Nasc. registra o tupi tïpï'og 'sedimento, coágulo da mandioca crua coalhada'; A.G. Cunha (DHPT) registra tïpï'oka 'fécula alimentícia da mandioca'; f.hist. 1618 tapioqua, c1631 tapioquo, 1663 tapyoca
Nos finais dos anos sessenta. Na última sessão do filme Positivamente Millie com Julie Andrews, James Fox e Mary Tyler Moore, um musical com o título em inglês de “Thoroughly Modern Millie”. Um casal sai do Cine Moderno em direção à rua da vala.
O companheiro era um tipo defasado nos estudos, gostava mesmo é de cuidar da vacaria que possuía. A mulher com sua linda cabeleireira e um estilo moderno, já tinha terminado o IBEU e era americanófila até a raiz dos cabelos.
Ela estava amuada. No musical aparecia a dança da tapioca. Ou em inglês Tap-Tap Tapioca. A dança era uma inversão de expectativa. Nada poderia ir daqui para lá. Era ao contrário, a língua civilizada era o inglês e nenhuma palavra poderia existir naquela língua que viesse, nem por acaso, do português brasileiro.
O marido era ignorante em coisas de livros, mas esperto no que acontecia em sua volta no rádio, jornais, filmes e discos. Olhou para mulher com ar de enfado e disse: tem sim. E a bossa nova? Eles podem é não saber falar língua de gente, mas a palavra bossa nova eles dizem.
Subiu um ódio tremendo pela mulher desde o dedo mindinho do pé direito até os cabelos arrepiaram de raiva. Ela foi ao ponto fraco do marido: então me diga se a palavra tapioca não pode ter sido inventada pelos americanos e depois nós aprendemos a pronunciá-la e muito ruim.
Ele naquele dia estava com a macaca. Aceitando desafio. E contou uma história para a mulher. Isso foi Genivaldo, filho de Maria da Batateira que era soldado da Aeronáutica e foi na companhia de um major pegar um avião nos EUA. Chegando lá foi pegar no alheio e terminou na cadeia. Com saudade de casa começou a chorar e pedir por tapioca. Tanto repetiu a palavra que o povo aprendeu, passou para outro e assim a palavra tomou conta de Tio Sam.
Olhe não fale mais comigo hoje à noite. Eu não consigo conversar com ignorante. E toc toc se mandou na frente do marido com o sapato alto dando o toque do desprezo que carregava até o santo lar.
Naquela semana por causa de uma tapioca, o marido da mulher que falava inglês teve que anoitecer na Glória.
Então para vocês que estão até aqui comigo vai aí a receita do famoso: Tapioca Pudding que é muito apreciado pelos anglo-saxões, inclusive é muito utilizado para a merenda escolar na Inglaterra. É um pudim doce com goma (geralmente em caroço como sagu ou outra apresentação), açúcar, leite ou creme de leite. Pode ser feito com leite de coco e levado ao forno para cozinhar. Mas a verdade é que existem muitas possibilidades de acrescentar sabores ao pudim. De tanto usado para os escolares ingleses eles o chamam de frog spawm (ova de sapo/rã) e as crianças americanas de fish eyes (olhos de peixe) ou glue (cola).
Sim a palavra e o pudim vem mesmo da mandioca brasileira, mas natural entre os trópicos nas Américas. A mandioca tem uma nomenclatura interessante: Manihot sculenta
4 comentários:
Muito, muito interessante!
Nem vi esse filme...
Julie Andrews tão mocinha... Demais!
Adorei a receita do pudim.
Pena a gente viver c/ restrições alimentares...
Lastimo não ser criança..
Adorei a receita do pudim.
Pena a gente viver c/ restrições alimentares...
Lastimo não ser criança..
Acho que não apreciaria essa variante da nossa tapioca... Muito legal a história!
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