por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Canção da lua que lava



Lua, que lavas teus linhos,
sempre a lavar
numa lixívia de nuvens,
branca, branquinha de espuma,
e escorres tudo lá no alto
para secar;


lua que lavas teus linhos
pelos valados maninhos,
na serra onde vai nevar;


oh lua alagando o mundo
nesta espuma de cegar!


lua que lavas teus linhos
e que os enxáguas
e os pões em qualquer lugar —
nos terraços lageados,
nos velhos muros caiados,
nos laranjais do pomar
ou nos campos orvalhados
onde estão a gotejar —


lua que lavas teus linhos
até nas praias do mar —


vem, lua, e lava minha alma!


Oh lava minha alma em lágrimas,
para que Deus, sol das almas,
venha a enxugar.

Miguel Araújo

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