Por Fernanda Sleima
Tire uma tarde para fazer algo diferente, dê uma trégua nessa incessante correria contra os ponteiros do relógio. Precisa de um lugar? Tenho um perfeito para você: a casa onde o tempo não passou, onde as paredes respiram historia, onde o passado permanece congelado e acima de tudo, preservado.
O endereço, não podia ser o outro, o velho centro da cidade, atrás da igreja da Sé. Resistindo as especulações imobiliárias, a transformação da antiga e calma Rua de Escadinha em uma travessa comercial, permanece parada no tempo a Casa do Seu Christiano Câmara.
Não se engane com a estreita fachada, o lugar certamente abriga uns dos maiores acervos de música, literatura e cinemas antigos. Toque a campainha e espere, você será recebido por um simpático senhor de 73 anos com uma historia de vida extraordinária.
A partir daí, o prazer é todo seu, Christiano Câmara, pesquisador, historiador, memorialista e musicólogo. Entre, a casa é sua, pergunte o que quiser, desde que seja do século passado e das cincos primeiras décadas desse ano.
No quesito música, se lambuze, se os bolachões lhe parecem peças de museu, espere só para ver os discos de cera de carnaúba, são mais de 20 mil, prontos pra tocar no velho e conservado gramofone.
Tudo isso, com um cenário constituído por mais de 800 quadros espalhados por toda casa, a sensação que se tem é que você esta sendo observado.
Lá pelas tantas entra em cena a matriarca, e a maior colaboradora do trabalho do seu Christiano Câmera, a sertaneja (como ela própria tem orgulho de falar) de Jaguaribara, Douvina Andrade Câmara. Ela certamente ira lhe oferecer um café, não recuse, quem já provou imagina que deve ser sua especialidade.
Não se desespere você vai ser bombardeado de informações, espere seu Christiano Câmera tomar fôlego e entre uma boa conversação e outra sobre a década de ouro da música brasileira, entre na intimidade do casal. Não se acanhe, peça para ler os bilhetinhos escritos diariamente por seu Christiano para sua esposa nesses 50 anos de casados e entenda o real valor da palavra amor. Resultado: três filhas – Zuleica, Vanda e Iara (falecida), e cinco netos: Christiano, Thais, Adriana, Gustavo e Sarah
Se sinta em casa, explore cada lugar, cada foto, cada música, cada objeto.
Se não fosse o barulhento mercado central ao fundo da casa, nada amargaria o a áurea de lar, doce lar do homem-enciclopédia, que vive tirando poeira de tudo, escrevendo em sua velha maquina de escrever, e comprove: “O novo é o velho que foi esquecido” (Christiano Câmera).
O tempo passou rápido? Caiu a noite? Você tem duas opções, acompanhe o casal em seu ritual diário, levando sua cadeira para a calçada e siga na aula que você torce para que não termine. Então se vá, guardando tudo que você viu, ouviu e sentiu, e saia dizendo muito prazer a si mesmo.
Informações:
Seu Christiano reside na Travessa Baturité, Número 162, centro-CE. Seu museu particular está aberto à visitação de segunda a sexta sempre depois das 14h.
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