!
- Não precisa me deixar em paz.
Esse estado de lombra afetiva é salutar, na idade que se imagina.
Graças a Deus não casei pra procriar.
Fiquei casada... Dormindo em dois travesseiros pra sonhar desapertada. E nos sonhos, tudo enlouquece por acontecer da forma mais quimérica.
Efêmera é também a vida. Mas, faz tempo, um tempo quase infinito, que eu sonho em tua companhia.

Luiz Barbosa - por Norma Hauer


Foi no dia 8 de outubro de 1938, com apenas 28 anos , que faleceu o cantor LUIZ BARBOSA, irmão do humorista e cantor Barbosa Júnior e do compositor Paulo Barbosa.
Ele nascera em 8 de julho de 1910.

Bem antes de Moreira da Silva, criou sambas de breque, nos quais se acompanhava com seu instrumento: um "chapéu de palha".

Luiz Barbosa estreou no rádio, em 1931, no programa Valdo Abreu, na Rádio Mayrink Veiga. Esse programa foi, talvez, o primeiro montado no rádio, antes do famoso Programa Casé, no qual ele também atuou.

Quando Cesar Ladeira assumiu a direção artística da Mayrink, deu a Luiz Barbosa a denominação de "Chevalier do Samba". Isso porque Luiz Barbosa cantava de modo sinclopado, como o cantor e ator francês Maurice Chevalier, famoso na época.

Suas primeiras gravações ocorreram no próprio ano de 1931,com "Meu Santo" e “Silêncio” (de Vadico, sozinho, sem seu companheiro Noel Rosa) e "Sou Jogador”, de sua autoria.

Começou a fazer sucesso quando gravou, de Nássara e Orestes Barbosa, o samba "Caixa Econômica". Por causa desse samba, no Centenário de Orestes (em 1994) a Caixa Econômica apresentou, em sua agência no Boulevard, um "show" com composições de Orestes, ao qual compareceu, pela última vez aqui no Rio, o cantor Sílvio Caldas.

Bom, mas vamos a Luiz Barbosa. Sua carreira (e sua vida) foram curtas, mas ele gravou vários sucessos, como "Lalá e Lelé";"Risoleta";"Perdi a Confiança";"Já Paguei Meus Pecados"e duas inspiradas em ditos populares:"Quem Nunca Comeu Melado" e "Cadê o Toucinho?".
Na época áurea do Programa Casé havia uma drogaria no Largo de São Francisco, de nome "Drogaria Sul Americana", que fazia propaganda assim: "Ó, Ó, Ó Não!-A Drogaria Sul Americana é a mais barateira do Brasil". Utilizando esse anúncio, Luiz Barbosa gravou um samba intitulado "Oh, Oh Oh, Não!".

Foram dois os grandes sucessos de Luiz Barbosa:o samba de Braguinha e Alberto Ribeiro"Seu Libório" e o de Ari Barroso, "No Tabuleiro da Baiana ", em dupla com Carmen Miranda.

O samba "Seu Libório" marcou muito sua carreira. Em todos os lugares onde ele se apresentava tinha de cantar "Seu Libório", chegando a ficar conhecido por esse nome.
Mas, por um desses motivos sem explicação que ocorriam no meio radiofônico, Luiz Barbosa não gravou "Seu Libório". Quem o fez, alguns anos depois, foi Vassourinha, outro cantor que viveu pouco.

No filme "Alô, Alô Carnaval" Luiz Barbosa aparece cantando "Seu Libório", sendo esse o único registro que se tem desse samba em sua voz.

Antes de gravar o samba "No Tabuleiro da Baiana", Luiz o cantava em um show no Teatro Carlos Gomes, para onde foi levado por Jardel Járcolis.

Esse samba ("No Tabuleiro da Baiana" ) que representou grande sucesso na voz de Luiz Barbosa em dupla com Carmen Miranda, "deu" seu nome ao abrigo que era o ponto final dos bondes da Zona Sul, ali entre a Avenida Treze de Maio e a Rua Senador Dantas. Demolido após o fim do serviços de bondes aqui no Rio.

Como todo "bom farrista", de noitadas no bairro da Lapa, Luiz Barbosa adquiriu a doença então na moda: tuberculose e faleceu em 8 de outubro de 1938.

Norma

Profiteroles com Sorvete



Massa
2 xícaras de água
1 colher(es) (chá) de sal
6 colher(es) (sopa) de manteiga
3 xícara(s) (chá) de farinha de trigo
4 unidade(s) de ovo
quanto baste de sorvete de creme
Calda
200 gr de chocolate meio amargo picado(s)
1 lata(s) de creme de leite sem soro

Massa
Em uma panela, misture a manteiga, a água e o sal. Aqueça até a manteiga derreter. Deixe levantar fervura e desligue em seguida. Junte a farinha em seguida toda de uma vez e bata vigorosamente com a colher, até a massa se soltar das paredes da panela.
Volte a panela ao fogo e continue a bater em fogo baixo por cerca de 30 segundos, só para secar a bola de massa.
Junte os ovos, um de cada vez, mexendo bem após cada adição até que a massa fique brilhante e macia.
Unte uma assadeira e peneire farinha de trigo. Faça bolinhas (do tamanho desejado) com a massa e coloque-as na assadeira. Pincele-as com gema de ovo. Asse em forno pré-aquecido por 25-30 min.
Quando as bombinhas estiverem prontas, corte-as horizontalmente.
Encha as bombinhas cortadas horizontalmente com o sorvete de creme, empilhe-as em uma travessa rasa.

Calda
derreta o chocolate em banho-maria em seguida adicione o creme de leite. Mantenha essa calda aquecida.
Despeje a calda quente de chocolate por cima das bombinhas. Sirva imediatamente.

Uma preciosidade!


Flor amorosa

Joaquim A. Silva Callado e Catullo da Paixão Cearense

Flor amorosa, compassiva, sensitiva, vem porque
É uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa
Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor
Oh, dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor
Em uma taça perfumada de coral

Um beijo dar não vejo mal
É um sinal de que por ti me apaixonei

Talvez em sonhos foi que te beijei
Se tu pudesses extirpar dos lábios meus
Um beijo teu tira-o por Deus
Vê se me arrancas esse odor de resedá

Sangra-me a boca, é um favor, vem cá
Não deves mais fazer questão
Já perdi, queres mais, toma o coração
Ah, tem dó dos meus ais, perdão
Sim ou não, sim ou não
Olha que eu estou ajoelhado

A te beijar, a te oscular os pés

Sob os teus, sob os teus olhos tão cruéis
Se tu não me quiseres perdoar
Beijo algum em mais ninguém eu hei de dar
Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim

A mim, a mim
Oh, por que juras mil torturas
Mil agruras, por que juras?
Meu coração delito algum por te beijar não vê, não vê
Só por um beijo, um gracejo, tanto pejo
Mas por quê?

Um caririense no vácuo - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Armando Rafael bem que pegou no pulso deste caririense de quatro costados. Que olha para o amanhecer e já pensa o quanto o dia tem de possibilidades, que se emociona no crepúsculo emoldurado pela chapada, olha para o sul como o mais profundo dos sertões e para o norte assim como para o sentimento do imenso. A imensidão da Amazônia.

Aí ele me deixa de papilas paladares a buscar os sabores ancestrais. Os sabores de uma era inteira. Aqueles sabores que se juntam do local e todo o hinterland do qual somos o umbigo: os sertões semi-áridos. Não pensamos no caririense sem as manadas de gado vindas da caatinga, que as cargas de queijo cheguem, sem que os caminhões subam a ladeira levando mercadoria.

Eu quase que dizia as cargas de rapadura transportadas para os sertões, mas a moagem anda tão escassa e o açúcar refinado é mais do gosto. O queijo dos currais históricos ficou uma coisa meio assim, o colesterol entope e a velhice moderna tem que comer o queijo de outros lugares. Aí você passa numa esquina e vê uma panela de mugunzá salivando deste a tampa até nossas bocas, convida o amigo e ele olha apavorado com o rosto cheio do veneno da comida.

Há um ano, senti muito, o Armando estava convalescente e não o vi. Mas me fartei da genuína gente do cariri. Da melhor estirpe num Buffet de alto nível todo à moda internacional. Tome whisky, cervejas importadas, algumas canções da nossa época todas em língua estrangeira, mas o caririense há muito que gosta disso.

Aí para o máximo que um dia é capaz vou a um dos restaurantes mais lindo que conheço. Fica acima da nascente e dele se descortina todo o lindo vale do Cariri. E estávamos no regime das chuvas tinha tanto verde que Deus nem sabia que havia criado tal variedade. O panorama era comparável a qualquer outro acidente geográfico do mundo de igual natureza. Falo da beleza.

E tinha algo mais intenso. Era um restaurante com varanda, juntando todos os elementos das varandas que vêm desde os trezentos anos avocados pelo Armando. Aquelas varandas que não apenas nossos olhares contemporâneos esfriaram a vida, mas toda a nossa geração de avós. E as plantas em volta com babaçuais, mangueirais, sirigueleiras, cajaraneiras e um intrincado de matos e suas flores gentis a emoldurar toda a alma do olhar caririense.

Estava completo e examinei o cardápio. Como nossos cardápios. Uma lista imensa de possibilidades. Fica até difícil escolher. Desço o olhar de cima abaixo da lista e retorno ao topo. O quê escolher? Vou matar uma fome cubana. Pensei eu. Para melhorar o clima peço uma cerveja gelada de quebrar os dentes da ex-governadora Sarah Palin do Alasca.

Pronto eu estava pachorrento como o espírito de Fernando Henrique Cardoso. Não digo satisfeito, afinal com aquele cardápio à minha frente a pachorra era apenas aparente, igual ao “ex” quando sente o cargo ocupado por outro que não ele. E tem mais apesar da variedade, eu não me perdi no cipoal de ofertas. Havia algo a se destacar no todo e meu espírito caririense foi certeiro sobre ele: eu quero esta buchada anunciada no cardápio.

Comemorei com outra gelada e o entusiasmo da paisagem tomou um vigor novo. A lábia estava molhada e poderia falar à vontade sobre tudo. Absolutamente tudo, daí a pouco a santidade que guarda toda esta chapada iria me servir uma buchada. Uma buchada a me transportar ao original ser qual era antes destas transmigrações urbanas. Uma buchada com sabores capazes de reconhecer todo o meu corpo como aquele mesmo que a provou pela primeira vez e jamais esqueceu.

Aí vem o prato fumegante da buchada. Meus olhos eram faróis de reconhecimento. A moça depositou a iguaria bem no centro da mesa e nem bem o prato se assentara sobre a tábua, já estava com faca e gafo pronto para partir o sabor de um mundo vasto e apenas explicado pelo gosto. Avancei mais que os outros e já tinha meu quinhão sobre o meu prato.

A antecipação era tão forte que qualquer suspeição ficaria relegada ao rabo da fila das negações. Os bocados estavam prontos para se transformar na comunhão do meu espírito caririense.

Hummmmm. Ihhhhh. Não. Não. Não. Que gosto estranho. Uma antítese de se perder o rumo. Olho para o prato dos companheiros de mesa e os rostos eram iguais em decepção. O que havia.

Minha filha que buchada é essa?

Senhor?

Que buchada é essa?

Buchada? – a expressão de incompreensão da moça que nos servia.

Essa que você nos serviu.

Ah! É de tilápia.

A paisagem desabou. A moldura rachou. Eu quase saia correndo de ladeira abaixo e me abraçava à carcaça do motor da luz.

Mas tem mais. Não saia ainda não. No restaurante não tinha piqui e estávamos na safra. Meu marido não tem comprado o povo não pede mais, explicou-me a dona. Bom eu vou ao mais tradicional dos tradicionais do meu querido Crato e como piqui no Pau do Guarda. Qual o quê!

O Pau do Guarda é uma steak house, piqui o povo não gosta. Quase que corro para o Juazeiro. Esperem um pouco que o mesmo poderia acontecer por lá. Era para pegar o avião e me refugiar na Feira de São Cristóvão. Aqui no Rio.

Catulo da Paixão Cearense


Catulo da Paixão Cearense (São Luís do Maranhão, 8 de outubro de 1863 — Rio de Janeiro, 10 de maio de 1946) foi um poeta, músico e compositor brasileiro. A data de nascimento foi por muito tempo considerada dia 31 de janeiro de 1866, pois a data original foi modificada para que Catullo pudesse ser nomeado ao serviço público.

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