por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Lembrando um conto...- por socorro moreira



Rua da Pedra Lavrada, Casa aguada de manhã e de tarde. Vassoura de palha levantando aquela poeira fina que nos de deixava gripados. Tosse de cachorro, falso crupe, alto índice de mortalidade infantil...
Eu crio esse menino, pensava a mãe...
Enquanto a faxineira varria pra lá e pra cá eu lembrava a história da Dona Baratinha- aquela oferecidazinha!
Por dinheiro, muitos não resistem. Ela, na janela, testava os bichos que a pretendiam. Na medida em que recebiam “não”, a gente ia descobrindo que era descartado, aquele que fazia zoada, enquanto dormia. O rato ganhou a parada. E começaram os preparos de quitutes para o banquete nupcial. Mataram um boi, um porco, carneiro e galinhas. Mas o prato principal seria uma gostosa feijoada. As panelas começaram a exalar um aroma irresistível. O noivo, Dom Ratão, que relaxava num dos buracos da casa começou a ficar inquieto. Tinha que comer cru, comer antecipado... Na madrugada, depois de toda salivação, aproximou-se da panela que descansava, na boca do fogo, solitária. Mal começou a lamber as bordas, viu-se atraído por um pé de porco. Tibungou no caldeirão ainda pegando fogo, e lá pereceu de morte lenta, e doce... Como diria Caymmi.
Dia seguinte, o noivo era fugitivo. Dona Baratinha abriu sua caixinha de fósforo onde traficara um tostão, que encontrara na varredura da casa.
Um final trágico. Nem poderia ser diferente- ela blefara, no canto do seu tesouro.
Minha mãe contou-me essa historinha quando eu tinha menos de três anos. Viciou-me cedo nos contos.
Agradecemos Zé do Vale, Zé Flávio, Zé Almino, Joaquim Pinheiro, Stela,Mariano,Melgaço,Carlos Esmeraldo, e tantos outros nobres escritores pelo prazer de lê-los.
Ontem reencontrei Rosa Catarina, poetisa cearense, esposa do Fausto. Casal que muito contribuiu pela educação da moçada cratense.
Breve , NÓS teremos nova colaboração!

Todo ritual parece cansativo: antes, durante e depois. Mas, quem tem grana sobrando tem que jogar no lixo ou incinerar. Existe prazer nisso?
Todo prazer é efêmero. Lembranças que nos enchem de prazer são definitivas, até que a morte as tornem esquecidas.
Quem divide o pão compartilha da saciedade sonhada.

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