por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O RUMO NORTE É O NOSSO DESATINO - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando nos apontam o rumo norte para o nosso destino, a morte abre as suas asas sobre o nosso desatino. Esta frase deveria ser um eco de razão a toda vez que um político, um líder ou um cidadão nos aponta os EUA como o nosso modelo de civilização.

Mesmo que o sonho do sucesso, a segunda chance, o mérito da conquista, o imenso prazer do consumir e pertencer a uma sociedade em que se agradece pelos empreendedores privados esteja a alavancar um desejo como compreensão da liberdade. Mesmo que seja isso, sempre imagine que o Brasil é grande, somos uma sociedade de mais de 200 milhões, temos uma cultura própria e capacidade de viver os nossos próprios sonhos e através da liberdade de nos realizarmos pelo nosso próprio conhecimento e arte.

Já temos problemas demais a enfrentar para desejarmos ser o gasoduto a alimentar a energia dos problemas dos outros. Os EUA formam um grande povo, a humanidade deve muito às suas instituições, à sua ciência e cultura. Mas o mundo tem sido vítima do imperialismo americano com suas agressões, golpes políticos, usurpação das riquezas, atraso e exploração dos povos e nem por isso os EUA têm a melhor sociedade. Nem muito inferior aos nossos problemas.

Os EUA inventaram, FHC e o PSDB embarcaram em seu ideário, a maneira mais soft de implantar seu “estilo” através do enriquecimento das suas empresas sobre a economia dos povos como o Brasil. As empresas vêm com toda a concorrência, mas com o estilo americano de ser (lobbys, holdings, oligopólio etc.) e para garantir um mercado fluído e sem conflito: inventaram as Agências Reguladoras. O papel delas é “controlar” o desejo dos consumidores por melhores serviços e menores preços. Dar um colchão de apoio ao “mercado”.

Leia o primor como os EUA defendem suas empresas através de trechos de um documento de empresas de fracking de gás de xisto para Ucrânia (aí toda briga com a Rússia): “Empresas norte-americanas podem investir diretamente na Ucrânia, levando com elas sua tecnologia. Empresas ucranianas podem contratar perfuradores norte-americanos com experiência, podem licenciar perfuradoras norte-americanas e empresas de tecnologia de sondagem sísmica por imagem, e podem importar equipamento norte-americano sofisticado de perfuração. O governo dos EUA pode estimular este desenvolvimento com programas patrocinados pelo Estado, como o Programa para Engajamento Técnico Não Convencional para Gás do Departamento de Estado.

É até óbvio, mas o Governo financia com impostos do povo dos Estados Unidos as suas empresas para que explorem as riquezas e a economia dos outros países. E fazem isso por cima de pau e pedra, por isso toda a briga na Ucrânia. Por isso eles bombardeiam países pelo mundo todo e acusam a Rússia pela anexação da Criméia como vestais numa noite sem lua. Na verdade toda esta guerra é que os EUA querem substituir o papel da Rússia como fornecedora de gás natural para a Europa,pela hegemonia da produção de gás de xisto por fracking.   

Nesta altura da nossa história a nossa principal reflexão, crítica e construção do futuro tem por base a nossa própria história. Não vamos seguir os passos de ninguém, os nossos problemas precisam ser resolvidos e não vamos adotar políticas que aumentem estes problemas ou então, retardem as suas soluções.
Os EUA não servem de espelho para nós os brasileiros. Vejam alguns dados do seu modelo de ser em alguns tópicos. A) Dois terços da população de Detroit não pode pagar as suas necessidades básicas e 46 milhões de americanos estão na pobreza; B) a taxa de mortalidade infantil dos EUA é a quarta mais alta entre 29 países mais desenvolvidos; C) a taxa de analfabetismo nos EUA entre adultos é de 14%, 21% dos americanos têm um nível de leitura inferior à 5ª série de estudo e 19% do diplomados do ensino médio não sabem ler; D) o sistema de saúde americano ocupa o último lugar em eficiência entre os 10 países mais desenvolvidos e tem o maior gasto per capita entre eles ($8.508).

Ora os EUA são um país bem sucedido e rico. Qual a sua questão? O modelo político, social e econômico com base puramente no liberalismo de mercado. Os números que lemos parecem até enganosos pois jamais imaginaríamos que eles fossem assim, mas são. São pelo excesso de individualismo, de exploração privada, de acesso por renda, de negócios lucrativos, de intermediações onerosas como advocacia, segurança e guerras geopolíticas.

Este modelo, por exemplo, transformou a educação numa mera fábrica de performance, sem preparar o ser humano e levando a que mães em desespero usem medicamentos nos filhos abaixo de 10 anos de idade apenas porque as professoras não encontram a performance que esperam. Isso sem contar a inúmeras fórmulas para atrair “consumidores”. E como consumidores os americanos ficam fora do ensino e tem tanta gente crítica ao governo brasileiro pelos nossos baixos níveis de educação.

O sistema de saúde americano, baseado em planos de saúde, é uma verdadeira esteira da era fordista, como as faculdades de medicina preparando especialistas, os laboratórios organizando o ensino, congressos e sociedades e as operadoras criando fundos que financiam a farra de médicos ultra-especializados. O grande problema, por exemplo, comparando-se com o sistema estatal inglês como gasto per capita de $3.405, é que não existem cuidados primário de saúde, não existe atenção básica, prevenção e promoção da saúde.

O Brasil precisa de um caminho próprio, especialmente longe de modelos que se mostram errados. Se não evoluímos para o modelo totalitário da União Soviética, igualmente, não precisamos adotar este capitalismo do Deus Mercado. Precisamos de uma união forte e de preparar lideranças que compreendam esta união e não se torne apenas meros empregas dos grandes negócios americanos.

Uma visão da política do governo Obama, dos presidentes de vários países por ai, incluindo ex-mandatários é de um salve-se quem puder onde todos se vendem para os grandes negócios e não atendem às verdadeiras decisões das sociedades. A posição dura da Polônia contra a Rússia na questão da Ucrânia é porque todo mundo estava “comprado” para empurrar o negócio do fracking de xisto. O filho de Joe Binden, vice-presidente dos EUA que lutou muito para a “democratização” da Ucrânia é diretor da principal empresa ucraniana de energia.


Esse é o mundo da decadência da sociedade de mercado.  

2 comentários:

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro Zé do Vale
Excelente e muito oportuno comentário. Temos que construir o nosso próprio projeto de desenvolvimento e não importar políticas de exploração, com o "Estado Mínimo" e a desregulamentação do "Deus Mercado", como é o objetivo do PSDB, em contradição com o nome atribuído ao partido, que de "social democracia" nada possui, além do nome, erroneamente apropriado. Nesta eleição, o brasileiro corre o risco de tomar a decisão errada.

Anônimo disse...

O muro de Berlim caiu há muito tempo e o cara escrever isso só mostra a crosta irremovível que se impregnou na sua mente. Tudo que aprendi na Medicina foi nos USA, nunca tive emprego político, dedico as sextas-feiras para atender aos pobres. É um absurdo que um cara que é médico no Brasil vote em Dilma. Graças ao aperfeiçoamento nos USA devolvi a vista há muitos brasileiros...
As boas ações não têm partido, não têm nações, não têm ideologias...
Ser esquerdista burguês deixou de ser chique... Seja médico, só isso.