por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 6 de agosto de 2015


Esta manhã, há setenta anos, em Hiroshima.

E pensei, setenta anos,
E os netos do Enola Gay ainda riem da vida!

E ouvi o distante barulho dos motores,
Entre as nuvens com seus alados rancores.

E pensei em Vinícius,
Silabando o apocalipse de uma única bomba.
.
São setenta anos de ameaças,
A nuvem radioativa, esquelética, neoplásica.

O carimbo na calçada,
De corpos reduzidos a manchas nos batentes.

E daquela gente,
Arrancando a pele como fatias de papelão.

Do lento despertar,
Naquela manhã rotineira antes do fim.

Foi há setenta anos,
Não espere as dores, foram deles.

Não espere o desespero, foram eles.

Não espere o desencontro, eles se perderam.

Não cite a esperança, eles já não sabem as palavras.

Apenas a nuvem radioativa,
Assassina, controversa, daquela manhã em Hiroshima.

Chegou sobre Hiroshima,
O anjo negro na altura de nove mil metros de covardia.

Como se acende um cigarro,
Às oito horas e nove minutos Paul Tibbets armou a bomba.

No ponto de oito horas e quinze minutos,
A bomba lançada levou quarenta e quarto segundos em silêncio.

Na altura de quinhentos e oito metros,
Liberou todos os castigos sobre Hiroshima.

Onde o experimento,
Deu esperanças de mais sobrevoo da morte a Nagasaki

Eles sabiam o resultado de Hiroshima,
E não pararam.

Continuaram.

Jamais pararam.


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