por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 6 de maio de 2013

A CULPA É DO LULA - José do Vale Pinheiro Feitosa


O Lula é o culpado de tudo com o “bolsa esmola” e o “segura vagabundo”. A confirmação me chegou por e-mail hoje. Em Aquiraz a presença de caraminguás no bolso dos pescadores em razão daquelas doações do Lula melhorou os negócios no cabaré de Dona Tarcília Bezerra. É o business: o jeito foi ampliar as instalações para correr mais freguesia e os apurados das noitadas.

Acontece que uma congregação da Igreja Universal do Reino de Deus juntou-se em orações e exorcismações a varar o silêncio do bairro popular.  Apagar da face da terra o cabaré de Dona Tarcília. Eis o vaticínio daqueles fieis de olhos esbugalhados, da saliva gasta e das cordas vocais em últimos decibéis.

Acontece com toda obra. Um dia ela acaba e fica pronta para receber a freguesia ampliada. A nova iluminação, suspeito que até por comando digital, estava pronta a estimular todos os tipos de desejos carnais. As colunas de Sodoma a Gomorra estavam a postos para espalhar o sêmen do pecado nas horas escuras das noites.   

E foi aí que os céus se manifestaram e numa disenteria de espantar a moça do tempo, abriu ventanias arrasadoras e trovoadas ensurdecedoras. E foi quando do centro de um cumulus nimbus mais pleno de águas saiu um raio fatal que destruiu toda a fiação e abriu um incêndio que incinerou o telhado e outros recursos da reforma de Dona Tarcília.

Aí a congregação entrou em delírio de fé. A força de Deus se manifestara bem no alvo do pecado. Nunca se viu tamanha comemoração como naquele dia em que todos viram ao vivo e a cores a manifestação plena de Deus. E não só a prova de sua manifestação mas a prova de que Deus atendia às suas orações e aos seus reclamos.

Ora, Dona Tarcília não é besta e abriu um processo contra o pastor, a igreja e toda a congregação com o seguinte fundamento legal: eles teriam sido os responsáveis pelo fim do seu prédio e do seu negócio, utilizando-se da intervenção divina direta ou indireta e das ações ou meio.

O Juiz manda ouvir os acusados e estes negam toda e qualquer responsabilidade ou qualquer ligação com o fim do negócio de Dona Tarcília.

E foi ai que na primeira audiência entre acusados e acusadores o Juiz se manifesta: eu não sei como vou decidir neste caso, mas uma coisa está patente nos autos do processo.

Temos aqui uma proprietária de um cabaré que firmemente acredita no poder das orações e uma igreja inteira declarando que as orações não valem nada. 

2 comentários:

socorro moreira disse...

Tão bom ler você!

Stela disse...

pois é... o juiz não sabe o que decidir, né? vamos sugerir à dona Tarcília mandar a conta para Edir Macedo. (risos)

Ótima história essa, Zé do Vale.