por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 18 de agosto de 2013

Por Emerson Monteiro

Romance inacabado

Os dois há coisa de várias décadas, duas ou mais, namorados, andavam juntos nas horas vagas, cheiravam um o outro, se alisavam os cabelos, os braços, gostavam de permanecer na harmonia bem ali hora de nascer a Lua no céu, sentados na calçada pouco movimentada, olhos mais lá dentro do coração do que presos no satélite entre as nuvens eventuais, puro sentimento, digamos assim, o que norteava o gosto de ficar perto nas noitadas do interior.

Isso demorou eras de aproximação, só viam as famílias quando nas festas maiores. E aceitavam companhia durante poucos instantes inevitáveis, depois buscavam os calados ermos, naquela presença fatal das duas presenças persistentes.

Conversar, eles conversavam as partes indispensáveis dos diálogos: Quer água? Vou buscar. O café ficou pronto. Quer que feche a janela? Vou embora que já passou da hora...

Numa dessas ocasiões especiais da convivência, sentados no valho banco afastado, observavam crianças correndo, carros passando alvoroçados, cães em disparada à caça de gatos afoitos e rabugentos; daí, o silêncio parece que falou uma oitava acima do de comumente. Nisso relâmpago intruso cortou o firmamento daquele universo dos dois amantes.

Ela olhou lá dentro dos olhos dele e resolveu revelar o segredo que desde sempre lhe mexia as entranhas dos planejamentos, e falou sério:

- Sabino, quero confessar alguma que sacoleja no peito quase todo dia, e dessa vez apresentou vontade que posso controlar. Vou dizer, e logo, antes que me arrependa.

- Ó, diga, diga, Maria, que já estou até querendo saber do mistério tão especial. Diga, pois, minha querida.

- Sabino, pensei, pensei. Que é que você acha, vamos casar?! – baixinho expressou tudo que guardara nas gavetas da alma sem coragem de propor fazia tempo.

O namorado estarreceu, espantou, levantou os olhos ao horizonte da praça e demorou avaliando as ideias que surgiram na consequência daquilo. Ela, ao modo tímido, baixou a cabeça junto do colo apreensivo, de imaginação acelerada ao ritmo dos corações mais aflitos. Ouvi extasiada a resposta:

- Mas Maria, casar, casar... O povo anda muito ocupado consigo próprio. E será que nesse mundão tem que queira casar com nóis?!          

- História que ouvi de Alemberg Quindins.

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