por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Para Ismênia Maia - por socorro moreira



amiga,
aquele poema que o vento levou,
que de tão leve deixastes escapar
era tua alma clamando o amor
lembrando-te que a razão
também em vãos, às vezes se distraí!

eu também tenho dessas fases
dá um branco, no papel em branco
as letras se escondem de mim
e os sentimentos confusos,
ficam resfriados,
e enrouquecidos,
não sabem falar.

amiga,
que informava a melodia
que solfejava o canto italiano,
e sem dizer o nome da matéria,
anotava no caderno
máximas de filosofia

não entendia tudo,
na tua letra minúscula,
que ocupava blocos e aerogramas...
eram cartas de amor
que seguaim pelos ares,
esperando a respostas

também peguei a mania de escrever...
um dia era um bilhete
outro dia uma encíclica...
noutros tempos viraram memorandos
depois silenciaram,
e exigiram vida !

(socorro moreira)


A poesia de Rabindranath Tagore - José do Vale Pinheiro Feitosa


Rabindranath Tagore recebeu a denominação de Gurudev que associa a palavra Guru (professor, o maior, o mestre, o orientador, etc.) a Dev(a) que significa mente grande. Em 1969 a palavra composta Gurudeva (que é a mesma coisa de Gurudev) ficou conhecida mundialmente pela canção Across the Universe de John Lennon e lançada no álbum dos Beatles em dezembro daquele ano com o título No One´s Gonna Change Our World. A frase que carrega a palavra: Jai Guru deva om.

Tagore foi o maior poeta moderno da Índia e o gênio mais criativo da renascença indiana. Ele reformulou a literatura e a música “bengole”, no final do século XIX e início do século XX.

“Se não falas”

Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.

A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.

Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.


“Verdades”

Roubo do hoje a força
Fazendo nascer o amanhã.
Da janela acompanho com olhar
As nuvens do céu.
De novo a sombra sinistra
Tolda tristemente meus sonhos.

Tua imagem me acompanha
Por todos os lugares por onde ando.
E em todos os momentos
É a tua presença que espanta
As brumas do desconhecido.

Não faço perguntas.
Tenho medo das respostas que já sei.
Liberta do invólucro físico
Devolverei a matéria ao pó do que fora feito.

Vivi meus três caminhos na terra.
Purgatório. Inferno. Céu.
Tudo de acordo com meus projetos,
Minhas atitudes,
Procurando não cair nos mesmos erros.

Agora – vago e espero
Entre tropeços e flagelos
O ressurgir da verdade.

“Se me é negado o amor”

Se me negado o amor, por que, então, amanhece;
Por que sussurra o vento do sul entre as folhas recém nascidas
Se me é negado o amor, por que, então,
A noite entristece com nostálgico silêncio as estrelas?

E por que este desatinado coração continua,
Esperançado e louco, olhando o mar infinito?

“Flor de Lótus

No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu em mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de Saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente do verão, procurando completar-me
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.


“Meditação”

O amanhã pertence a nós!
Ó Sol, levanta-te sobre os corações que sangram
E desabrocharam como flores na manhã,
E também sobre o banquete do orgulho,
Ontem iluminado por tochas, e hoje reduzido a cinzas...

quarta-feira, 4 de julho de 2012


Feliz aniversário, Carla Bonates!

Carla, Victor, e Caio
Muitas alegrias , nesta nova idade.
Abraços! 
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Monteiro Lobato



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


José Bento Renato Monteiro Lobato (Taubaté, 18 de abril de 1882 – São Paulo, 4 de julho de 1948)[1] foi um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX. Foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções. Seguido a seu precursor Figueiredo Pimentel ("Contos da Carochinha") da literatura infantil brasileira, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária. A outra metade, consistindo de contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, um livro sobre a importância do petróleo e do ferro, e um único romance, O Presidente Negro, o qual não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças, que entre as mais famosas destaca-se Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933) e O Picapau Amarelo (1939).

Contista, ensaísta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor.

Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis.

Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil.

Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos.

Escreveu ainda outras incríveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho.

Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras.

terça-feira, 3 de julho de 2012


PROAE criará canal de dialogo com o movimento estudantil da URCA



Pró-reitor Berilo Barroso 

As reivindicações  e demandas do movimento estudantil da URCA  terá um canal de interlocução  com a administração da Instituição, através do Projeto “Escuta” que será desenvolvido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PROAE.

Para o pró-reitor da PROAE, o professor Berilo Barroso a ideia surgiu a partir da necessidade de  aproximação  dos alunos como forma de compreender as  necessidades e lutas dos estudantes dentro da Instituição. Ele destaca que essa é uma forma de propiciar também o dialogo com outros segmentos da instituição visando minimizar os problemas e atender as demandas do movimento estudantil.  

O Escuta deverá será realizando pelos Centros Acadêmicos e estudantes dos Grupos de Estudos e Pesquisas da URCA. A ideia inicial é que seja realizado mensalmente nos diversos campus da Instituição.  

O que é  Escuta?
O Escuta é um mecanismo de construção/ dialogo/formação/informação e troca de ideias    da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PROAE da Universidade Regional do Cariri – URCA com o Movimento Estudantil, representado através dos Centros Acadêmicos e dos Grupos de Estudos e Pesquisas desta IES.
O Escuta visa garantir um canal de protagonismo do Movimento Estudantil  que possibilite que as  suas reivindicações e demandas sejam  recebidas  pela PROAE e que a mesma sirva como elo de interlocução com as demais instâncias da instituição.
A intenção é que o Escuta possa promover o debate sobre o papel da Assistência Estudantil e a função social da Universidade Pública.         

Como vai funcionar?
A Pró-Reitoria de Assuntos de Estudantis – PROAE convidará os representantes dos Centros Acadêmicos de todos os cursos e representantes de alunos  em  grupos de estudos e pesquisas  desta IES para pensar o processos de construções  do Escuta.
A ideia inicial é que ele seja realizado  em encontros mensais  em campus diferentes da Instituição como forma de contemplar a descentralização da PROAE.  

Inicio?
Os trabalhos do Escuta foram iniciados em julho/2012 e o primeiro encontro está previsto para agosto deste ano.

Serviço:
Projeto Escuta
Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PROAE – URCA Campus Pimenta  
Email: proae@gmail.com  e proae@urca.br (88) 3102-1208


Everardo Norões- Grande escritor e poeta cratense!


EVERARDO NORÕES

w. b.
ou
os dez caminhos da cruz

1
na universidade

ninguém na universidade
dar-lhe-ia abrigo
o curriculum
não lhe abriria o portão
nenhuma chave se moveria
ao que busca escancarar
a cela do futuro
ali penetrará
quem dominar ofícios
graduar pontuações
estilhaços do cristal da vida
aludiriam ao haxixe às 7 da noite
num pequeno quarto
no centro de Marselha
pensamentos suspensos em brinquedos
os choques das multidões
lidos como formas preponderantes das sensações
e a denúncia de bienais exposições
louvores à mercadoria fetiche
perguntariam com que passaporte
preencheria o questionário
de algum departamento
o código para desmontar
a astronomia dos livros
lançados pelos bulevares de Paris
que reitor se sublevaria
contra os anátemas de frankfurt
sem guerra ou o trovejar
de trombetas messiânicas
nenhum narrador
desfolharia sua história
mesmo se encontrasse no caminho
um monte de pedras de um cemitério
na fronteira de espanha
ou o anjo de paul klee
a anunciar a ventania do progresso

2
na política

nenhum partido
defloraria sua ficha de inscrição
nunca seria o anão enfurnado
na jaula dos espelhos
a manipular no jogo de xadrez
a alquimia da trapaça
a imagem autêntica do passado
é um raio
diz
e a verdade imóvel não traduz
a matéria da história
daí o quarto de uma só janela
os dias corroídos
pelo sal de ibiza
a fuga pelas escarpas dos pirineus
a tempestade a afugentar os anjos
e a lançar seus escombros
sobre a caligrafia
do último justo

3
no supermercado

somente ele
enxergaria as formas do humano
detrás das prateleiras
dos supermercados
ou descobriria
no diálogo das mercadorias
a mímica das massas
entre passantes
somente ele
seria capaz de ouvir
sinfonias de goethe
aprisionadas nos códigos de barras
ou as estrofes de mahler
nos pregões
do vendedor de pipocas

4
no apartamento

ninguém lhe daria guarida
no estojo onde se desfiam
as ilusões técnicas
dos múltiplos perfis do homem
nenhum engenheiro perceberia
a equação do desmoronamento
no núcleo abissal dos edifícios
apenas ele ouviria de noite
o rio a soluçar baixinho
sob o travesseiro
e na mais alta copa da cidade
haveria de sonhar
enormes formigas
a mastigarem
as folhas do desterro

5
no cinema

ninguém lhe convidaria
ao cinema
através das escuras lentes
avistaria os artefatos técnicos
concebidos para destruir
os desígnios da aura
então deixaria o escuro
da sala de projeção
pequenas mãos a ajeitarem
o óculos de míope
embaçado pelo ar-condicionado
a sensação
de nunca ter sido capaz
de recompor a cabeça
da vitória de samotrácia

6
na varanda

somente ele
enxergaria a cidade
despontar
como um campo minado
numa apoteose de foguetes
a ameaçarem
o céu
oh
ele diz
aqui neste chão discursou um pássaro
havia uma muralha a proteger
a comunhão dos santos
e eis que do outro lado das vitrines
ninguém conseguirá resgatar
o objeto da salvação

7
no parque

ninguém sentaria ao seu lado
num banco de jardim
para observar o bem-te-vi
atacar o gavião
e descobrir
no esvoaçar dos pássaros
o segredo da
luta de classes

8
na escola

ninguém o chamaria de mestre
com seu paletó puído
e o caminhar do errante
sentaria no último banco
um logotipo de fogo luziria na sala
crianças manipulariam
teclados de tabuletas
onde letras se desmontam
no abismo das apóstrofes
e peixes destilam anúncios
do último aplicativo eletrônico
aqui ninguém estaria a salvo
pensa
nenhuma cartilha
desarticularia
a vértebra dos dias
nenhum link
desdobraria
o auriflama das idéias
onde se refugia
o soluçar do nome

9
na livraria

ninguém entraria
numa livraria
para interpretar desenhos de capas
o evoluir das mãos no ventre dos livros
veria cadeiras no teto
de onde pende o fio
a comandar a vida dos bonecos
indagaria sobre a saúde mental
das estantes
a fluidez dos signos
sobre o minúsculo lago eletrônico
perguntaria em que colina
se perdera o narrador
sentaria numa poltrona
e passearia os dedos
entre histórias em quadrinhos
a aguardar o toque de finados
da igreja da Madre de Deus

10
sob a marquise

ninguém se deitaria à noite
sob a marquise
para ouvi-lo contemplar
o outro lado das constelações
apenas três crianças
a cheirar cola
se aproximariam para perguntar
que deserto existe
além do mais alto céu
a resposta seria sufocada
por gritos
urros
latidos de cachorros
posto contra o muro
arrancar-lhe-iam
lápis e os coloridos cadernos
de anotações
nos anúncios das avenidas
vislumbraria uma cruz
a atravessar um horizonte de bêbados
e em meio ao cheiro de vômito e urina
descobriria que restara
no bolso do casaco
vinte gramas de cianureto de potássio

EVERARDO NORÕES

Nasceu no Crato, Ceará, em 1944. É autor de Poemas argelinos (Pirata, 1981); Poemas (Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2000), vencedor do Prêmio Literário Cidade do Recife; A rua do Padre Inglês (7Letras, 2006); e Poeiras na réstia (7Letras, 2010), entre outos. Organizou a obra completa do poeta recifense Joaquim Cardozo (Nova Aguilar, 2010) e antologias (das quais também é tradutor) de poesia peruana, do mexicano Carlos Pellicer, do italiano Emilio Coco e de poetas franceses contemporâneos. Em 2011, seus poemas figuraram na Antología de poetas brasilenõs actuales, da editora espanhola Paralelosur. Seu livro de contos Entre moscas (no prelo) venceu o Prêmio Literário Cidade de Manaus 2011.

Por Eirípedes Reis


Eu estou de saco cheio com a MPB atual. Sei que tô ficando velho, meio saudosista, mas como eu disse outro dia, não aguento mais o Michel Teló, o Luan Santana. Eu tenho um conhecido (não chega a ser meu amigo, porque amigo para mim é coisa muito especial) chamado Vicente Barreto. Ele é da turma do Tom Zé. É um baiano nascido em Sagadelha (mais ou menos uns 200km distante de Salvador). Ele é um compositor interessante. Veja uma das musicas dele (que, inclusive, foi gravada pelo Ney Matogrosso). Compartilho com voces.


A Cara do Brasil

Vicente Barreto

Eu estava esparramado na rede
"jeca urbanóide" de papo pro ar
me bateu a pergunta, meio à esmo:
na verdade, o Brasil o que será?
O Brasil é o homem que tem sede
ou quem vive da seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo
o que vai é o que vem na contramão?

O Brasil é um caboclo sem dinheiro
procurando o doutor nalgum lugar
ou será o professor Darcy Ribeiro
que fugiu do hospital pra se tratar

A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
decerto então nunca vai dar

O Brasil é o que tem talher de prata
ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come
o Brasil gordo na contradição?
O Brasil que bate tambor de lata
ou que bate carteira na estação?
O Brasil é o lixo que consome
ou tem nele o maná da criação?

Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho
é o Brasil zero a zero e campeão
ou o Brasil que parou pelo caminho:
Zico, Sócrates, Júnior e Falcão

O Brasil é uma foto do Betinho
ou um vídeo da Favela Naval?
São os Trens da Alegria de Brasília
ou os trens de subúrbio da Central?
Brasil-Globo de Roberto Marinho?
Brasil-Bairro: Carlinhos-Candeal?
Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas
ou quem das ilhas vê o Vidigal?

O Brasil encharcado, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista?
Qual a cara da cara da nação?






segunda-feira, 2 de julho de 2012

"Quem" ??? – José Nilton Mariano Saraiva

Da passagem dos "sobralenses" Ferreira Gomes pelo Crato a fim de participar da convenção do partido que definiria o candidato do PSB que concorrerá à prefeitura da cidade,  uma dúvida atroz “pintou no pedaço”: afinal, "quem" governa o glorioso Estado do Ceará ??? O irmão mais novo, Cid, que foi eleito democraticamente e tá lá sentado no trono, ou o irmão mais velho, Ciro, que já faz tempo se acha desempregado, porquanto reprovado pelo povo nas urnas ???  Ou teríamos um governador “oficial” e um outro “oficioso” ???
Fato é que, quando foi questionado sobre a “inoportunidade” da aplicação de uma montanha de dinheiro na construção do tal “aquário”, em Fortaleza, ao invés de priorizar a Educação (em estado pré-falimentar em todo o Estado), o Governador viu-se literalmente “atropelado” pelo irmão mais velho, que, de forma deseducada, descabida e atabalhoada, teria afirmado que a questão do “aquário” era com ele, que ele seria o responsável pela sua construção, não tinha satisfações a dá a ninguém e PT saudações; ato seguinte, possessivo e descontrolado, desceu do palanque e partiu pra cima dos estudantes da URCA, que no seu entendimento estariam perturbando o ambiente (naturalmente que só o fez sabendo-se cercado de um exército de parrudos seguranças, já que sozinho não teria coragem pra tal). Ou não é recorrente essa sua valentia sob tais condições ???
O que se espera é que a universitária da URCA, Jeani Matias Costa, que se disse agredida pelo senhor Ciro Gomes e registrou “Boletim de Ocorrências” a respeito, não abra mão do seu direito de defesa e, junto com o Sindicato da categoria, acompanhe “pari-passu” o desenrolar da questão, não permitindo que interferências de cunho político (e elas vão se fazer presente, sim) abortem o andamento do respectivo processo legal junto  à esfera competente (policial) acionando, se necessário, o próprio Ministério Público Federal.
Afinal, já passou da hora de se dá um basta nas bravatas dessa figura que os áulicos vivem a rotular de “valente e corajoso”, mas que, emocionalmente instável, rédea pequena e pavio curto, já mostrou, em diversas ocasiões, não ter condição de conviver democraticamente com os diferentes.
A propósito, não custa lembrar que, ao alvorecer do próximo mês de agosto Ciro Gomes deverá comparecer ao Fórum Clóvis Bevilaqua, aqui em Fortaleza, a fim de, diante das autoridades competentes, prestar esclarecimentos sobre sua afirmação pública de que os militares em greve não passavam de “MARGINAIS FARDADOS” e “BANDIDOS QUE NÃO HONRAVAM A FARDA”.
Tai, nunca votamos nos Ferreira Gomes nem no Tasso Jereissati (e disso nos orgulhamos), mas se referido senhor confirmar/reafirmar tudo o que disse não teremos a menor dúvida em sufragá-lo para qualquer cargo que se candidatar... ad eternum.    

  

Deus me vê- T. Lisieux Maia*



Estudei em um colégio que nos apresentava uma educação rígida e competente, ética e reflexiva, séria e afetuosa. No pátio do recreio no alto da parede havia escrito em letras graúdas, a frase: “Deus me vê”. Sempre que lia este aforismo ele me levava a refletir com toda minha imaturidade adolescente e me perguntava: como Deus me vê? Criativa, inteligente ou ingênua? Conhecedora das realidades ou aprendiz da vida? O incrível é que, ainda hoje, lembro desse pátio dominada pela certeza de que, seja qual for a situação, Deus me vê.
Lendo “A República” de Platão, obra que ultrapassa seu próprio tempo com sua grandeza e atualidade filosófica eu me deparo com a Lenda do Anel de Giges, sobre um pastor da região da Lídia na Grécia antiga. A narrativa de Platão nos conduz a uma reflexão sobre a questão do SER ou apenas PARECER uma pessoa justa e de caráter firme. A lenda nos conta que o jovem lídio ao pastorear seu rebanho de repente se encontra no meio de uma violenta tempestade seguida de um terremoto abrindo-se em consequência uma fenda enorme no solo. Curioso o pastor desceu ao fundo do precipício descobrindo com grande assombro um cavalo de bronze oco e com largas rachaduras em seu corpo deixando ver maravilhas no seu interior e ao lado um cadáver de tamanho incomum para um homem. Trazia na mão um anel de ouro do qual se apoderou partindo sem nada mais levar. Em seguida se encaminhou para a reunião dos pastores e lá, inadvertidamente, girou o engate do anel para a direita e depois para a esquerda percebendo após algumas repetições desse gesto que se tornava invisível ao olhar dos outros. Ciente disso usou esta prerrogativa para agir de modo torpe e cruel, em nada o diferenciando do mau.
Platão nos leva a pensar sobre ser justo e bom, ou simplesmente parecer justo e bom. Todo indivíduo acha que parecer injusto é mais vantajoso do que ser justo? A extrema injustiça para o filósofo grego consiste em parecer justo não o sendo, enquanto o justo, homem simples e generoso deseja, não parecer, mas ser justo e bom e se manter assim inabalável até a morte. Quem é o mais feliz dos dois? Deixemos com a consciência de cada um a resposta.
O que aprendi é que a firmeza de caráter deve ser formada desde a infância e com muito cuidado. Não apenas porque Deus me vê, mas porque a educação deve ser tingida de cor púrpura, bem preparada no tecido branco e na tinta para que o tempo não venha a desbotá-la em nenhuma circunstância. De posse do conhecimento, cada um deve fazer suas escolhas na hora da ação.
Ao não imprimir a marca da educação e agindo de modo a tentar enganar-se a si mesmo apenas parecendo bom, terá mais cedo ou tarde a certeza de que Deus nos vê a todos e em todo momento.
A firmeza do caráter que foi tingido com cuidado, forjado na educação das virtudes modela a alma com a marca indelével que o educador imprimiu.

Para Dona Ruth e Prof. José Newton

* T. Lisieux Maia é Mestra em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal do Ceará - UFC e Professora de Filosofia na Unifor. Publicou os livros “Metodologia Básica”, “Reminiscências de Sócrates”, “Que ë Filosofia? (ou ainda, filosofar?)”, “Metodologia Científica: produção de texto técnico” os artigos “Nietzsche: a fronteira entre o ateísmo e o agnosticismo” e “Antígona: o trágico da ação e o aprendizado de si”.



Sinhá
Chico Buarque

Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem

Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
Por que me faz tão mal
Com olhos tão azuis
Me benzo com o sinal
Da santa cruz

Eu só cheguei no açude
Atrás da sabiá
Olhava o arvoredo
Eu não olhei Sinhá
Se a dona se despiu
Eu já andava além
Estava na moenda
Estava para Xerém

Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz

E assim vai se encerrar
O conto de um cantor
Com voz do pelourinho
E ares de senhor
Cantor atormentado
Herdeiro sarará
Do nome e do renome
De um feroz senhor de engenho
E das mandingas de um escravo
Que no engenho enfeitiçou Sinhá


Se Eu Soubesse (part. Thais Gulin)
Chico Buarque

Ah, se eu soubesse não andava na rua
Perigos não corria
Não tinha amigos, não bebia, já não ria à toa
Não ia enfim
Cruzar contigo jamais

Ah, se eu pudesse te diria, na boa
Não sou mais uma das tais
Não vivo com a cabeça na lua
Nem cantarei: eu te amo demais
Casava com outro, se fosse capaz

Mas acontece que eu saí por aí
E aí, larari, lairiri

Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais

Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz

Mas acontece que eu sorri para ti
E aí, larari, lairiri
Pom, pom, pom..

Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais

Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz

Mas acontece que eu sorri para ti
E aí, larari, lairiri

Um filme interessante!





Música maravilhosa :Petite Fleur !

Por Chagas


parece uma coisa
parece uma coisa
mas toda vez que penso nela

o céu fica mais limpo
e as músicas que mais amei
voltam ao meu pensamento
tenho vontade de dançar
mas eu não sei

o mar do meu coração se acalma
dá pra sentir as águas mansas
roçando na areia
devagar devagar devagar
num beijo que nunca acaba
e se estende por uma vida e meia

as luzes da cidade dão o aviso
de que a noite vem vestida toda
com aquela aura de loucura
em que todos os desatinos se cometem
por aqueles que não se cansam
eu entre eles
e se perdem numa vã procura

parece uma coisa
mas toda vez que penso nela
brota uma flor do meu peito
e isso não tá direito...

Dialética - por Viniciíus de Moraes


É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...