por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

DÉO - O DITADOR DE SUCESSOS- por Norma Hauer


Foi esse o cognome que César Ladeira, que sempre dava um título aos artistas de seu tempo deu a Farjalla Rizcalla. E quem foi ele?
Foi como DÉO que ele ficou conhecido no meio musical, já que seu nome verdadeiro não era nada radiofônico: Farjalla Rizcalla, filho de libaneses.

Ele nasceu em 26 de janeiro de 1914, aqui no Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo , na Rádio Record, que iniciou sua carreira, primeiro como discotecário, depois como cantor de tangos. Na música brasileira inspirou-se em Sílvio Caldas, cantando seu repertório.

Em 1936 gravou seu primeiro disco com o samba "Vendedora", que não "emplacou".
No ano seguinte gravou "Sinto Lágrimas", de Francisco Malfitano. Este compositor vive em Santos, completamente lúcido,aos 101 anos.
Mas foi no carnaval de 1939 que obteve seu primeiro sucesso :"Casta Susana", de Ary Barroso e Alcyr Pires Vermelho.

"Será você a tal Susana,
A casta Susana,
do Posto 6¨?"
Coitada, como está mudada
Teve apendicite e ficou sem "it"

A partir daí seu nome foi-se tornando conhecido e Ary Barroso o levou para a Rádio Tupi.
Ainda em 1939 gravou uma valsa (ou canção?) de Ataúlfo Alves:"Canção do Nosso Amor".

Nesse mesmo ano compôs, com Octavio Gabus Mendes e José Marcílio, uma valsa, que se tornou grande sucesso na voz de Orlando Silva:"SÚPLICA", uma bela valsa que não tem rimas, mas nem se percebe isso, pela beleza de seus versos.

Nos anos 40 alcançou vários sucessos, como "A Morena que eu Gosto";"Mulher de Luxo"; " Eu te Agradeço"; "Nervos de Aço"; Infidelidade"...

Em 1944 gravou um bonito samba sinfônico, da autoria de Humberto Teixeira, de nome "Sinfonia do Café". Lindo samba não fez o sucesso que merecia e nem mesmo é citado nos dados biográficos de Déo.
No mesmo estilo, ainda de Humberto, gravou "Terra da Luz", referente ao Estado do Ceará, em que diz:

" do herói jangadeiro,que não permitia que navio negreiro entrasse na Terra da Luz", lembrando que foi o Ceará o primeiro estado a não permitir a entrada de escravos no país.

Em 1950 gravou o samba "A Mulher deve Casar" de Nássara.

Esse samba, começa dizendo "a mulher deve casar, meu irmão, mas o homem não".
Com quem ela se casaria? Eis um mistério...

Déo não pertenceu ao famoso "cast" da Rádio Nacional. Trabalhou principalmente na Rádio Tupi, até 1962, e também pertenceu ao elenco da Mayrink Veiga, onde César Ladeira deu-lhe o título da "Ditador de Sucessos".

Dias antes de falecer, regravou um samba de Haroldo Lobo, que foi sucesso no carnaval. Seu nome "...E o 56 Não Veio": mais um samba no repertório nacional falando em bonde. O n° 56 era o da linha "Alegria".

"Será que ela não veio porque se zangou.I
Ou o bonde Alegria descarrilou?"

DÉO faleceu em 23 de setembro de 1971, aos 56 anos.

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