Rua da Pedra Lavrada, Casa aguada de manhã e de tarde.
Vassoura de palha levantando aquela poeira fina que nos de deixava gripados.
Tosse de cachorro, falso crupe, alto índice de mortalidade infantil...
Eu crio esse menino, pensava a mãe...
Enquanto a faxineira varria pra lá e pra cá eu lembrava a
história da Dona Baratinha- aquela oferecidazinha!
Por dinheiro, muitos não resistem. Ela, na janela, testava
os bichos que a pretendiam. Na medida em que recebiam “não”, a gente ia
descobrindo que era descartado, aquele que fazia zoada, enquanto dormia. O
rato ganhou a parada. E começaram os preparos de quitutes para o banquete
nupcial. Mataram um boi, um porco, carneiro e galinhas. Mas o prato principal
seria uma gostosa feijoada. As panelas começaram a exalar um aroma irresistível.
O noivo, Dom Ratão, que relaxava num dos buracos da casa começou a ficar inquieto.
Tinha que comer cru, comer antecipado... Na madrugada, depois de toda salivação,
aproximou-se da panela que descansava, na boca do fogo, solitária. Mal começou
a lamber as bordas, viu-se atraído por um pé de porco. Tibungou no caldeirão
ainda pegando fogo, e lá pereceu de morte lenta, e doce... Como diria Caymmi.
Dia seguinte, o noivo era fugitivo. Dona Baratinha abriu sua
caixinha de fósforo onde traficara um tostão, que encontrara na varredura da
casa.
Um final trágico. Nem poderia ser diferente- ela blefara, no
canto do seu tesouro.
Minha mãe contou-me essa historinha quando eu tinha menos de
três anos. Viciou-me cedo nos contos.
Agradecemos Zé do Vale, Zé Flávio, Zé Almino, Joaquim
Pinheiro, Stela,Mariano,Melgaço,Carlos Esmeraldo, e tantos outros nobres
escritores pelo prazer de lê-los.
Ontem reencontrei Rosa Catarina, poetisa cearense, esposa do
Fausto. Casal que muito contribuiu pela educação da moçada cratense.
Breve , NÓS teremos nova colaboração!
Todo ritual parece cansativo: antes, durante e depois. Mas,
quem tem grana sobrando tem que jogar no lixo ou incinerar. Existe prazer
nisso?
Todo prazer é efêmero. Lembranças que nos enchem de prazer
são definitivas, até que a morte as tornem esquecidas.
Quem divide o pão compartilha da saciedade sonhada.
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