por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DOUTOR GERALDO MONTEDÔNIO – MEMÓRIA PRESERVADA


Meu pai, César Pinheiro Teles, tinha pouco mais de 20 anos quando um tabelião do Crato lhe entregou uma carta, remetida por um promotor do Estado do Rio de Janeiro, solicitando dados sobre os Bezerra de Menezes. Papai mandou as informações e junto enviou publicações locais sobre a história do Cariri.
A partir daí nasceu um vínculo, que se estendeu por mais de 50 anos, entre meu pai e o Dr. Geraldo Montedônio Bezerra de Menezes. Era raro um mês sem contatos. Houve intensa troca de publicações, remessas de livros, recortes de jornais, tudo enfim que um acreditava ser de interesse do outro. Assim, o Dr. Geraldo Montedônio virou “expert” em assuntos do Cariri. Conhecia a história da região e a genealogia dos Pinheiro e dos Bezerra de Menezes como poucos cratenses.
Com o passar dos anos, Dr. Geraldo Montedônio foi promovido a Juiz de Direito, Desembargador, Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, chegando a ocupar a Presidência do TST em vários mandatos. Além disto, foi catedrático da Universidade Federal do RJ e Diretor da Faculdade de Direito. Intelectual renomado, Membro da Academia Fluminense de Letras, exerceu vários cargos honrosos, detentor de inúmeras condecorações, inclusive comenda concedida pelo Papa Paulo VI pelos serviços prestados à Religião Católica. O governo do Rio de Janeiro o homenageou dando seu nome à Biblioteca Pública de Niterói.
Apesar da ascensão social e profissional, o Dr. Geraldo não reduziu o ritmo da correspondência com meu pai.
Curiosamente, só se viram uma única vez, em 1977. Convidado pelo então Governador Adauto Bezerra para a inauguração de um prédio da Justiça do Trabalho em Fortaleza, Dr. Geraldo condicionou sua vinda a uma viagem ao Crato para visitar meu pai. Compareceu acompanhado pelo General Raimundo Teles Pinheiro, primo com quem meu pai tinha grande afinidade e também trocava correspondência frequente. Na ocasião eu morava em Brasília e a visita me rendeu uma carta, mais parecida com relatório, detalhada em cinco páginas. Foi uma das grandes alegrias que a vida concedeu a meu pai.
Dr. Geraldo Montedônio era filho de José Geraldo Bezerra de Menezes e neto de Leandro Bezerra Monteiro. Seu avô, eleito deputado federal pelo Ceará, exerceu o mandato no Rio de Janeiro e fixou residência na então capital do império, dando origem ao ramo dos Bezerra de Menezes no Estado do RJ. O parlamentar cratense destacou-se na defesa do bispo de Olinda, D. Vital, e o do bispo do Pará, D. Antônio da Costa Macedo, presos por ordem do Governo Imperial na briga entre a Maçonaria e a Igreja Católica. Sua biografia foi publicada este ano pelo historiador cratense Armando Rafael registrando o centenário do seu falecimento.
Recentemente tomei conhecimento pela net da tentativa de mudança do nome da Biblioteca Pública de Niterói, que homenageava Dr. Geraldo, pelo de um outro professor fluminense falecido há pouco tempo. Fiquei surpreso. Acreditava não haver mais ambiente para comportamentos esdrúxulos como este. Felizmente a família agiu a tempo e a agressão a memória do Dr. Geraldo Montedônio Bezerra de Menezes não se concretizou.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Joaquim,
É muito bom encontrar tuas postagens.
Ela nos fazem falta.
Histórias únicas... Só tu sabe contá-las!

Abs