por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 11 de abril de 2014

Carta de um Rei para outro Rei - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

A Armênia é um pequeno e milenar país da Ásia, sem saída para o mar, tendo o seu território apenas 30.000 km quadrados de área, após perder aproximadamente nove décimos de seu território original para o império otomano e também para a extinta União Soviética, que a anexou, como uma de suas repúblicas comunistas, numa prova de que os grandes países absorvem as nações mais pobres e menores em sua insaciável sede de poder, desde tempos imemoriáveis.   

Como todo país milenar, a Armênia é repleta de lendas. Entre as perdas territoriais que o país sofreu, encontra-se o Monte Ararat de 5.165m de altitude, atualmente pertencente à Turquia, que segundo o relato  bíblico foi o local onde aportou a Arca de Noé. (Gen, 8,4). Aliás, devido a fertilidade e beleza do Vale de Arax e da região de Van existe uma teoria entre o povo armênio, de que o Jardim do Éden era lá na Armênia.

No mundo artístico brasileiro, a atriz Aracy Balabanian é filha de Armênios, que fugiram do pais para o Brasil, quando houve um grande genocídio na Armênia, conseqüência da invasão do império Turco-otomano nos anos entre 1921 e 1923.

Nos primeiros anos do Século I, reinava na Armênia o rei Abgar. Segundo uma tradição armênia resgatada pelo cronista Agatangueghós, o rei foi acometido de uma doença tida como incurável pela insipiente medicina da época. Ouvindo falar de um poderoso profeta que percorria as margens do Rio Jordão, pregando o amor e curando doentes, devolvendo a visão aos cegos, a audição aos surdos e a voz aos mudos, o rei escreveu uma carta a Jesus pedindo que ele viesse até Edessa sua cidade, para curá-lo. A carta foi enviada por um mensageiro real e entregue ao destinatário poucos dias antes da paixão. Por meio do apóstolo Tomé, Jesus respondeu ao rei que não poderia ir curá-lo pessoalmente, mas que enviaria um de seus discípulos. Segundo a tradição armênia, o mensageiro retornou com essa resposta e uma imagem de Jesus estampada em um lenço.

Logo após a ressurreição de Jesus, o apóstolo Judas Tadeu chegou à Edessa e curou o rei Abgar. Em seguida, percorreu todo o país falando sobre Jesus e pregando sua mensagem. Converteu muitas pessoas ao cristianismo e realizou o batismo de adultos e crianças.   

O sucessor do rei Abgar perseguiu os cristãos, tendo mandado a assassinar apóstolo Tadeu e muitos dos que haviam aderido à nova religião, inclusive sua própria filha Sandujt, que havia se convertido ao cristianismo.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Fonte: Revista Família Cristã, N° 940; pág. 79



segunda-feira, 7 de abril de 2014


BYE BYE, BYRON – José Nilton Mariano Saraiva

Ao contrário do que pensam alguns, Byron Queiroz não infelicitou a vida apenas e tão somente dos funcionários (ativos e aposentados) do BNB. Basta conversar com quem teve o infortúnio de trabalhar sob seu tacão para constatar que por onde passou (tanta na iniciativa privada, como na função pública), sempre se portou de forma autocrática, desagregadora, desrespeitosa, insensível e inescrupulosa, principalmente com os da base da pirâmide. Com os superiores era diferente, porquanto já aquela época se especializara em manipular números, fraudar balanços, trafegar na ilegalidade, em prol da empresa à qual prestava serviços. Tanto é que, quando assumiu o BNB, numa reunião com os graduados da instituição, de forma sarcástica e debochada acusou-os de incompetentes e despreparados, já que conseguira viabilizar empréstimos do Banco para a tal empresa, apresentando balanços fraudados. Essa era a prova, regozijava-se, de que o quadro técnico do BNB era fraco.

Já no exercício da presidência do BNB, não tinha nenhum escrúpulo de “peitar” os auditores independentes, exigindo que o Balanço da instituição fosse estruturado à sua maneira, fugindo léguas das determinações emanadas dos dispositivos dos órgãos competentes (Banco Central, Conselho Federal de Contabilidade, Tribunal de Contas da União e Comissão de Valores Mobiliários). Tanto é verdade que, além dos recorrentes pareceres adversos da Auditoria Independente, o Ministério Público Federal num dos seus relatórios, fulminou: “...partiram de Byron Queiroz todas as diretrizes para a adulteração dos resultados nos registros contábeis do Banco” já que “...determinava quanto e como deveria ser o resultado dos demonstrativos contábeis do BNB e os demais (subalternos) encarregavam-se de operacionalizar as fraudes” (tudo isso foi confirmado por um dos seus Diretores, após briga intestina).

Graças à solidez e consistência das denúncias dos aposentados do BNB (que ele rotulara de despreparados) foi condenado pela Justiça Federal do Ceará em dois processos (14 anos de prisão, em cada um deles), mas, por injunções políticas da cúpula do PSDB (FHC e Tasso Jereissati), acabou inocentado pelo Tribunal Regional Federal, do Recife-PE.

Enfim, não é porque Byron Queiroz morreu que devemos nos compadecer, passar um borracha no passado e esquecer o terror e a tirania que foi sua era no BNB, cujo objetivo maior foi o de causar sofrimento e dor a muita gente. De “DNA” com características eminentemente nazistas, mau-caráter na acepção plena do termo, desonesto até a medula, Byron Queiroz foi uma figura desprezível e desprezada.


Agora, nas profundezas do inferno, Lúcifer terá um sério concorrente para praticar as suas maldades. Bye Bye, Byron.  

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Anais



J. Flávio Vieira
                                          
     Se havia um crime, em Matozinho, imprescritível e com pena de morte sumária era o tal do adultério. A galha, definitivamente, não se mostrava um adereço dos mais palatáveis naquelas brenhas. É que corno, amigos, por ali, sempre foi cargo vitalício. Impossível se livrar daquelas antenas depois de afixadas no meio da testa. Nem na morte ! Geralmente aquela situação acrescia-se à causa mortis:
                                               --- Morreu do coração ! Pobre do Astrogildo! Dizem que depois daquele molho de chifres, ele amofinou, afinou o pescoço e, ontem, parece que a raiz dos bichos  cutucou as coronárias e ele .... pum !
                                               A mitologia matozense arrolava um sem número de casos de tragédias consumadas por conta dos saltos de cerca.Capações, homicídios, surras homéricas.  Cidade pequena , os segredos tinham muros baixos. Peripécias amorosas desvendavam-se,  facilmente, ao olhar perscrutador de uma infinidade de fofoqueiras . A fofoca, aliás, sempre se mostrou um dos esportes mais tradicionais de Matozinho.
                                               Por incrível que possa parecer, Serrinha do Nicodemos ficava a pouco mais de vinte quilômetros dali. Pois lá, existia uma tolerância fora do comum para os casos de corneamentos.  Havia  um modernismo de costumes incompreensível  para um cafundó do Judas daqueles.  Diziam os matozenses que em Serrinha, como todos eram cornos atuais ou em potencial, ninguém podia falar de ninguém. As cidades circunvizinhas, por outro lado, malhavam o pau :
                                               --- “ Em Serrinha, só não reside entre dois cornos, é quem mora de esquina!”
                                               ---“Se der uma chuva de argolas em Serrinha, meus amigos, não cai nenhuma no chão!”
                                               Havia uma antologia de histórias envolvendo  os cornos mansos de Serrinha. Difícil sempre saber até onde terminava a realidade e onde começava a ficção.  O certo é que os serrinhenses não se exasperavam  com esses comentários. Aceitavam de bom grado as conversas e aprenderam, eles mesmos, a rir delas. Até ajudavam a propalá-las . Claro que , em casa, os forasteiros tinham que manter uma certa conduta. Nada de querer espinafrar demais o pacífico povo de Serrinha. O cão era quieto , mas nada de cutucá-lo com vara curta.  Pois aqui vão três dessas histórias que ouvi  lá mesmo em Serrinha, contada por Pedro “Chifre de Ouro”, um magarefe local. Só conto porque mantenho distância regulamentar.
                                               Serrinha era detentora de um tipo específico de corno: o Corno Azul. Segundo Pedro, a gênesis deste espécie deve-se a   Generino Penalba. Ele trabalhava na SUCAM e precisava viajar frequentemente pela zona rural. Graciosa, a esposa, ficava em casa de melé solto. Há mais de cinco anos,  mantinha um romance firme  com Sitônio, o vigia da rua.  Generino, um dia , soube das marmotas da esposa. Resolveu, então, voltar antes do fim de semana. Entrou em casa pé ante pé e escondeu-se embaixo da cama. Não tardou muito a mulher  sair da cozinha e abrir a porta para o namorado. Deitaram-se na cama e começaram o rala-e-rola.  Generino, embaixo, sentiu-se incomodado, agoniado com aquele funga-funga . Pensou em tomar alguma providência, mas manteve-se firme no posto. Terminado o movimento, Sitônio acendeu um cigarro e conversou com a amante, com ar relaxado de quem já degustara o fruto proibido:
                                               --- Meu bem ! Você gostou ? Eu estava pensando aqui comigo. Seu marido é um sujeito muito legal, muito compreensivo. Eu estou até pensando em dar um presente para ele. Vou comprar uma camisa. Você entrega como fosse uma lembrança sua. Qual será a cor de camisa que ele gosta, hein ?
                                               Antes que Graciosa adiantasse a preferência do marido, ouviu-se uma voz roufenha, vindo debaixo da cama, como se fosse alma penada:
                                               --- Azullllll  !
                                               Zé Pom-pom trabalhava como jardineiro na casa do prefeito de Serrinha.  Passava o dia na cidade e retornava à tardezinha para um sítio,  próximo à vila, onde morava. Um dia  alguém lhe  sussurrou: estava sendo traído. Quando saía  de casa  , um sujeito entrava e ficava namorando com a esposa até o finzinho da tarde. Pom-Pom ficou bravo, zuadou, ameaçou peixeira. Eles vão ver ! De manhãzinha, saiu para o trabalho e se escondeu, atrás de uma mangueira.  Era outubro, um calor de derreter tacho de fornalha. Lá para o meio dia, Zé viu o negrão entrando de casa adentro e fechando a porta. Acercou-se  para se certificar do fragrante. Ouviu uns uis e uns ais abafados e não teve dúvida. Correu, subiu no poste de energia elétrica  da casa e cortou os fios . Sorridente, olhou para uma pequena platéia que esperava , ansiosamente, o sangue escorrendo pelo chão e cantou a vingança:
                                               --- Taí, bando de filho de uma égua ! Trepem agora ! Quero ver é os pentelhos se incendiar ! Como esse calor vocês vão é morrer tudo tostado !
                                               Desde aquele dia, perdeu o Pom-Pom e  passou a ser conhecido como Zé do Poste.
                                               A última de Serrinha aconteceu na semana passada. Josa é um trabalhador rural , morador de um coronel  da região.  Saiu com uma lata nas costas para pegar água numa cacimba  mais ou menos distante. Precisava abastecer os potes de casa e as latas da cozinha. Na volta, já próximo de casa, ouviu um reboliço no mato e uns gemidos. Aproximou-se, com a lata cheia  no ombro , afastou um pouco o mato e tomou um susto. No chão estava sua mulher pelada, no maior escandelo com um vizinho, também nas mesmas condições .  Deu um supapo  danado e ameaçou:
                                               --- Bando de sem vergonhas ! Ói a putaria ! Eu só não jogo essa lata d´água no lombo de vocês,  porque tão com esses corpos quentes e é capaz de vocês estoporarem ! Joviu ?
                                               Esta foi uma das vinganças mais terríveis já acontecidas nos anais de Serrinha dos Nicodemos !

Crato, 03/04/14
                                              

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O QUE FIZERAM COM AS FORÇAS ARMADAS

Na minha infância e adolescência, no interior, além do rádio, filmes e alguns livros, as referências e informações para formação dos jovens eram poucas. Além das familiares, algumas figuras regionais que, pelo comportamento e importância, nos eram apresentadas como exemplos de cidadãos corretos.    
Aparecia também outra referência, as Forças Armadas. Tinha grande admiração por soldados dispostos a dar a vida pela pátria. Em relação a isso, todos os meus conhecidos e colegas, tinham um sonho, uns queriam ser aviadores, outros paraquedistas, eu queria ser piloto de tanque. Como o mar nos era desconhecido, poucos desejavam ser marinheiros. Admirava os desfiles em comemoração ao dia 7 de setembro. Cheguei a tocar tambor na banda da escola. Era comum ver na rua ou em festas civis e bailes sociais, como convidados de honra, oficiais fardados que estavam de férias ou de passagem pela região. Nos bailes de debutantes, lá estavam cadetes para abrilhantar a festa, era visível a importância que se davam.
Onde foi parar tudo isso?  Onde está a confiança e admiração irrestrita que a população depositava nas Forças Armadas?  É preciso resgatar esses valores.  Como podemos confiar em quem vive fechado em quartel alimentando fantasias de bravura contra inimigos inexistentes? Ou estão dispostos, baseados em lorotas, a matar seus próprios conterrâneos desarmados? 
É constrangedor que o perigo da moda agora seja Cuba, país insular, pobre, pequeno, mais ou menos do tamanho de Pernambuco, sem exército nem marinha de guerra. País que há 50 anos está bloqueado pelos Estados Unidos, causa medo a quem?  Nossas Forças Armadas tem medo de Cuba? Que departamento de informações, inteligência e propaganda é esse?  Se não alimenta, por que não desqualifica esses boatos? O mea-culpa poderia começar reconhecendo os erros e crimes cometidos durante o regime militar. A desculpa usada pelos criminosos de que cumpriam ordens superiores, não é aceita pela justiça, é crime hediondo, está na constituição federal e reconhecido pelo Brasil em vários tratados internacionais. Os réus nazistas nos julgamentos de Nuremberg e outros, também alegavam cumprimentos de ordens superiores. É preciso contar a verdade sobre o golpe, deixar de agir como coiteiros, o que de fato, já não é possível negar ou esconder. As Forças Armadas merecem respeito, a instituição pertence à nação, não é um covil de malfeitores. Se queremos paz e desenvolvimento, é preciso agir, como por sinal fizeram militares de países (Alemanha, Espanha, Portugal, União Soviética, Chile, etc.) que passaram por experiência semelhante, mas que desejavam reconquistar a confiança e reunificar seus cidadãos.    
Jose Almino Pinheiro
31.03.14     

terça-feira, 1 de abril de 2014

Maribondo - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

 Há pessoas, animais e objetos que passam a fazer parte de nossas famílias, como se delas fossem membros pelo grau de benquerença e adesão.

O velho Malaquias, feitor do eito, foi o primeiro colaborador e companheiro do meu pai desde quando ele se estabeleceu como agricultor no sitio São José, creio que aí por volta de 1925 e privava de nosso convívio. Na época das chuvas liderava um grupo de trabalhadores no plantio de feijão, milho, e arroz e, na moagem cuidava do canavial, fazendo o replantio da cana ou preparando a queima do palhiço.

Entre os animais, ouvia falar do cachorro Tarzan, que morreu antes do meu nascimento, mas em cujo local onde foi enterrado, minha mãe plantou um pé de pequi, hoje uma frondosa árvore sexagenária, conhecida por "Pequizeiro do Tarzan" e, encontra-se ainda produzindo deliciosos frutos, além de preservar a memória do querido cachorro.

Outro animal que era a cara da nossa casa era o cavalo "Maribondo". Não sei qual sua raça, creio que era mesmo um cavalo "pé duro", mas muito bom de "baixos" como dizíamos de cavalo marchador. Somente meu pai podia montar nele. Qualquer outro que tentasse era impiedosamente derrubado.

Lembro-me de que o cavalo Maribondo era o meio de transporte que o meu pai utilizava em suas viagens para a Fazenda Mão Esquerda que ele possuía no estado de Pernambuco, distante cerca de 100 km do Crato. Ele costumava sair às 7 horas da manhã, lá chegando antes do dia escurecer.

Não sabia por que o cavalo Maribondo tinha esse nome, somente tomando conhecimento da razão há cerca de dois ou três anos. O cavalo pertencia ao Sr. Domingos Ferreira, um cidadão de Nova Olinda. Não sei se ele já era amigo de meu pai antes do cavalo ganhar o novo e definitivo nome. Muitas vezes ele visitava meu pai em nossa casa do São José.

O Sr. Domingos vinha montado em seu bonito cavalo para feira do Crato. Certa segunda-feira, amarrou o cavalo sob a sombra de um pé de fícus. Quando foi sair, o cavalo levantou a cabeça e assanhou uma caixa de maribondo, daquele tipo que a gente chamava de "boca torta." Os maribondos ferroaram cruelmente o cavalo que empinou e saiu dando pulos, atirando o pobre homem sobre o calçamento, a uma boa distância. Foi uma queda horrível que quase o deixou morto. Meu pai passava pelo local na hora e socorreu o Sr. Domingos que  precisou ser hospitalizado por vários dias. Não sei se daí surgiu a amizade entre os dois. O certo é que meu pai comprou o cavalo, pois o Sr. Domingos quis se desfazer dele. Por esse motivo, no São José ele passou a ser chamado de Maribondo.

Quando eu tinha pouco mais de doze anos e Maribondo já velho e cansado, tornara-se dócil e qualquer criança poderia montá-lo com segurança. Certo dia, Maribondo encontrava-se selado e meu pai gritou pelo meu nome, mandando que eu montasse no cavalo e fosse até o sitio Pau Seco levar um recado a uma pessoa. Pulava de contentamento, pois pela primeira vez eu iria montar o Maribondo, sem ser na garupa, como sempre acontecia quando eu acompanhava meu pai em suas andanças. De repente, ouvíamos a voz de mamãe que gritava pedindo a meu a meu pai que não fizesse isso, porque aquele cavalo iria me matar. Meu pai virou-se para mim e disse:
- Volte! Vá lavar os pés, porque sua mãe quer você num altar"!

Por Carlos Eduardo Esmeraldo   

Mudança de "cenário" - José Nilton Mariano Saraiva

Pois é, só mudou o cenário. Depois de Juazeiro do Norte, São Paulo e Fortaleza, agora o problema se deu no Mato Grosso: o comandante de um avião da Avianca acionou, nesse domingo passado, a torre de controle do aeroporto, para pedir ajuda terrestre ante a possibilidade de ter que fazer um “pouco complicado”. 

O problema foi o mesmo verificado nas vezes anteriores: travamento do trem de pouso dianteiro da aeronave, numa recorrência que, quer queira ou não a companhia aérea admitir, aponta para falha grave na manutenção das aeronaves. 

A pergunta é: será que estão esperando um acidente de proporções fatais para cuidar melhor da segurança de passageiros e tripulantes ???

sábado, 29 de março de 2014

50 ANOS DO GOLPE DE 64



“Goulart e as forças que o apoiavam podem ter cometido erros. Tais erros constituíram meros pretextos para o golpe, cujo objetivo real era a liquidação do movimento popular. A tomada de consciência que se verificava em grandes parcelas da população revoltadas contra a miséria em que vive a maioria do nosso povo, começava a pôr em perigo os privilégios de uma minoria e os interesses dos  grande grupos econômicos internacionais. O golpe foi desferido em defesa desses monopólios, embora contasse com o apoio de pessoas e de instituições que nada tem a ver com eles."
O texto acima consta de uma carta escrita em 1967, de Argel, para um amigo do Rio de Janeiro.

A "Avianca", de novo - José Nilton Mariano Saraiva

Em São Paulo, ontem, uma aeronave da Avianca fez um “pouso de barriga”, e a transcrição da conversa do piloto com a torre de controle, exibida no Jornal Nacional, nos mostra que o problema foi mecânico – travamento do trem de pouso dianteiro. Evidentemente, todos correram perigo, sim senhor. Tanto é que além de despejar o combustível fora, a fim de evitar um possível incêndio de proporções inimagináveis no decorrer do pouso forçado, o comandante também pediu que os bombeiros ficassem de prontidão.

Aqui em Fortaleza, também ontem, a torre do aeroporto internacional Pinto Martins foi acionada por um outro piloto da Avianca a fim de preparar o pessoal em terra para um possível pouso de emergência (que findou não acontecendo).

São recorrentes tais situações com os aviões da empresa Avianca (possivelmente em razão de falhas na manutenção), tanto é que permitimo-nos transcrever uma nossa postagem de 30.12.11, relatando um “pouso complicado” (éramos um dos passageiros), da mesma Avianca, em Juazeiro do Norte. E já alertávamos, naquela oportunidade, que no nosso entendimento o problema fora o trem de pouso dianteiro. Vejam abaixo:

Pouso complicado - José Nilton Mariano Saraiva (3012.11)


Estamos no Crato a fim de curtir as "passagem/chegada" de ano. Como só decidimos vir aos 45 do segundo tempo, evidentemente que não mais encontramos passagem na privatizada e sofrível empresa "Guanabara", daí a opção obrigatória pela empresa aérea Avianca.

Já na saída, quando a aeronave era empurrada pra trás por um daqueles carrinhos que se prestam para esse tipo de serviço, notamos um barulho estranho na parte inferior do avião, como se alguma coisa estivesse emperrando as rodas. Já no ar, no momento do recolhimento do conjunto do trem de pouso/decolagem, novamente o barulho estranho. 

Com decolagem às 08:55 hs e previsão de pouso às 09:45 hs, o voo foi uma tranquilidade e de uma pontualidade britânica. 

Anunciado o pouso, todos se postaram como recomendam os manuais, com relação à posição do poltrona, uso do cinto de segurança, aparelhos eletronicos e por aí vai. E aí pintou o imprevisto, aquilo que nenhum passageiro de avião quer que aconteça, porquanto apavorante; na hora em que as rodas traseiras tocaram o solo, provocando o atrito com o asfalto, decorreram alguns milésimos de segundos e o avião arremeteu, com força, e paulatinamente ganhou altura (isso depois da aenonave ter tocado o solo).
O silêncio foi sepulcral, e nas faces dos passageiros imediatamente instaurou-se um misto de surpresa e horror; e haja gente rezando, outros com cara de choro, outros com os olhos fechados como se estivessem pressentindo algo desagradável.

Depois de dois ou três angustiantes minutos sem nenhuma comunicação, eis que ressoa a voz do comandante pedindo desculpas, que houvera tido um pequeno problema, mas que dentro de dois minutos a aeronave faria o pouso. 

Quando finalmente a terra firme se fez presente, o alívio foi generalizado e todos se perguntavam entre si o que teria havido. Como ninguém indagou nada a tripulação (falta de coragem, medo de permanecer mais uns segundo ali dentro ???) na passagem ousamos encará-los, e aí, indagamos: "O que houve no pouso, causando o arremate; algum problema mais sério ???" (lembram do barulho estranho ao qual nos referimos, quando da saída de Fortaleza ??? Será que o avião da Avianca voou com problemas, só pra cumprir horário ???).

O "sorriso amarelo" dos mesmos denunciava que sim, tanto que a resposta foi aquela que também deve constar dos manuais: problemas com o vento e por questão de segurança preferimos arremeter.
A pergunta é: aqui, na Região do Cariri, nessa época do ano as correntes de vento são tão fortes assim, capazes de impedir o pouso de uma aeronave que pesa toneladas ??? Ou teria havido alguma mancada, algum erro de avaliação dos pilotos ??? Ou será que o trem de pouso dianteiro emperrou na hora do pouso ??? (particularmente entendemos que sim). E o "estado de espírito" dos passageiros que se dirigiam a São Paulo, e que tiveram que ficar na aeronave, como ficou ??? A Avianca emitirá algum "comunicado" relatando para o público a ocorrência ???

De nossa parte, estamos a cumprir a nossa cidadania, colocando publicamente o terror experimentado por todos os passageiros do voo 6377, da Avianca, no percurso Fortaleza-Juazeiro, no dia 30.12.2011.

Estamos tentando manter contato com a TV Verdes Mares e Jornal O POVO a fim de que cobranças sejam feitas à empresa. Se alguém puder noa ajudar, fornecendo e-mail ou telefone, agradecemos desde já.




sexta-feira, 28 de março de 2014

Chumbo grosso




            Querer-se livre é também querer livres os outros.

                                               No finalzinho deste mês de março, há um aniversário que não tem convidados e nem merece comemoração.  Meio século do início da Ditadura Militar no Brasil ! Faço parte de uma geração profundamente marcada pelo peso daqueles tempos de chumbo. Estudantes e Sindicalistas caçados  nas cidades e nos campos, como se fossem animais selvagens. Tortura instalada, oficialmente, como instrumento de coerção e obtenção de informações. Congresso fechado, eleições suspensas. Só existia uma verdade única e indiscutível : aquela cuspida pelos coturnos dos governantes. A censura se infiltrou em todas as formas de Arte e em todos os meios de comunicação.  Dedos-duros espalharam-se por todos os recantos : escolas, universidades, trabalhos, ruas e qualquer atitude considerada suspeita era motivo para denúncia,  prisão e tortura. Mofava-se no cárcere sem sequer saber de que se era acusado.  Como se costumava dizer na época , a partir de duas pessoas juntas,  consideravam Concentração e se sobrepassasse  três : Passeata.  Este período de choro e ranger de dentes durou a eternidade de vinte e um anos. Mais de dois mil brasileiros, simplesmente, morreram ou desapareceram como por  encanto. Milhares foram detidos e torturados.
                                   As novas gerações que, felizmente, não tiveram que sobreviver entre as sombras, não têm uma idéia cristalina dos tempos libertários que ora desfrutamos. Tudo parece simples, natural, perfeitamente corriqueiro. Colhemos os frutos da árvore da liberdade , sem nem perguntar quem plantou a semente, quem combateu as pragas  e quem  regou a plantinha.  Sua seiva nutriu-se do sangue que escorria dos paus-de-arara e dos gritos sufocados nos porões dos DOI-CODI. Tive amigos mortos e muitos presos  neste período , lutavam por um mundo melhor para seus filhos e descendentes.
                                   Para nosso espanto, recentemente, alguns saudosistas destes tempos que ainda  tentamos esquecer, tentaram reviver a famosa “Marcha pela Família, com Deus e pela Liberdade” , acontecida em 19 de Março de 1964. Esta Marcha criou o clima propício para o Golpe Militar que , desfazendo completamente seu lema : destruiu famílias, ceifou a liberdade e se afastou de Deus. Quatro gatos pingados, agora, em vários pontos do país ( no Ibirapuera reuniram-se apenas seis pessoas e em Recife, sete) mostraram-se órfãos daqueles tempos de exceção. Estamos em pleno exercício de uma ampla Democracia e, isto, certamente, deixa com pruridos em alguns poucos que se beneficiaram das sombras e do chumbo. Acostumados às regiões abissais , o brilho do sol lhes cega e entontece. São pessoas que , dia a dia, se põem contra uma pretensa ditadura cubana e venezuelana, mas que sonham ,quase orgasticamente,  com o retorno do reino da chibata e do pau-de-arara para o país.
                                   O Brasil , nestes trinta anos de Redemocratização,  desenvolveu-se como nunca na sua história. Temos um país forte no cenário internacional, mantemo-nos estáveis economicamente, mesmo ante toda a crise do Capitalismo Mundial e minoramos chagas históricas como Baixo Salário, Distribuição de Renda, Desemprego, Casa Própria, Analfabetismo, Desnutrição e Mortalidade Infantis. Os desafios, claro, ainda são enormes, numa Nação sugada por quase quatro séculos de Colonialismo. O caminho, porém, difícil e tortuoso, já temos traçado e ele é todo pavimentado com os ladrilhos da Liberdade e da Democracia.

Crato, 28/03/14

2014 - José Nilton Mariano Saraiva

O ano (2014) é eleitoral e em jogo se acha a própria Presidência da República (afora, parte do Senado e a Câmara dos Deputados). E como a presidenta Dilma Rousseff já desponta nas pesquisas como favorita à reeleição, a hora é de jogo bruto, sujo, duro e pesado por parte dos que não se conformam com o fato do Brasil figurar hoje como uma das cinco potencias emergentes do mundo (Rússia, Índia, China e África do Sul são as demais componentes desse restrito e privilegiado grupo). A ordem, pois, é bagunçar o coreto, apostar no quanto pior melhor, atanazar a vida dos que estão no poder, mostrar números negativos e até esquecer que de 2003 até aqui o governo catapultou da miséria cerca de 40 milhões de pessoas, inserindo-as socialmente.
Pois bem, agora a bola da vez é a Petrobrás, uma das maiores empresas do mundo no ramo petrolífero, orgulho de todos nós, porquanto detentora da sofisticada tecnologia de extração do mineral em águas ultra-profundas. Daí a descoberta das fabulosas jazidas do pré-sal nos “subterrâneos” do Oceano Atlântico, de onde hoje extraímos 415 mil barris/dia (mas isso é só o começo).
Sabe-se, de outra parte, que para viabilizar tão espetacular projeto, algumas medidas pontuais foram tomadas, que desagradaram certos segmentos, a saber: 01) a “privatização” (doação) tão comum na época da “tucanalhada”, foi substituída pela concessão e, ainda por cima, em regime de partilha (para os incautos, que tendem a se deixar confundir pelos de má-fé (alarmistas de plantão), o  “babado” é o seguinte: privatização representa a entrega definitiva do patrimônio, sem nenhuma chance de retorno; concessão é única e tão somente a cessão por tempo determinado, com retorno garantido em certa época). Em português curto e grosso, o patrimônio continua nosso; 02) num empreendimento de tamanha magnitude, urge obter-se recursos na banca internacional, daí a necessidade de se contrair empréstimos vultosos, lá fora. Que – atentem para o detalhe - só são aprovados e concedidos se o país, e a empresa em particular, tiverem capacidade de endividamento, reputação comprovada e um produto final viável e que garanta o retorno sem maiores traumas.

E aí os números da Petrobrás são impressionantes, desmoralizando os que insistem em descredenciá-la. Capitalização: em 2010, realizou a maior capitalização da história (U$ 70 bilhões), com o objetivo de explorar a camada do pré-sal. De 2013 até hoje, obteve no mercado U$ 8,5 bilhões; 3,05 bilhões de euros e 600 milhões de libras esterlinas. Valorização: para este ano, grandes corretoras com a Santander, Safra e outras, apostam no potencial de valorização de 68 empresas na bolsa. Destas, só 07 ultrapassam os 50%. A estimativa da Petrobras é de 54%. Balanço: se partirmos para comparar o balanço contábil da Petrobras com quatro grandes rivais internacionais – Exxon Mobil, Shell, Chevron e BP – a verdade é um tanto quanto decepcionante para os arautos do caos, a saber: Lucro - a Petrobras, de 2012 para 2013, avançou 1%, em dólar, enquanto Exxon caiu 27%, Shell recuou 35%, Chevron perdeu 18% e apenas a BP avançou. Expansão - entre os anos 2006 a 2013, a Petrobrás foi a única que expandiu a produção (11%), enquanto as outras caíram ou ficaram no lugar: Exxon (-1%), Shell (-8%), Chevron (0%) e BP (-18%). Investimentos - das cinco, a Petrobras foi a que mais cresceu - 228%, contra 114% da Exxon, 85% da Shell e 152% da Chevron.

Assim, resta comprovado que em razão do ano 2014 ser um ano eleitoral, a ordem é tentar desestabilizar o Governo e derrubá-lo nas pesquisas (se possível já), pois o tempo flui rápido; e nada mais apropriado para tal mister do que o ataque desnecessário, especulativo e violento que se desenvolve atualmente à Petrobras.


O resto é perfumaria barata, de quinta categoria. 

Duro Castigo - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

A história que abaixo narrarei me foi contada por uma amigo engenheiro paraibano, já falecido. Considero-o que era um cidadão acima de qualquer suspeita e portanto uma pessoa digna de crédito, embora o fato por ele contado é de fazer tremer qualquer defensor dos direitos humanos.

Na época da ditadura Vargas, existia um interventor na Paraíba, figura equivalente a de governador, pessoa de confiança do chefe supremo da nação, nomeado conforme os compromissos com o regime imposto no chamado Estado Novo. Tratava-se o interventor de homem bastante culto, pai de escritor de renome e ele também escritor e autor de vários livros, um dos quais muito usado pelos vestibulandos nos dias de hoje. Não obstante esses atributos, o interventor era intolerante com a violência, roubos e qualquer tipo de indisciplina. Além do mais era austero nas punições que mandava aplicar.

 Num período em que todos os direitos dos cidadãos estavam suspensos, as famílias do estado da Paraíba vinham sofrendo uma onda de assaltos e roubos em suas residências. As prisões do estado estavam todas superlotadas. Então o interventor resolveu encomendar um barco que comportasse no mínimo cem pessoas.

Recebido o barco, o interventor ordenou ao chefe de polícia que escolhesse cem presos para um passeio marítimo. Em alto mar, cada preso recebia um crachá com número variando de 01 a 100, colado ao pescoço por um grosso cordão, tal qual os funcionários das repartições públicas. Numa área bem distante do continente, onde só se via água e o azul do horizonte, o grupo era reunido e comunicado de que seria realizado um sorteio. Aquele que possuísse o número sorteado deveria se apresentar ao capitão para receber o premio do passeio.

Realizado o sorteio, dois ou três guardas pegavam o sorteado e o atiravam ao mar. Após isso, o barco retornava ao porto, onde os 99 restantes eram solenemente recepcionados pelo interventor.
-  "Vocês viram o que acontece com malfeitores e aqueles que desobedecem a lei? Pois vocês serão soltos. Voltem para seus estados e digam aos seus colegas como é que os marginais são tratados aqui na Paraíba. Os que forem daqui evitem um novo passeio marítimo para não correr o risco de serem sorteados". - Avisava o interventor.

O meu amigo acrescentou que após poucos meses, a tranqüilidade retornou às famílias paraibanas, e muitas delas dormiam com portas e janelas  abertas, pois nada era roubado. 

Pessoalmente não concordo com esses métodos dignos das ditaduras mais cruéis que não respeitam a vida como um dom de Deus.

Devemos refletir nos males que uma ditadura faz às pessoas, principalmente à nossa dignidade de pessoa humana. E procurar evitar que algum dia voltemos a um novo período ditatorial.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

quinta-feira, 27 de março de 2014

Os "sem nome" - José Nilton Mariano Saraiva

Através de pesquisas pacientes e exaustivas, nos revela o historiador cratense (da agradabilíssima Ponta da Serra) Antonio Correia Lima, num dos blogs da Região do Cariri, duas descobertas importantes (no campo da genealogia e religião), porquanto emblemáticas da porção charlatã e mitômana de Cícero Romão Batista: 1) que, ele mesmo (Cícero Romão) tratou de fraudar a própria data de nascimento, anunciado-a como se fora no dia 24 e não 23 de março; e, 2) que, por decisão autocrática, insistiu, persistiu, fincou pé e continuou celebrando batizados fajutos (cópias das certidões foram disponibilizadas no blog), porquanto mesmo depois de ter as ordens suspensas pela Igreja Católica.

Ora, em sendo a certidão de nascimento o único documento comprobatório por excelência da vinda ao mundo do ser humano, pelo menos em termos jurídico-religiosos, uma certidão baseada em informações prestadas por alguém inabilitado, descredenciado e desprovido de autoridade moral e institucional para tal não teria nenhum valor oficial e, por conseqüência, legalmente aqueles que receberam sua benção não existem.


E aí surgem dúvidas assaz pertinentes e de uma consistência difícil de ser questionada: afinal, se a pobre coitada da Maria de Araújo ficou conhecida como “a mulher sem túmulo” (porque deram um jeito de “sumir” mais que depressa com os seus restos mortais, por temor que, se exumados a posteriori eclodisse a verdade e, conseqüentemente, o tal “milagre da hóstia” restasse implodido e desmoralizado), poderíamos rotular os cratenses que foram batizados por Cícero Romão Batista como os “sem nome” ??? Ou será que naquela época qualquer mortal-comum (e até prova em contrário essa era a sua condição momentânea e que, alfim, restou definitiva) podia sair por aí distribuindo a benção batismal a torto e a direito, à revelia da Igreja Católica ??? Mas, se assim era, pra que firmar um documento que nada valia e pra nada servia ??? E mais: por qual razão as instalações da Catedral da Sé foram irregularmente disponibilizadas à homilia e demais atos de alguém não credenciado e proibido de fazê-lo, e que buscava unicamente beneficiar-se ??? 

Com a palavra o pesquisador-historiador Antonio Correia Lima.