por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 30 de junho de 2013

Imoral, Predatório, Corrupto e Anti-Humano - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eike Batista está quebrando. A frase não expressa a realidade: quem está quebrando são todas as pessoas que aplicaram seus capitais nos projetos de Eike. Projetos que estão indo para o fosso financeiro e junto com eles os capitais das pessoas que acreditaram neles ou não acreditaram mas os bancos onde depositaram suas reservas acreditaram.

Os derivativos deram água e os bancos faliram. Errado, além dos impostos de todos que salvarem os bancos da bancarrota, a poupança de muita gente foi para o ralo. Com ela a aposentadoria dos americanos e europeus, além dos empregos dos netos.

Um operador do mercado financeiro italiano teve uma grande sacada. Tornou-se padre e foi operar os seus “conhecimentos” na contabilidade analítica da Sé Apostólica e como membro destacado no instituto que administra o grande patrimônio imobiliário do Vaticano. Resultado a polícia acaba de prendê-lo como um grande lavador de dinheiro e como proprietários de imobiliárias e operador de negócios ilegais.

Indo do capitalista em busca de ampliar seus capitais, passando pelo mundo material das famílias em suas poupanças até o domínio físico do reino dos céus o jogo com os fundos financeiros é uma irracional atividade predatória. É como um depósito de queijo infestado por ratazanas. Não importam as ratoeiras, o roedor sempre estará subtraindo materialidade ao queijo.

Os depósitos desde o início da revolução agrícola sempre foram alvo de comensais de todas as espécies. Por incrível que pareça é o mesmo com a coisa mais subjetiva que existe a que todos chamam dinheiro. Que aliás podia até ser alvos de traças e cupim, mas agora no meio eletrônico é pura virtualidade.  

Trocou-se o projeto da ação coletiva e contínua, por cifras que externamente determinam esta ação. Ao invés do convencimento e da vontade extraída do trabalho (que é a ação) criaram-se mecanismo de poder para extrair deste trabalho uma parcela virtual sobre a forma de capital e assim determinar o comportamento geral de todos. Ao se tornar um poder determinante do trabalho, transformou a espontaneidade e alegria em obrigatoriedade e sofrimento. Fez do trabalho uma danação.

Este é o ciclo imoral, corrupto, predatório, anti-humano que atuar sobre a história neste momento e a ele por sua natureza cumulativa, privada e concentradora chama-se capitalismo. Não é um demônio, não é um ícone, é apenas a forma de organização da produção que existe nesta fase e que todos precisam analisar para melhor compreender e superar.  



2 comentários:

Joaquim Pinheiro disse...

Zé do Vale,
Eis que Eike Batista anunciou ao mundo ter a posse de área capaz de lhe render 200 mil barris diários de petróleo. Vendeu ações da empresa beneficiária do tal petróleo. Em seguida, "vendeu" a ideia do estaleiro para fabricar os navios que iriam transportar o dito petróleo. Necessitando de mais recursos, convenceu o "mercado" a adquirir ações da empresa que implantaria o porto onde os petroleiros embarcariam o óleo cru. E assim, sucessivamente, saiu lançando ações de empresas quase fictícias. Depois, descobriu-se que a produção de petróleo seria menos de 10% do que o +rico do Brasil prometera. Resumindo, o empresário montou sofisticada pirâmide financeira, crime previsto no código penal, se deu bem, ficou rico e hoje trabalha para empurrar os prejuízos. Abraços

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Joaquim,

Como você bem identifica fica claro a falência dos mecanismo de regulação no país. As descobertas de campos petrolíferos são simultaneamente segredos comerciais e ao mesmo tempo informação restrita da ANP. Como esta Agência deixou o Eike fazer o que fez? Não precisava nem revelar os segredos comerciais, apenas proibir o aventureiro de manipular capitais. Por isso esta questão da regulação volta com tanta importância na questão econômica e nos direitos privados. Pelo Banco Mundial corrupção é mais ou menos como a nossa mídia traduz e a papagaiada na internet repete: usar o poder público para auferir vantagens econômicas. Mas existe uma consciência maior sobre a corrupção e até maior do que ir além dos corruptos e dos corruptores: é a justiça tributária. As grandes corporações pelo mundo todo sonegando impostos através de paraísos fiscais. Na copa de 2002 tudo indica que a Rede Globo criou nas ilhas do Caribe uma Offshore que contratou as transmissões dos jogos da Copa e depois a globo transferiu para esta empresa da qual era sócia um capital que integrava o patrimônio. A transação foi identificada assim e não como pagamento de compras para as quais deveria pagar impostos. Em seguida ela fechou a empresa, mas foi descoberta pela Receita e assim multada. Nesta semana deu uma nota no UOL dizendo que já pagou a multa. Essa é a questão central: a corrupção que destrói o bem comum, a democracia e liberdade de viver dos povos.

Abraços

José do Vale