Em 2009 publiquei um cordel intitulado A História do Espinho que Furou o Olho de Lampião. Na verdade é uma fábula. Adoro as fábulas pois elas colocam na boca dos bichos e nos objetos inanimados metáforas e dasabafos que de uma certa forma ajudaram a freiar a prepotência, o orgulho e a arrogância, estabelecendo regras e ensinamentos sobre a arte da prudência. Quipá é o nome do espinho falante que teve o azar de encontrar no meio de uma cancela um deputado corrupto.
O espinho assim falou:
Mas veja como o destino
Oculto quis me mostrar
Cometendo o desatino
De um corrupto encontrar
Na passagem da cancela
Vi nascer toda a procela
De tudo que eu vou contar
O corrupto veio manso
Todos eles são assim
Só de olhar eu já me canso
Vendo o seu jeito chinfrim
Todos eles tem resposta
Na boca a falsa proposta
Misturada com alfinim
Quipá é um espinho tímido, de voz mansa que nasceu sabendo que o "o estouro é fugaz mas a razão é silenciosa e eterna".
É na arte da prudência
Que provém a paciência
Que nos livra da demência
De destruir a História
Se eu quiser fazer Ciência
Com toda proficiência
Vou olhar pra consciência
Estando atento a memória
Quipá tinha o conhecimento da natureza íntima dos homens:
De todo mal entendido
Da história do sertão
Tem o lado do bandido
Que seduziu Lampião
A favela é uma planta
Toda mãe é uma santa
Vendo o filho na prisão
E sabia que a lei da natureza é diametralmente oposta a lei dos homens.
Nossa espada da justiça
já está enferrujada
A balança sempre enguiça
Pois já foi adulterada
A deusa Têmis daqui
Já fez muita gente ri
De sua venda rasgada
Quem quiser saber do fim dessa estória compre o cordel!
Que está a venda no Canto do Senadinho - morada do espinho que furou o olho de lampião:
Eu levo a vida sozinho
Sem ninguém pra me ajudar
Eu não possuo padrinho
Nem ninguém prá bajular
Sou espinhento e certeiro
Viajei o mundo inteiro
Sou do Crato-Ceará
Ulisses Germano
Crato-CE
Que está a venda no Canto do Senadinho - morada do espinho que furou o olho de lampião:
Eu levo a vida sozinho
Sem ninguém pra me ajudar
Eu não possuo padrinho
Nem ninguém prá bajular
Sou espinhento e certeiro
Viajei o mundo inteiro
Sou do Crato-Ceará
Ulisses Germano
Crato-CE
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