AGOSTO
A gosto, de quem?
O que sou quando a dor resolve passear de pés descalços em meu peito?
O que resta de mim quando o meu rosto é apenas sombra do teu no espelho do tempo?
O que cabe ainda aqui dentro além dessa saudade, inflando sem parar, ao mesmo tempo me fazendo parecer de chumbo?
O que esperam meus olhos tão rasos diante desse poço de lágrimas?
O que vem conferir à carne a fortaleza que a alma já não guarda?
Sou farrapo de gente estendido no chão da tristeza...
Sem respostas
Pensei encontrar em tuas gavetas a Fé; tantas caixas, tantas latinhas...mas todas vazias do que eu desejava
Tinhas que ter deixado de herança o que tinhas de sobra!
Não que ela me trouxesse coragem para ir, mas para suportar a dor de ficar...
Ainda parece um sonho na noite ruim do tempo
Ainda sangra e berra em silêncio o meu peito apertado
Naquele fim de tarde nascia em mim uma saudade
O sol se pondo atrás da Serra e ela,prometendo desabar, densa e triste,
em cada amanhecer dos meus dias...
No oasis Cariri sua Ausência parecia uma Miragem
Foi quando percebi em meu peito o Deserto.....
Liana Melo
3 comentários:
Lindo,lindo,lindo !!!
Prezada Liana
Essa dor dura uma eternidade! Um abraço.
Liana,
Um grande texto, externando uma grande dor.
Há perdas que carregamos por toda nossa vida.
Força.
Grande abraço
Aloísio
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