por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O sonho... acabou - José Nilton Mariano Saraiva

Pela enésima vez a cidade do Crato foi preterida (ou passada pra trás, pra ser mais preciso), com a confirmação de que a sede da futura Universidade Federal do Cariri (UFCA) será fincada (sem choro nem vela ou ranger de dentes) em Juazeiro do Norte (e os benefícios daí advindo, especificamente para a cidade-sede, são incomensuráveis, embora muitos teimem e insistam em relevar) .
Só que, ao contrário do que propugnam alguns áulicos de plantão (de conveniente e vergonhosa memória curta), não perdemos essa autentica “mola propulsora do desenvolvimento”, na reunião realizada dia desses, em Brasília; perdemo-la, sim, lá atrás, quando o atual prefeito do Crato deixou de comparecer à reunião no recinto da reitoria da Universidade Federal do Ceará (mesmo estando em Fortaleza) onde se bateria o martelo, de uma vez por todas, no tocante à implantação do “Campus-Cariri” da UFC (embrionário da futura universidade), na região sul do Estado.
Pois foi assim, órfã da sua autoridade institucional maior (e num momento de tamanha envergadura em termos de pretensões futuras), que a cidade do Crato teve que se contentar em ser representada por abnegados integrantes de clubes de serviço e associações comunitárias, de posse de uma carta do bispo diocesano; muito pouco e certamente determinante para que, já ali, naquele momento, começássemos a abdicar de sediar uma futura universidade federal, na região (portanto, queiram ou não, a decisão de agora é mero reflexo do criminoso e inadmissível descaso ocorrido lá atrás).
Preparemo-nos, no entanto, porque, pra esconder tamanha incompetência e falta de prestígio das autoridades do município, os tais áulicos de plantão e alguns “cratenses” (???) que não estão nem aí para com o futuro da cidade, hão de entoar (de novo), o velha e surrada cantilena de que “...somos um só povo, uma só nação Cariri” e, portanto, não devemos nos incomodar com o fato de que todos os grandes projetos estruturantes e investimentos governamentais de porte sejam direcionados apenas para uma única cidade da região, mascarada na existência de um engodo descomunal, um blefe sem tamanho: a “pseudo” existência (mesmo que documentalmente oficilializada) de uma tal “Região Metropolitana do Cariri” (na verdade, aqui temos a operacionalização do tal “componente político”ao qual tanto nos referimos, capaz de viabilizar coisas tidas como impossíveis e até, “comprar consciências” – como o “achar normal” que uma só cidade seja beneficiada - como se vê agora).
E aqui vale lembrar uma recente postagem do professor da URCA, Cacá Araújo, onde ele nos mostra que, ao contrário do que afirmam alguns estafetas do caos, no outro lado (Juazeiro do Norte) se joga sujo, sim, e sem escrúpulos, quando se quer conseguir algo, coisa que ainda não aprendemos. Ipsis litteris: “Políticos de Juazeiro do Norte se mobilizaram e desqualificaram o Crato, chegando ao ponto do vice-prefeito de lá, um tal Celestino, ir a uma emissora de rádio "esculhambar" a cidade vizinha, perguntando "quem é que o Crato pensa que é pra tirar as coisas de Juazeiro etc." Vi nessas movimentações e declarações uma espécie de egoísmo, gula política, imbecilidade, desrespeito e despreparo. Vê-se que a raiz do bairrismo e da rivalidade estéril está na truculência, no autoritarismo, na irresponsabilidade e na prepotência daqueles que se valem do poder para massacrar adversários e promover a desinformação e a discórdia - Cacá Araújo” (pois é professor, só que eles, tramando na calada da noite e desonestamente, conseguem tudo, e nós, paladinos da moralidade e dos bons costumes, sempre sobramos na curva e... ficamos chupando o dedinho). Até quando ??? Quando aprenderemos ???
Agora, aqui pra nós, esperar o que de um prefeito que, quando questionado por alguns munícipes no tocante à lerdeza e falta de investimentos na cidade (reunião da Associação dos Filhos e Amigos do Crato-AFAC, em 2009, no CDL, Fortaleza-CE, à qual estávamos presentes) afirmou a plenos pulmões e de forma categórica, que “...o Crato é final de linha; só vai ao Crato quem tem negócios lá”(existirá prova maior de admissão de impotência, de descaso, de falta de tato) ??? O que esperar de uma autoridade municipal que vive o tempo todo “arengando” e criando arestas com o superior hierárquico (o Governador do Estado) a ponto deste, ao circular pela cidade, comboiado por determinado Deputado votado no município, não fazer a mínima questão de anunciar-se antecipadamente (uma praxe institucional) ou sequer cumprimenta-la pessoalmente ???
Fato é que, “o sonho... acabou”.
Resta-nos um consolo, no entanto: que as autoridades juazeirenses, sensibilizadas com a penúria à qual o Crato de há muito convive, sugiram - e o governador do Estado “pegue pela palavra” e determine (ex-officio, de preferência) já que sem qualquer consideração com o prefeito da cidade - que o “aterro sanitário” que recepcionará o lixão de todas as cidades da região (sessenta por cento provenientes de Juazeiro do Norte), com todos os graves problemas que provocará, seja localizado na “Capital da cultura”.
Capital da cultura ??? Mas, como, se a Universidade Federal do Cariri é, de fato e de direito, de Juazeiro do Norte ??? Será que as autoridades juazeirenses estão sabendo da existência desse “epíteto acintoso”, que o Crato teima em difundir ???

Um comentário:

Ulisses Germano disse...

Interessante, desde que vim morar aqui (2003) venho observando muitas pessoas falarem que o Crato é como o Rio de Janeiro, uma cidade não muito propensa ao trabalho. Outros antigos moradores, desprovidos do bairrismo naftaleno, dizem ser uma cidade balneárea, de hospedágem.O certo é que o estigma nasce pelo uso contínuo de definições estreitas. A descaracterização arquitetônica vai tornando ainda mais difícil uma aproximação fidedigna da tão importante "identidade cultural". O chão da minha rua é a continuação do chão da minha casa.