por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Sou elas e eles - José do Vale Pinheiro Feitosa

Passado algum tempo e ainda não fechei a conta que abri para logo a seguir a preguiça e o visgo da rotina me afastar. Ela se encontra lá, nunca a fechei, para meu azar, pois amigas, amigos e parentes se propõem a ser parte e nunca respondo. Corro o risco de me quererem mal.

Falo do Facebook.

E foi assim que me dei conta de quanta gente saiu dos blogs e se refugiou no Instagram, Face, Twitter e outras facetas. Mas por pura comodidade continuei por aqui. Além da preguiça de retornar ao Face e fechar a conta que nunca usei.

E por isso corro o risco de Tia Almina não tomar conhecimento que hoje lembrei dela. Que é um daqueles pilares que mantem a nossa coerência com a própria história. E que não são apenas saudades.

Tia Almina é como o relevo da Chapada do Araripe, o leito do Rio Batateira, a feira do Crato, as passadas pela Rua Dr. João Pessoa, as inúmeras casas de uma história derrubada, uma a uma, para se transformar em enormes prédios comerciais. Com suas Macavis e outras fachadas da bolha imobiliária.

Mas se derrubam e erguem outras paredes, surge como marca da realidade a sombra irremovível de uma narrativa permanente. Como afeto, como uma margem que configura o lago ou como as águas do lago que enverdece de vida a paisagem.

Como marco do inesquecível, há pouco mais de 25 dias, estava num restaurante em Fortaleza entrevistando um dos ícones do forró cearense dos anos 70 e 80. E durante a conversa sem que ele soubesse das minhas ligações afetivas, mas sabendo-me cratense, ele fala de Maria Alice e Dr. Alfredinho.

E de repente as marcas da permanência tomaram a minha atenção. Naquele momento todo mundo sentou-se comigo, Maria Edite, Joaquim, Zé Almino, Mélia, Bida, Tóin, Alfredo, Maria José, Everardo, Ciano, Fernando, Maria Benigna, Ana, Zé, Gusto, Guel, Marcos e Maurício, Nena, as perguntas infindáveis de Lula então criança.

Tio César, o primeiro entre irmãos, aquele que pelo riso silencioso, enquanto algo de incomum eu fazia naquele destrambelhado do aprendizado da vida, deu-me uma imagem imanente deste mundo. E uma imanência que supera os pontos finais de qualquer período.

Assim como os textos de José Saramago, sem pontos finais: Tio César na companhia de Tia Almina. Não lembro deles separados. Como tia Almina hoje é indissociável da vida de todos nós.


E na entrevista, no restaurante Caravelle, perto do aeroporto Pinto Martins o forrozeiro Messias Holanda falava de suas andanças desde que saiu de Missão Velha onde nasceu. Que em criança morou com Dona Maria Alice e Dr. Alfredinho na companhia da mãe que trabalhava para a família.    

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