por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 31 de março de 2012

Por Norma Hauer- O ÚLTIMO BALUARTE




Foi no dia 29 de março de 1907, que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, Carlos Aberto Braga, que ficou conhecido como Braguinha ou João de Barro.

E por que João de Barro?

Eles eram 5: Carlos Braga, Henrique Foréis, Noel Rosa, Henrique Brito e Alvinho. Criaram o "Bando dos Tangarás" lembrando um pássaro cantador. Cada qual se
"incorporou" em um pássaro e começaram a cantar, apresentando-se nas emissoras de rádio então existentes, em pequenas reuniões e em qualquer lugar onde pudessem se apresentar como um grupo de "cantadores". Sua primeira gravação, na gravadora Parlophon, foi um samba de Almirante (Henrique Foréis), de nome "Mulher Exigente".

Com a morte de Henrique Brito e a saída de Alvinho, o grupo se desfez e cada qual seguiu seu caminho, dentro da esfera musical da época (fim dos anos 20). Henrique Foréis passou a ser conhecido como Almirante, Noel Rosa era o Noel que todos conhecemos e Carlos Braga, que adotara o pseudônimo de João de Barro, foi o único que manteve o nome do pássaro. E assim passou a assinar as inúmeras composições que foi criando. E como criou! Um de seus primeiros sucessos foi gravado por Mário Reis: "Moreninha da Praia":


Moreninha querida

/ da beira da praia

/que mora na areia todo o verão.../

que anda sem meia,/ em plena avenida,

/ varia como as ondas/ o seu coração".

Andar sem meia era um ato corajoso.


Os anos foram passando e ele sempre produzindo com o nome de João de Barro.

Vieram a "Chiquita Bacana" que se vestia "com uma casca de banana nanica", as "Touradas em Madri", ele cantou as "Noites de Junho": "noite fria,/ bem fria de junho,/ os balões para o céu vão subindo... " transformou parte da letra de "Linda Pequena", de sua pareceria com Noel Rosa, tornando-a um dos maiores sucessos de todos os tempos, com o nome de "As Pastorinhas", da mesma forma que, fazendo a letra de um velho choro que vinha dos anos 10, da autoria de Pixinguinha, marcou uma das músicas mais ouvidas em todos os tempos: "Carinhoso".

Enfeitou o carnaval dizendo "Yes, nós temos banana"; cantou o "Balancê"; "A Saudade Mata a Gente"; os "Sonhos Azuis", navegou pelos "Mares da ;China"; acompanhou o vôo da “Linda Borboleta”; descobriu ser Copacabana a "princesinha do mar" e revelou ao estrangeiro "Onde o Céu Azul é Mais Azul".


Maracanã - 1950-Copa do Mundo. Jogo: Brasil x Espanha – vitória do Brasil! Todo o povo canta "eu fui às touradas em Madri,/ parara tim-bum...e quase não volto mais aquiii...". Braguinha, o nosso João de Barro, emocionado, começa a chorar. Nessa emoção, ouve alguém dizer: "o que este espanhol está fazendo aqui?" Era o autor chorando por sentir como sua música alegrou uma multidão feliz.


Carnaval de 1984 – desfile da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, sambódromo lotado e Braguinha desfilando, sendo homenageado com o enredo vitorioso "Yes, nós Temos Braguinha".

Por muito pouco Braguinha não foi centenário. Faleceu na véspera do Natal ( 23 de dezembro) de 2006.

Se vivesse mais três meses, em 29 de março de 2007 completaria 100 anos.

Norma Hauer

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