por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 15 de abril de 2019

ELEGIA PARA RANÚSIA - (LURILDO SARAIVA - PROF. TITULAR DE CARDIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)


Eu a conheci durante as inúmeras passeatas, que fazíamos contra a Ditadura Civil-Militar de 64. Era uma quase meninota, magrinha, de olhar meigo, olhar faceiro, olhar puro, pernas finas, tez branca, nariz adunco, cabelos alourados e muito lisos. Era extremamente generosa, dócil, apegada à profissão de Enfermagem, que escolhera para ajudar ao próximo. Valente e guerreira. Incursa no Decreto-Lei 477, feito pelos generais para afugentar os jovens da conscientização política e da luta pelas liberdades democráticas, não se furtou a continuar o seu trabalho de ajudar fundamentalmente os enfermos pobres, ontem, como hoje, a sofrerem pela própria doença e pelo descaso com os hospitais universitários, carentes de tudo.
Lembro-me que a vi no enterro do Padre Henrique Pereira Neto, este uma das primeiras vítimas do terror da era Médici, de olhos úmidos, em plena Avenida Caxangá, ao lado da minha irmã, como ela, enfermeira. No ano de 1970, quando eu era interno no Hospital Pedro II, por volta das nove horas das sextas feiras, quase sempre me trazia um enfermo pobre para medicar e, sobretudo, companheiros, que militavam em luta clandestina, mostrando na pele estigmas das torturas ocorridas no DOPS. Eu os via de modo sorrateiro, com nomes falsos, tentando burlar a vigilância dos agentes direitistas, que pululavam nas unidades da UFPE, que, ulteriormente, viria a saber ser um dos centros de tortura política no país.
Em fins de 1970, ela me chama com discrição e diz estar partindo para a luta armada. "Tem certeza, Ranúsia, que é este o caminho? - Sim, Lurildo, não há outro, esta ditadura só será exterminada na bala. Tu não queres ir comigo? - Não, Ranúsia, não tenho coragem, não. - Mas, companheiro, a gente adquire na luta! - Não, amiga, prefiro atuar como médico". Foi este o nosso último encontro. Em 1973, leio no Estadão, em frente ao apartamento, onde recém casado residia na Rua Teodoro Sampaio, em São Paulo: "Terrorista é morta em tiroteio contra as Forças de Segurança em Jacarepaguá". Enchi os olhos de lágrimas, eu e todos sabíamos que aquela notícia era falsa, devia ter sido morta pelas torturas medievais, comandadas por Fleury, o sádico serviçal da ditadura, desumano e cruel.
De fato, as cinco maiores organizações da esquerda armada - VAR-PALMARES (fusão da VRP e COLINA), da qual era uma dos dirigentes a companheira Dulce, e que iria futuramente sofrer a metamorfose direitista atual como Presidente Dilma; a ALN, do Mariguella e Joaquim Câmara; a VPR, do Comandante Lamarca; o PCBR, do Mário Alves; o MR8, de Palmeiras e Gabeira; e a APML, do Mata Machado - se juntaram no justiçamento de famoso torturador paulista, íntimo do Delegado Fleury, que havia morto vários companheiros da guerrilha urbana, em violentas torturas no DOI-CODI de São Paulo. Ranúsia representou o PCBR em plena Avenida Copacabana. Por este ato político, Fleury jurou diante dos seus asseclas, que nenhum dos componentes do grupo guerrilheiro, se salvaria da tortura e da morte.
Ranúsia foi apanhada em 27 de outubro de 1973. Viríamos a saber que durante dois dias, ininterruptamente, foi torturada sem piedade pelos comparsas de Fleury, sob seu comando pessoal. Como era comum nesses atos criminosos, deve ter sofrido no pau de arara, deve ter recebido choques elétricos na sua intimidade de mulher, deve ter tido unhas e dentes extirpados a cru, deve ter padecido horrores, com gritos lancinantes.
Ainda assim, quase exangue, foi obrigada pelo monstro humano, a reconhecer, naquele bairro distante da cidade do Rio, companheiros com quem iria encontrar-se. É possível, com a coragem da mulher sertaneja, que tenha se recusado a cumprir o papel de delatora, mas há um limite para a atrocidade e a dor. E, ali mesmo, teve o que restava do seu corpo, metralhado por balas, sendo jogado em cova rasa e tempos depois, em vala comum. Antes disso, meses antes, teve a prudência de entregar a sua filhinha, gerada e nascida na repressão, a uma senhora doméstica da casa dos pais na infância em Garanhuns, para dela cuidar, criança não de todo aceita, face à clandestinidade em que vivia a mãe, não compreendida por muitos.
Posso avaliar já distante no tempo, o que deve ter pensado aquela menina, sequiosa de Justiça, amante do Socialismo, durante as sessões de tortura:" Onde estaria Zane, sua irmã, membro do mesmo PCBR? Como estaria sua filhinha, de quem foi forçada a se separar, pelo amor à Pátria? Como estaria seu pai, o senhor Moisés Rodrigues, de quem cuidei pessoalmente como médico, observando diariamente o seu semblante triste, com o afastamento de quatro filhos, todos em luta clandestina contra aquela mistificação de “Revolução”?
E os algozes que se desfaziam daquele corpo violentado, como nos dizia o nosso Dom Helder - "Templo vivo do Espírito Santo", mal sabiam que estavam a enterrar uma Heroína Pernambucana, que deu a própria vida por Justiça, preenchendo, assim, plenamente, uma das Bem-Aventuranças de Jesus Cristo, para adentrar no seu Reino de Paz. Sequer sabiam aqueles "homens bichos", que tinham em suas mãos um corpo quase imaculado, pois que legara à Pátria os seus anos juvenis, na luta contra uma sangrenta ditadura civil-militar, serviçal do Capitalismo sem Pátria, mantenedora de um regime excludente, que ainda hoje persiste, sob a égide de uma coligação de centro-direita, a enriquecer, de modo exponencial, os que sempre foram ricos, como agora fez, praticamente doando aos Capitalistas o campo petrolífero de Libra, o maior já descoberto na História.
Querida Ranúsia, ainda ecoa em nossos corações a gargalhada do sádico Coronel Perdigão, "que ria, ria muito alto", naquela noite sombria de 28 de outubro de 1973, na Praça Sentinela, em Jacarepaguá, quando terminava a sua heroica vida, atirando na sua cabeça, os dois últimos tiros que a exterminaram. Nós, permanecemos fiéis aos mesmos ideais que nos levaram às ruas deste país nos anos 60, continuamos seus irmãos. Sua vida não será nunca esquecida, você, inesquecível amiga, hoje Heroína Pernambucana, Heroína da sua Garanhuns, está e estará sempre, no Altar da Pátria, nos lares dos empobrecidos do nosso país, nos que padecem nas filas de hospitais sucateados pela ex-companheira Dulce, para facilitar a sua privatização, nos ônibus que são uma ofensa ao deslocamento dos operários, em ruas entupidas de carros, pois o modelo neoliberal de direita assim o quis, para aumentar o lucro gigantesco dos fabricantes de veículos.
Ao contrário do que queríamos, querida Ranúsia, quem organiza e orienta as nossas cidades, não são os representantes do povo, são as empreiteiras, são as construtoras de gigantescos e feios megaprédios, que vão destruir, dentro de poucos anos, a beleza da Recife, que conhecemos em 1962, aquela linda Veneza Brasileira, querida amiga. E você jamais pensou, na grandeza da sua valente luta, que Dulce, aquela mulher valente da VAR-Palmares, que chegou a considerar o Comandante Lamarca um "frouxo", e que participou do planejamento da expropriação do cofre de Ademar de Barros da casa da sua amante no Rio, para o financiamento da guerrilha urbana, agora, neotransformada pela coligação de centro direita, que nos comanda, traindo o seu passado, vítima do Exército na tortura cruel que sofreu, jogaria esse mesmo Exército contra o seu povo, que protestava nas ruas do Rio contra a doação do riquíssimo campo petrolífero de Libra aos mesmos capitalistas que mataram Getúlio e a torturaram, em crime de Lesa Pátria, a merecer o devido " impeachment" do cargo mais honroso da Nação.
Mas, Ranúsia, diga ao grande Prestes, diga ao João Amazonas, diga ao Padre Henrique, diga ao nosso Dom, diga ao Frei Tito de Alencar, que apesar de estarmos entrando na etapa final da vida, agora surgem jovens tão valentes como fomos, a invadirem as nossas ruas, clamando por Justiça e Liberdade, por um modelo econômico autenticamente nosso, não subordinado ao Capital Internacional, como atualmente reina e nos sufoca. Amiga, a semente vingou, vingou Companheira Ranúsia!

Que você ouça, Ranúsia, no Altar da Pátria, o que nos disse o nosso Dom Helder: "Felizes os que sonham, alimentarão a Esperança de muitos, e correrão o doce risco de um dia ver os sonhos realizados".


sábado, 13 de abril de 2019

LULA É CULPADO (ROBERTO REQUIÃO)


Lula é culpado (Roberto Requião*)

Definitivamente, Lula é culpado. Desde sempre. Nasceu culpado, viveu sob o estigma da culpa e haverá de morrer no pecado. Lula é culpado há gerações. O seu sangue está contaminado por cepas indígenas e, provavelmente, africanas.

Lula é malnascido. E mal-agradecido: em vez de se conformar à sorte de ter sobrevivido a uma taxa de mortalidade infantil que transformava em anjinhos, pela graça de Deus, mais de 90 das 100 crianças nascidas no sertão pernambucano, quis alçar-se além de sua condição de sobrevivente, de sobra do destino, de raspa do tacho. Quis - oh falta de senso da ordem natural das coisas! - ser presidente da República.

Lula não é inocente. Pode até ter sido ingênuo, por acreditar que fosse aceito ou tolerado pela Casa Grande e seus sabujos. Pode ter sido confiado, crédulo. Mas não inocente.

Dizer, gritar, espernear que Lula é inocente, é dar legitimidade às acusações e condenações de Moro, Dallangnol, daqueles patéticos juízes do TRF-4, talvez a mais completa corte de pascácios da história do judiciário brasileiro. Dizer que Lula é inocente é certificar todas as manchetes, todos os textos, todos os artigos, toda as opiniões que a mídia comercial, e monopolista, verte em caudais todo os dias. Dizer que Lula é inocente é reconhecer e validar o que o Jornal Nacional, na voz marcante de William Bonner ou com a sisudez para a ocasião de Renata Vasconcelos, comunica aos brasileiros todas as noites há mais de mil noites.

Dizer que Lula é inocente, corresponde até mesmo a aceitar a bizarrice do power point de Dallangnol, a militância aecista de Igor Romário, a incompetência letal de Erika Mareka e o cavanhaque indecoroso do Santos Lima.
Dizer que Lula é inocente é como que ratificar as acusações dos nazistas a Dimitrov, pelo incêndio do Reichstag; autenticar a culpa de Dreyfus por traição à França; é escolher Barrabás; é filiar-se ao Santo Ofício na condenação de Giordano Bruno; é adotar como sua a sentença contra Tiradentes; é atuar como assistente de acusação da Savonarola; é botar fogo nas piras que consumiram todos os cristãos novos e os muçulmanos recalcitrantes, as bruxas, os hereges e a longa procissão dos desajustados às normas da Santa Madre.

Lula é inocente do quê? De um apartamento que nem Moro reconheceu que fosse dele? De um sítio, cuja propriedade escriturada, de papel passado e testemunhada foi sonegada a troco - mais uma vez - da convicção de um juiz, da delação de um torturado?

Não, não há inocência em Lula. Ele não é inocente de roubo, porque não roubou. Lula é culpado!

Como a Joana D’Arc de Bernanos e de Bressan, Lula é culpado de sua inocência. Como a Santa, foi relapso, desavisado, confiante, demasiadamente confiante. Afinal, ele imaginou que poderia fazer tudo o que fez impunemente? Que poderia arrostar os poderosos e seus interesses transnacionais, desafiar um a um os proprietários da política, os donos do dinheiro, os donos da opinião pública e à sempre desfrutável classe média? Em que país pensou que vivesse? É desta ordem a culpa de Lula.

Lula é culpado porque resgatou dos porões do gigantesco navio negreiro que é este país, dezenas de milhões de brasileiros. É culpado porque introduziu essa gente no maravilhoso mundo das três refeições diárias, mesa há 500 anos reservada a apenas uma minoria. É culpado por essa fantástica e ciclópica (que mais superlativos poderia usar?) obra de combate à fome, à desnutrição, à mortalidade materno-infantil, à degradação física e moral da nossa gente. É culpado porque botou anel de doutor no dedo dos filhos de operários e trabalhadores rurais. É culpado porque inventou um programa para dar aos brasileiros uma moradia digna, sadia e financeiramente acessível. É culpado porque, operário e pau-de-arara, entendeu mais que os ilustrados antecessores, especialmente mais que o sociólogo boquirroto, ciumento, fútil e ocioso, que um país sem ciência e tecnologia estaciona no tempo e no espaço e torna-se mero e servil caudatário das nações imperiais. Daí a magnífica rede federal de educação profissional, científica e tecnológica, a rede de escolas técnicas, as universidades plantadas em todo o país, para horror dessa nossa elite tacanha, obtusa, inculta, grosseira e preconceituosa que ainda hoje sonha com a senzala.

Lula é culpado pela mais fabulosa descoberta em território pátrio dos últimos séculos, o petróleo na camada do pré-sal. Os muxoxos dos tucanos, à frente, na vanguarda do atraso, como sempre, o invejoso FH; e a reação blasé dos economistas e dos jornalistas de mercado, da grande mídia comercial e do mercado financeiro, revelaram não apenas despeito, mas, sobretudo, decepção com as possibilidades abertas à consolidação da soberania nacional e, acima de tudo, da cimentação de um poder popular, nacional e democrático.

Lula é culpado por ter aberto a mais formidável possibilidade para remir o Brasil do atraso, da pobreza e da dependência. Lula é culpado por insurgir, desafiar, confrontar aquela que, talvez, seja a pior, mais daninha, a mais colonial, a mais estúpida, a mais iletrada, ignorante e xucra das classes dominantes mundiais, a elite brasileira.

Lula é culpado por tornar o Brasil respeitado, ouvido e acatado internacionalmente. Jamais, em tempo algum, o nosso país teve tal protagonismo e liderança. Lula enterrou o complexo de vira-lata, de que os sapatos do chanceler dos tucanos são o mais vergonhoso exemplo. E isso foi imperdoável!

Lula é culpado, mil vezes culpado, por ter libertado a Polícia Federal e o Ministério Público das injunções políticas, dando-lhes, é verdade, uma autonomia excessiva.

Lula é culpado (por favor, nunca relevem essa culpa que, para a classe média metida a sebo, esse é um pecado mortal) por transformar os aeroportos em rodoviárias.

São por essas culpas que Lula foi condenado e é mantido preso. São as culpas de Mandela, de Spartacus, de Frei Caneca, de Zumbi dos Palmares, do Conselheiro. O tal do triplex, cuja propriedade permanece em um incômodo e escandaloso limbo? Os pedalinhos dos netos em um sítio em Atibaia?

Ora, vão à merda!


quarta-feira, 10 de abril de 2019

UM RARO MOMENTO DE SINCERIDADE DO MINISTRO


Em reunião acontecida no sexto andar do ministério da Economia, no dia 12 de março de 2019, presentes seis presidentes de Tribunais de Contas estaduais (Thiers Montebello – Presidente TCM/RJ; Antônio Roque Citadini – Presidente TCE/SP ; Adircélio de Moraes Ferreira Júnior- Presidente TCE/SC ; Edilberto Carlos Pontes Lima- Presidente TCE/CE;  Celmar Rech – Presidente TCE/GO, Cláudio Couto Terrão, que deixava a presidência do TCE de Minas Gerais , além do  conselheiro Antônio Renato Alves Rainha do TC/DF), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou peremptoriamente:

“Estamos convencidos de que Lula não roubou um tostão. E seu patrimônio prova isso. Ele não teve foi quem o avisasse do que acontecia em torno de seu governo. Acabou vítima do jeito de fazer política no Brasil. Serve como exemplo”.  

sábado, 6 de abril de 2019

A "AULA" DO MINISTRO - José Nilton Mariano Saraiva

“... não existe uma possibilidade, por exemplo, de uma mulher, uma C O N G E seja morta pelo seu C O N G E baseado na violenta emoção e seja aplicável a esse dispositivo, porque não haveria uma situação de legítima defesa. Ao contrário, o que poderia eventualmente acontecer é uma mulher ser atacada pelo marido, e a mulher, reagindo eventualmente cometer algum excesso e não V I M a ser condenada como uma homicida por conta de ter agido S O B R E  violenta emoção...” 

(trecho do depoimento do Excelentíssimo Senhor Ministro da Justiça SÉRGIO FERNANDO MORO à Comissão de Constituição e Justiça do Senado).

QUE VERGONHA,  MINISTRO.
  

sexta-feira, 5 de abril de 2019

"PODRIDÃO" INSUPORTÁVEL - José Nilton Mariano Saraiva


Incompreensivelmente blindada durante anos pelos prolixos, frouxos e covardes integrantes do Supremo Tribunal Federal (que, lembremo-nos, aceitaram passivamente todas as “cabeludas” arbitrariedades perpetradas pelo seu então comandante, o “medíocre” juiz de primeira instância, Sérgio Moro, o agora famoso “marreco de Maringá”), a tal Operação Lava Jato progressiva e paulatinamente vai sendo desnudada e desmoralizada pelos fatos que emergem do lodaçal que lhe serviu de base. E a “podridão” é insuportável. 

Num primeiro momento (2016), numa prova inconteste de desonestidade e falta de ética, o juiz curitibano e seus procuradores, em nome das “autoridades brasileiras” (os quais não eram credenciados para tal ),  não se acanharam em meter a mão com desmedida voragem no dinheiro da própria Odebrecht (ato de corrupção), ao aceitarem uma superlativa propina de R$ 6,500.000.000,00 (SEIS BILHÕES E QUINHENTOS MILHÕES DE REAIS), a serem geridos por aquela “casta de iluminados”. 

Mais adiante (2018), incontestados, arrogantes e prepotentes os “lavajateiros”, desde sempre comandados pelo dito juiz de primeira instância, meteram a mão também no dinheiro da Petrobras (outro ato de corrupção), através do recebimento de uma outra propina bilionária de R$ 2.500.000.000,00 (DOIS BILHÕES E QUINHENTOS MILHÕES DE REAIS) que seriam igualmente geridos com exclusividade pela “República de Curitiba”, ao seu bel-prazer, sem ter que prestar contas a ninguém. 

No total, por enquanto (será que vem mais por aí ???), a assombrosa quantia de R$ 9.000.000.000,00 (NOVE BILHÕES DE REAIS) foi repassada à turma então comandada pelo juiz Sérgio Moro, que à época se autoproclamavam “autoridades brasileiras”, para receber tal “agrado”, conforme expresso na documentação agora descoberta e veiculada pela mídia (isso depois das indesmentíveis e incontestáveis  denúncias dos tais “blogs-sujos”, à frente o corajoso jornalista Luiz Nassif).

Hoje, após descoberta a grotesca maracutaia, o que se comenta é que toda essa “montanha de dinheiro” seria colocada numa espécie de “fundo-financeiro”, cujo objetivo maior seria a formação de “quadros” (através de palestras, congressos, lavagem cerebral, agrados, viagens, etc) visando a disputa de eleições num futuro que está bem aí. 

E como o comandante da Lava Jato, Sérgio Moro, preventiva, maquiavélica e espertamente já “se fez ministro” em razão dos relevantes serviços prestados à “camarilha” de mafiosos que assumiram o poder (prendendo arbitrariamente Lula da Silva) existiria a possibilidade, sim, do próprio lançar-se candidato à sucessão do incompetente e tosco chefe (Bolsonaro), que, graças exclusivamente a ele, chegou lá (ou, então, ascender ao Supremo Tribunal Federal). 

Portanto, não esqueçamos de uma verdade incontestável: toda essa patifaria e esculhambação jurídica que estamos a vivenciar deve ser creditada aos prolixos, frouxos e covardes membros do tal Supremo Tribunal Federal (tivessem “cortado as asas” do Sérgio Moro, lá no começo, não teríamos chegado a isso). 

Aliás, as “excelências togadas” acabam de adiar, “sine dia” (sequência do golpe), em conluio com a também mafiosa OAB, o julgamento (marcado para o dia 10.04.19), que trataria se a “presunção de inocência”, preconizada na Constituição Federal, ainda tem ou não validade (ou seja, se a condenação em segunda instância deve aguardar o desenlace do processo legal) ou, então, se prevalecerá a vontade do “marreco de Maringá”, segundo a qual a condenação em segunda instância é o “fim de linha”, não precisa concluir o processo). 

Agora, aqui pra nós, alguém tem alguma dúvida que essa associação mafiosa entre os membros do tal Supremo Tribunal Federal e os desonestos membros do OAB objetiva impedir que Lula da Silva seja libertado e provoque uma reviravolta no quadro atual ???






terça-feira, 2 de abril de 2019

O "PREDADOR" - José Nilton Mariano Saraiva

O “PREDADOR” – José Nilton Mariano Saraiva
Para aqueles não muito íntimos com o vernáculo pátrio, a palavra “predador” comporta multifacetadas definições, dentre as quais poderíamos destacar: “o que destrói o ambiente em que atua, ou os elementos dele”.
Nos dias correntes, tal definição se adapta como uma luva à “excrescência” que, infelizmente para o nosso país, boa parte da população sufragou para a Presidência da República: Jair Bolsonaro.
Não propriamente porque seja um “tosco” (grosseiro, rústico, destituído de cultura e refinamento espiritual) mas, sim, por se nos apresentar como autêntica tragédia humana.
Participante do “baixo clero” da Câmara Federal (não confundir com “CÂMERA” Federal, conforme define o poliglota Sérgio Moro) por quase 30 anos, Jair Bolsonaro é aquela figurinha medíocre que nunca se preocupou em favorecer o povo, mas, sim, à bandidagem miliciana, responsável por sua ascensão, e dos filhos, na política (onde todo o clã está “empregado”).
Pois bem, agora mesmo, na viagem oficial que empreendeu aos Estados Unidos, Jair Bolsonaro envergonhou toda a nação brasileira ao se pôr de cócoras ante o exótico presidente americano Donald Trump, num festival de puxa-saquismo sem precedentes (não se cansou de afirmar ser admirador não só do próprio, mas, sim, da nação americana, e por aí vai).
Aproveitou para, literalmente, “doar” a Base de Alcântara, no Maranhão, onde os americanos, a partir de agora, poderão lançar seus mísseis e foguetes, ao bel prazer e com custo bem mais baixo, com o adendo que o local se tornará, a partir de então, área exclusiva e reservada para os gringos (brasileiro que incursionar por aquelas bandas deverá passar longe ou será expulso).
Não satisfeito, assinou tratado onde permite que os yankees que desejarem vir ao Brasil (sob qualquer pretexto) não precisarão mais apresentar o tradicional “visto de entrada” (sem qualquer reciprocidade), o que não é comum entre as chancelarias dos países (pra piorar, estendeu tal privilégio aos originários da Austrália, Canadá e Japão, transformando nosso país numa autêntica casa de mãe-joana).
Mas o pior e mais horripilante viria depois, quando, em reunião com empresários americanos, assumiu de vez sua porção de potencial “PREDADOR”, ao assegurar que não tinha sido eleito pra “construir”, mas, sim, pra “desconstruir” o Brasil.
E o retrato emblemático dessa sanha predatória podemos visualizar agora mesmo, no Ministério da Educação, onde um alienígena, que mal sabe falar português e já provou ser pouco dado à gestão, está destruindo de forma avassaladora uma área tão importante e fundamental.
Afinal, qual o país do mundo que se desenvolveu sem a participação real e efetiva da educação, da tecnologia e, em suma, do conhecimento ??? Até parece que Bolsonaro, face à sua ignorância e limites, almeja nos legar um país à sua imagem e semelhança.

Fica, então, a pergunta: o que fazer, visando obstar a chegada definitiva do caos ???

domingo, 24 de março de 2019

O "FUNCIONÁRIO" DO BOLSONARO - José Nilton Mariano Saraiva



Imagina-se que antes de decidir renunciar à magistratura federal para ingressar na política (já na condição de Ministro de Estado), o então juiz Sérgio Moro (naturalmente que com o apoio da digníssima esposa, também atuante na área jurídica, mas paradoxalmente suspeita de se achar envolvida em “tenebrosas transações” com o dinheiro público) pesou os prós e os contra de tão radical mudança.

No entanto, como houvera sido picado pela mosca azul, em razão do repentino “cartaz” obtido quando chefiou a tal Operação Lava Jato (quando “peitou” deus e o mundo, sem maiores consequências), optou por fazê-lo ainda durante a campanha do “coiso” à Presidência da República, na perspectiva de que, em lá chegando, teria a oportunidade de estender seus tentáculos  em outras áreas governamentais.

Para tanto, dispunha de um handicap poderosíssimo: um “banco de dados” dos mais completos (e não tão republicano) sobre milhares e milhares de brasileiros (principalmente da classe política), obtidos através de um aparato tecnológico digno dos FBI, KGB e CIA da vida, conhecido por “Guardião” (o mesmo que serviu pra gravar as conversas de Lula, Dilma e familiares, usadas ilegalmente para alavancar o tal impeachment).

Além do mais, e visando a agilidade necessária na operacionalização do próprio, convenceu muitos dos seus subordinados da Lava Jato para ajudá-lo na tarefa de “dizimar” de vez com a classe política (se necessário), conforme já preconizara lá atrás em artigo sobre a Operação Mani Pulite, ocorrida na Itália na década de 90, e que lhe serviu de “catecismo” quando elaborou a Lava Jato, a saber:

“No Brasil, encontram-se presentes várias das condições institucionais necessárias para a realização de ação judicial semelhante. Assim como na Itália, a classe política não goza de grande prestígio junto à população, sendo grande a frustração pelas promessas não-cumpridas após a restauração democrática. Por outro lado, a magistratura e o Ministério Público brasileiros gozam de significativa independência formal frente ao poder político” (ipsis litteris).

Portanto, não se constitui surpresa nenhuma que, no primeiro “arranca-rabo” com a classe política, via discussão pública com o Presidente da Câmara Rodrigo Maia, em razão deste não priorizar e colocar em votação o seu projeto sobre a reforma do Código Penal, Sérgio Moro haja “lembrado” a todos que Maia fora citado numa das delações da Petrobras.

Aparentemente sem se intimidar com o “recado”, Rodrigo Maia partiu para o ataque e devolveu na mesma moeda, ao afirmar que Sérgio Moro não passava de um “funcionário de Bolsonaro” e que o projeto em questão seria discutido com Bolsonaro e não com ele, Sérgio Moro, já que sem competência para tal.

Fato é que o “fuá” tá armado, e em Brasília muitos lembram que quando aceitou ser Ministro da Justiça Sérgio Moro possivelmente já houvera combinado  com o “coiso” que seria uma espécie de “nuvem passageira” na Esplanada dos Ministérios, já que para ele e seis seguidores já estaria reservada uma vaga no Supremo Tribunal Federal ou - por que não - uma concorrência à própria Presidência da República, já em 2022.

A pergunta que se impõe, então, é: será que até que isso aconteça (Sérgio Moro no STF ou candidato à presidência) ele conseguirá convencer o “coiso” a reverter a decisão do Presidente da Câmara de só colocar em votação seu projeto sobre segurança após a votação da questão da Previdência ??? Ou ficará “engolindo sapo” até lá (o que não condiz com a sua personalidade autocrática e personalíssima) ???

Há que se considerar, ainda, que, além de não ser dado a “dar murro em ponta de faca”, Sérgio Moro está compromissado com os colegas da Lava Jato que “empregou” no Ministério da Justiça (também renunciaram aos cargos ???) daí nem pensar em “tirar o time” antes do tempo regulamentar.

sexta-feira, 22 de março de 2019

OS (FALSOS) "PALADINOS DA JUSTIÇA" - José Nilton Mariano Saraiva


Desde tempos imemoriais, aqui neste espaço, através de postagens diversas, temos afirmado com contundência e convicção que a esculhambação jurídica hoje vigente no país se deve exclusivamente àquele que deveria ser o guardião da Constituição Federal – o STF (Supremo Tribunal Federal).

Afinal, ao fechar os olhos para as diuturnas arbitrariedades perpetradas pelo juiz de piso Sérgio Moro e seus procuradores, integrantes da Operação Lava Jato, aquela Corte Superior literalmente estimulou os novos (falsos) “paladinos da justiça” a estuprarem nossa até então respeitável Carta Maior, sem a menor cerimônia, através da criação de um novo “direito”, próprio, intocável e oriundo de Curitiba, remetendo as “calendas gregas” todo o receituário jurídico então vigente.

É que, picados pela “mosca azul” e marombados pela soberba, em razão do apoio popular embutido no “canto de sereia” de um presumível combate sistemático à corrupção (uma farsa descomunal), os lavajateiros se consideraram como que semideuses, donos de uma verdade primeira e única.

E tanto fizeram, e tanto provocaram, e tanto exageraram, que findaram por despertar ciúmes explícitos nos membros do tal Supremo Tribunal Federal, que, parece, agora acordaram de  vez e decidiram bater de frente com a “criatura”, na perspectiva de mostrar-lhe “quem manda mesmo no pedaço” (aplicação do constitucionalmente estabelecido).

Assim, num primeiro momento a decisão de remeter à Justiça Eleitoral os processos relativos à corrupção/via caixa 2, feriu de morte a Operação Lava Jato, porquanto esvaziando-a em sua essência.

Tanto é, que a Internet está sendo usada e abusada “full-time” e de modo depreciativo pelos “lavajateiros”, numa clara demonstração de confrontação ao STF, principalmente porque em meados de abril teremos esse mesmo STF julgando definitivamente sobre a legalidade ou não da prisão em segunda instância, defendida arraigadamente pela República de Curitiba, mas, para muitos juristas de escol, absolutamente ilegal.

Na perspectiva de desaprovação de tal tese (perfeitamente possível, já que flagrantemente inconstitucional, porquanto não contempla a “presunção de inocência” e obsta o prosseguimento do processo legal, como determina a Constituição Federal) o STF finalmente se credenciará ao respeito daqueles que primam pela legalidade.  

Até lá, entretanto, prisões e mais prisões serão efetuadas a mando da Operação Lava Jato, numa tentativa de manter um protagonismo que definha dia-a-dia.

*******************************

Enquanto isso, a impressão que se tem é que o hoje ex-juiz Sérgio Moro “quebrou a cara” ao ingressar na política sem qualquer vivência e apenas com o aval de um maluco incompetente. É que imaginou que em lá chegando e já na condição de Ministro da Justiça poderia casar e batizar, fazer e desfazer, mandar e desmandar e, enfim, exercitar sua porção perversa em maior amplitude.

Com apenas três meses de governo já foi “enquadrado” pelos mafiosos políticos do Congresso Nacional e tende a ser um simples e banal “empregado de Bolsonaro” (como o definiu Rodrigo Maia), com tudo de “agradável” (???)  que uma companhia dessa estirpe possa propiciar.        

domingo, 17 de março de 2019

DEUS E O DIABO NA TERRA DO PRE-SAL - REGINALDO MORAES


Deus e o Diabo na terra do Pré-Sal –
Reginaldo Moraes




O Brasil é um país cristão. É o que dizem. Quando eu nasci determinaram que eu era católico. Um padre jogou aquela agua benta, disse umas coisas em latim, a cerimônia toda. Não me recusei e isso pode ter sido meu primeiro grande erro. No máximo teria engatado algum choro. Dizem que foi curto.

A marcha da fé teria outras etapas. Para completar a educação cristã, todo domingo tinha missa. O que era quase um inferno (Deus me perdoe!). Afinal, exigia que uma criança ficasse pregada naqueles bancos quase uma hora, naquele ambiente lúgubre da igreja, com perfume enjoativo de velas e incenso.  Era um tal de senta, levanta, ajoelha. E repetir umas frases sem significado, respondendo a um cara que fala umas coisas em língua que ninguém entende.  Que sufoco! O truque era atrasar e chegar apenas um minuto antes da tal da sagração da hóstia. A missa ficava “valendo” e se ganhava uns quinze a vinte minutos de tortura a menos.
 
Mas aí vem a escola e as aulas de catecismo. Na escola pública, sim, o que era quase um monopólio dos católicos. Até que havia coisas interessantes, umas estórias da vida de Jesus eram mesmo divertidas. Mas decorar as quatro orações era um porre. Salve Rainha. Padre Nosso. Ave Maria. Credo. Tudo para preparar a “primeira comunhão”, o rito em que o católico imposto confirma “VOLUNTARIAMENTE” sua adesão ao plano de saúde vitalício. Aliás, mais do que vitalício, valia por duas vidas, a passageira, do vale de lágrimas, e aquela, mais duradora, do suposto vale das delícias. Do pó vieste, ao pó voltarás, porque este mundo não é teu lar.
 
Primeira comunhão parece meio que uma versão espiritual do exame de colonoscopia. Dois dias terríveis para um momento que é quase nada. Na minha época, que já vai longe, a gente fazia a confissão no sábado, começo da tarde. Era o procedimento da limpeza geral. Confessa os pecados, zera o taxímetro, paga as penitências rezando umas trinta orações. Aí começava o drama. Contavam às crianças, com requintes de maldade, que era preciso ficar limpo até a hora da hóstia, caso contrário ela iria verter sangue – ou você iria engasgar com tal força que alguém tinha que dar um chute no seu traseiro. Esta última versão parece que era uma corruptela da primeira, mais adequada ao espirito sombrio da igreja.
 
Ficar limpo. Eis a questão. Feita a confissão, você não pode mais pecar até a hora da comunhão. Beleza, só que nos martelavam que se peca por pensamentos, palavras e obras. Nada escapa da vigilância do Big Father. Palavras e obras até que se consegue segurar. Por umas vinte e quatro horas dá para aguentar. Mas… pensamentos? Se você bota na cabeça que não pode pensar naquilo é justamente naquilo que vai pensar. Até para lembrar que não deve pensar naquilo. Daí, na hora de engolir a pastilha é fatal: você tem certeza de que vai engasgar.  Quando não acontece nada você começa a perder a fé: consegui passar pela vigilância divina, então ela não é grande coisa.
 
Superado o obstáculo, quando você pensa que está livre, alguém mais sádico, com ou sem batina, vai lhe avisar que tem mais pela frente. Os sacramentos são sete e você passou por dois. Bom, nesta altura do campeonato não me restou alternativa senão dizer que estava em outra e que Ogun havia feito contato. Não era verdade, mas servia como desculpa. Afinal, melhor dizer que tem outro deus do que dizer que não tem nenhum. Porque hoje, como na era de John Locke, a tolerância se aplica a todas as religiões, mas não àqueles que não querem ter uma. Esses não pertencem à comunidade.
 
Ogun serviu para me livrar das chamas do inferno ou, pelo menos, do olhar desconfiado dos meus semelhantes tementes a Deus. Mas eu sabia que era falso. E que, portanto, eu estaria, sem dúvida, nos braços de Belzebu. Este, felizmente, reduziu os sacramentos a um único procedimento purificador: girar como salsicha no braseiro.
 
Fazendo as contas, talvez os sete sacramentos valham a pena. Vai que é assim mesmo. Anos mais tarde li a tal aposta de Blaise Pascal. A conversa do filósofo era malandra. O que você tem a perder? Diga que acredita na existência de Deus e nas consequências desse fato primordial. Se for mentira, você não perde nada. Se for verdade, você ganha um paraíso. Só que… tem um truque na conversa mole. Aceitar a chantagem de Pascal significa abrir mão de umas vodcas e baseados, entre outros refrescos do vale de lágrimas. Recusar significa aceitar a possibilidade de um fogaréu assando as partes.
 
Entendi então como aquele Jesus simpático que protagonizava velhas histórias, tinha sido transformado em um promotor de vendas. Um gênio do marketing. Com apenas doze vendedores-pracistas, conseguiu construir um império transnacional. Vendendo esse bem (ou serviço?) que ninguém manuseia e, se não receber, sequer pode reclamar ao Procon.
 
Feito o balanço, fico pensando se não é preciso ser um pouco ateu para não embarcar nesse cristianismo cínico. Jesus, como eu disse, me parecia um cara boa-gente. Excelente professor, explicava de modo simples idéias bastante complexas. Corajoso, expulsava os vendilhões do tempo. Hoje, os donos de templos preferem estórias vingativas do Velho Testamento. E quando falam de Jesus é para transformá-lo em uma caderneta de poupança ou fundo de investimento. Fico sem essa.





sexta-feira, 15 de março de 2019

"GÂNGSTER" E "CRETINO" - José Nilton Mariano Saraiva

Que Gilmar Mendes não é flor se que cheire, isso metade do mundo e a outra banda sabem. Basta uma olhadela na lista dos seus “clientes” para se constatar que não existe nenhum pé-rapado, nenhum emergente ou mesmo um mísero morador de  periferia; é só a “nata” da bandidagem de colarinho branco, de alta periculosidade e normalmente envolvidos em tenebrosas transações; mas que o elegeram seu “defensor-preferencial”, pouco importando a exorbitância que terão de desembolsar, já que  normalmente  liberados vapt-vupt pelo próprio, com uma facilidade que nos deixa reflexivos.

Arrogante, prepotente, sarcástico e falastrão, Gilmar Mendes não se cansa de humilhar aqueles aos quais se julga superior, como, por exemplo, quando se retirou de uma das sessões do pleno do STF não satisfeito porque um dos advogados das partes resolveu questioná-lo, ao que sapecou-lhe: “advogado é advogado, ministro é ministro”.

No entanto, quando em um primeiro momento o juiz de primeira instância, Sérgio Moro e sua "troupe" (procuradores da tal Operação Lava Jato, sediada em Curitiba) resolveram se “apropriar” de todos os processos que tratassem sobre “corrupção”, independentemente da origem, ferindo de morte o princípio do “juiz natural” e avacalhando de vez  a Constituição Federal, Gilmar Mendes e colegas do STF não se manifestaram.

A partir de então, “marombados” pelo poder descomunal e sem freios, os integrantes da Lava Jato continuaram desobedecendo dia e noite a nossa outrora “Carta Maior”, através de prisões alongadas, conduções coercitivas sem necessidade de notificação, e por aí vai, e que objetivavam na realidade (conforme ficou provado a posteriori) inviabilizar a candidatura Lula da Silva à Presidência da República; de novo, outra vez, novamente, Gilmar Mendes e os demais integrantes daquela corte não só a tudo assistiram passivamente, como também “chancelaram” as arbitrariedades flagrantes daquele juiz de primeiro piso.

Como a soberba tomou conta da “República de Curitiba”, os excessos a cada dia se acentuaram, findando por criar uma certa “animosidade” ou “ciumeira” por parte dos componentes do Supremo Tribunal Federal, que poderia ser traduzida no questionamento: afinal, quem “manda” aqui nessa zorra, nós ou eles ???

Fato é que, com o fim da lua-de-mel, eis que o “stop” à ganância da Lava Jato afinal chegou, tendo como protagonista principal ninguém menos que ele, Gilmar Mendes.

É que, em sessão do pleno do STF, realizada em 14.03.2019, com o objetivo de julgar sobre a “competência” dos processos de crime de corrupção quando houver caixa 2, decidiu-se que seriam encaminhados à Justiça Eleitoral e não mais à República de Curitiba (como eles tanto temiam, e representou um baque profundo na Lava Jato).

E aí, o arrogante Gilmar Mendes não só peitou, mas literalmente “se vingou” dos presunçosos e igualmente arrogantes procuradores da Lava Jato, ao “carimbar” na testa da sua principal estrela, o procurador Deltan Dallagnol (braço direito de Sérgio Moro) a alcunha de “gângster” (Ipsis litteris: “Isso não é método de instituição, é método de “gângster”. Isso é uma disputa de poder em que se quer amedrontar as pessoas. Fantasmas e assombrações aparecem para quem neles acredita”).

Aproveitando a deixa, Gilmar Mendes referiu-se à excrescência da criação de uma Fundação, com propina da Petrobras para a Lava Jato, no valor de estratosféricos R$ 2,5 bilhões: “O que se pensou com essa fundação do Deltan Dallagnol foi criar um fundo eleitoral. Era para isso. Imagina o poder. Imagina quantos blogs teriam, quanta coisa teria à disposição. Veja a injustiça, veja a ousadia desse tipo de gente” (Ipsis litteris).

“Mordido”, Gilmar Mendes também se referiu ao procurador Rodrigo Castor (muleta de Dallagnol) , em razão deste ter criticado a Justiça Eleitoral: “Gentalha despreparada, não têm condições de integrar o Ministério Público. Nem pensamento estratégico têm. São uns cretinos”, afirmou.

E agora, Sérgio Moro/Dallagnol, vão processar o Gilmar ???

terça-feira, 12 de março de 2019

A "MARACUTAIA" DA LAVA JATO - José Nilton Mariano Saraiva


O “acerto” para que a Petrobras repassasse aos integrantes da Operação Lava Jato a “propina” de espantosos R$ 2.567.756.592,00 (DOIS BILHÕES, QUINHENTOS E SESSENTA E SETE MILHÕES, SETECENTOS E CINQUENTA E SEIS MIL E QUINHENTOS E NOVENTA E DOIS REAIS) a ser entregue a uma Fundação de Direito Privado gerida pelos próprios lavajateiros, foi “formalizado” ainda no ano passado e subscrito por 04 Procuradores da República e 09 Procuradores Regionais da República do Paraná (e embora não conste a assinatura do ex-juiz Sérgio Moro, pressupõe-se que haja participado da elaboração do documento, já que, à época,  ainda não havia renunciado à magistratura federal).
Agora, quando um dos “blogs sujo” (???) da Internet (Luís Nassif) descobriu a maracutaia e corajosamente “botou a boca no mundo”, e dada à repercussão estrondosa, o pastor Deltan Martinazzo Dallagnol (substituto do Moro na Lava Jato) na presunção de estar a catequizar/evangelizar seus cordeirinhos evangélicos, emitiu comunicado tentando “consertar o estrago”, já de domínio público.  
Não deu e, pior, restou a sensação “palpável” da comprovada “desonestidade” dos integrantes da Lava Jato, porquanto a intenção verdadeira seria investir essa montanha de grana na “formação política” dos seus membros, visando as próximas eleições, onde, com o “papo furado” de combate à corrupção, se apresentariam como os “salvadores da pátria”.
Hoje, desmoralizados ante a repercussão negativa de tal papagaiada, os lavajateiros resolveram suspender a criação da tal Fundação, submetendo a questão à análise do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União.
A tendência é que a bufunfa reverta em favor da própria União.