por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 2 de abril de 2015

Os elos de uma só cadeia

J. Flávio Vieira

“Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

Castro Alves ( “Navio Negreiro”)

                                               O lenga –lenga parece cantiga de grilo : não tem fim. Desde os anos 90 roda,  no Congresso,   Projeto de Emenda Constitucional que busca reduzir a Maioridade Penal no Brasil. Em meio ao tiroteio interminável da nossa violência urbana, com frequentes casos de menores envolvidos em delitos, a grande Mídia – reflexo das classes mais privilegiadas do país que lhe patrocina—tem levado a maior parte da população ( mais de 80%)  a crer nesta medida como fundamental para a atenuação da nossa violência urbana. Recentemente a Comissão de Constituição e Justiça apreciou a PEC 171/93, apresentada pela Frente Parlamentar de Segurança Pública, vulgarmente conhecida como  Bancada da Bala, e a proposta foi aprovada por mais de 70% dos votos. Deve agora seguir os trâmites legais e ir, depois, à  votação  na Câmara e no Senado.
                            Nado contra a maré mais uma vez.  Acredito que a Emenda, se aprovada, não só não atenuará o problema, como tende a piorá-lo. Continuaremos  matando algumas formigas na boca do formigueiro, imaginando que assim solucionaremos o problema da saúva no milharal. E as razões que me levam a pensar assim são transparentes. Primeiro , as estatísticas mostram que apenas uma fatia mínima dos jovens , algo em torno de 0,5%, comete delitos. Estes, na sua maioria , são pobres, pouco alfabetizados, negros e residem em áreas em que o Estado sempre se mostrou profundamente omisso. Eles são , na verdade, vítimas do sistema perverso onde estão metidos e não agentes da violência das ruas.  Punir apenas, isenta totalmente o Estado da sua culpabilidade e estaremos, mais uma vez,  mexendo apenas nos efeitos e colocando no baú as causas.  Além de tudo, se resolvesse cadeia para criança, o problema estaria , de longe, resolvido. Temos uma Pena de Morte tácita nas ruas para os menores infratores. Nos últimos vinte anos,  os homicídios de crianças e adolescentes cresceram 350%,  só em 2010, foram assassinadas 24 crianças e adolescentes a cada dia.  
                            Aplicada a nova Maioridade Penal, os presídios,  já perversamente abarrotados, se encherão , agora, de crianças, sujeitas a todo tipo de agressão. Já possuímos a quarta maior população carcerária do mundo.  Delinquentes menores se matricularão, automaticamente, em verdadeiras universidades do crime . Os presídios brasileiros têm uma vergonhosa taxa de reincidência de 70% e a do sistema socioeducativo aplicado, com toda falha desse mundo, não chega a reincidência a 20%. Aprovada a PEC, feriremos , de morte, o Estatuto da Criança e do Adolescente e mais : a Emenda parece de todo inconstitucional. Além de tudo, para nós que nos preocupamos tanto  com a imagem do país no exterior, estaremos agredindo acordos internacionais importantes como  a Convenção sobre os Direitos da Criança e do Adolescente da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Declaração Internacional dos Direitos da Criança compromissos assinados pelo Brasil. Por outro lado, a elite brasileira que tanto se preocupa em copiar modelos estrangeiros precisa saber que das 57 Legislações internacionais existentes sobre Maioridade Penal, apenas 17 preconizam maioridade abaixo de 18 anos, ou seja a minoria de tão-somente 29%. Os índices de delitos entre jovens no Brasil de 10%, por outro lado, estão abaixo da média mundial  que é de 11,6%.
                            A aprovação da PEC 171/93, assim, não é só inócua, como perigosa e irresponsável. A chave para minorar a delinquência juvenil no país está na Educação e não na punibilidade. O Estado precisa  olhar para todos e não tratar alguns como filhinhos do papai e os outros como enteados. É preciso , sim, continuar na luta contra a desigualdade social. As vozes que hoje se levantam  a favor da diminuição da Maioridade Penal  são a reencarnação daquelas mesmas que um dia se puseram contra o fim da Escravidão e  a favor do genocídio de Canudos e do bombardeio do Caldeirão.  Elas continuam hasteando os mastros dos seus Navios Negreiros e reerguendo seus Pelourinhos pelas praças deste país.


Crato, 02 de Abril de 2015

segunda-feira, 30 de março de 2015

Noite mágica! Lançamento do livro de Geraldo Urano

O Ferrolho do Abismo e Prato de Estrelas

Evento que reuniu pessoas que eu gosto e admiro.
Depoimentos belíssimos de  Zé Flávio, Abidoral Jamacaru, Pachelly, Claúdia Rejane,João do Crato ,Calazans Calou,Rafael, , Salatiel., Emerson Monteiro...


 poeta Bebeto




Família!


O bolo da festa.Lindo!

Músico: Calazans Calou




Vera e Roberta




POETA!


Justíssima homenagem ao grande poeta cratense.



" um homem caminha na tarde do brasil
uma laranja cai do pé
uma boca azul como a terra beija o sol
são três da tarde
olhem pra mim
não sou uma gracinha?
desci da nave com minha roupa brilhante
e tomei uma Coca-Cola na esquina"


Escolha aleatória de um dos seus poemas.
Pensei que iria ler , Geraldo Urano ,de uma  só vez...mas  não !
O livro  é de  cabeceira.




 

sexta-feira, 27 de março de 2015

Harar - José do Vale Pinheiro Feitosa



Um dia tomamos conhecimento de um lugar. Diferente. De tudo que temos como realidade. Assim como os contos das mil e uma noites. Chegando até nós pelos arcos dos palácios, entre as alamedas dos jardins internos, esgueirando-se através dos muros e saindo pelas amplas trilhas dos desertos.

Muitas noites em torno de brasas a fazer chá. Muitos sóis queimando todo o movimento das possibilidades, reduzindo-as a um silêncio introspectivo das caravanas abrasadas. Através o ermo até chegar ao destino com sua preciosa mercadoria.

A mercadoria da história. Chegando à porta daquele lugar, que agora sabemos ser Harar a capital muçulmana. A quarta mais importante cidade do Islã, após Meca, Medina e Jerusalém. E escolhido um entre cinco dos seus portões que representam as virtudes do Islã.

Escolhido e penetrado no burburinho do mercado interno. Contemplando suas mesquitas. As madraçais onde as crianças aprendem sobre as trilhas da terra e dos céus.  Deixado suas novidades nos depósitos, ido até Alá e prestar-lhe conta de seus atos perante o mundo.

Amar. Os belos olhos que penetram meu peito não para bisbilhotar meus segredos, mas para cevar nas suas entranhas um ramo que perfume, que irriga os desertos como um jardim, colore os céus como suas roupas e faz do lago um imenso cristal habitado por flamingos, patos e peixes a pular na superfície.


Harar chegou até meu conhecimento como um lugar. Um lugar para penetrar seus muros, vender as mercadorias e extrair da vida toda a promessa de felicidade que o mundo guarda para aqueles que a buscam. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Imagens do Povo da Etiópia - José do Vale Pinheiro Feitosa

Nossos valores, especialmente aqueles pelos quais somos capazes de arrastar a babá do bebê, vestida de branco como convém à dignidade de classe média, para tirar um selfie com bebê e tudo em plena passeata do “bate panela”. Completando a informação.

Nossos valores refletem a possibilidades de acesso ao mundo material dos modelos de civilização. O que ela nos oferece se torna cultura que é outra maneira de falar de tais valores.

O nosso ideal é ter um carro. Nunca um “bate panela” irá, com convicção, a uma passeata em prol do transporte em bicicleta. O carro é seu “fetiche” cultural, sem ele não existe representação social.

Isso é verdade para os motociclistas. Converse com qualquer neurocirurgião sobre o que pensam desta epidemia de lesões decorrentes do enorme trânsito de motocicletas na sociedade brasileira. Mas vá dizer isso a quem tem uma e a usa.

Mas o meu assunto é a Etiópia. E tenho alguma pressa pois logo o blog estará aliviado, por um tempo, das minhas incursões. E hoje é sobre isso mesmo. Como numa determinada região de Etiópia (Gonder, Bahir Dar e Lalibela) vimos o povo a pé em longa tiradas à beira da estrada.

Com suas vestimentas típicas. Mantos para se abrigar do frio e do sol, saia coloridas e compridas. Cores intensas e primárias. Os homens desde da fase de transição entre criança e ser adulto, avançando na idade usam cajados de madeira.

É costume vê-los com o cajado cruzado nos ombros e com os braços descansando sobre ele. Já na região mais muçulmana, entre Dire Dawa e Harar, onde existe um comércio de chat (uma planta usada como estimulante) e várias cidades intermediárias, o povo andava em vans e no chamado tuc-tuc uma cabine para três pessoas montada sobre a estrutura de um triciclo.

A cidade de Lalibela impressiona pela religiosidade cristã. Um cristianismo primitivo. Ortodoxo. Vindo de era distante. O rei Lalibela construiu igrejas impressionantes em rochas abaixo do nível do chão. Como os cristãos da Etiópia tinham dificuldade para fazer peregrinações a Jerusalém (é isso mesmo ainda no século XI eles iam da Etiópia ao Oriente Médio) em razão do domínio mouro, Lalibela transformou a cidade, que passou a usar seu nome, numa verdadeira Jerusalém.

A um riacho denominou Rio Jordão e monte das Oliveiras a outra formação na proximidade. E são onze igrejas em monólito com túneis ligando-as, sistema de abastecimento de água e escadas para se descer até elas.

Existe um local para feira. Só que ali não existe moeda intermediando. São trocas no estilo escambo. O povo vem das elevadas montanhas, com mais de 3 mil metros de altura, com seus produtos, trocam e voltam a subir em destino de suas casas.

Um rio Jordão, um Monte das Oliveiras, igrejas em pedra, a visão que se tem do povo com os sacos de produtos nas costas é de um tempo bíblico. De um povo bíblico em plena África. O vídeo abaixo mostra isso.




A paisagem da Etiópia é belíssima. E o Tucum a habitação mais típica de toda a região. O vídeo abaixo vai mostrar isso mesmo.  


quarta-feira, 25 de março de 2015

"INJERA" - José do Vale Pinheiro Feitosa

Feita da farinha do “teff” fermentada, com a troca de três águas, a “injera” é na prática assada numa grande e redonda forma de cerâmica sobre o fogo e tampada a maior parte da cocção. A matéria prima do fogo pode ser o carvão, lenha, gravetos ou fezes seca de gado.

Nos restaurantes populares e no sofisticado Yod Abissinica de Adis Abeba a injera é servida à moda tradicional, com porções de carnes, legumes, cereais, molhos, pãezinhos feitos com a farinha do teff. Come-se com as mãos, pegando pedaços da injera junto com porções de suas coberturas. Se você é uma pessoa de consideração para o anfitrião, ele pode até pegar uma porção e servi-la em sua boca.

Na velocidade do asfalto deslizado o Sami traduziu todas as lembranças dos já vividos e os desejos dos desconhecidos. Estancou a bota de sete léguas bem no centro de uma vila. Onde o povo vivia como é de cada dia. Sem teatro, apenas o discurso de sua história e tradição.

Do outro lado da pista, entre as casas de taipa uma fumaça com gente em volta. Sami nos transportou para a intimidade da vila. Onde se assava a injera. Todos os seus passos, toda a sua arte, seu modo paciente e andante, lento desnovelar processo de ser. Uma vila da Etiópia. Mesmo que à beira do asfalto.

E aquelas máquinas de filmar. Fotografar. Aquela pele, aquela cor de cabelos, aquelas roupas, a curiosidade em forma de uma gente estranha entrou na roda da injera sendo assada. Parte importante da vila veio para conhecer aqueles modos, aquelas maneiras de se apresentar, olhando-os repetidamente através das lentes de vidro de máquinas silenciosas.

Com alguma interação por certo. De curiosidade recíproca. De um lado é possível que tenham sobrado algumas conversas, comentários e vagas e fugidias lembranças. Do outro lado ficaram gravadas estas imagens. As imagens que podemos repetir milhares de vezes.


Fazer um eco duradouro até não se sabe quando, mas por certo duradouro, daquele breve momento onde toda a força de um povo se comprovou como forma de imagens em movimento e instantâneas. Talvez tão duradoura sejam quanto a certeza de assar outras injeras e junto aos seus fazer uma refeição coletiva. 


Lançamento das Poesias Completas de Geraldo Urano

Imperdível !
Domingo
Dia 29 de Março - 19:30 H
Instituto Cultural do Cariri


terça-feira, 24 de março de 2015


"TEFF" - José do Vale Pinheiro Feitosa

Três razões para se ir à Etiópia: geografia, história e onde se notificou o último caso da única doença já erradicada pela humanidade (varíola). Amigos lembrando a pobreza, a violência africana e a insurreição islâmica, que apesar motivam mais que os circuitos do consumo e das fotos no “face”.

A geografia da Etiópia é belíssima, um platô elevado, montanhoso, cheio de vales, incluindo o famoso Vale do Rift (fenda geológica vindo da Península Arábica e penetra a África até a região dos lagos) e muitos lagos que dispersam, generosamente, águas para os países vizinhos.

Ao mesmo que tem um semideserto (Ogaden) de terras baixas, aí a depressão de Afar dos primeiros seres humanos. Vulcões extintos, alguns que espirram, lagos em crateras, vegetação de estepe, florestas em terras altas e nas encostas onde o café surgiu, grande evento cultural (falaremos a respeito).

Existe a belíssima fauna e flora africana. A fauna com elefantes, leões, jacarés, hipopótamos, girafas, monos. Tudo que é África. E a flora das estepes e florestas, das zonas semidesérticas arbustivas e acácias, de espinhos longos e agudos, produtora de tanino, que só as girafas tornam comida.

A história da Etiópia é a antiguidade. Especialmente pela proximidade do Mar Vermelho e do Oceano Indico, como métrica das rotas de navegação para a Índia, Península Arábica, Oriente Médio, Egito e Roma. Sobre a mirra e o incenso, pense na Etiópia e sua vizinha Eritréia. No comércio do golfo de Aden e as trocas com as riquezas das terras altas.

A mitologia que envolve a formação imperial e de antigas civilizações é outro eixo africano qual foi o Egito. Vamos a outra exclusividade, não exportável qual aconteceu com o café. O grão de “teff”: o menor cereal do mundo, quase do tamanho do alpiste. A sua farinha é um alimento riquíssimo em minerais, especialmente ferro e nos aminoácidos formadores da vida.


O teff é a base da alimentação do povo da Etiópia. Como “injera”, o principal prato feito com o “teff”. Ali se domesticou o “teff” há milhares de ano com um dos principais produtos de sua agricultura. No vídeo vê-se um resumo desta história, inclusive como a alimentação feito a “injera”.  Mas veremos como o “teff” começa a ser “apropriado” pelo “experto” nutricionismo de “famosos” como a panaceia de mais um milagre alimentar a secar gorduras e muscular as exposições narcísicas. 




Não veio de fábrica? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Quem ainda ao comprar um carro em qualquer concessionária não foi abordado por vendedores insistentes oferecendo gel protetor dos assentos, liquido que conserva a pintura, presilhas de plásticos com refletores de luz para sinalização das portas e tantas outras coisas a mais, todas elas desnecessárias? Não sei se hipnotizado pela boa conversa do vendedor, ou muitas vezes para se livrar dele, caímos na tolice de comprar, mesmo sabendo que estamos com o saldo bancário zerado pela comprar de porte que realizamos, com pagamento à vista ou cheios de prestações que podem durar até vinte e quatro meses.

Pois vou passar uma receita que aprendi com o meu saudoso sogro, o Dr. Aníbal Figueiredo. Se ao sermos abordado por qualquer vendedor, do mais requintado, daqueles que o sujeito pede uma caixa de absorvente e o vendedor termina vendendo até barco a motor, aos mais simples vendedores de óculos escuros tirando nosso sossego na praia.

Basta fazer a pergunta acima. "Veio de fábrica"?  A resposta geralmente é negativa. "Então não é necessário", emendamos imediatamente. Ao aplicar essa salvadora pergunta o vendedor vai embora de fininho. Já consegui desarmar os argumentos de todos os vendedores que me procuraram no momento de fechar qualquer compra, até nas lojas e grandes magazines.

Boas compras e apliquem a sugestão acima. 
  

segunda-feira, 23 de março de 2015

O SOM DO SILÊNCIO

 
                           Uma bela canção que atravessa décadas sempre nos emocionando.

sexta-feira, 20 de março de 2015



Marconi Perrilo dá rumos na política - José do Vale Pinheiro Feitosa

O movimento das ruas no domingo passado abriu uma agenda de confrontos que se desdobram dia-a-dia. A previsão é difícil e funciona como adivinhação, o mais preciso é observar como os desdobramentos acontecem. Como, por exemplo, o comportamento do Governador de Goiás, Marconi Perillo, num palanque ontem junto à Presidente Dilma. Marconi falou como um quadro do PSDB e é por ai que devemos entender. Sem nada a respeito, mas coincidentemente no mesmo dia em que vazou um vídeo do "Doleiro dos Políticos" a acusar Aécio Neves de receber dinheiro de "tenebrosas transações" em Furnas. 

E o que diz Perillo: "É indispensável dizer que recebi muitos conselhos, Presidenta, para não estar aqui. Eu disse que se eu, em todos os momentos, jamais concordei com a intolerância e com as injustiças em relação à Presidente, se eu sempre a recebi aqui respeitosamente, não vou temer comparecer a algum evento em que, eventualmente, alguma claque pode me hostilizar. Venho aqui como governador legitimamente reeleito do Estado de Goiás para receber uma Presidente da República que foi legitimamente reeleita e que tem o meu apoio à sua governabilidade. O Brasil não pode ser vítima da intolerância, do desrespeito...ser vítima de minorias que não querem uma democracia onde o republicanismo possa prevalecer. Nunca ninguém ouviu aqui em Goiás uma palavra minha que não fosse de respeito e de reconhecimento ao trabalho de Vossa Excelência."

"Não me importo com minorias que muitas vezes atuam tão somente com o objetivo de desrespeitar as pessoas. Não à intolerância, pela democracia no Brasil, pelo republicanismo e pelas muitas parcerias que temos hoje e ainda haveremos de ter daqui pra frente."

A verdade é que crises como estas além de poderem descambar para a negação da democrai como efetivamente querem alguns, também abre a oportunidade para o exercício da política e neste momento surgem muitas lideranças que marcam rumos. Não é possível adivinhar, mas as evidências apontam que a prática política de Aécio Neves não tem futuro maior. Serra é infinitamente mais experto (falando de lideranças mais proeminentes).








EM BUSCA DE NÓS MESMOS
 
Quatro universos se abraçam.
Dois corpos fundindo seus limites,
e o espaço transformando-se sempre;
em dois: o que o passou e o que se passa.
 
(José do Vale Pinheiro Feitosa)

"BICUDOS NÃO SE BEIJAM" - José Nilton Mariano Saraiva

Farinha do mesmo saco, só que até então momentaneamente no exercício de um cargo superior no Poder Executivo, o senhor Cid Gomes bem que tentou tergiversar, enrolar de alguma forma, fugir do confronto, quando do seu depoimento aos “colegas-políticos” do Poder Legislativo Federal (Câmara dos Deputados) no momento em que ali compareceu a fim de explicar-se sobre a alcunha de “achacadores” que houvera impingido à maioria deles (de 300 a 400 - indistintamente), dias antes.

Ex-parlamentar e tendo ascendido à Governadoria do Estado do Ceará por obra e graça de acordos não tão republicanos nos bastidores, ao longo do tempo o senhor Cid Gomes acostumou-se a lidar com os “amestrados cordeirinhos” da Assembléia Legislativa do Ceará, vergonhosamente pródigos em satisfazer seus caprichos e vontades (vide a nebulosa questão da construção do tal Aquário e/ou a indicação da cunhada Patrícia Gomes para o cargo vitalício de conselheira do Tribunal de Contas do Estado, sem que tenha a mínima qualificação técnica); pois bem, mal acostumado  imaginou que com o papo furado que lhe é peculiar poderia sair incólume da refrega.

Assim, num primeiro momento insistiu que o encontro que tivera com estudantes da Universidade do Pará (onde se pronunciara sobre) se dera em ambiente fechado, que a gravação da conversa por parte de alguém não autorizado nada valia e, portanto, ilegal seria, que quem ali se pronunciara fora a “pessoa física” e não a figura institucional do Ministro de Estado (quanta babaquice) e, enfim, que tinha o maior respeito pelo Legislativo, porquanto um ex-integrante, a nível estadual.  

De nada adiantou, porém. Sabedores da sua recorrente instabilidade emocional quando sob pressão, do seu pavio curto quando questionado duramente, da sua pouca paciência para o debate (já que acostumado a mandar e desmandar), os mafiosos e desacreditados parlamentares federais foram astuciosamente atraindo-o para a armadilha, paulatinamente minando-o psicologicamente, até que deu-se a explosão.

Assim, e como “bicudos não se beijam”, quando instado a nominar os “achacadores” e ato seguinte rotulado contundentemente de “palhaço” por parte de um dos seus inquisidores, Cid Gomes, ao invés de humilhar-se num pedido de desculpas (como sugerido pelos deputados-bandidos), resolveu abruptamente abandonar o recinto, sem que antes haja jogado sobre eles e principalmente sobre os ombros dos componentes da base aliada do governo, a pecha de achacadores, porquanto desleais para com a Presidenta da República, desde sempre.

Aqui, um parêntesis para esclarecimento: a respeito dos políticos com assento no Congresso Nacional, em nossa última postagem abordando a questão da Petrobras afirmamos peremptoriamente que...  “dentre os diversos senadores e deputados a serem investigados, os presidentes das duas casas legislativas – Senado e Câmara Federal – encabeçam a lista, numa prova inconteste de que o principal antro de safadezas, corrupção e falcatruas ali se encontra; particularmente, entendemos que não são apenas 300 ou 400 picaretas; do total de 594 parlamentares (513 deputados e 81 senadores) com muito, mas muito esforço poderíamos livrar a cara de 10% e olhe lá. Chega de hipocrisia. Há que se achar uma reforma política que obste toda essa cafajestice”.

Portanto, apesar de nunca termos sufragado os Ferreira Gomes e Jereissatis da vida, não temos nenhum constrangimento em admitir que o senhor Cid Gomes conseguiu verbalizar – e num ambiente superlativo e repleto de holofotes - tudo aquilo que boa parte da  população brasileira pensa a respeito dos políticos: não passam de pessoas sem escrúpulos, que legislam em causa própria. Só que acrescentaríamos: inclusive os Ferreira Gomes.

E se alguém tem alguma dúvida sobre a barafunda e desonestidade que caracteriza seu modus operandi, basta atentar para o multifacetado histórico partidário e/ou consultar professores, médicos, militares e funcionalismo público do Ceará sobre o que acham dos Ferreira Gomes.

Portanto, causa espécie que queiram agora transformar o senhor Cid Gomes numa espécie de herói nacional, autentico paladino da moralidade em razão de ter se estranhado com colegas da mesma estirpe e que rezam o mesmo credo. E de uma coisa tenhamos certeza: com a hiper divulgação do imbróglio, espertamente os Ferreira Gomes tentarão usá-lo para creditar-se a vôos mais altos num futuro. Esperem para confirmar.