por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
terça-feira, 3 de julho de 2012
PROAE criará canal de dialogo com o movimento estudantil da URCA
![]() |
Pró-reitor Berilo Barroso |
As reivindicações e demandas do movimento estudantil da URCA terá um canal de interlocução com a administração da Instituição, através do
Projeto “Escuta” que será desenvolvido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis
– PROAE.
Para o pró-reitor da PROAE, o professor
Berilo Barroso a ideia surgiu a partir da necessidade de aproximação dos alunos como forma de compreender as necessidades e lutas dos estudantes dentro da
Instituição. Ele destaca que essa é uma forma de propiciar também o dialogo com
outros segmentos da instituição visando minimizar os problemas e atender as
demandas do movimento estudantil.
O Escuta deverá será realizando
pelos Centros Acadêmicos e estudantes dos Grupos de Estudos e Pesquisas da URCA.
A ideia inicial é que seja realizado mensalmente nos diversos campus da
Instituição.
O que é Escuta?
O Escuta é um mecanismo de construção/
dialogo/formação/informação e troca de ideias da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PROAE
da Universidade Regional do Cariri – URCA com o Movimento Estudantil,
representado através dos Centros Acadêmicos e dos Grupos de Estudos e Pesquisas
desta IES.
O Escuta visa garantir um canal
de protagonismo do Movimento Estudantil que possibilite que as suas reivindicações e demandas sejam recebidas pela PROAE e que a mesma sirva como elo de interlocução
com as demais instâncias da instituição.
A intenção é que o Escuta possa
promover o debate sobre o papel da Assistência Estudantil e a função social da
Universidade Pública.
Como vai funcionar?
A Pró-Reitoria de Assuntos de
Estudantis – PROAE convidará os representantes dos Centros Acadêmicos de todos
os cursos e representantes de alunos em grupos de estudos e pesquisas desta IES para pensar o processos de
construções do Escuta.
A ideia inicial é que ele seja
realizado em encontros mensais em campus diferentes da Instituição como forma
de contemplar a descentralização da PROAE.
Inicio?
Os trabalhos do Escuta foram
iniciados em julho/2012 e o primeiro encontro está previsto para agosto deste
ano.
Serviço:
Projeto Escuta
Pró-Reitoria de Assuntos
Estudantis – PROAE – URCA Campus Pimenta
Email: proae@gmail.com e proae@urca.br
(88) 3102-1208
Everardo Norões- Grande escritor e poeta cratense!
EVERARDO NORÕES
w. b.
ou
os dez caminhos da cruz
1
na universidade
ninguém na universidade
dar-lhe-ia abrigo
o curriculum
não lhe abriria o portão
nenhuma chave se moveria
ao que busca escancarar
a cela do futuro
ali penetrará
quem dominar ofícios
graduar pontuações
estilhaços do cristal da vida
aludiriam ao haxixe às 7 da noite
num pequeno quarto
no centro de Marselha
pensamentos suspensos em brinquedos
os choques das multidões
lidos como formas preponderantes das sensações
e a denúncia de bienais exposições
louvores à mercadoria fetiche
perguntariam com que passaporte
preencheria o questionário
de algum departamento
o código para desmontar
a astronomia dos livros
lançados pelos bulevares de Paris
que reitor se sublevaria
contra os anátemas de frankfurt
sem guerra ou o trovejar
de trombetas messiânicas
nenhum narrador
desfolharia sua história
mesmo se encontrasse no caminho
um monte de pedras de um cemitério
na fronteira de espanha
ou o anjo de paul klee
a anunciar a ventania do progresso
2
na política
nenhum partido
defloraria sua ficha de inscrição
nunca seria o anão enfurnado
na jaula dos espelhos
a manipular no jogo de xadrez
a alquimia da trapaça
a imagem autêntica do passado
é um raio
diz
e a verdade imóvel não traduz
a matéria da história
daí o quarto de uma só janela
os dias corroídos
pelo sal de ibiza
a fuga pelas escarpas dos pirineus
a tempestade a afugentar os anjos
e a lançar seus escombros
sobre a caligrafia
do último justo
3
no supermercado
somente ele
enxergaria as formas do humano
detrás das prateleiras
dos supermercados
ou descobriria
no diálogo das mercadorias
a mímica das massas
entre passantes
somente ele
seria capaz de ouvir
sinfonias de goethe
aprisionadas nos códigos de barras
ou as estrofes de mahler
nos pregões
do vendedor de pipocas
4
no apartamento
ninguém lhe daria guarida
no estojo onde se desfiam
as ilusões técnicas
dos múltiplos perfis do homem
nenhum engenheiro perceberia
a equação do desmoronamento
no núcleo abissal dos edifícios
apenas ele ouviria de noite
o rio a soluçar baixinho
sob o travesseiro
e na mais alta copa da cidade
haveria de sonhar
enormes formigas
a mastigarem
as folhas do desterro
5
no cinema
ninguém lhe convidaria
ao cinema
através das escuras lentes
avistaria os artefatos técnicos
concebidos para destruir
os desígnios da aura
então deixaria o escuro
da sala de projeção
pequenas mãos a ajeitarem
o óculos de míope
embaçado pelo ar-condicionado
a sensação
de nunca ter sido capaz
de recompor a cabeça
da vitória de samotrácia
6
na varanda
somente ele
enxergaria a cidade
despontar
como um campo minado
numa apoteose de foguetes
a ameaçarem
o céu
oh
ele diz
aqui neste chão discursou um pássaro
havia uma muralha a proteger
a comunhão dos santos
e eis que do outro lado das vitrines
ninguém conseguirá resgatar
o objeto da salvação
7
no parque
ninguém sentaria ao seu lado
num banco de jardim
para observar o bem-te-vi
atacar o gavião
e descobrir
no esvoaçar dos pássaros
o segredo da
luta de classes
8
na escola
ninguém o chamaria de mestre
com seu paletó puído
e o caminhar do errante
sentaria no último banco
um logotipo de fogo luziria na sala
crianças manipulariam
teclados de tabuletas
onde letras se desmontam
no abismo das apóstrofes
e peixes destilam anúncios
do último aplicativo eletrônico
aqui ninguém estaria a salvo
pensa
nenhuma cartilha
desarticularia
a vértebra dos dias
nenhum link
desdobraria
o auriflama das idéias
onde se refugia
o soluçar do nome
9
na livraria
ninguém entraria
numa livraria
para interpretar desenhos de capas
o evoluir das mãos no ventre dos livros
veria cadeiras no teto
de onde pende o fio
a comandar a vida dos bonecos
indagaria sobre a saúde mental
das estantes
a fluidez dos signos
sobre o minúsculo lago eletrônico
perguntaria em que colina
se perdera o narrador
sentaria numa poltrona
e passearia os dedos
entre histórias em quadrinhos
a aguardar o toque de finados
da igreja da Madre de Deus
10
sob a marquise
ninguém se deitaria à noite
sob a marquise
para ouvi-lo contemplar
o outro lado das constelações
apenas três crianças
a cheirar cola
se aproximariam para perguntar
que deserto existe
além do mais alto céu
a resposta seria sufocada
por gritos
urros
latidos de cachorros
posto contra o muro
arrancar-lhe-iam
lápis e os coloridos cadernos
de anotações
nos anúncios das avenidas
vislumbraria uma cruz
a atravessar um horizonte de bêbados
e em meio ao cheiro de vômito e urina
descobriria que restara
no bolso do casaco
vinte gramas de cianureto de potássio
EVERARDO NORÕES
Nasceu no Crato, Ceará, em 1944. É autor de Poemas argelinos (Pirata, 1981); Poemas (Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2000), vencedor do Prêmio Literário Cidade do Recife; A rua do Padre Inglês (7Letras, 2006); e Poeiras na réstia (7Letras, 2010), entre outos. Organizou a obra completa do poeta recifense Joaquim Cardozo (Nova Aguilar, 2010) e antologias (das quais também é tradutor) de poesia peruana, do mexicano Carlos Pellicer, do italiano Emilio Coco e de poetas franceses contemporâneos. Em 2011, seus poemas figuraram na Antología de poetas brasilenõs actuales, da editora espanhola Paralelosur. Seu livro de contos Entre moscas (no prelo) venceu o Prêmio Literário Cidade de Manaus 2011.
Por Eirípedes Reis
Eu estou de saco cheio com a MPB atual. Sei que tô ficando velho, meio saudosista, mas como eu disse outro dia, não aguento mais o Michel Teló, o Luan Santana. Eu tenho um conhecido (não chega a ser meu amigo, porque amigo para mim é coisa muito especial) chamado Vicente Barreto. Ele é da turma do Tom Zé. É um baiano nascido em Sagadelha (mais ou menos uns 200km distante de Salvador). Ele é um compositor interessante. Veja uma das musicas dele (que, inclusive, foi gravada pelo Ney Matogrosso). Compartilho com voces.
A Cara do Brasil
Vicente Barreto
Eu estava esparramado na rede
"jeca urbanóide" de papo pro ar
me bateu a pergunta, meio à esmo:
na verdade, o Brasil o que será?
O Brasil é o homem que tem sede
ou quem vive da seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo
o que vai é o que vem na contramão?
O Brasil é um caboclo sem dinheiro
procurando o doutor nalgum lugar
ou será o professor Darcy Ribeiro
que fugiu do hospital pra se tratar
A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
decerto então nunca vai dar
O Brasil é o que tem talher de prata
ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come
o Brasil gordo na contradição?
O Brasil que bate tambor de lata
ou que bate carteira na estação?
O Brasil é o lixo que consome
ou tem nele o maná da criação?
Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho
é o Brasil zero a zero e campeão
ou o Brasil que parou pelo caminho:
Zico, Sócrates, Júnior e Falcão
O Brasil é uma foto do Betinho
ou um vídeo da Favela Naval?
São os Trens da Alegria de Brasília
ou os trens de subúrbio da Central?
Brasil-Globo de Roberto Marinho?
Brasil-Bairro: Carlinhos-Candeal?
Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas
ou quem das ilhas vê o Vidigal?
O Brasil encharcado, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista?
Qual a cara da cara da nação?
segunda-feira, 2 de julho de 2012
"Quem" ??? – José Nilton Mariano Saraiva
Da passagem dos "sobralenses" Ferreira Gomes pelo Crato a fim de participar da convenção do partido que definiria o candidato do PSB que concorrerá à prefeitura da cidade, uma dúvida atroz “pintou no pedaço”: afinal, "quem" governa o glorioso Estado do Ceará ??? O irmão mais novo, Cid, que foi eleito democraticamente e tá lá sentado no trono, ou o irmão mais velho, Ciro, que já faz tempo se acha desempregado, porquanto reprovado pelo povo nas urnas ??? Ou teríamos um governador “oficial” e um outro “oficioso” ???
Fato é que, quando foi questionado sobre a “inoportunidade” da aplicação de uma montanha de dinheiro na construção do tal “aquário”, em Fortaleza, ao invés de priorizar a Educação (em estado pré-falimentar em todo o Estado), o Governador viu-se literalmente “atropelado” pelo irmão mais velho, que, de forma deseducada, descabida e atabalhoada, teria afirmado que a questão do “aquário” era com ele, que ele seria o responsável pela sua construção, não tinha satisfações a dá a ninguém e PT saudações; ato seguinte, possessivo e descontrolado, desceu do palanque e partiu pra cima dos estudantes da URCA, que no seu entendimento estariam perturbando o ambiente (naturalmente que só o fez sabendo-se cercado de um exército de parrudos seguranças, já que sozinho não teria coragem pra tal). Ou não é recorrente essa sua valentia sob tais condições ???
O que se espera é que a universitária da URCA, Jeani Matias Costa, que se disse agredida pelo senhor Ciro Gomes e registrou “Boletim de Ocorrências” a respeito, não abra mão do seu direito de defesa e, junto com o Sindicato da categoria, acompanhe “pari-passu” o desenrolar da questão, não permitindo que interferências de cunho político (e elas vão se fazer presente, sim) abortem o andamento do respectivo processo legal junto à esfera competente (policial) acionando, se necessário, o próprio Ministério Público Federal.
Afinal, já passou da hora de se dá um basta nas bravatas dessa figura que os áulicos vivem a rotular de “valente e corajoso”, mas que, emocionalmente instável, rédea pequena e pavio curto, já mostrou, em diversas ocasiões, não ter condição de conviver democraticamente com os diferentes.
A propósito, não custa lembrar que, ao alvorecer do próximo mês de agosto Ciro Gomes deverá comparecer ao Fórum Clóvis Bevilaqua, aqui em Fortaleza, a fim de, diante das autoridades competentes, prestar esclarecimentos sobre sua afirmação pública de que os militares em greve não passavam de “MARGINAIS FARDADOS” e “BANDIDOS QUE NÃO HONRAVAM A FARDA”.
Tai, nunca votamos nos Ferreira Gomes nem no Tasso Jereissati (e disso nos orgulhamos), mas se referido senhor confirmar/reafirmar tudo o que disse não teremos a menor dúvida em sufragá-lo para qualquer cargo que se candidatar... ad eternum.
Deus me vê- T. Lisieux Maia*
Estudei em um colégio que nos apresentava uma educação rígida e competente, ética e reflexiva, séria e afetuosa. No pátio do recreio no alto da parede havia escrito em letras graúdas, a frase: “Deus me vê”. Sempre que lia este aforismo ele me levava a refletir com toda minha imaturidade adolescente e me perguntava: como Deus me vê? Criativa, inteligente ou ingênua? Conhecedora das realidades ou aprendiz da vida? O incrível é que, ainda hoje, lembro desse pátio dominada pela certeza de que, seja qual for a situação, Deus me vê.
Lendo “A República” de Platão, obra que ultrapassa seu próprio tempo com sua grandeza e atualidade filosófica eu me deparo com a Lenda do Anel de Giges, sobre um pastor da região da Lídia na Grécia antiga. A narrativa de Platão nos conduz a uma reflexão sobre a questão do SER ou apenas PARECER uma pessoa justa e de caráter firme. A lenda nos conta que o jovem lídio ao pastorear seu rebanho de repente se encontra no meio de uma violenta tempestade seguida de um terremoto abrindo-se em consequência uma fenda enorme no solo. Curioso o pastor desceu ao fundo do precipício descobrindo com grande assombro um cavalo de bronze oco e com largas rachaduras em seu corpo deixando ver maravilhas no seu interior e ao lado um cadáver de tamanho incomum para um homem. Trazia na mão um anel de ouro do qual se apoderou partindo sem nada mais levar. Em seguida se encaminhou para a reunião dos pastores e lá, inadvertidamente, girou o engate do anel para a direita e depois para a esquerda percebendo após algumas repetições desse gesto que se tornava invisível ao olhar dos outros. Ciente disso usou esta prerrogativa para agir de modo torpe e cruel, em nada o diferenciando do mau.
Platão nos leva a pensar sobre ser justo e bom, ou simplesmente parecer justo e bom. Todo indivíduo acha que parecer injusto é mais vantajoso do que ser justo? A extrema injustiça para o filósofo grego consiste em parecer justo não o sendo, enquanto o justo, homem simples e generoso deseja, não parecer, mas ser justo e bom e se manter assim inabalável até a morte. Quem é o mais feliz dos dois? Deixemos com a consciência de cada um a resposta.
O que aprendi é que a firmeza de caráter deve ser formada desde a infância e com muito cuidado. Não apenas porque Deus me vê, mas porque a educação deve ser tingida de cor púrpura, bem preparada no tecido branco e na tinta para que o tempo não venha a desbotá-la em nenhuma circunstância. De posse do conhecimento, cada um deve fazer suas escolhas na hora da ação.
Ao não imprimir a marca da educação e agindo de modo a tentar enganar-se a si mesmo apenas parecendo bom, terá mais cedo ou tarde a certeza de que Deus nos vê a todos e em todo momento.
A firmeza do caráter que foi tingido com cuidado, forjado na educação das virtudes modela a alma com a marca indelével que o educador imprimiu.
Para Dona Ruth e Prof. José Newton
* T. Lisieux Maia é Mestra em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal do Ceará - UFC e Professora de Filosofia na Unifor. Publicou os livros “Metodologia Básica”, “Reminiscências de Sócrates”, “Que ë Filosofia? (ou ainda, filosofar?)”, “Metodologia Científica: produção de texto técnico” os artigos “Nietzsche: a fronteira entre o ateísmo e o agnosticismo” e “Antígona: o trágico da ação e o aprendizado de si”.
Chico Buarque
Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem
Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
Por que me faz tão mal
Com olhos tão azuis
Me benzo com o sinal
Da santa cruz
Eu só cheguei no açude
Atrás da sabiá
Olhava o arvoredo
Eu não olhei Sinhá
Se a dona se despiu
Eu já andava além
Estava na moenda
Estava para Xerém
Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz
E assim vai se encerrar
O conto de um cantor
Com voz do pelourinho
E ares de senhor
Cantor atormentado
Herdeiro sarará
Do nome e do renome
De um feroz senhor de engenho
E das mandingas de um escravo
Que no engenho enfeitiçou Sinhá
Se Eu Soubesse (part. Thais Gulin)
Chico Buarque
Ah, se eu soubesse não andava na rua
Perigos não corria
Não tinha amigos, não bebia, já não ria à toa
Não ia enfim
Cruzar contigo jamais
Ah, se eu pudesse te diria, na boa
Não sou mais uma das tais
Não vivo com a cabeça na lua
Nem cantarei: eu te amo demais
Casava com outro, se fosse capaz
Mas acontece que eu saí por aí
E aí, larari, lairiri
Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais
Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz
Mas acontece que eu sorri para ti
E aí, larari, lairiri
Pom, pom, pom..
Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais
Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz
Mas acontece que eu sorri para ti
E aí, larari, lairiri
Por Chagas
parece uma coisa
mas toda vez que penso nela
o céu fica mais limpo
e as músicas que mais amei
voltam ao meu pensamento
tenho vontade de dançar
mas eu não sei
o mar do meu coração se acalma
dá pra sentir as águas mansas
roçando na areia
devagar devagar devagar
num beijo que nunca acaba
e se estende por uma vida e meia
as luzes da cidade dão o aviso
de que a noite vem vestida toda
com aquela aura de loucura
em que todos os desatinos se cometem
por aqueles que não se cansam
eu entre eles
e se perdem numa vã procura
parece uma coisa
mas toda vez que penso nela
brota uma flor do meu peito
e isso não tá direito...
domingo, 1 de julho de 2012
Final - Por José de Arimatéa dos Santos
Momentos a divagar,
Pensamentos ao longe
Num fantasiar
A vida de coragem
O passado e o presente
Confundem-se em vão
Numa conexão mormente
De pensamentos sem coloração
O caminho é incrogruente!
Essa é a vida, normal
De quem vive cada momento presente
Certo do beijo da mulher amada no final
Pensamentos ao longe
Num fantasiar
A vida de coragem
O passado e o presente
Confundem-se em vão
Numa conexão mormente
De pensamentos sem coloração
O caminho é incrogruente!
Essa é a vida, normal
De quem vive cada momento presente
Certo do beijo da mulher amada no final
"DILMA": depoimento pungente - José Nilton Mariano Saraiva
Três equipes de interrogatório se revezavam no DOI-Codi da rua Tutóia. Dilma caiu no turno do capitão BENONI DE ARRUDA ALBERNAZ (grifo nosso), citado 15 vezes como torturador no levantamento de processos em auditorias militares que deu base ao livro “Brasil: nunca mais”. A equipe do capitão ALBERNAZ era a mais temida pelos presos da Tutóia.
Uma única vez Dilma falou sobre as torturas que sofreu: no fim de 2003, quando o jornalista Luiz Maklouf Carvalho a procurou para corrigir e atualizar seu livro “Mulheres que foram à luta armada”, publicado em 1998. Em 21 de junho de 1995, quando Lula a indicou para a Casa Civil, a Folha de São Paulo publicou trechos do que Dilma disse na ocasião ao autor do livro. Confira, abaixo:
-Entrei no pátio da Operação Bandeirante e começaram a gritar “mata”, “tira a roupa”, “terrorista”, “filha da puta”, “deve ter matado muita gente” (...) A pior coisa que tem na tortura é esperar, esperar para apanhar. Eu senti ali que a barra era pesada. E foi. Também estou lembrando muito bem do chão do banheiro, do azulejo branco. Porque vai formando crosta de sangue, sujeira, você fica com um cheiro...
POR ONDE A TORTURA COMEÇOU ? - Palmatória, levei muita palmatória.
QUEM TORTURAVA ? - O ALBERNAZ e o substituto dele, que se chamava Tomás. Eu não sei se é nome de guerra. Quem mandava era o ALBERNAZ, quem interrogava era o ALBERNAZ. O ALBERNAZ batia e dava soco. Ele dava muito soco nas pessoas. Ele começava a te interrogar. Se não gostasse das respostas, ele te dava saco. Depois da palmatória eu fui pro pau de arara.
DÁ PRA RELEMBRAR ? - Mandaram eu tirar a roupa. Eu não tirei porque a primeira reação é não tirar, pô. Eles me arrancaram a parte de cima e me botaram com o resto no pau de arara. Aí começou a prender a circulação. Um outro xingou não sei quem, aí me tiraram a roupa toda. Daí, me botaram outra vez.
COM CHOQUES NAS PARTES GENITAIS, COMO ACONTECIA ? - Não, isso não fizeram. Mas fizeram choque, muito choque, mas muito choque. Eu lembro, nos primeiros dias, que eu tinha uma exaustão física, que eu queria desmaiar, não agüentava mais tanto choque. Eu comecei a ter hemorragia.
ONDE ERAM ESSES CHOQUES ? - Em tudo quanto é lugar. Nos pés, nas mãos, na parte interna das coxas, nas orelhas. Na cabeça é um horror. No bico do seio. Botavam uma coisa assim, no bico do seio, uma coisa que prendia, segurava. Aí cansavam de fazer isso porque tinha de ter um envoltório pra enrolar, e largavam. AÍ VOCÊ SE URINA, VOCÊ SE CAGA TODO, VOCÊ...
QUANTO TEMPO DEMORAVA UMA SESSÃO DESSAS ? - Nos primeiros dias, muito tempo. A gente perde a noção. Você não sabe quanto tempo nem que tempo é. Sabe por quê ? Porque para, e quando para não melhora, porque ele fala o seguinte: “Agora você pensa um pouco”, Parava, me retiravam e me jogavam nesse lugar de ladrilho, que era um banheiro no primeiro andar do COI-Codi. Com sangue, com tudo. Te largam. Depois você treme muito, você tem muito frio. Você está nu, né ? É muito frio. Aí voltava. Nesse dia foi muito tempo. Teve uma hora em que eu estava em posição fetal.
DÁ PRA PENSAR EM RESISTIR ? - A forma de resistir era dizer comigo mesma: “Daqui a pouco em vou contar tudo o que sei”. Falava pra mim mesma. Aí passava um pouquinho. Mais um pouco. E você vai indo. Você não pode imaginar que vai durar uma hora, duas. Só pode pensar no daqui a pouco. Não pode pensar na dor.
A SENHORA AGUENTOU ? - Eu agüentei. Não disse nem onde eu morava. Não disse quem era o Max (Carlos Araújo). Não entreguei o Breno (Carlos Alberto Freitas), porque tinha muito dó. Primeiro, eu não queira que meus companheiros estivessem numa situação daquelas. Segundo, eu tinha medo que alguns deles morressem.
PALMATÓRIA, PAU DE ARARA, CHOQUE, O QUE MAIS ? - Não comer. O frio. A noite. Eles te botam na sala e falam: “Daqui duas horas em volto pra te interrogar”. Ficar esperando a tortura. Tem um nível de dor que você apaga, em que você não agüenta mais. A dor tem que ser infligida com controle deles. Eles têm que demonstrar que têm o poder de controlar a tua dor.
"Excrescência" - José Nilton Mariano Saraiva
O “aval” parte de quem deveria dá o exemplo: os integrantes do Poder Judiciário brasileiro. Quando algum dos seus integrantes comete algum ilícito passível de demissão sumária ou coisa parecida (lembram do Juiz, lá de Sobral, que foi flagrado pelas câmaras de segurança de um supermercado “executando” um pobre vigilante à queima-roupa ???) ou mesmo quando há consistentes suspeitas sobre - e isso tem sido recorrente – de pronto o envolvido (hipocritamente tido como “suspeito”, mesmo o vídeo mostrando o “assassinato”) é simplesmente “aposentado compulsoriamente” e com rendimentos integrais. Ou seja, não paga pelo mal feito e ainda passará o resto da vida sem qualquer preocupação em conseguir outra atividade que lhe permita conseguir o ganha-pão diário, diferentemente de qualquer mortal comum, que tem que “ralar” quando, por exemplo, vai pro olho da rua (perde o emprego).
Pois bem, todos tomamos conhecimento que, após anos e anos de soberba e abusos à frente da CBF - Confederação Brasileira de Futebol, entidade privada que gere o futebol nacional, o arrogante e prepotente senhor Ricardo Teixeira, sucessor do sogro João Havelange, foi obrigado a abdicar do trono e se mandar às pressas (fugir) para os Estados Unidos (hoje mora em Miami) antes que fosse preso e trancafiado, em razão da descoberta da “farra” monumental patrocinada durante todo o seu reinado, com o dinheiro da entidade, a ponto de tornar-se um dos homens mais ricos do Brasil (corrupção, tráfico de influência, propinas e por aí vai).
O que poucos sabem é que, antes de sair, o referido senhor (que como presidente da entidade faturava R$ 98.000,00, afora as mordomias de praxe) conseguiu com o seu substituto, senhor José Maria Marin, ser contratado como “consultor” da CBF, para assuntos internacionais na área futebolística, percebendo a “esmola” de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) mensais, limpos.
Aliás, tal “excrescência” também se deu recentemente na arena política cearense, quando o Governador do Estado do Ceará e presidente regional do PSB, senhor Cid Gomes, “nomeou” o irmão-desempregado, Ciro Ferreira Gomes, “consultor” para assuntos políticos, certamente que com uma remuneração nada desprezível.
E ainda têm a desfaçatez de falar em moral e ética.
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