por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 1 de abril de 2012


Por Everardo Norões




Receita de escritor
(para outros festivais)


Hoje sonhei com uma árvore no meio do deserto.
Concluí que nela havia um passarinho,
passarinho voa,
quem voa tem asas.
E resolvi escrever um conto usando essa metáfora.
Deitei na rede, saquei do lápis (nada de esfereográfica)
e enquanto ouvia um velho disco de Raul Seixas,
chegou Sherezade, de blusa e calça jeans.
Pensei no título.
Algo que pudesse comover mãe e filha ao mesmo tempo.
Rabisquei: “Triste como ela”.
Puxei o laptop para verificar se no Google
alguém havia escrito algo com o mesmo título.
Esbarrei com um tal de Onetti.
Pedi uma sugestão a Sherezade, classe média periférica em ascensão,
metade da população brasileira,
meu mercado editorial.
- A essa hora, bicho?
Deu o estalo e depressa escrevi:
“A rede”.
O resto é sempre mais fácil:
meu léxico é o lexotan.
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A colagem é feita com pinturas de Maigritte por Everardo Norões

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