por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 22 de julho de 2021

 CRIME “QUASE” PERFEITO – José Nilton Mariano Saraiva

Independentemente da autoria bandida, o assalto ao Banco Central, em Fortaleza, anos atrás (quando foram subtraídos quase 170 milhões de reais), não pode deixar de ser considerado uma engenhosa e competente operação, levando-se em conta o planejamento milimétrico, a precisão da execução e a audácia demonstradas, a ponto de alguns mais apressados chegarem mesmo a aventar tratar-se de um “crime perfeito”, de difícil solução.
Como se sabe, tudo começou de forma legal, com a constituição, pelos marginais, de uma empresa do ramo paisagístico, devidamente registrada na Junta Comercial do Estado do Ceará, cujo imóvel, alugado, providencialmente localizava-se nas cercanias da sede do Banco Central.
A partir de lá, obedecendo todos os detalhes de um planejamento estratégico e minucioso, “homens-tatus”, supervisionados pelos “cabeças” do grupo, iniciaram a difícil e penosa perfuração de um túnel (diz-se que durante 03 meses) com aproximadamente 80 metros de extensão, por sob outros imóveis e atravessando uma das avenidas com trânsito mais intenso e pesado de Fortaleza, a Dom Manoel (por lá circulam linhas regulares de ônibus, carretas, carros-fortes, carros particulares, o escambau).
Ao atingirem, com precisão, o cofre do Banco Central, mais uma prova de competência e planejamento: exatamente em um final de semana, quando aquela instituição se achava fechada, perfuraram o concreto e as grossas camadas de aço que revestiam o solo do dito cujo e, ao o adentrarem, se viram compreensivelmente atônitos ante aquela “montanha” de dinheiro; a partir daí, iniciaram o apressado caminho de volta, em várias “viagens”, carregando “somente” notas de R$ 50,00, usadas, e que não possuíssem a série numérica capaz de posteriormente identificá-las. Consumava-se, com sucesso, o plano magistralmente elaborado.
Na segunda-feira, quando da reabertura do Banco Central, aparvalhada e atônita, sua cúpula e demais executivos constataram a desagradável surpresa: um “rombo” de quase cento e setenta milhões de reais.
Imediatamente acionada, a Polícia Federal, através do seu setor de inteligência, começou o paciente trabalho de encontrar alguma pista, algum indício de erro, uma possível falha que pudesse ter sido cometida pelos marginais no decorrer da operação; e foi o encontro de um simples e banal “chip” de um telefone celular, “perdido/esquecido” dentro do túnel, que possibilitou a montagem do quebra-cabeças e acabou por detonar uma autentica operação de guerra à busca de uma solução para um crime tido e havido como insolúvel. Seria tudo uma questão de tempo e paciência.
Enquanto isso e depois de alguns meses, lá na solidão do planalto central, em plena imensidão do cerrado goiano, o presumível “chefe” da quadrilha, o cearense conhecido por “Alemão”, experimentava as delícias de uma vida sem maiores preocupações, já que dispondo do bom e do melhor, mas instalado numa casa modesta a fim de não despertar suspeitas; providencialmente, deixara o cabelo crescer, engordara propositadamente e, literalmente, transformara-se num outro homem, difícil de ser identificado até pelos próprios familiares.
Ledo engano; a Polícia Federal, fuçando daqui, fuçando dali, prendendo a arraia-miúda que inadvertidamente passara a ostentar o que não deveria, aos poucos foi montando a arapuca, aproximando-se sorrateiramente e, quando ele menos esperava, deu-lhe voz de prisão; condenado e em razão da comprovada periculosidade, foi o marginal encaminhado a uma penitenciária de segurança máxima, lá no Mato Grosso (só que não “abriu o bico”, sobre).
De repente, para surpresa de todos, já que convenientemente sem qualquer divulgação por parte dos órgãos midiáticos, o “coitado” do Alemão é “premiado” com sua transferência para um dos presídios de Fortaleza (onde todo dia existe uma fuga), sob a pueril alegativa de que já se passara os dois anos de detenção em presídios de segurança máxima, conforme determinam os nossos jurássicos códigos e leis penais.
Não se sabe, até hoje, onde anda o “Alemão” (evadiu-se e se mandou pro exterior ??? virou evangélico e está a pregar a palavra de Deus aos companheiros de prisão ??? embrenhou-se na selva amazônica e está a catequizar os índios ???).


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