por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 22 de maio de 2011

IDE VER A ÁRVORE BRANCA- por José Newton Alves de Sousa



Vós que passais, detende-vos e olhai.
Vós da cidade, vós de longe, ide vê-la.
Agosto surpreendeu-a toda branca. Dizem chamar-se paineira, e ostenta-se à margem da estrada do Lameiro.
Contrasta com o verde escuro dos catolezeiros e dos ipês, com o verde gaio dos cajueiros e sirigüeleiras, com o penacho-esperança dos babaçus e com o verde-azul da chapada.
Cresce para o céu escampo como uma prece de criança ou como um sonho de noiva.
É prata sob o luar e abantesma ou Pierrot no claro-escuro das madrugadas.
Floriu primeiro o ipê roxo, quaresmeiro. Agora é a paineira, solitária, única, detentora de todos os feitiços.
Logo mais será o ipê amarelo, derramando-se em ouro-luz.
Ide ver a paineira. Vale bem o sacrifício da caminhada. O vale freme. As ondulações sucedem-se, nos meios tons das descontinuidades cromáticas. As cidades plantam-se, em aglomerados dinâmicos. Espalham-se, perdidos, os casebres. Os tropeiros fazem tremer as estradas. Mugidos curraleiros choram em alguma parte. Estudantes transitam de azul e branco, ou de branco e rubro. O ônibus, com esforço, vence a rampa. O vento levanta pó e folhas. Melodias cruzam o ar.
Mas olhai a paineira.
E não deixeis que a cortem, como a tantas árvores de nossa região. Antes, cercai-a de todas as proteções.
Sua presença é suavidade e amor.
E tão cruel e duro é o mundo além...

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