por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 9 de maio de 2014

De Rejane G.Santos

"Tenho apenas de imaginar a porta, uma porta velha e boa como a da cozinha de minha infância, com maçaneta de ferro e tranca. Não há quarto tão emparedado que não se abra com uma porta de confiança como essa, basta haver força suficiente para insinuar-lhe a existência dela".
(Bruno Schulz)
"Sim, mas aí é que está, estou longe de minhas portas, longe das minhas paredes, seria preciso acordar o carcereiro, há um com certeza..."
(Samuel Beckett)
Se me fosse dado, algum dia, me deparar com um desses dois maravilhosos escritores, ou, para minha suprema felicidade, com os dois ao mesmo tempo, teria o atrevimento de falar dessas portas, e de todas as portas, da ânsia, da urgência, da carência de portas (que todos nós temos) - quando a noite chegasse ao fim e o dono do bar nos pusesse para fora, ao tropeçar (cada um) no batente da porta, talvez trocássemos olhares desanuviados porque teríamos finalmente descoberto que o papel das portas é, na verdade, encarcerar. De nada valeria o desencanto de tal descoberta, ou melhor dizendo, não seria possível tal encontro, tal conversa; que eu saiba - no céu - não existe bar, e mesmo que tivesse não permitiria bêbados e fecharia as portas cedo.

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