por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 15 de maio de 2012

Que os muros do Crato desabem - José do Vale Pinheiro Feitosa


Sete de Outubro de 2012 e os eleitores Crato vão às urnas para eleger seu prefeito e os vereadores. O próximo prefeito e o novo plenário de sua câmara municipal. A afirmativa não é banal, embora muita gente viciada imagine sempre a sucessão como a manutenção de sempre. Para esta gente a política é só trocar os nomes da nata social e tudo está resolvido.

Não está. Todo mundo resmunga na baixa renda, na falta de saneamento, no transporte coletivo precário e caro, nas escolas que não educam, a saúde descuidada, os programas sociais para arrebanhar votos, na falta de trabalho, na esqualidez do crack e tantas outras mais que a manutenção e os mesmos apenas mudam de gabinete.

E podem considerar: depois de 1988, com a estabilização da moeda, com FHC, Lula e Dilma, o Brasil é outro e os prefeitos estão no centro daquele resmungo do outro parágrafo. Não adiante este cacoete de jogar o descompromisso, a inércia e o “arranjo entre nós” para cima, pois é aqui neste chão do Crato que as coisas brotam e degeneram.

Não vamos fazer tábula rasa da realidade. Todos temos conhecimentos. Quem tem consciência das coisas e se resume a desconfiar que estão a lhes fazer “lavagem cerebral” com ideias que já morreram na queda do  Muro de Berlim, têm muralhas maiores a tirar-lhes a visão.  Ou algo banal: querem manter a coisas como elas são.

Mas ora: eleições é o debate de ideias. Mas não só o debate. É o apanhado da vontade popular para poder representá-la na burocracia pública e nas políticas necessárias. Quando falei de Miguel Arraes para Pernambuco tinha em mente duas coisas: primeiro que ele não era Pernambucano e era da nossa região e segundo, ele pegou no pulso da história de Pernambuco e a repôs no cenário nacional como nenhum político Pernambucano no século XX o fez. Querer trazer a velha discussão do Golpe de 64 para um suposto “comunismo” do líder é revelar o quanto a eleição do Crato precisa efetivamente de uma sucessão.

Quando apontei a importância do Crato para a região não fui tomado de um bairrismo caduco. Juazeiro demograficamente e economicamente é mais importante que o Crato. Barbalha tem um passado relevante. A questão foi outra, mas é possível que alguém não tenha entendido todo o termo: o Crato tem que voltar a ser dinâmico e sair da inércia como fator estratégico para o desenvolvimento da região.

Quem pensa nas próximas eleições de outubro deveria varar noites de discussões, levantar consensos todos os dias, sair para a rua e ouvir. Ouvir mais do que falar. Mas ouvir e refletir coletivamente para juntar forças que superem este enorme marasmo. Chega dos conchavos de família, daqueles acordos infames com um prá cá e outro prá lá. Chega de apenas implantar sacanagem, cuidar da vida alheia e latir feito uma matilha apenas para espantar.

É hora de ser o galo da alvorada e acordar quem precisa acordar. É hora de chamar bem alto as pessoas de bem para o encontro das dezoito horas. É hora de encontro. Chega destas raivas que se assemelham a hidrofobia quando o nosso problema é sede de unidade.  

Um comentário:

Aloísio disse...

José do Vale,

Este seu comentário vale para quase todos os municípios brasileiros.

Abraços

Aloísio