Apadrinhado
por FHC, o juiz mato-grossense Gilmar Mendes, mais cedo do que ele
próprio imaginava, porquanto queimando etapas e atropelando a
hierarquia funcional, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal
Federal-STF. E talvez por isso mesmo, desde que empossado não
guardou nenhuma sutileza ou pudor de que ali se encontrava para
defender com unhas e dentes o seu “patrão” e respectivo partido
(PSDB). Definitivamente, e sem amarras, a indesejada “politização”
do Judiciário e, principalmente, sua “partidarização” se fez
presente a partir da sua assunção.
É
que, arrogante, bocão, prepotente e mau educado, Gilmar Mendes
aproveitou-se da educação, fino trato e civilidade dos seus pares
para exercer uma certa influência sobre eles, principalmente ao
imiscuir em suas falas e decisões questões eminentemente
tendenciosas e que causam estupor (a concessão, durante um plantão
de final de semana, de dois “habeas corpus” em favor do bandido
Daniel Dantas, que houvera sido preso pelo Juiz Federal Fausto de
Sanctis em razão de crimes comprovados, é emblemática de como não
respeitava os colegas e o rito processual).
Não
há como olvidar, ainda, que, proprietário do Instituto Brasiliense
de Direito Público (IDP), Gilmar Mendes mantém sob sua tutela boa
parte dos ministros do STF, porquanto professores contratados do
dito-cujo, o que pressupõe uma subordinação tanto formal quanto
suspeita, porquanto remunerados pelo próprio (afinal, querendo ou
não, ir de encontro ao “patrão” certamente lhes causaria
constrangimentos outros).
Hoje,
numa prova inconteste de que privilegia sobremaneira o
“padrinho-político” e está pouco se importando com seus atos,
Gilmar Mendes trava uma arraigada batalha junto ao Supremo Tribunal
Federal-STF e Tribunal Superior Eleitoral-TSE, a fim de tentar
viabilizar o insano desejo de FHC que, sub-repticiamente, tenta
desfechar um “golpe-paraguaio” teoricamente capaz de destituir
uma Presidenta da República eleita por quase 55 milhões de votos, a
fim de colocar em seu lugar o derrotado, vingativo, despreparado e
fanfarrão “playboy do Leblon”, Aécio Neves.
Só
que essa
sua
tentativa de encontrar “pêlo
em casca
ovo”
ou “chifre em cabeça de cavalo” ao
impetrar uma “pedido-de-investigação”
nas contas da campanha de Dilma Rousseff, visando possivelmente
encontrar
alguma situação que alimente sua pretensão de anular o resultado
das eleições, literalmente
escafedeu-se quando a Procuradoria Geral da República houve por bem
arquivar referida ação, tendo
em vista que as
razões elencadas “não
apresentam consistência suficiente para autorizar, com justa causa,
a adoção das sempre gravosas providências investigativas
criminais”
Alfim,
e
para
sepultar de vez a descabida e ilegal
manobra encetada por Gilmar Mendes, o Procurador Geral da República,
Rodrigo Janot, de
forma
contundente houve por bem pedir o arquivamento
da tal
investigação,
ao
demonstrar as aberrações
ali
presentes, a saber:
01)
“A inconveniência
de serem, Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral,
protagonistas —exagerados— do espetáculo da democracia, para os
quais a Constituição trouxe, como atores principais, os candidatos
e os eleitores”;
02)
“Não
interessa à sociedade que as controvérsias sobre a eleição se
perpetuem: os eleitos devem poder usufruir das prerrogativas de seus
cargos e do ônus que lhes sobrevêm, os derrotados devem conhecer
sua situação e se preparar para o próximo pleito”, e
03)
“A
questão de fundo é que a pacificação social e estabilização das
relações jurídicas é um das funções mais importantes de todo o
Poder Judiciário, assumindo contornos de maior expressão na Justiça
Eleitoral, que lida com a escolha de representantes para mandatos
temporários”.
Se
Gilmar Mendes refluirá ou não do seu exótico e desonesto
desiderato de patrocinar um “terceiro turno” anômalo, pouco
importa; o substantivo é que, finalmente, alguém com cacife
suficiente se
fez ouvir e bateu
de frente com o prolixo e falastrão afilhado de FHC, mostrando-lhe
que num
regime democrático existem procedimentos
e regras
a serem cumpridas, independentemente de padrinhos e agremiações que
ofereçam sustentação a quem quer que seja.
Portanto,
não vingará o tão desejado objeto de desejo de FHC e do “playboy
do Leblon” Aécio Neves; assim,
o
“impeachment” não passou de um sonho de verão de uma cambada de
golpistas desqualificados.
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