por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Assim era o Natal ...- por Norma Hauer




A N O I T E C E U...

O rádio, que nos 30 estava nos despertando para muitas novidades, marcou o
NATAL de 1933 com uma melodia, que foi a primeira composta exatamente para as festas de fim de ano, até então pouco exploradas.

Anoiteceu...
O sino gemeu,
A gente ficou feliz e rezar.
Papai Noel vê se você tem
A felicidade p'ra você me dar.

Era, porém, uma melodia melancólica, porque melancólico estava seu autor (Assis Valente) quando a compôs. Apresentada no rádio e repetida em todas as emissoras levava uma novidade ao público, espalhando no éter a voz nova de Carlos Galhardo, representando seu primeiro sucesso.

Até então, o Natal era uma festa comemorada em família ou com alguns amigos.

Não havia a exploração por parte do comércio que só então viu a possibilidade de se expandir oferecendo produtos, através de anúncios no rádio, que os lançavam como "natalinos". Afinal,o rádio já estava penetrando em todas as casas e era a grande porta que se abria para a divulgação daqueles produtos.

Papai Noel era uma figura descrita, tal como hoje o conhecemos, mas não era “visto”; assim as crianças o imaginavam (e acreditavam) que ele poderia estar em todas as casas na noite de 24 de dezembro.

Lojas passaram a se expandir e anunciar seus produtos no rádio.
Principalmente, lojas de brinquedos, visto que naqueles anos, apenas as crianças recebiam presentes; adultos participavam das ceias e à meia-noite iam à Missa do Galo. Lembro-me de uma tia muito católica que não perdia essa Missa e não concordava com presentes e árvores de Natal, até então só montadas em poucas casas. A maioria "montava" presépios. Em minha casa, uma árvore pequena era enfeitada com algodão e em seus galhos colocavam-se velas que, muitas vezes, pegavam fogo e acabavam com a árvore.

Foi na primeira metade dos anos 30 que uma pequena loja foi aberta e, praticamente, dominou o comércio no Natal. Foi criada por um empreendedor francês e recebeu o nome de "Mestre et Blagé". Pouco tempo depois foi destruída por um incêndio de grandes proporções. Mas de suas cinzas renasceu a Fênix e seu nome foi abreviado para Mesbla. Que saudades da Mesbla !... São memórias de muitos "Natais. Não posso recordar-me da Mesbla, sem sentir uma grande emoção. Foram anos em que "meu Natal" se iniciava na Mesbla.

E hoje, com "Papais Noéis" espalhados por toda parte, dominando a televisão, os
"shoppings", a "Saara", com suas ruas estreitas, onde até caminhar é difícil, o espírito de Natal se transformou em um grande "mercado persa". E as pessoas, portando seus presentes, em uma grande árvore de Natal.


Norma Hauer

Nenhum comentário: