por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Preconceito e discriminação - Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Sabemos que o preconceito, a discriminação e o racismo existem há milhares de anos e estão interligados entre si. O dicionário de Aurélio define o preconceito como: “conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou maior conhecimento dos fatos; idéia preconcebida.” No meio em que vivemos, podemos reconhecer vários tipos de preconceito e discriminação: o social, religioso, sexual, racial e muitos outros. Quase todos os dias nos noticiários, tomamos conhecimento de denúncias de preconceito, até com agressões físicas de ordem sexual ou racial. É indigno o ser humano agir assim com o outro, levando-o a exclusão. Ninguém quer reconhecer que é preconceituoso. A arrogância do ser humano em se achar superior ao outro é imensa. Observamos que dentro de famílias que se dizem tradicionais, em uma cidade grande ou pequena, o preconceito e a discriminação são gritantes. A superioridade de certas pessoas que encaram os que têm menos dinheiro ou menos estudo com discriminação é muito triste, já que somos todos iguais diante de Deus. Isso ocorre dentro das famílias, de parentes para parentes. Pessoas que tratam os outros componentes da família, como se fossem inferiores, só porque têm menos dinheiro, ou porque não possuem um diploma de curso superior. Essas pessoas não entendem o quanto se tornam pequenas agindo assim. O que faz um ser humano importante, é o caráter, a humildade, a bondade, a simplicidade e a honestidade, entre outros valores. O nome de família não tem nenhuma importância. Já ouvi alguém afirmar que foi morar fora do Crato, quando ainda pequena, e quando voltou, a primeira pergunta que ouvia era: de que família você é?

Um humilde trabalhador honesto, mesmo que seu sobrenome não seja tão conhecido, ou não tenha um diploma universitário, tem tanto valor quanto um doutor. Grande parte das famílias que compõem a elite dominante de nossa sociedade são preconceituosas, racistas e discriminatórias. Deveriam se envergonhar de um comportamento tão impróprio para uma pessoa que se diz de família tradicional. Em Crato e em Fortaleza tenho amigos valorosos que não pertencem a famílias importantes, não têm diploma universitário, não são ricos e que dão grande exemplo de vida, com a sua dignidade, retidão, honestidade, bondade e solidariedade. Estão sempre a ajudar ao próximo, principalmente os mais necessitados. Essas pessoas fazem a diferença em um mundo tão cruel, violento e cheio de preconceito, racismo e discriminação.

No livro do Gênesis, podemos observar que o ponto alto de toda obra criadora de Deus é o sexto dia, quando Ele cria a humanidade. “E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher.” (Gn 1,27). Nesse trecho podemos entender que todos os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus. A Bíblia nos ensina que Deus nos ama a todos sem distinção. E sabemos que Ele mandou seu filho Jesus para nos salvar. E Jesus veio nos ensinar a amar e nos manda amar o nosso próximo. Mas o homem na sua prepotência e orgulho se acha melhor do que os outros. No capítulo 25 do Evangelho de Mateus, Jesus diz que tudo o que fizermos com o menor dos nossos irmãos será feito a Ele. Portanto se maltratarmos uma pessoa é a Deus que estamos maltratando.

É maravilhoso sonhar com um mundo melhor e mais humano. A vida seria mais harmoniosa se todos reconhecessem a igualdade entre as pessoas e que não existisse essa doença impregnada na sociedade que é: o preconceito, a discriminação e o racismo. Dias melhores virão, essa deve ser a nossa esperança.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

O peso do amor- socorro moreira



(Des) espero
Numa quase apatia
È momento de um tempo
Só isso

Viajo sem a paisagem
Sem nuvens no céu
Mas algo me faz lembrar...
Sou isso?

Janelas fechadas
Folhas na calçada
Da varanda,
A alma escapa
Me deixa dormir.

Amores partidos
Amores feridos
Amores perdidos...
- Quanto desperdício!

Desumanos sentidos...
Amar, na sombra da dor.

O amor tem o peso do isopor
(parafraseando Ulisses)
Mas quem disse que ele é fácil?
Ele é lição impossível
No coração dos difíceis.

-Meus ganchos são filhos
De pais repartidos !

Antes do fim- socorro moreira


Dói
Dói antes,
E depois do fim.

Dor
Pede atenção,
Carinho,
Antes do fim.

Os meus limites desavisados
Calam detalhes
Apenas afirmam, que sim!

Antes,
Antes do fim,
Quero um encontro sideral
Mesmo que seja pra valer
Um contínuo fim.

Perdi as horas
Quebrando relógios
Escuto sinais
Traduzo avisos
Sonho com o canto
Que fugiu de mim

Toda vez que desisto do amor
Ele surge como um sol
Como dor...
E me diz:
Adianta fugir ?

Catarse-socorro moreira



Sementes do passado
Saíram da casca
Respostas inexplicáveis
Em códigos se arrastam

Descobrir o que não se quer
Mesmo assim ainda ouvir
Cantigas antigas
Quando a voz já não arvora,
Sequer uma nota

E pula a melodia
Pula fora,
Deslembra sentimentos
-Teimosos,
alguns, voltam!

Nem são voltas
São caminhos idos
E a sempre pressa
de chegar no infinito...
Nas esferas
onde um bem espera!

Avatar - por José do Vale Pinheiro Feitosa



1 Rubrica: religião.
na crença hinduísta, descida de um ser divino à terra, em forma materializada [Particularmente cultuados pelos hindus são Krishna e Rama, avatares do deus Vixnu; os avatares podem assumir a forma humana ou a de um animal.]
2 processo metamórfico; transformação, mutação

“James Cameron's epic motion picture, Avatar”.

Com tais palavras o site oficial do filme explica a que veio. Com todas as suas metáforas, fantasias, lendas das forjas de Hollywood, o pretensioso se mostra muito aquém (ou além) do resultado. É um filme pipoca, bebe nas águas de Walt Disney, mergulha nos diversos “Guerra nas Estrelas” e emerge, quase faltando o fôlego, com o discurso oficial da sociedade americana. Qual discurso?

Da sociedade e dos governos do hemisfério Norte. As riquezas materiais do território do sul não podem ser exploradas. Tudo aquilo que antes era reserva ao sul do equador, deve permanecer como tal para um futuro uso dos habitantes do Norte. Não é esta a metáfora direta, geraria revolta a sul e quem sabe até ao norte. É a metáfora indireta, aquela que, por travessa, diz o essencial: não toquem nisso que não é de vocês, é nosso.

É a posse “internacional” do território que antes ainda era tido como o inviolável das nações. A Amazônia é deles, o petróleo do pré-sal, também, o que é nosso é o subdesenvolvimento e a pobreza. Vamos olhar para o Avatar James Cameron: numa manifestação, internacional, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Bem aqui no território nacional, junto a quem de direito e com o espírito, não metafórico, da mídia amiga do imperialismo.

Agora vamos à qualidade do discurso hollywoodiano tanto de Al Gore quanto este recente de Cameron. Aliás, se encontra mais explicitamente no filme 2012, quando o mundo é salvo, com uma arca de Noé moderna, construída para salvar apenas os espécimes do G8. Deve ter sido roteirizado e filmado antes da crise que caiu no colo deles com mais vigor que o argumento do filme.

É um discurso tipicamente de psicologia social, disfarçado de bem comum, para defender a reserva da qualidade de vida das sociedades avançadas, que consomem escalas assombrosas da energia do planeta e dos seus recursos minerais não renováveis e aqueles renováveis. Falam do bem comum com aquele direito de intervir no outro, preservando o seu modo como herança de privilégio.

Ora eles têm que pagar mais pelo que nos tiram. Devem consumir menos do que estragam para que, também, possamos. Precisamos de água limpa, escola decente, saúde coletiva, moradia de qualidade, melhorar enormemente as nossas cidades, articular a malha de transporte numa escala centenas de vez maior do que a de hoje. A metáfora deles corrompe os jovens e vicia os que desistiram das próprias pernas.

O Avatar não é nossa fantasia. É, sobretudo, o processo metamórfico, ou a mutação do discurso imperialista como modo de preparar o futuro exclusivo para eles. E o futuro deles não é tão distante assim. Amanhã virá o segundo capítulo com a exploração dos recursos.

Cazuza





Agenor de Miranda Araújo Neto, mis conhecido como Cazuza (Río de Janeiro, 4 de abril de 1958 — Río de Janeiro, 7 de julhoo de 1990) foi um compositor e cantor brasileiro.

domingo, 3 de abril de 2011

PATATIVA DO ASSARÉ DE VISTA NOVA - PESQUISA DE ULISSES GERMANO

            Depois de ter sido operado da córnea pelo Dr. João Alberto Holanda de Freitas em São Paulo, perguntaram ao poeta "o que é Patativa de vista nova". Fazia três anos que Patativa não via Belinha (sua amada) e, em seu lampejo costumeiro, versejou: 

Agora eu vejo de novo
Visitando o Assaré
Com muita atenção e fé
Quero rever o meu povo
E quero na minha casa
Eu ainda mandar brasa
Muito alegre e satisfeito
E um dia se Deus quiser
Vou ver se a minha mulher
Ainda está do mesmo jeito

P.S. Transcrito de uma gravação em fita cassete cedida por Lilinda que acompanhou  o poeta Patativa do Assaré no ano de sua cirurgia em 1988.




AULA DE ANATOMIA



                                         Aula de Anatomia do Dr. Tulp - Rembrandt (imagem web)


    
AULA DE ANATOMIA

Estendo o poema sobre a mesa como um homem.
O coração palpita em minhas mãos.
Os olhos estão abertos, alerta.
A pele é o mapa do universo.

Estendo o poema como um corpo feminino,
a vulva pulsa, peixes e pássaros se agitam nos pulmões,
os pés têm as marcas dos caminhos
e as mãos acariciam e abençoam.

O poema vigia como um cão
ou dorme à espera das crianças,
dos amantes desiludidos, dos desenganados da vida,
dos que não sabem ler, dos que nunca o lerão.

O poema jamais irá morrer,
mas agoniza sobre a mesa.
Às vezes uma estrela brilha em suas juntas,
às vezes refulge um tição sob suas cinzas.



Desinspirada- socorro moreira

Quando estou apática, penso que todo dia é domingo.
Preciso aprender a gostar de missa, ou comer piza.
Foi-se o tempo de mar,
roda de samba,
bronzeador de cenoura,
e peixe frito...
Agora, nem jornal de domingo.
Pra que consultar horóscopo, resumo das novelas, entretenimentos diversos?
Olho de longe a serra , sem nenhum atrevimento.
Penso na estrada de ferro, de barro, asfalto quente...
Já corri para encontrar. Agora espero sentada o vento do amor voltar.


Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além

Paulo Leminski









Por Martha Medeiros




"dizer quem sou não sei

sei dizer que penso de forma irregular

não gosto de tudo o que gostam e

reverencio o diferente e o audaz

coisas pífias me emocionam

não me emocionam ópera e carruagem

dizer quem sou não sei

sei dizer que o amor me comove, o meu

o seu, os vossos, o amor absolve

junta os meus restos, me justifica

me sangra e me assopra

mas não resolve

dizer quem sou não sei

sei que leio pensamentos e caminho em bases insólitas

qual um Cristo, qual uma leprosa

arranco minha própria pele para ver o que há embaixo

embaixo não há nada

estou toda pra fora."

Martha Medeiros

D0MINGO - Ulisses Germano


D0MINGO

Quando o feriado cai num domingo
É domingo, não é mais feriado
Dia em que passa no céu o flamingo
E os veículos de longe zunindo
O tédio das tardes silenciosas
Vozes das velhinhas religiosas
Dos apresentadores da TV
Anunciando a sorte esperada:
Porque o domingo é dia de bingo!

Hoje é domingo do jeito do outro
Sutil diferença no calendário
Que aos poucos vai construindo o inventário
Documentados nos cantos das rugas
Dos olhares que são pontos de fugas
Nas linhas do horizonte imaginário
Do céu e o inferno de cada dia
Somos o domingo que fizemos
De um jeito qualquer sobreveviremos
No fim do dia como perdulários

Ulisses Germano
Crato, 03042011



CLAUDIONOR CRUZ- Por Norma Hauer


Este também nasceu em um primeiro de abril, só que do ano de 1914, em Paraibuna (SP), recebendo o nome de Claudionor José da Cruz, ou simplesmente CLAUDIONOR CRUZ, compositor e instrumentista,
Começou a aprender música desde pequeno, ao lado de seus irmãos, também músicos.
Iniciou carreira profissional tocando cavaquinho, em vários conjuntos, até formar o Claudionor Cruz e seu Regional
. De 1932 a 1969, atuou nas rádios Tupi, Nacional, Globo e Mundial, e na TV-Rio e TV Educativa, no Rio de Janeiro RJ.
Em 1935, sua primeira composição, "Tocador de Violão" (com Pedro Caetano), foi gravada na Odeon por Augusto Calheiros.
Durante as décadas de 1940 e 1950, seu regional foi o grande rival do conjunto de Benedito Lacerda, com o qual revezava nas gravações e nas rádios.
Um músico de renome, Abel Ferreira pertenceu a seu conjunto.
Foi parceiro de Pedro Caetano e Ataulfo Alves em dezenas de músicas, entre as quais podemos citar "Caprichos do Destino" (com Pedro Caetano), gravada por Orlando Silva em 1938; “Engomadinho”( com Pedro Caetano) gravação de Araci de Almeida;" Eu brinco" (ainda com Pedro Caetano), gravada por Francisco Alves para o Carnaval de 1944;”Sei que é covardia” (com Ataulfo Alves) ou “Disse Me Disse” (com Pedro Caetano) ambas gravadas por Carlos Galhardo.
Compôs também ao lado de André Filho, Wilson Batista, Dunga ... além de fazer gravações e shows com Orlando Silva, Francisco Alves, Dircinha Batista, Linda Batista, Ângela Maria, Araci de Almeida, Carlos Galhardo, Gilberto Alves, Deo e João Petra de Barros.
Desde a fundação de seu Regional,esteve à frente do mesmo; só o abandonando quando a música estrangeira invadiu nossas rádios.
Com mais de 400 gravações, foi homenageado em agosto de 1995 no espetáculo “Um poema na terra”, no Espaço BNDES, Rio de Janeiro.
Esteve em atividade até quase o fim de sua vida, vindo a falecer em 21 de junho de 1995, aos 81 anos.

Norma

Feliz Aniversário, Vera Barbosa !




Brasileira, paulistana, 43 anos. Amante de música e poesia.

Dores: ariana ansiosa, pavio curto, sofro de TPM, sou intempestiva, perfeccionista, exagerada, im(com)pulsiva e autoritária (sou vermelha)
Delícias: ariana expansiva, determinada, criativa, simpática, gentil, ousada, verdadeira, ética, justa e apaixonada (vermelho intenso)
Bacharel em Comunicação Social (Habilitação em Jornalismo) pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM - SP).
Redatora e revisora de textos. Educadora. Colaboradora dos sites Ziriguidum, Revista MB, Revista MPB e Ilha Brasil.

Rádio é minha paixão. Ouço USP FM, Eldorado FM, CBN FM, Cultura AM, Nova Brasil FM, Alpha FM e Antena 1 FM. Meus programas favoritos são Som da USP e Toque outra vez (USP); Canta Brasil e Vozes do Brasil (Eldorado); Acervo Walter Silva e Letra e Música com Pasquale (Cultura).

Acredito na arte como forma de expressão e preservação da cultura brasileira.

"Um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas jamais será um povo livre."


*Pra você, Vera, Um abraço carinhoso, no azul sonhado!

PASTEL DE BELEM - TRADICIONAL DOCE PORTUGUES


Ingredientes:

250 gramas de farinha de trigo
Água com uma pitada de sal
150 gramas de manteiga ou margarina
1 gema
80 gramas de maizena
1 litro de creme de leite
12 gemas
300 gramas de açúcar
Baunilha líquida
Casca de limão (raspas)

Modo de preparo:

Sobre o mármore, faça um monte de farinha. Faça um buraco no meio e coloque uma gema e água o suficiente para obter uma massa maleável. Abra a massa e cubra com com 50 gramas de manteiga ou margarina. Dobre de tal maneira a obter três camadas de massa. (dobre uma parte sobre o meio e a outra por cima). Repita essa operação duas vezes, sempre espalhando 50 gramas de margarina ou manteiga. Abra novamente, espalhe a manteiga e enrole como se fosse um rocambole. Corte o rocambole em fatias de 2 centímetros de grossura. Estenda cada rodela no fundo de uma forminha pequena, forrando também as laterais.

Recheio:
Numa panela junte a maizena, o creme de leite, as gemas e metade do açúcar. Leve ao fogo até ferver. Adicione o resto do açúcar, a baunilha líquida (algumas gotas) e as raspas de limão. mexa bem e leve à fervura novamente. Desligue e coloque sobre as rodelas de massa.
Leve as forminhas ao forno médio preaquecido até que estejam bem sequinhas.

http://gattors.blogspot.com/2010_05_27_archive.html


Poesia , naquele domingo...- José do Vale Pinheiro Feitosa


Surpreende que a seiva,
Se habite de tantos.
Carreando no caule,
Todas as sílabas do seu nome.

E que a solidão,
Se agasalhe sob a copa das árvores,
Uma cantoria de pássaros,
O choramingar de um riacho.

Surpreende teu ódio de pedreira,
Tornando rochas em volumes britados,
Fragmentando o caminho da evolução,
Com teu instinto de pedregulho.

E que versejes como fogos de artifício,
Uma deslumbrante luz no céu,
Que encanta pelo efeito,
Só para lembrar a escuridão.

Surpreende o sol que se põe,
Amiudando a luz em complexidade,
Detalhando o invisível da plena luz,
Nuances do mesmo, fusões dos diferentes.

E que a poesia seja apenas sons,
Mas uma canção também o é,
Ela nos diz do plural de cada um,
Da unidade na distinção.

Surpreende que o amor seja apenas um,
E que sua prática seja uma cena,
De tantos atores, muitos sentimentos,
Esperança, tédio e quebras.

O que não surpreende,
É o tempo me desconstruindo,
Enquanto o evoca na permanência,
A saudade que preserva é matéria do tempo.

Por José Carlos Brandão

Amor é loucura?
Então quero ser louco!
Mais louco quero ser
quanto amor pode me dar.
Quero um amor de mulher
para me extasiar.
Amor sempre é pouco,
meu coração no peito
nunca está satisfeito.
Amor é loucura?
Desse mal ninguém me cura!

É domingo... Que tal uma bela produção com direito a vestido novo, maquiagem caprichada, perfume suave, enfim, esbanjar charm e sair pra pracinha do cinema e consultar o cartaz, pra escolher o melhor filme. De vez em quando é bom dar uma voltinha no passado, dá uma saudade...!
(Maria de Jesus Andrade)



Reflexão.Liduina Belchior.


O silêncio em algumas

ocasiões, polariza com

o grito que antes

o ser sufocava.


Sufocar um "ai"

é manter presa a dor,

por isso...

O calar ás vezes, é manter

enjaulado o dissabor.

Acordar da letargia - Emerson Monteiro


O uso do cachimbo é que põe a boca torta, diz o povo. Diz ou dizia, pois tudo muda todo tempo, a ponto de a sabedoria popular abrir caminho às tradições modernas e querer imitar o que falam os arautos da pouca utilidade. Bom, mas trazer algumas palavras que signifiquem renovação dessas, ou daquelas, vontades escorregadias da ausência de sentido, nesse mundo quase só cheio de supérfluos. Tocar assuntos de possibilidades prováveis. Reviver o sonho de acordar cedo e caminhar ao sol das manhãs com o cérebro ligado nas sensações boas, esquecido das impurezas e preocupações da rotina frívola lá de fora. Viver com todas as letras o alfabeto de respirar novos dias, a intensidade ainda livre dos traumas da primeira infância. Criança, somente. Contar a nós próprios as lendas da inocência original. Pisar o chão do jeito que vem a vida, sem necessitar tanger as brasas da incompreensão ou os maus humores da perversidade. Caminhar, simplesmente. Nisto a perene urgência momentânea de uma raça inteira acordar e ver as realezas do caminho onde nada mostra face de peças já terminadas. Onde tudo se transforma todo tempo ao sopro incondicional do instante eterno dos segundos. Esse instinto forte de seguir adiante ao ritmo dos passos, livre das circunstâncias imprecisas de longas conveniências burocráticas. Acordar para nós acesos, recorrer ao que existe de si parentesco com a natureza nas individualidades, e acreditar a transformação radical dos obstáculos em nuvens ligeiras e limpas. No sequenciar desse movimento, o perfume inesperado que ganha corpo e cresce mais ainda, à proximidade eterna das partículas em agitação, unindo pensamentos e sensações quais peças de tabuleiro imenso posto à frente dos seres. Nós, quais intérpretes do discurso empolgante das horas, em atividade constante de sobreviver, incontidos nos detalhes essenciais da cena impetuosa das cavalgadas bravias e dos elementos em fúria. Acordar, afinal, para o sonho. Largar de lado os cacos rotos das equívocas permissividades. Descer ao teto dos palácios em festa, arraiás de praias amenas e águas transparentes, pois há um ser que nos espera de braços aberto no íntimo coração. O processo disso, nas portas abertas do presente, indicam sentimentos de paz e pontes felizes e abrem oportunidades aos acontecimentos verdadeiros. O isso de abandonar de vez trastes velhos das falhas vencidas e substituir os padrões que marcaram de vergonha a personalidade, nas ações antigas e que insistem retornar e esfregar na nossa cara a vileza das noites anteriores. Administrar esse lixo autoritário das subidas e reciclar em sabedoria. Integrar à existência o primor das estações iluminadas. Revivescer de nós, parecidos sementes que, seguras, brotaram noutro solo, pomos de luz na solidão descomunal do sagrado, feitas alegres quermesses dos santos sertanejos nordestinos. Pular de tranquilidade e admitir o milagre sonoro de viver que a todos permanece disponível.

Sarah Vaughan





Sarah Lois Vaughan (Newark, 27 de março de 1924 — Los Angeles, 3 de abril de 1990) foi uma cantora estadunidense de jazz. Junto com Billie Holiday e Ella Fitzgerald é considerada por muitos como uma das mais importantes e influentes vozes feminina do jazz.

A voz de Vaughan caracterizava-se por sua tonalidade grave, por sua enorme versatilidade e por seu controle do vibrato. Sarah Vaughan foi uma das primeiras vocalistas a incorporar o fraseio do bebop.

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Doris Day


Doris Mary Ann von Kappelhoff, conhecida como Doris Day (Cincinnati, 3 de abril de 1922), é uma cantora e atriz estadunidense das mais populares nas décadas de 50 e 60. Como atriz e cantora brilhou em Ardida como Pimenta (BR)(em inglês Calamity Jane), no qual além de interpretar a personagem do Velho Oeste Jane Calamidade, cantou Secret Love (que recebeu um Oscar de melhor canção).

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ABOBRINHAS INTERROGATIVAS : MITOLOGEMA - por Ulisses Germano

se se
Sísefo 
carregasse
uma 
pedra 
de 
isopor
saíria 
do 
embarace
com
a
leveza 
seu
favor?




sábado, 2 de abril de 2011

ABOBRINHAS POÉTICAS: QUATRO QUADRAS PARA JOÃO NICODEMOS - por Ulisses Germano


Vejo que João Nicodemos
Pulou a cerca do Estado
Do seu som sempre ouviremos
O soar de um enamorado

II
A rabeca tão bem feita
Que ele um dia fabricou
Toca bem e até enfeita
De tão bela que ficou

III
Não falo mais da saudade
Palavra mais do que gasta
Para um ser da minha idade
Ser seu amigo já basta

IV
Sei que ele está construindo
Estudando e trabalhando
Muitos chorinhos ouvindo
Pra depois sair tocando

Ulisses Germano
Crato, 02042011










Entre a cegueira e a visão – Por Padre Virgílio Ciaccio

A cegueira é uma das mais terríveis limitações da vida. Mas nós também, ainda que tenhamos visão invejável, freqüentamos com assiduidade o mundo dos cegos.

Somos cegos quando não prestamos atenção na presença de Deus em nossa história e nos voltamos para interesses de pouca valia. Somos videntes quando sabemos perceber a passagem de Deus ao nosso lado, atendemos às suas propostas e cobranças e aceitamos com gratidão a salvação que ele nos traz.

Somos cegos quando nem tomamos conhecimento do nosso semelhante e, entre nós e ele, erguemos barreiras de cor, de classe social e de religião – de modo que ele não venha a cruzar o nosso caminho. Somos videntes na hora em que o aceitamos como companheiro de viagem e como irmão muito querido.

Somos cegos na hora em que fechamos olhos e coração ao sofrimento, às lágrimas e ao abandono de tantos excluídos condenados a morte prematura pela falta de remédios, alimentação e moradia. Somos videntes quando temos a coragem de entrar na tribulação e na tragédia deles; quando nos tornamos solidários com sua cruz e nos pomos a seu serviço, a fim de levantá-los e restituir-lhes a dignidade de filhos de Deus.

Somos cegos na hora em que jogamos nas costas dos outros a responsabilidade pelas coisas erradas que acontecem em nosso meio. Mas somos videntes quando admitimos a nossa injustiça, violência e dureza de coração e nos emendamos, com coragem, de nosso pecado.

Somos cegos quando nos julgamos dono da verdade e, roubando o lugar de Deus, lançamos sentenças de vida e de morte em cima do irmão que errou. Somos videntes quando do nosso irmão, ainda que pecador, nos fazemos defensores, lembrados de que a nossa luta deve ser contra o pecado, não contra o pecador.

Brilhe para nós um raio da luz de Cristo, a fim de que possamos andar sempre com o amor, a justiça e a verdade.

Por Padre Virgílio Ciaccio, ssp

Extraído do jornal “O Domingo” dia 04.04.2011. Postado por Carlos Eduardo Esmeraldo.

negar é afirmar duas vezes

quem faz o que pode, não faz.

(Geraldo Urano) 

 

Por Lupeu Lacerda


Fico imaginando o vestido dela. Tafetá? A cor de seu batom, uma coisa suave acho. E um rosto como uma tela de um desses artistas que nunca fizeram sucesso. Empoeirado. Por isso mesmo bonito. Uma banda chamada bárbaros da bossa cantava as músicas que embalavam aquela noite que parece, quando são as primeiras, não ter fim. O fundo do olho de uma pessoa assusta. É um buraco que brilha, e fala uma língua que prescinde de palavras. Sempre tive medo de me meter olho adentro das pessoas. Mas com ou sem medo, as vezes era necessário. E olhar um olho é como enfiar uma mão dentro das coisas da pessoa. É como uma zombaria. Um pau entrando boceta adentro tem menos dano. O peito dói. E a má água será sempre bebida em goles generosos. Até que eu sou educado, mas às vezes não dá. 

por lupeu lacerda

Émile Zola



Émile Zola (Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola) (Paris, 2 de abril de 1840 — Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.

wikipédia

RUA DE POBRE-Marilita Pozzoli


RUA DE POBRE

Rua de pobre não carece asfalto:
pobre não tem automóvel...
Rua de pobre não carece luz:
pobre deita cedinho...
Não precisa também numeração:
não vem carteiro,
não vem telegrama,
não passa lixeiro.

Cada casa é indicada por um acidente:
aquele do tôco é do João Dorminhoco.
A da laje no terreiro,
é do Zuza Pedreiro.
Essa da gaiola,
é da Maria Paxola.
A da trepadeira
é da Luiza Peixeira.
Tem casa torta pra lá,
tem casa torta pra cá.
Casa inclinada pra frente,
casa empinada pra trás.
Parecem formar ballet,
parece que vão cair
mas continuam de pé...

Vem lá de dentro uns berros de mulher:
Pass pá dento Juaninha!!!
E Joaninha num berreiro:
"Mãe, furmiga tão me cumendo,
eu caí no furmigueiro!
"Do outro lado alarido
um cão que quebrou panela
e apanha como um danado!
E sai cada palavrão!...
Coitado do pobre cão!

Um papagaio se expande
numa algarávia maluca:
"O lelê carapeba é pêxe de má
Ô lele carapeba é pêxe de má.
Currupaco — papaco
Currupaco — papaco.
Lôro... Lôro..."

E tem menino sambudo
brincando na enxurrada
pra se esquecer da maleita...
Lá na esquina, um vadio
tira dois dedos de prosa
com a morena dengosa
que vai à venda comprar.
Bebe um trago de aguardente
e oferece pra toda gente
sem mesmo poder pagar:
— "Não são servido, mecês?
Ë entorna o copo de uma vez!

Vem gemido da vizinha
que está com dor de dente...
Vem canção de carnaval
lá no fundo do quintal...
"Tava jogando sinuca
uma negra maluca me apareceu.
Vinha com o filho no braço...

..............................................

Mas essa rua tem alma!
Tem alma e tem coração!
Hoje só há tristeza...
Morreu o João da Tereza,
— fogueteiro que enfeitava
as noites de São João.

Vão cantar a noite inteira
até o dia raiar.
Vão cantar as "inselença"
que é pro João se salvar.
"Uma inselença da Virge da Conceição
Deus num primitas que eu morra sem cunfissão.
Duas inselença da Virge da Conceição,
Deus num primitas que eu morra sem cunfissão.
Três inselença da Virge da Conceição
Deus num primitas
que eu morra sem cunfissão...
Quarta inselença"...
— São doze inselença
E não se pode parar
porque senão dá azar...

Mas quando é noite de lua
e uma viola soluça
esse abandono fatal,
como é bonita essa rua!...
Rua de pobre esquecida
do governo da cidade!
Sem água, sem luz, sem placa,
Sem carteiro e sem lixeiro
— rua que nem nome tem...
Só a lua é tua amiga,
só a lua te quer bem.

Rua de noites perdidas,
de dias estagnados
num bairro pobre qualquer...
Rua de cães vagabundos
pelos terrenos baldios,
de gatos pelos telhados...
teu nome devia ser:
Rua dos abandonados.

Marilita Pozzoli

Do livro: "Enquanto espero as rosas", Ed. Henriqueta Galeno, 1969, CE.

* Essa poesia me faz lembrar meus colegas de escola: Regina ( a intérprete!), Stela, Walda, Magali, Rosineide, Francíria, Joaquim,Vera, Tarcisinho, Márcia, Gracinha, Ione, Edna,Hugo,Ismênia, ... 
Quem acordou minha lembrança foi Lôra de Cândido Figueirêdo, menina dos nossos tempos.
Hoje, relendo-a, senti como as ruas continuam abandonadas - algumas!

Por Manuel Bandeira



POEMA DA INADIÁVEL PARTIDA

Sem os teus afetos,
sem amor ou calor
que farei aqui
nessa cidade perdido?

Partirei agora.
De tristezas inúteis
não é o meu caminho:
Sonho & Vida.

Pássaros no meu encalço.
Árvores nuas na estrada.

Velejarei por novos braços,
novos sonhos abraçarei.

Por acaso, sábado! - por socorro moreira


Ontem foi quase triste.
- Um dia cinza!
Hoje vi o azul misturado ao verde,
Iluminado por um sol dourado.
As cores pintam a natureza,
e modificam as emoções.

Como acontece, quase regularmente,
estive na casa de João Marni e Fátima.
A roda é festiva.
Fala-se dos problemas com a força da fé,
que a gente chama de superação.
Ai de nós, se não fosse a alegria dos amigos...
De tê-los!

E este Azul, que me faz sonhar?
Que lava meu tédio
Preenche de poesia ou notícias,
meu diário terráqueo?
Volteio por aqui,
belisco algo, alhures...
Encaro a vida,
com a disposição do aprendiz.

A sorte é lançada
As perdas e os ganhos
são inesperados
Extrair o sumo das nossas experiências,
entranhá-lo, nos transforma
naquilo que seremos .

Escutei do João uma frase linda,
quando falava de Fátima:
“Desde que a conheci,
nem por um momento,
me senti sozinho”.

È assim que a gente sai daquela casa...
Com o coração farto de amor.

INCONSCIENTE - Ulisses Germano



LEMBRANÇA ADORMECIDA
ESQUECIMENTO ACORDADO
A MEMÓRIA DESTA VIDA
ESTÁ NUM COFRE GUARDADO

Ulicis








RÁPIDO E RASTEIRO - CHACAL



VAI TER UMA FESTA
QUE EU VOU DANÇAR
ATÉ O SAPATO
PEDIR PRA PARAR
AI EU PARO
TIRO O SAPATO
E DANÇO O RESTO DA VIDA



"Choro Bandido"- socorro moreira







Deixou de ser criança
Foi prematuro
Viveu batalhas
Venceu e perdeu guerras
Sobreviveu,
desacordado e cego.

De repente saiu do túnel,
e encarou os olhos do coração
-Olhos amorosos na compreensão.

Faltou brilho de encanto no olhar
Faltou a pureza da entrega , sem questionar
Faltou a vontade de correr só pra chegar,
mas a vontade de esperar, ainda resta !


Amor antigo...
Querendo ganhar cores
Querendo uma chance de viver
a matura tranquilidade
de um amor legítimo !

Amor antigo, recauchutado,
mudo, desesperado,
disperso no desejo novo.

Lacrimoso - na tristeza doce-
de saber que o amor não foi.

Esteve no estio romântico das horas,
nas madrugadas vazias ,


quando buscou o esquecimento,
no clarão das estrelas que se acendiam.

Dia  ensolarado da consciência tardia...
Amor bandido, antigo, e ainda vivo !

(socorro moreira)



Respostas claras- socorro moreira




Agir compaixão
Amor sem paixão ...

Abraço o corpo que desconheço
O que mais conheço é o travesseiro
Com ele acordo todas as manhãs.

A cidade começa a zuadar
um pássaro, um carro,
um galo, um gato a miar ...

E eu pergunto ao tempo
Se ele vai me esperar
E eu pergunto às palavras
se elas podem me fartar ...
Tudo claro : o quarto, o céu...
Mas as respostas gostam do escuro !

O NINHO DO CHORINHO - por Ulisses Germano


O NINHO DO CHORINHO
(Ulisses Germano)

Quando algo está perdido
Bem longe de ser achado
É porque o esquecido
Se esqueceu de ser lembrado
Assim, sem pé nem cabeça
Nunca jamais se esqueça
Tudo tem significado

Meu poema já cansado
De tanto pedir arrego
Fez do amor iluminado
A morada do segredo
Que possui o mesmo brilho
Cantado no estrilho
Do chorinho de Alfredo
Da Rocha Viana Filho

Assim sendo vou levando
Está vida  por tecer
Nas notas ornamentando
Meus retalhos de prazer
Tendo no choro o remédio
Que dá fim a todo o tédio
De nosso vil padecer

Crato, 020411