por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A PEDRA DO ABISMO



A PEDRA DO ABISMO

O sal das lágrimas no caminho.
O mar estava próximo, com a noite em seu bojo.
A rosa desfolhada, as pétalas sangravam
entre as pedras.
Os pés sangravam.
Dói construir a cor da aurora.

O tempo vai e vem
como as ondas,
como um pêndulo.
A brasa do medo acesa no vazio
dos olhos.
Uma faca contra
o grito,
a que nem o eco responde.
O pássaro do silêncio cai morto no fundo do poço.

A lua dos mortos acena do alto.
É o vale do esqueleto,
o cemitério dos ratos brancos.
Caminho sobre o restolho
apodrecido.
Os meus pés afundam no barro ancestral.

Já nenhum resíduo
de herança:
marfim,
argola de ferro,
a ferrugem
e a pátina cinza.
O corpo de ninguém no recife das estrelas.
Uma pedra no meio do abismo do universo. 


_______________



Veja os Campos de trigo de Gregório Vaz.


Nenhum comentário: