por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 9 de março de 2013

TODO DIA É DIA DA MULHER

MULHERES
Janice Japiassu

Com um pano de seda encarnada
Costuramos as vestes do amor
Contra a negra descrença do amado
Acendemos uma vela sem cor

Replantamos no chão esse verde
Que a cultura do homem arrancou
Cultivamos sementes sozinhas
Com a certeza do céu e da flor

Não tememos a luz nem as trevas
Rastreamos a luz no escuro
Recolhemos a lágrima eterna
Não fechamos o céu com um muro

Não chamamos a dor de tolice
Nem o choro do amor de histeria
Não rimamos feliz com medíocre
Não fazemos do sexo, orgia

Do abandono fazemos os filhos
Retirando do corpo, alegria
Não compramos poemas vazios
Nem fazemos, do medo, teorias.

Onde, atados, os sonhos se partem
Fenecendo de pura asfixia
Impedidos da brisa da tarde

Habitamos o mar, o mistério
O profundo segredo da Terra
Conversamos com Deus, com o eterno
E jamais inventamos as guerras

Também nunca inventamos pecados
Nem serpentes, nem culpas, nem dor
Nem igrejas, governos, cadeias
Nós nascemos pras artes do amor

Somos antes, durante, depois
Dos infernos, dos céus, dos partidos
Nos encanta o corpo do mundo
Com sua alma de sangue e de viço

E rezamos pra Nossa Senhora
Jesus Cristo e pra Madalena
À Aristóteles, Comte ou Descartes
Preferimos a nossa Novena

É por isso que, em nós, o céu dança
E as estrelas também, se é preciso
Entendermos de tudo que é vida
De esfinges e de Paraísos.

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