por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Carnaval do Crato 2013: uma festa de alegria, tradição e paz

6 02 2013
Por Dane de Jade ¹
dane-jadeA história da humanidade tem sido marcada, ao longo dos tempos, por escolhas e renúncias, algumas delas profundamente caras à sociedade e ao planeta.
No campo das políticas públicas não é diferente. Todos os dias, temos que fazer escolhas que nos conduzirão a ações que podem ser marcadas pelo abandono e a negação de nossa própria identidade, ou pelo cuidado e a valorização das nossas tradições e nossos saberes.
Assim foi com o processo de planejamento do Carnaval do Crato para esse ano. Era preciso decidir entre um modelo de carnaval vazio de conteúdo e carente de planejamento e cuidado ou uma proposta de carnaval que primasse pelo reconhecimento e valorização das nossas tradições e tivesse como principais marcas o cuidado e a disseminação de uma cultura de paz.
Nossa crença é de que é possível conciliar alegria, tradição e espírito fraternal, numa festa que deve ser, antes de qualquer coisa, um momento de congraçamento e celebração da vida.
Motivados por essa crença, nos dirigimos a todos os filhos e filhas do Crato, naturais ou adotivos, e a todos que visitam nossa cidade nesse período, para participarem conosco dos festejos carnavalescos que terão início na tarde desta sexta-feira (8), com o já tradicional Desfile das Virgens, seguindo até terça-feira (12), com uma vasta programação já disponível nas redes sociais na internet e em vários outros meios de comunicação.
A propósito, uma das questões cruciais para o Carnaval do Crato esse ano foi a escolha do repertório. Em respeito à nossa gente e à nossa rica tradição cultural, nos recusamos a veicular nos trios elétricos, no palco oficial e por qualquer outro meio, músicas que neguem a vida, incitem a violência e expressem preconceito ou desvalorização de qualquer pessoa ou segmento social.
Outro desafio que tivemos que enfrentar foi a construção de uma rede de parcerias que nos permitisse realizar o nosso Carnaval sem recursos do tesouro municipal, já comprometidos com outras prioridades, essenciais à melhoria da qualidade e vida de nossa gente.
Para tanto, foram fundamentais as parcerias da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, através do VII Edital Carnaval do Ceará, do Banco do Nordeste, do SESC Ceará, da CDL e de empresas locais.
A corajosa decisão de realizar o Carnaval do Crato nos moldes apresentados acima tem também o significado simbólico de confirmar nossa opção pela construção de uma Política Municipal de Cultura que vá para além das quatro festas do ano.
Um fraterno abraço e um Carnaval de muita alegria, tradição e paz para todos nós!
¹ Dane de Jade é atriz-pesquisadora, produtora, arte-educadora, radialista e gestora cultural. Atualemente é Secretária de Cultura do município do Crato, no Cariri cearense.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

por Nicodemos

veja só!
Estudos Literários
Edgar Allan Poe (1809 – 1849), o primeiro teórico do gênero:
“Temos necessidade de uma literatura curta, concentrada, penetrante, concisa, ao invés de extensa, verbosa, pormenorizada... É um sinal dos tempos... A indicação de uma época na qual o homem é forçado a escolher o curto, o condensado, o resumido, em lugar do volumoso”.
Mário de Andrade (1893-1945), em Contos e Contistas (1938):
“[...] em verdade, sempre será conto aquilo que seu autor batizou com o nome de conto...".
Alfredo Bosi, História Concisa da Literatura Brasileira:
"O conto cumpre a seu modo o destino da ficção contemporânea. Posto entre as exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora é quase-documento folclórico, ora quase-crônica da vida urbana, ora quase-drama do cotidiano burguês, ora quase-poema do imaginário às voltas, ora, enfim, grafia brilhante e preciosa voltada às festas da linguagem."
Em seu livro O Conto Brasileiro Contemporâneo sobre o caráter múltiplo do conto:
"[...] já desnorteou mais de um teórico da literatura ansioso por encaixar a forma- no interior de um quadro fixo de gênero. Na verdade, se comparada à novela e ao romance, a narrativa curta condensa e potencia no seu espaço todas as possibilidades da ficção."
Afrânio Coutinho:
"O contista oferece uma amostra através de um episódio, um flagrante, ou um instantâneo, um momento singular e representativo."
Massaud Moisés, O Conto; em A Criação Literária:
"[...] o conto vem sendo praticado por uma legião cada vez maior de ficcionistas, que nele encontram a forma adequada para exprimir a rapidez com que tudo se altera no mundo moderno."
"[...] o conto é, do prisma de sua história e de sua essência, a matriz da novela e do romance, mais isso não significa que deva poder, necessariamente, transformar-se neles. Como a novela e o romance, é irreversível: jamais deixa de ser conto a narrativa como tal se engendra, e a ele não pode ser reduzido nenhum romance ou novela."
Moacyr Scliar (1937), um dos escritores mais representativos da literatura brasileira contemporânea, numa entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, em quatro de fevereiro de 1996:
“Eu valorizo mais o conto como forma literária. Em termos de criação, o conto exige muito mais do que o romance... Eu me lembro de vários romances em que pulei pedaços, trechos muito chatos. Já o conto não tem meio termo, ou é bom ou é ruim. É um desafio fantástico. As limitações do conto estão associadas ao fato de ser um gênero curto, que as pessoas ligam a uma idéia de facilidade; é por isso que todo escritor começa contista”.
Wolfgang Kaiser escritor alemão e importante teórico da literatura:
"O conto indica que pode ser lido ou ouvido ‘numa sentada’, e isso transparece, mais ou menos, através de todos os contos. Reside nisso, pois, necessariamente, o reduzido do tamanho e a sua limitação, em comparação com a amplitude do romance." [...] (Wolfgang KAYSER, Análise e Interpretação da OBRA literária. Trad. Paulo Quintela. Coimbra: Sucessor, 1968. Vol. II )
Nádia Battella Gotlib, autora de Teoria do Conto (1985):
“A linha normativa gera uma série de manuais que prescrevem como escrever contos. E a revista popular propícia uma comercialização gradativa do gênero. Tais fatos são tidos como responsáveis pela degradação técnica e pela formação de estereótipos de contos que, na era industrializada do capitalismo americano, passa a ser arte padronizada, impessoal, uniformizada, de produção veloz e barata. Tais preocupações provocam, por sua vez, um movimento de diferenciação entre o conto comercial e o conto literário. Daí talvez tenha surgido o preconceito contra o conto...".
Esteban Antônio Skármeta Branicic (1940), escritor chileno, em Assim se Escreve um Conto:
“Eu diria que o que opera no conto desde o começo é a noção de fim. Tudo chama, tudo convoca a um final”.
Ricardo Piglia (1940), escritor argentino, em O Laboratório do Escritor:
“Pode-se programar a trama, os personagens, as situações, conhecer o desenlace e o começo, mas o tom em que se vai contar a história é obra de inspiração. Nisso consiste o talento de um narrador”.
Edgard Cavalheiro (1911-1958), na introdução de Maravilhas do Conto Universal:
“A autonomia do conto, seu êxito social, o experimentalismo exercido sobre ele, deram ao gênero grande realce na literatura, destaque esse favorecido pela facilidade de circulação em diferentes órgãos da imprensa periódica. Creio que o sucesso do conto nos últimos tempos (anos 60 e 70) deve ser atribuído, em parte, à expansão da imprensa”.
• Gilberto Mendonça Telles, 1931, em A Retórica do Silêncio: Teoria E Prática Do Texto Literário:
"Os primeiros autores de livros de conto não faziam questão de distinguir entre os contos que pertenciam à tradição (e que estavam, portanto, incrustados na língua) e os que pertenciam à sua própria criação, como produtos de uma fala literária. Todos os livros de contos a partir do século XV misturam as duas formas: os de ‘forma simples’, ligados à tradição popular; e os de ‘forma culta’, criados pelo escritor."
Cristina Peri Rossi (1941). Novelista, poeta e contista uruguaia:
"O escritor contemporâneo de contos não narra somente pelo prazer de encadear fatos de uma maneira mais ou menos casual, senão para revelar o que há por trás deles". ®Sérgio.
 
João Nicodemos
www.poemasdonicodemos.blogspot.com/

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Atenção amigos que gostam de contos. Clicar no link ao lado, encanto do conto, Páginas deste blog É uma nova página do blog que pretendemos utilizar para publicação de contos e comentários sobre esta forma literária.
Aguardamos as visitas.
Abraço a todos!

MAIS UM MOTIVO DE ORGULHO PARA D. ALMINA - 2


  Thais Pinheiro Callou, filha de José Lívio Callou e Mª Benigna Arraes (Bida), neta de D. Almina Arraes, voltou a brilhar no universo acadêmico. Acaba de ser aprovada no concurso de especialista do Conselho Brasileiro de Oftomologia - CBO. Com o título, a jovem médica cratense está apta a exercer sua profissão em qualquer ponto do território brasileiro. Dra. Thais pretende prestar serviços no Cariri mas antes concluirá curso de pós-graduação na USP, em São Paulo.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

SAUDEMOS FEVEREIRO - UM MÊS TÃO BRASILEIRO

ZODÍACO – Fevereiro – por Daniel Lima
E ao chegar fevereiro
                ainda serás imortal
da trágica imortalidade dos palhaços,
     das colombinas e dos arlequins.

Fevereiro é o Brasil,
                Já vem gingando.
     (E o que é gingar?     
                Não perguntes,
não se diz,
     não se explica:
                só se vendo (ou fazendo).

Fevereiro desfila
                Gosta de ser fevereiro.

     Ele se adora.
 
     E porque se adora,
                fevereiro samba e ri
e se cobre todo de miçangas.

Há borboletas que não vejo
     no jardim de rosas que não tenho.

     Mas fevereiro cria
as rosas e o jardim
     e as borboletas.

Fevereiro não gosta de Scarlatti
     mas gosta de escarlate
                e azul
     e cores misturadas.

     Fevereiro é ligeiro,
um voo de pássaro encantado,
     um relâmpago no céu inesperado
        (o relâmpago e o céu),
                o céu de fevereiro,
a luz fugaz de um fósforo aceso.

     A alegria que levas de reserva
colheste-a por certo em fevereiro,
para queimá-la talvez a vida inteira.

     Mês leviano, essencial
                Eterno e contingente.

No dia em que o perderes
     com ele perderás a tua mocidade
                e terás assinado antes da hora
um pacto de morte com a tristeza
                e seus horrores.

Fevereiro é riso puro.
                Um riso puro
     é um riso sem rosto
        um riso sem figura
                a rir
     no espaço tempo do riso
     sem olhos e sem boca,
       um riso absoluto
                e em si,
não riso de alguém,
senão que um simples riso puro, riso
                sem boca, sem nariz
     riso em rosto nenhum
                (volto a dizê-lo),
riso que só Kant talvez entenderia
     riso só, transcendental,
                só riso     



               


                   

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Papagaios & Araras



Acredito que terá sido Pero de Magalhães Gândavo , na sua “História da Província Santa Cruz  a que vulgarmente chamamos de Brasil”, publicado em 1576, que já alertava : os indígenas costumam pintar papagaios para vender como araras aos viajantes menos atilados. E assim tem sido historicamente, amigos , desde nossas mais remotas origens : nossas leis mais rigorosas simplesmente não pegam; as normas mais pétreas sempre têm uma escapadinha possível;  os ritos mais sagrados banham-se rapidamente em águas profanas; nossas guerras e revoluções mais sangrentas não pingam uma gotinha de sangue sequer. Culturalmente sempre há um  “jeitinho” para se resolver tudo. Indignamo-nos, facilmente, com as tragédias que nós mesmos produzimos, seja na vida pública, na esfera privada, na política, na economia. Entupimos a cidade de lixo e nos queixamos da sujeira; desmatamos nossas encostas e reclamamos das enchentes; elegemos políticos corruptos e, depois,  nos revoltamos com os desmandos e os desvios de verbas.
                        Dias desses, um amigo tomou uma Topic para Nova Olinda. Ao passar no Colégio Agrícola, o motorista alertou os passageiros : “Pessoal, coloque o cinto de segurança que vamos passar no Posto da Polícia Rodoviária!”. Ultrapassada a vigilância, na altura das Guaribas, ele voltou a informar : “Pessoal, já passamos do Posto, podem desafivelar os cintos !”. Existe uma conduta mais brasileira que esta ? Na Expô/Crato e na Festa do Pau de Santo Antonio os políticos locais providenciam para que se evitem blitz, para que se afastem os bafômetros: fiscalização demais, eles alegam, pode prejudicar a festa. Dane-se o Código Nacional de Trânsito! Seque a Lei Seca !
                        Esta semana convivemos com a tragédia indizível da Buate de Santa Maria, onde mais de duzentos jovens perderam a vida. Impossível imaginar tantos ninhos desfeitos, tantos sonhos prematuramente esmagados, tantas mães e pais à deriva, sem um profundo sentimento de comoção nacional. E esta, também, é uma característica bem brasileira: somos solidários e emotivos. Gostamos de nos ajudar mutuamente. Claro que carregamos conosco preconceitos atávicos. A dor e o sofrimento no Sul e Sudeste têm um peso bem maior que nos grotões do Norte e Nordeste. A Seca no Piauí não tem a mesma importância da enchente em Teresópolis. Constatada a tragédia como em Santa Maria, estabelece-se a corrida desenfreada em busca dos culpados. “Queremos Justiça!” “Essa calamidade não pode se repetir !” Rapidamente, posto o excremento no ventilador, muitos sairão pouco perfumados. De quem é a culpa afinal? Do dono do ventilador? De quem colocou o excremento nas suas aspas? De quem ligou o eletrodoméstico? De quem não verificou a funcionalidade do bicho ? Possivelmente, pelas proporções gigantescas do holocausto de Santa Maria, todos os atores  sairão mais ou menos calabreados.
                                   Mas , no fundo, a mesma história tende a se repetir. Brasileiro não trabalha com prevenção do fogo, só como bombeiro. No dias que se seguiram ao incêndio, o Brasil todo começou a fiscalizar as Casa Noturnas e encontraram inúmeras irregularidades. Todas estavam perfeitamente aptas a refazer a calamidade gaúcha: esperavam apenas um estopim. Por que não vinham sendo vistas com a regularidade necessária ? Por que o problema não tinha sido detectado antes e sanado antes do sacrifício de incontáveis vidas ?
                                   E pior, amigos, escrevam aí : passados os primeiros momentos da tragédia, sepultada a notícia por outra mais cabeluda, tudo volta a ser “Como Dantes no Quartel de Abrantes”.  Depois do grande incêndio no Grand Circo Norte-Americano em Niterói , em 1961, o que melhorou na segurança destes espetáculos ? Quem fiscaliza os Circos, quando chegam nas cidades e quem verifica a segurança a fim de liberar  o alvará de funcionamento?  Após as enchentes de Teresópolis e Nova Friburgo em 2011, que se fez para que novas catástrofes não venham a acontecer ? Você se sente seguro em mandar seu filho a um parque de diversões após as medidas tomadas depois do Acidente no Parque Hopi Hari em São Paulo , no ano passado ?
                                   Culpados serão apontados em Santa Maria, processos se arrastarão na justiça, mas a centenária instituição do “jeitinho” providenciará  para que  os responsáveis saiam sapecados, mas ilesos. Só não há “jeitinho” para a imponderável dor das famílias diante da perda incalculável dos seus filhos queridos; nem para que essa tragédia anunciada não  se repita. Enquanto isso , vamos dando nosso jeitinho para que os papagaios continuem sendo negociados a preço de araras, exatamente como há cinco séculos atrás.

J. Flávio Vieira

 

Maracatu se prepara para Carnaval do Crato


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


LIXO É LIXO.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
05:48
O assunto do lixo é um tema que merece ser bem discutido. Considerando que não existe quase nada que seja produzido pelo ser humano que não traga consigo uma proporção de lixo bem importante em quantidade e qualidade, devemos pensar e conversar bastante sobre o assunto. Quanto mais avançada e materialmente desenvolvida uma sociedade, maior é a quantidade de lixo que ela produz. Vivemos sob um sistema econômico onde quanto mais se produz e se comercializa objetos, melhor para a economia. Então a produção e o consumo são estimulados de todas as formas.  Uma delas é a ideia, já bem antiga, da "obsolescência programada", onde um objeto, seja ele qual for, é produzido de maneira a durar um tempo determinado e quebrar para em seguida ser substituído por outro novo, que terá sua duração também determinada. Os produtos são testados para saber qual será o seu tempo de uso e,  caso seja necessário, um ou outro de seus componentes será redesenhado para determinar um tempo menor de utilidade. As "utilidades" que produzimos e consumimos,  para usar  um termo bem interessante e contraditório, são na verdade, "inutilidades" de todos os tipos. E viram lixo.
              Outra ideia que predomina na produção e comercialização de objetos, que alguns chamam de "bens", é a de que a embalagem é quase tão importante ou mais importante que o conteúdo. Assim, grande parte do que o consumidor paga num produto, refere-se à embalagem, ao seu invólucro e se transformará em lixo imediatamente. Não quero entrar em detalhes que indicariam que, o próprio conteúdo, muitas vezes, se constitua em lixo; principalmente alguns comestíveis muito utilizados e que, com o tempo, serão causa de doenças e estímulo para o consumo de remédios. E pra onde vão todos estes resíduos, ou subprodutos?
              Papel, papelão, garrafas de  vidro ou plástico, sacos plásticos de todos os tipos e tamanhos, caixas, arames, cordões, madeira, e uma infinidade de materiais são jogados como lixo, mas não são lixo. São materiais reutilizáveis, é possível transformá-los  em outros objetos. São na verdade dinheiro. Então estamos jogando dinheiro no lixo?  Mas quem seria louco de rasgar dinheiro? De jogar dinheiro no lixo?
              Existe também o lixo molhado, ou orgânico, que se constitui de restos de cozinha (cascas de frutas e legumes, restos de alimentos) galhos e folhas que resultam de podas e mesmo a grande quantidade de alimentos que se perdem em feiras  e centrais de abastecimento. Mas será que isso tudo é lixo? Também não! Todo esse material pode ser utilizado na composição de humus, terra vegetal, fertilizantes orgânicos e naturais que transformarão qualquer terra pobre para o plantio em terra fértil e rica para a produção de novos alimentos. È um processo simples e barato que pode ser utilizado na cidade e no campo aumentando e enriquecendo a produção de alimentos saudáveis.
              Então o que é lixo? Fico algum tempo pensando e concluo que lixo, lixo mesmo é filtro de cigarro, que não permite reutilização, e chiclete mascado, que também não serve pra nada. Mesmo os dejetos humanos e animais, em alguns países, são utilizados como fertilizantes e na produção de gás combustível. Não falo  em lixo industrial e lixo hospitalar , que são temas que merecem um estudo à parte.
              Vejamos. Se lixo, lixo mesmo, é filtro de cigarro e chiclete mascado, por que as cidades têm que construir "lixões" e "aterros sanitários" que poderão se transformar em focos de doenças, poluir e envenenar lençóis freáticos, causar futuros desmoronamentos de que estão repletos os noticiários?
              Penso que campanhas de educação e esclarecimento da população sobre a questão do lixo; um bom programa de coleta seletiva, que inclua a organização de catadores e recicladores; o financiamento de pequenas empresas recicladoras, demandariam um pouco mais de tempo e muito menos dinheiro, além de produzir efeitos profundamente benéficos na economia, na participação popular, na cidadania, na autoestima, e na saúde das cidades e suas populações.
              
                                                                                                                                                                            João Nicodemos de A. Neto
(jotanikos@yahoo.com.br)

Racismo ou preconceito? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Conceitos são idéias formuladas sobre determinados assuntos, objetos e entes reais ou imaginário. Geralmente os conceitos podem ser definidos por meio de palavras ou outros conceitos já devidamente conhecidos. Nas ciências que se orientam pelo raciocínio lógico, existem alguns conceitos que não possuem definição, tidos então por conceitos primitivos. Já o preconceito é um juízo preconcebido e arraigado no íntimo das pessoas, de forma discriminatória contra grupos de pessoas julgadas como inferiores, ou contra seus costumes, regiões ou países.

Quando o preconceito se verifica de forma generalizado, com determinados grupos de pessoas se julgando melhores e mais importantes do que outros, temos uma das formas de racismo.

Acredito que o racismo no Brasil é como fogo de monturo, muito disfarçado, que queima internamente. Avistamos apenas sua fumaça. Mas ele nos atinge quando o pisamos descalços. É difícil de ser apagado, a não ser quando chove torrencialmente, coisa não muito comum por essas épocas de muita seca no coração humano. É claro que não possuímos um racismo de segregação como anteriormente ocorrido na Europa, nos Estados Unidos e África do Sul. Mas alguns exemplos nos dão conta da existência de muitos preconceitos contra grupos de pessoas e lugares.

Há poucos dias tivemos noticias pela imprensa de um casal da alta sociedade carioca, branco, que foi a uma concessionária de automóveis BMW com um filho adotivo de sete anos, negro. Enquanto conversava com o gerente da loja, o menino ficou assistindo televisão na sala dos clientes. Quando então, um dos vendedores expulsou a criança da sala, enxotando-o para a rua. Seus pais ficaram indignados, mas resolveram não formular queixa na polícia em atenção ao gerente, e lançou seu protesto através dos meios de comunicação social.

Outro exemplo com cheiro racista, foi notificado timidamente pela imprensa na última semana. Um capitão da policia de uma cidade do interior paulista orientou sua tropa a revistar todos os negros e pardos que encontrassem pelas ruas, como se pessoas com essas características fossem todas marginais.

No inicio dos anos da década de 1960, um grupo de moças de um colégio do interior cearense excursionou a Salvador. Extasiadas com a beleza da cidade e a quantidade de lojas com riquezas de produtos não encontrados na terra natal, entraram para compras em um grande magazine, como se denominava naquela época. Um dos vendedores negro, muito simpático, encantado com a brejeirice das adolescentes, ao saber que elas eram cearenses, resolveu brincar de forma discriminatória. Foi até a uma seção nos fundos da loja e voltou trazendo uma bacia, uma peneira e uma caneca cheia d'água. Despejou a água sobre a peneira e perguntou às garotas:
- Vocês conhecem o que é isso?  Isso aqui é chuva!
E recebeu o devido troco de uma das excursionistas bastante atrevida, com resposta de conteúdo mais preconceituoso ainda:   
- Chuva a gente já conhece, mas negro lá não existe, estamos conhecendo agora.

Não resta nenhuma duvida que temos alguma forma de preconceito racial, herdado desde os tempos da escravatura e que é um cancro difícil de ser extirpado, mesmo com a legislação punitiva que se tem atualmente. O remédio para tais males, contudo não se encontra nas leis. Está no coração do homem. Somente com educação poderemos ter um povo consciente de que todos somos iguais, sem distinção de cor, raça, religião, sexo ou preferências políticas e sociais. O problema maior é que para educar um povo como o brasileiro é uma tarefa árdua, cujos frutos provavelmente serão colhidas daqui a cinqüenta anos. Nos últimos anos temos alguns avanços, embora tímidos, mas muito tempo já foi perdido, desde quando Dom Pedro II deu o grito do Ipiranga.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Daqui a pouco viajo para Fortal.
Viagem curtíssima!
Volto em fevereiro.
Espero encontrar novidades.
Abraços!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


Tragédia em Santa Maria: O cinismo da mídia

por Aurélio Munhoz*   (CARTA CAPITAL)

Passadas as primeiras 24 horas após o incêndio que destruiu 231 jovens em uma casa de shows em Santa Maria (RS), o Brasil foca suas atenções agora na identificação dos culpados por mais esta inominável tragédia urbana.

Natural que seja assim. O que aconteceu neste domingo na cidade gaúcha foi fruto de uma coleção de indefiníveis aberrações que, por sua extrema gravidade, causam indignação e merecem punição rigorosíssima.

Ocorre que não são apenas os donos ou os seguranças da casa de shows, tampouco a Prefeitura de Santa Maria e o Corpo de Bombeiros, que merecem condenação. O papel que grande parte da mídia está exercendo diante deste drama humano de proporções colossais, a exemplo do que tem feito em relação a tantos outros, também se revela abjeto e passível de duríssimas críticas.

A mídia tem todo o direito – e, mais que isto, o dever – de noticiar tragédias como a que estamos acompanhando, ao vivo e em cores. Fornecer informações de interesse público é uma das suas atribuições. A morte de 233 seres humanos, ainda mais nas circunstâncias verificadas na casa de shows é, obviamente, digna de uma extensa cobertura porque interessa a um expressivo segmento da sociedade.

As escolas de jornalismo sérias ensinam, porém, que o tratamento de assuntos desta natureza pressupõe cuidado extremo. Não por acaso. É tênue, muito tênue, o limite que separa a informação de interesse público da notícia convertida em espetáculo com objetivos escusos.

Infelizmente, muitos colegas da imprensa (deliberadamente, inclusive) romperam este limite no caso em análise. Boa parte da mídia está fazendo a cobertura da tragédia de Santa Maria não com o nobre propósito que deveria motivá-la – garantir que aberrações como esta não se repitam, algo possível por meio da divulgação permanente de informações corretas e isentas, fruto de pesquisa e investigação sérias, revelando seu compromisso com a sociedade.

Seu propósito é outro – absolutamente vil, porque imoral e oculto: converter a tragédia dos meninos de Santa Maria em um grande espetáculo midiático com o objetivo de garantir audiência cativa. De preferência, às custas das lágrimas do público. É o que se chama, em Teoria da Comunicação, de “espetacularização” da notícia, ou seja, a sua conversão em um agente não do bom jornalismo, mas do entretenimento e do cinismo, porque dá a falsa impressão de que o compromisso primeiro desta mídia é com o público, quando o é de fato, acima de tudo, com seus patrocinadores.

É um Big Brother de verdade, formado não por beldades vulgares e sem cérebro, do tipo que costumam freqüentar os realities shows, mas por cidadãos respeitosos vítimas da irresponsabilidade humana. Sensacionalismo, em uma palavra, como nos tempos do programa Aqui Agora, extinto em 1997. Mais brando, é verdade, mas uma forma de sensacionalismo, de todo modo.

Foi o que aconteceu durante todo o dia da tragédia, quando, por exemplo, até programas dominicais exclusivamente de entretenimento – inclusive os conduzidos por não jornalistas – consumiram horas a fio tratando do tema, mas em tom predominantemente emocional e policialesco, e não informativo. Tampouco estes veículos sinalizaram o interesse de incluir este tema (a segurança em casas de shows) em uma agenda permanente de debates.

É claro que não se pode descartar o componente fortemente emocional que permeia uma tragédia como esta, mas quando se exagera na ênfase deste aspecto – sobretudo quando esta iniciativa parte de programas exclusivamente de entretenimento, aos quais não cabe o perfil de noticiosos – e quando se aborda este tema de maneira superficial gera-se desconfiança sobre os reais propósitos que margeiam a divulgação do fato.

Não se trata de uma novidade. O histórico de grande parte da mídia é profícuo neste gênero de cinismo, no âmbito das tragédias humanas. Cito apenas um caso, já clássico na cronologia de aberrações da mídia: o terremoto no Haiti, que completou três anos em 12 de janeiro e matou 316 mil pessoas, convertendo-se em um das maiores tragédias provocadas por causas naturais da humanidade. Entre elas, Zilda Arns, médica gaúcha fundadora da Pastoral da Criança.

Fontes ligadas à própria Pastoral da Criança, que continua atuando na região, informam que pouca coisa mudou de lá para cá. O portal IAI (International Alliance of Inhabitants) vai além. Comunica que, três anos após o terremoto, depois do bombardeio inicial de notícias sobre o desastre, o Haiti foi praticamente esquecido pela grande mídia e pelos organismos de ajuda internacionais. Mais de 370 mil pessoas continuam vivendo em abrigos temporários, em péssimas condições. E, o que é quase tão grave, 78 mil (21% do total) ameaçam ser despejadas. Não bastasse tudo isto, apenas 1/3 da ajuda prometida, inclusive pela ONU (Organização das Nações Unidas), chegou às mãos do presidente Michel Martelly.

Não é a grande mídia a culpada por isto, evidentemente, mas é de se perguntar por que um problema desta gravidade é solenemente ignorado pela imprensa, que, por sinal, só trata do Haiti ultimamente para criticar a presença dos militares brasileiros no país, algo plenamente justificável pela necessidade de combater os roubos, estupros, a violência e demais atos criminosos nos acampamentos.

Perdoem-me os colegas jornalistas que levam sua profissão a sério, mas não há como não deduzir, do exposto, que o que realmente move a engrenagem de boa parte da imprensa neste tipo de situação não é exatamente o interesse público, ou o sentimento de justiça e de solidariedade às vítimas.

O que se deseja é, tão somente, vampirizar as vítimas das tragédias. Nesta lógica cínica, importa não garantir espaço permanente às famílias das vítimas das tragédias, mas oferecer generosa cobertura aos seus dramas apenas durante o curto tempo em que os corpos dos mortos continuarem rendendo manchetes e as atenções do público. Até, portanto, o surgimento de uma nova tragédia que abasteça com sangue fresco a sede por dramas humanos novos dos que chamam isso de jornalismo.

Os meninos que perderam suas vidas neste domingo, bem como suas famílias, merecem um tratamento bem mais respeitoso – e não serem citados como vítimas de uma tragédia dantesca para, depois, serem praticamente esquecidos pela poeira do tempo, o que fatalmente irá acontecer. Cobrem-me isso, aliás, daqui a alguns meses. Todas as vítimas de todas as tragédias merecem, aliás, pelo simples fato de que são seres humanos – e não objetos descartáveis a serviço de empresários e jornalistas que lançam um olho sob os locais das tragédias e o outro sob os números da audiência. Triste que seja assim.

*Aurélio Munhoz é jornalista, sociólogo, presidente da ONG Pense Bicho e secretário do Comupa (Conselho Municipal de Proteção Ambiental de Curitiba).







Festival Cordas Ágio, por Pachelly Jamacaru

Belíssimo Concerto para "todas as idades", aconteceu ontem no Teatro Municipal com os Alunos-Mestres do Pe. Ágio a quem fora prestada a devida homenagem! Um desfile de talentos Clássicos e Populares. O que de mais importancia ressaltar... A valorização do repertório dando ênfase às músicas dos artistas do Cariri. Bravôoooo!