por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 22 de março de 2013

Catecismo



Quando do ajuntamento dos   “Apontamentos para a história mítico-sentimental  de Matozinho”, que terminaram publicados em 2007, notamos uma pasta vermelha à parte, separada cuidadosamente no meio dos manuscritos, etiquetada com letras garrafais : “Cuidado!” No processo de pesquisa,  terminamos por abri-la, não sem algum receio,  e encontramos no interior a razão pela qual o colecionador as havia reservado. Tratavam-se de histórias apimentadas da vila, puxadas para o erótico e o fescenino  e, certamente, meu velho tio as isolou, temendo identificarem-se alguns dos personagens e, também, resguardando um certo pudor: poderiam cair nas mãos de moiçolas púberes, de crianças ou ferir sensibilidades moralistas e religiosas. Aquilo parecia quadrinhos de Carlos Zéfiro !  O certo é que o receio do meu tio contaminou-me e, no processo de seleção dos textos do “Matozinho vai  à Guerra”, preferi manter o pundonor do meu parente e deixei a pasta vermelha intocada. Os anos passaram-se e, pouco a pouco, fui percebendo que  já não existiam razões para tanto pejo. O BBB jogou no ventilador toda a intimidade da alcova, as novelas escancararam o último reduto da decência, os adolescentes produzem seus próprios vídeos pornôs e expõem no You Tube. A pasta vermelha, hoje, parece até um catecismo, pode ser publicada até em livrinhos de missa de sétimo dia.
                                               Recentemente, reabri a pasta vermelha , reli alguns textos e resolvi publicar alguns que me pareceram mais picantes. Em dias de hoje, sei que não existe mais o perigo de o leitor degustá-los e comungar em seguida. Não há mais o risco de a hóstia sagrada ferver na língua como um sonrisal. Pois aí vai a primeira dessas histórias.
                                               Ah,  os homens ! Eternos atores no palco dessa vida! Põem máscaras, vestem-se de ricos figurinos e encenam continuamente aquele papel que os tornam mais reconhecidos e admirados pela platéia: o de Rico, bonito, inteligente, compreensivo,  valente, bondoso, caridoso, virtuoso, santo !  Durante toda existência,  buscam, incansavelmente, aperfeiçoar este personagem perfeito que aqui e ali termina por mostrar outras facetas e arestas bem menos admiráveis. Só existem dois lugares em que a máscara cai, a maquiagem é removida e as fraquezas e deformidades aparecem sem a magia do palco : o Bar e o Cabaré. Aí o homem é apenas o homem, com seus anjos e demônios bem aparentes. O Bar e o Cabaré são o camarim da cidade !  Assim, as cafetinas  e as putas conhecem como ninguém a alma de uma vila. Têm a perfeita dimensão de onde começa e termina a santidade de cada um de nós; conhecem as mínimas fraquezas, taras e deformidades  dos habitantes ; preenchem com  amor   o vazio de tantas solidões. Claro que com um amor negociado, mas existe alguma coisa sem preço e código de barras numa sociedade de consumo ?  O velho “Boca Boa” ,em Matozinho,  já havia chegado à conclusão que o amor é puro devaneio. Chegue eu – diz ele—com cinqüenta reais na Rua do Caneco Amassado ! Sou tratado como rei, vou ser amado e idolatrado !  Agora vá eu liso, como muçum ensaboado ! O amor existe sim, mas é tabelado, meu senhor !
                                               Existem, no entanto, interpretações diferentes sobre a teoria do nosso “Boca Boa” . No governo de Sarney, talvez os mais novos não lembrem, mas o preço dos produtos foi tabelado.  Quebrando todas as regras da economia, não era permitido majorar o preço de qualquer item, sob pena de prisão. Como era de se esperar, os víveres desapareceram das prateleiras e começou a se estabelecer um mercado paralelo, misterioso,  baseado na eterna lei da oferta e da procura. Em Matozinho, os magarefes começaram a aumentar o preço da carne. Houve denúncia, a polícia se mobilizou, invadiu o mercado municipal e prendeu os insubordinados. Estabeleceu-se a maior algazarra, já fora do prédio, com os soldados algemando os revoltosos e metade da população observando e comentando. Nisso, atiçada pelo barulho, “Das Virgens”, uma das mais tradicionais quengas da Vila, chegou em meio à balbúrdia, buscando informações sobre o que estava acontecendo.
                                               --- Que putaria é essa? O que diabos tá acontecendo ?
                                               Uma das suas pariceiras ,que estava no meio da multidão, explicou :
                                               --- É a polícia que está prendendo os magarefes !
                                               --- Oxente! Mas por que ?  Cons seiscentos ! E que diabos foi que eles fizeram? – Quis saber Das Virgens .
                                               --- Eles aumentaram o preço da carne e num pode!  A carne tá tabelada !
                                               Das Virgens, surpresa, saltou um suspiro de alívio e comentou alto como se estivesse numa difusora :
                                               --- Ave Maria ! Ainda bem  que priquito num tá tabelado, meu deuso !
                                               *********************************
                                               Gumercindo Carabina trabalhava como vendedor numa loja de confecções em Matozinho, chamada de “Cambraia de Linho”. Gugu  , como era conhecido pela gandaia, era casado, tinha uns dez filhos, mas era viciado num Cabaré. Escapava para lá sempre no horário de almoço que não dava tanto na vista. À noite estava sempre com a família, como um fiel e exemplar cidadão!  Gugu tornou-se freguês preferencial de um cabarezinho na Rua do  Amassado, naquele último lugar para onde acorriam as putas já idosas e sem fama e que se conhecia pelo nome de “Farinhada”. A intimidade era tanta com “Santinha”, a sua predileta, que ele pagava por mês, como se fora o aluguel de um imóvel. Um dia, em plena hiperinflação em fins do Governo Sarney, após terminar a transa com Santinha, Gumercindo se arrumava para voltar ao expediente da tarde no “Cambraia”, quando foi despertado por ela da terrível situação econômica do país:
                                               --- Ei, Gugu ! Tu vem amanhã ? Num se esqueça , não, viu ? Cu subiu !
                                               ************************************
                                               O velho Sinfrônio Arnaud gostava de freqüentar o Bar conhecido por “Pentelho de Ouro” , na mais mal afamada rua de Matozinho. Arnaud freqüentava por pura mania, gostava do ambiente, das conversas e da proximidade das meninas de difícil vida fácil. Já não tinha idade para maiores danações e libações eróticas, mas restara nele aquela mania, aquele clima despojado do  lupanar. Um dia, entre uma e outra dose de pinga, ouviu uma confusão danada na rua. Vinha das bandas da “Farinhada”. Deixou o copo no balcão, por um momento, e saiu à porta para testemunhar o arranca-rabo. Viu, então, Jojó Fubuia, no meio da rua, tentando correr, ainda assungando as calças e, logo atrás, uma quenga robusta, com uma trave da porta na mão, sentando a pua no pobre do Fubuia. Sinfrônio ficou penalizado com a situação do mais famoso deodato da vila.  O que teria acontecido ? A confusão veio de lá, na direção de Arnaud, o pau comendo no centro : a quenga como um carcará atrás do pau d´água, a trave voando solta, Jojó tentando escapar como podia. Ao passar , por fim, pelo bar, a puta parou um pouco e explicou, por fim, as razões mais que justas para a surra :
                                               --- Coronel, veja se eu não tenho razão  ! O senhor já ouviu falar, em algum lugar do mundo,  em cu fiado ? Já ?

                                               Cunegundes Pé-de-Pato  veio a Matozinho, na intenção de fazer um empréstimo agrícola.  Ano eleitoral, antes do período invernoso, o Banco do Brasil montara um pequeno posto temporário para ajudar , segundo divulgavam os políticos, os agricultores. Cunegundes já tinha mandado um mundão de documentos e viera naquele dia,  pois havia a promessa da liberação da verba. Enfrentou uma fila danada, depois um chá de cadeira de mais de duas horas e, finalmente, botou a mão na bufunfa. Não era muito, uns quinhentos cruzados, dava para comprar, talvez, umas duas vaquinhas. Dinheiro no bolso, pensou em voltar para Bertioga, mas já não havia, àquela hora,  sopas disponíveis. Dirigiu-se , então, à Loja “Cambraia de Ouro” e procurou seu amigo Gumercindo. Explicou-lhe a pendência e perguntou-lhe onde poderia pernoitar . Gugu, como era de se esperar, deu-lhe uma idéia genial: O Cabaré de Maria Justa, o mais requintado de Matozinho. Cunegundes  gostou da dica e partiu para lá. Estabulou conversa com uma das meninas, uma loirinha bonita, reboculosa, perna grossa e bunda tanajúrica. Conversa vai, conversa vem, após umas doses ,uma dancinha bochecha com bochecha e uns entrelaçados dos pés de pato de Cunegundes com os troncos de aroeira da loirinha, terminaram na noite de núpcias. Pela manhã, acordou um Cunegundes feliz e realizado. Arrumou-se e, depois, lembrou que cometera um erro primal: não havia acertado o preço previamente , coisa quase impossível de acontecer com os atilados bertioguenses. Cunegundes, então, algo temeroso, pediu a conta :
                                               --- Foi muito bom ! Quanto tô devendo, meu bem ?
                                               A loirinha, ainda deitada, refazendo-se um pouco sob os lençóis, respondeu-lhe com voz sensual como locutora de aeroporto:
                                               --- Cuné , eu cobro trezentos cruzados ! Mas para você, que é um freguês tão bom e  parece um  jumento fogoso na cama, vou cobrar só duzentos e cinqüenta, tá bom?
                                               Pé-de-Pato não pode conter a surpresa! Lá se ia metade do seu empréstimo, só numa noite. Conteve-se um pouco, mas soltou :
                                               --- Duzentos e cinqüenta, mas não tá muito caro não, minha filha ?
                                               A loirinha, não se enrolou:
                                               ---- Cunezinho, tá tudo pela hora da morte ! Agora mesmo a gasolina subiu!
                                               Cunegundes meteu a mão no bolso, contou as cédulas com uma pena danada e pôs em cima da camareira. Quando abriu a porta para sair, a loirinha, feliz, perguntou interessada:
                                               --- Filhinho e agora quando você volta ? Quando te vejo de novo ? Já tô morrendo de saudade !
                                               Pé-de-Pato fechou a porta lentamente, enquanto mandava-lhe a resposta:
                                               --- Desse preço não dá ! Só volto agora quando você botar um priquito a óleo ou a gás butano !

J. Flávio Vieira


quarta-feira, 20 de março de 2013

por nicodemos








Por Nicodemos

                                              RESPOSTAS AQUÉM
O poeta pergunta ao Universo:
Que vida? Há sorte? E a morte?
O Silêncio responde a seu modo
Solene, sincero, sem engodo...
O poeta, que sabe as palavras
E sabe forjá-las, atá-las, transpô-las
pescá-las no seco silêncio
sente-se órfão da Verdade
senta-se só no deserto da praça
e grita: “para quem? Para onde?”
e só, o silêncio responde...

segunda-feira, 18 de março de 2013

Gritando o cordel ...- por Ulisses Germano

Benevolência e coragem
Brotam na sabedoria
Desgraça pouca é bobagem
Nós estamos numa fria
A terra toda esquentando
Água do mar aumentando
E a estupidez dando cria

Tempestade - por Socorro Moreira


Noite de chuva. Estou longe dos coqueiros e das carnaúbas.Chove no telhado, sinfonia divina. Clarões esclarecendo e iluminando a magia da vida.
Lembro da minha mãe falando das tempestades , na fazenda do Piauí... Dizia-me :
Árvores altas atraem raios. Eu aconchegava-me no seu colo, enredava-me nos lençóis com cheiro de alfazema e xixi. Rezávamos no mental para o nosso Anjo-de-Guarda, enquanto minha avó acendia velas e candeeiros, murmurando o rosário da Conceição, e cobrindo os espelhos com panos de seda.
Perguntava-lhe de forma velada, mas corajosa :
As torres das igrejas teem pára-raios ?
E no mato ? Quem protege o caipira de morrer esturricado ?
Chove no preseente , e o meu medo foi embora.
Só tenho medo das loucuras do coração, mas sei controlá-las.
A paixão é cega , descabela.
Deixa carecas homens e mulheres
O enamoramento é Alfa, Beta, Romeu ...
Eu sei que és vivo, e isso me deixa perto.
Eu sei que és lotado, e isso me deixa calma.
Boto um sorriso bem vestido,pendurado no cabide dos lábios.
Sorriso apaixonado é enrubescido de verdades.

A chuva agora é mansa. Estou terna de noite linda. Estou cheia de amor bem- estar.
Celebro com a natureza, a vida !

A liberdade de alguém definir, sozinha, o que seja liberdade. Por José do Vale Pinheiro Feitosa

A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”

Este parágrafo inteiro, reproduzido no Globo On Line foi dito por Maria Judith Brito, executivo do grupo Folha de São Paulo e atual presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) ao se manifestar contra o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH3. O Programa foi elaborado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal.

O parágrafo é verdadeiro quando identifica a sua luta contra o Programa e foca seu debate no governo federal, obviamente o verdadeiro autor de tais medidas. Daí em diante o parágrafo é a prova cabal do quanto o debate político nacional, promovido pela imprensa, é frágil e equivocado. A fragilidade já começa de cara na idéia de poder, liberdade e limites. Numa sociedade de massa, como são as modernas sociedades, a majestade só cabe ao povo, jamais a alguém, seja este presidentes do executivo ou de uma associação de jornais.

Por isso a idéia do limite não cabe na autoregulação e nem na autolimitação. Isso não existe de fato a não ser que se tome por parâmetro algo externo, que de fato o limite e o regule. Por isso na sociedade existe o poder da Justiça como aquilo que garante o que se convencionou, pela representação do poder popular, instituir-se em regulamentos, regras ou leis como são mais conhecidas. Todo o conceito de liberdade é limitado ao menos na liberdade do outro e isso é apenas o começo onde se pode discutir o ela, a liberdade, seja em sociedade.

Aí a executiva, diga-se de verdade uma funcionária de um grupo empresarial familiar, apega-se ao conceito de responsabilidade. Que responsabilidade? Uma responsabilidade imediatamente limitada, cerceada, pois que qualificada: “a responsabilidade dos meios de comunicação”. Esta manobra é arcaica em qualquer debate, procura-se uma idéia forte que lhe der poder, no caso, responsabilidade, mas aí é uma liberdade em particular, aquela dos meios de comunicação, seja quais forem seus parâmetros. Se for, por exemplo, o meio de comunicação que pense exatamente ao contrário daquele representado pela D. Judith, já se observa a contradição.

Mais aí é que vem a caída definitiva do conteúdo do parágrafo: E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. Se esses meios fazem oposição de fato, estão substituindo o papel dos partidos políticos de oposição, pois estes estariam fragilizados, então a responsabilidade avocada pela Sra. Judith, já nem é mais dos meios de comunicação, é de um partido político de oposição. Em outras palavras o que ela defende mesmo é a “liberdade” de fazer oposição ao governo federal.

Que o faça, mas não tome para si o sentido golpista do argumento da liberdade inteira para ela. Alguém pode querer fazer o papel situacionista com a mesma liberdade que deseja Dona Judith, inclusive a serviço de alguém ou de um grupo, como o caso da família Frias, dona da Folha de São Paulo.

Colibri - por Socorro Moreira


Você chega sem barulho,
nas asas dos sonhos.
Pousa na pira do enlace
Traz no bico o mel da flor,
e nas penas o cheiro do amor.
Cheiro de mato, malva, alecrim ...

Preciso incensar a vida
O amor sempre chega nas horas ( im) previstas !

  por José do Vale Feitosa

E solidão apenas o é pelo outro,
Quando digo só, já falo dos ausentes,
Não posso dizer ele,
sem que me sustente,
em eu e tu.

E por isso saudade é como bezerro,
apartado, separado,
longe das gentes e
do lugar.

Saudade é esta vontade de eternidade,
Que todos sentidos retornem,
para alguém,
para aquele canto do mundo,
para aquele momento da vida.

Saudades são as jóias do viver,
Encontradas no cascalho do trabalho,
entre uma obrigação e outra,
no intervalo se o suor vier,
é prazer do corpo em combustão.



por José do Vale

A carta da saudade tem naipe em copas.- por Socorro Moreira


Eu sou cheia de saudades, mas tenho analgésicos pra todas elas... Não sei lidar com as dores, ou talvez seja acostumada com elas. Saudade não dói, nem mata, nem tão pouco maltrata... Saudade não é um mal que faz bem ... É um bem que faz bem, necessariamente !
Eu sinto saudades de um olhar fugidio , que não buscou permanência , mas energizou a minha noite e os meus sonhos vazios. Eu sinto saudades de um abraço feliz , na cumplicidade de um momento único, fugaz... Eu sinto saudades de um dia que chegou,  deixou de ser , e carregou minha espera de muitos dias, muitas noites , e muita misteriosa alegria. Sinto saudades de um tempo em que não te via , mas sabia que tu existias.
Agora , na maturidade, sinto uma calma, nada passiva...É uma calma madura , consciente, cheia de esperanças , em reencontros eternos.
Sinto saudades da tua passagem na minha lua.

por Nicodemos

Quando se diz estou aqui pra quem vier...

eu preciso um certo jeito
de chegar sem assustar,
e de falar mansinho,
pisando o chão
devagar...
se o assunto é amor,
amar igual a um passarinho
cantando a melodia certa
e bem baixinho,
que é pra não espantar...

se o assunto é poesia
então todo dia é dia...
de silenciar...
dizer o essencial
e calar

a Poesia não gosta
de ruídos.

psiuu!!
acho que falei demais

Nicodemos

domingo, 17 de março de 2013

Só Lembranças
 Ignez Olivieri

Não sei mais da cor de seus olhos
Só sei que eram profundos
Cheios de segredos, de esperanças e de mistérios
Brilhavam para mim como o sol.
Neles sonhei, amei, me entreguei inteira
E me perdi dentro deles e sem volta sofri.
Sofri tanto que me esqueci do seu brilho
Sua luz intensa que me iluminava para a vida
Esquentando meu coração cheio de amor e paixão.
Então sequei as lágrimas para ver as estrelas e a lua.
Hoje já não sofro, sou gente, sou viva, sou inteira
A força e o amor que lhe dei são meus agora
E me sinto tão grande e tão amada
Que sua lembrança vaga se desfaz.
Perdi o sol, ganhei as estrelas e a lua
Que fazem brilhar com a luz das poesias
As minhas noites, as madrugadas e a rua
Palcos dos meus sonhos e alegrias
Encenando a peça “Eternamente sua”

O novo sabor do baião


Tiago Araripe lança "Baião de Nós", seu primeiro álbum em 30 anos. A produção é de Zeca Baleiro

Tiago Araripe exibe orgulhoso seu segundo álbum solo, "Baião de Nós". Com produção de Zeca Baleiro, o disco reúne 11 canções inéditas, numa miscelânea de gêneros que inclui baião, reggae, indie rock e funk FOTO: MARCELO BARRETO/ DIVULGAÇÃO

O excesso de saudades já fez mais de uma vítima na música. A consequência mais danosa desta ligação com o passado não é a saturação - lembre de todas aquelas canções e discos que você não consegue mais ouvir de tanto que já foi obrigado a fazê-lo. Pior mesmo é a mania de querer que o passado ressurja no presente, que aquele artista morto ou aposentado, que aquela banda extinta reapareça e invista uma continuidade impossível (afinal, ninguém quer retomar de onde parou, mas tentar fazer uma sequência de seu momento mais inspirado). O resultado disso, todo mundo conhece, é uma população crescente de mortos vivos, de discos irrelevantes que se somam a boas discografias.

Afinal, quando falamos nos Mutantes, estamos pensando no power trio que tinha Rita Lee e Arnaldo Baptista ou da banda que existe atualmente, liderada pelo guitarrista original, Sérgio Dias? Alguém lembra que eles lançaram um álbum de inéditas, em que tentam soar como os originalíssimos e insubmissos Mutantes e, por isso mesmo, não chegam lá? Talvez o ideal fosse fazer como as bandas Blur e Pixies: turnês sim, mas sem novos discos.

Zeca Baleiro produziu as gravações de "Baião de Nós", no estúdio Muzak, em Recife: maranhense "redescobriu" Tiago Araripe FOTO: AUGUSTO PESSOA/ DIVULGAÇÃO

A longa introdução é necessária ao álbum "Baião de Dois", do cearense Tiago Araripe. O CD acaba de ser lançado, mas ficou pronto no fim do ano passado - quando o disco anterior do compositor, "Cabelos de Sansão", completava 30 anos de lançamento. Por si só, o hiato não traduz a questão: Tiago Araripe saiu do Ceará para, nos anos 70, integrar-se a cena artística de vanguarda de São Paulo. Gravou com o tropicalista Tom Zé, tornou-se parceiro do poeta concreto Décio Pignatari, integrou a banda de rock experimental - injustamente pouco lembrada - Papa Poluição e se misturou com a turma da Lira Paulistana, da qual fazia parte o compositor Itamar Assumpção.

Redescoberto
Foi pelo selo da Lira que Tiago lançou seu primeiro disco solo. Não foi um sucesso de público, mas conquistou parte da crítica. E conquistou uma nova geração de críticos - e, desta vez, de fãs, como quando foi reeditado há cinco anos, pela Saravá Discos, de Zeca Baleiro, um fá confesso do álbum. Esta reedição garantiu o status cult para um álbum excelente, mas pouco lembrado. Como a música se faz, também, da história dos músicos, "Cabelo de Sansão" havia se beneficiado do fato de Tiago Araripe ter se afastado da música. Era, desde o começo dos anos 80, um respeitado profissional do mercado publicitário, com passagens por agências de São Paulo, de Fortaleza e de Recife (onde vive).

Poderia ter ficado nisso, curtindo sua glória de "recluso", como uma espécie de Syd Barrett tropical. Ao decidir gravar um novo disco, Tiago Araripe assumiu um grande risco: o de manchar sua impecável e exígua discografia.

Se "Baião de Dois" fosse um disco ruim, teria o destino dos CDs independentes que soam mal: seria ignorado, pela "grande imprensa" e pelo circuito alternativo da crítica musical. Para piorar, seria, para o bem e para o mal, comparado ao "Cabelos de Sansão", um disco difícil de superar.

Nós
Tiago Araripe é a exceção para confirmar a regra. Ensina que quem vive no passado o faz por escolha própria. Em versos de "Gregório", o cearense parece explicar suas escolhas: "Mexa o corpo/ saia fora dessa zona de conforto/ é assim que vale a pena viver".

"Baião de Nós" é um disco de frescor contemporâneo. Bom mesmo que não tivesse uma história que o precedesse, que o tornasse mais interessante. Nele, Tiago Araripe reuniu canções novas e antigas, inéditas que estavam na gaveta, sem previsão de gravação e lançamento.

No álbum, o cearense reeditou a parceria com o fã maranhense: Zeca Baleiro produziu, ao lado de Tiago, o disco. A dupla ainda compôs duas das 11 canções do trabalho - a faixa-título (que conta com vocais de Baleiro) e "Esfinge".

Em três pontos, a comparação entre "Cabelos de Sansão" e "Baião de Nós" é inevitável: tanto um como outro, sem artificialidade, retratam bem seu tempo, em termos estéticos - se valem de gêneros tradicionais, sem apelar para o saudosismo ou para o pastiche; e ambos fazem música, digamos, estranha a partir de gêneros absolutamente convencionais (o reggae não é exatamente reggae; o baião não é exatamente baião; o rock idem). Por fim, o compositor tem uma forte ligação com a literatura e com a poesia - as letras têm qualidades inventivas para além de sua combinação com os arranjos.

Beleza
"Baião de Nós" é um disco bonito, sem gorduras, sem nada fora do canto. Os arranjos são delicados, como é difícil de se ouvir atualmente - às vezes, parece que a música que se ouve por aí ou é barulhenta ou enfadonha.

Tiago conduz, com sua voz frágil, as várias formações que gravaram o disco pelo caminho exato, de envolver as letras, de transformá-las em canções que surpreendem, mas acalentam, como se fossem velhas conhecidas de quem ouve. É o caso da melancólica "Nós", uma valsa minimalista, com algo de trip hop, de tango, de tristeza moderna; e "Dois lados", um baião desacelerado, igualmente belo.

Tiago transita bem por ritmos mais dançantes - caso da faixa de abertura, o reggae "A quantas anda você?"; o indie rock "Feito Beatles" (que faz valer o disco); o baião tradicional "Baião de Nós"; o funk atmosférico "Esfinge"; e "Click zap", que é avessa às definições, mesmo quando feita por aproximação.

Extensões
Tiago Araripe certamente tem a dimensão da importância de seu "Baião de Nós". A produção é caprichada para além das 11 músicas e da faixa-bônus. Vai do projeto gráfico de André Venancio até a movimentada página no Facebook (procure pelo nome do disco), com imagens, vídeos e amostras do faixas CD. Uma coleção de canções para ser ouvida à exaustão e, se necessário, redescoberta lá na frente.

DELLANO RIOSEDITOR

sábado, 16 de março de 2013

No fundo, bem no fundo, Matozinho sabe das coisas...



Matozinho, final de tarde, lá estavam os “jornalistas” de plantão, reunidos na praça da matriz, comentando as últimas notícias e dando pitaco em tudo :  de cibernética à plantação de coentro. Aberta a pauta da última semana,  de lá saltaram, com, estardalhaço, como  codorniz detrás de moita :  a eleição do Papa, o julgamento do Bruno e, na seção mais regional, a Seca e algumas traquinagens de pretensas baitolagens e enchiframentos . Conversa vem, palestra vai, eis que chega ao tribunal, Jojó Fubuia que, àquelas alturas,  já tinha espantado não só o  anjo da guarda mas  toda corte celestial .  Fubuia , certificando –se da pauta, apressa-se em  acrescentar mais um item para parecer : “ Na Bahia, abriu-se um concurso para policial e estão exigindo, das mulheres candidatas, atestado de virgindade”. Resolvida, por quase unanimidade a quantificação da pena do goleiro: deve ser capado e os possuídos servidos as barrões de Coronel Sinfrônio Arnaud; passou-se a assuntos papais resolvendo-se que iriam levar ao Padre Acelino uma petição solicitando encaminhamento de milagre a Santa Genoveva, dando paciência ao povo do Brasil para suportar os argentinos que já se pensavam deuses e, agora, com a eleição do Papa portenho, passaram a ter certeza.
                            Chegando à questão trazida, em caráter emergencial, por Fubuia, as opiniões se dividiram. Alguns defenderam a tese de que a exigência era perfeita, uma vez que não se admite um policial militar sem honra. Outros colocaram em cheque o absurdo da cláusula , lembrando que não se tinha o mesmo critério com os homens. Houve consenso num ponto: a dificuldade em formar um pelotão de imaculadas, nos dias de hoje, a não ser fazendo convênio com o éden dos islâmicos que, por tradição, possui uma mina inesgotável de virgens. Giba lembrou a estranheza e o ineditismo da notícia, com um : nunca antes na história desse país !
                            O velho Sinfrônio Arnaud, escorado em um dos bancos da pracinha, até então tinha sido lacônico. Quando resolveu falar, os outros silenciaram em reverência. Arnaud não era homem de muita conversa e não aprendera a ouvir opiniões contrárias. Informou, então, para uma platéia boquiaberta, que a Bahia apenas estava imitando Matozinho. Aquilo tudo já se passara ali há mais de trinta anos, esta era uma das únicas vantagens de se ser velho! -- vociferava um Arnaud pletórico e com veia do pescoço dilatada.Fora, inclusive, causa de morte e de uma grande debandada de matozenses para São Paulo, fugindo dos rigores de uma seca feroz no ano de 1958. Instado por uma platéia curiosa, nosso Sinfrônio narrou o ocorrido. O prefeito da época, Pedro Cangati, preocupado com o abastecimento de água na cidade, resolveu contratar mulheres para transportar a água barrenta de alguns poços últimos do Rio Paranaporã , até à vila e ali a distribuir para a população. Com esta medida, matava dois preás com um só fojo: melhorava o abastecimento e também a renda familiar das contratadas, todos em situação de calamidade pública. O problema é que havia cacique demais para pouco índio. Mal vazou a notícia da possível contratação, a prefeitura se viu apinhada de gente atrás do emprego: mais de mil e quinhentas mulheres faveladas. Pedro viu-se em dificuldade política no processo de escolha. Pediu então, a Saturnino-Ôi-de-Putaria , seu secretário na prefeitura e que carregava a alcunha por conta de ser vesgo , pediu-lhe para preparar um edital regulamentando a contratação da maneira mais legal possível. Saturnino lavrou o edital e afixou na recepção da prefeitura. Escrevia ruim como o diabo, fizera apenas um curso Mobral e mal assentava o nome. Passados os dias, observou-se que muitas e muitas mulheres liam o Edital, mas não se inscreviam. “Ôi-de-Putaria “ estranhou o súbito desinteresse das candidatas , a coisa tinha mudado da água barrenta e salobra do rio , para fubuia mata tatu do coronel Sinfrônio. Pediu , então, para que funcionários interrogassem as pretensas candidatas ,após a leitura do Edital, sobre a má vontade em trabalhar, mesmo em tempos tão bicudos. Só então se desvendou o mistério. Elas informaram ,reiteradamente, que não podiam se enquadrar nos critérios do Edital. O Secretário resolveu reler e no Art. 3 estava exposto : “As candidatas necessitam trazer a documentação exigida no Art 2 e, precisam, necessariamente ter cabaço”.  O Secretário queria empregar mulheres habilitadas e que possuíssem já uma cabaça para transportar a água, o que facilitava as coisas. O problema é que na hora de datilografar , ocorreu um erro e a Cabaça saiu no masculino, tornando-se, assim, uma exigência intransponível mesmo em terras matozenses.
                            Ciente, agora , do esdrúxulo impasse, e pressionado diuturnamente por Cangati, Saturnino resolveu refazer o Edital. Cuidadosamente datilografou um novo documento e afixou na prefeitura. Pediu ainda para a amplificadora local divulgar o desaparecimento das exigências anteriores. Dias passaram-se , inúmeras candidatas retornaram , releram o Edital, mas simplesmente se calavam e saiam sorrateiramente sem se inscrever. Gente morreu de sede, esfarrapados fugiram para o Sul e nada de se instalar o programa salvador prometido por Pedro Cangati, por absoluta falta de inscritos. Depois de muitos meses , um dia, relendo o documento convocatório é que o ilustre edil de Matozinho descobriu a causa da falência do seu Programa Emergencial Contra a Seca. O Artigo 3 do Edital, corrigido por “Ôi –de- Putaria” , recebera uma nova redação que aparentemente deveria facilitar as coisas não tivesse incorrido em séria ambigüidade:
                            “ As Candidatas devem se inscrever na própria prefeitura , portando os documentos exigidos no Art. 2 desse Edital. Devem  trazer latas, dessas de dezoito litros, para transporte da água , exigindo-se, ainda,  que tenham  um pau no meio e não se aceitará as que tenham qualquer tipo de  furo no fundo”.

J. Flávio Vieira

quinta-feira, 14 de março de 2013


FRANCISCO - o "ingrato" - José Nilton Mariano Saraiva

Numa prova de que a briga de foice foi feia nos herméticos aposentos do Vaticano, os favoritos ao trono papal (dentre os quais um brasileiro) findaram por dançar solenemente (porquanto não conseguiram um consenso), e eis que pintou no pedaço uma “zebra” transamazônica, personificada no argentino Jorge Mário Bergoglio.
A mídia, surpresa e decepcionada por não ter conseguido sucesso em suas previsões, aos poucos conseguiu levantar algumas indicações sobre o histórico do próprio, dando destaque para o fato de ser de uma família pobre (por que será que todo religioso é originário de uma “família pobre”, embora um deles – Cícero Romão Batista – haja morrido podre de rico ???)  e que sua humildade é tamanha a ponto de usar o transporte público em seus deslocamentos pela bela capital argentina.
Mas eis que em, sua primeira aparição pública ante dezenas de milhares de fiéis na praça São Pedro, no seu momento maior, no clímax da sua trajetória (de padre a papa) Bergoglio foi de uma infelicidade imensa, uma ingratidão a toda prova, ao afirmar textualmente "...Parece que os cardeais foram me buscar no final do mundo".
Ou seja, de uma só raquetada (embora não sendo nenhum tenista), Francisco colocou não só a sua Argentina, mas, também, todos os países da America do Sul (Brasil inclusive, evidentemente), como escórias do mundo, periferia da portentosa Europa (hoje falida), da qual Roma (e o Vaticano)  fazem parte.
Teria Bergoglio/Francisco lido e lembrado do nosso Nelson Rodrigues, que professava que o povo sul-americano (em geral) deixa-se tomar por um imenso complexo de vira lata, quando tem que enfrentar (e mesmo conviver)  com os desenvolvidos europeus ???
De qualquer forma, bola pretíssima para o Francisco, pela ingratidão com essa parte do mundo.
**********************
(Vai ser duro, especialmente para o brasileiro, é agüentar os argentinos dizerem que além de um “Deus” (Messi, no futebol), agora eles também têm o Papa, em Roma).
Fazer o quê ???

por Beto Feitosa

Tiago Araripe mostra seu universo artístico particular



Depois de um hiato de 30 anos o compositor cearense Tiago Araripe lança seu segundo trabalho, Baião de nós. O novo disco, lançado pelo selo Candeeiro Records, tem a obra feita nesse período e produção dividida entre o artista e Zeca Baleiro.
A relação de Tiago com Zeca é a semente desse novo álbum. Fã do disco anterior de Tiago, Zeca relançou o álbum por seu selo Saravá Records em 2008, trazendo de volta o artista para a música. O LP Cabelos de Sansão foi originalmente lançado pelo histórico selo Lira Paulistana na sequencia da estreia de Itamar Assumpção. Antes Tiago Araripe já trazia compactos em sua história, sendo que o primeiro, de 1974, foi dividido com Tom Zé.
Nesse novo trabalho Tiago mostra que sua pena de poeta continua afinada. Logo nos primeiros minutos do disco apresenta versos espertos: "Eu quero saber / A quantas anda você / Se está zen ou deprê / Up to date ou demodée". Segue uma coleção de canções livres e surpresas poéticas. Como em Canção do silêncio: "A menor distância / Entre a palavra e o silêncio / Só o pensamento pode percorrer / Só o pensamento". Ou em No centro do furacão: "Meu coração / Tem semelhança com as bicicletas / Se equilibra quando estou em movimento / Pois é tranquilo / O centro do furacão". Tiago assina parcerias com Paulo Costa e Zeca Baleiro, que também participa da faixa-título.
Assim como São Paulo, Recife - onde vive - também é polo de vanguarda (que o Brasil ainda precisa descobrir). A música de Tiago Araripe junta influências de ritmos populares de sua Crato natal com o ambiente moderno pernambucano da década de 70 e com o cenário artístico paulistano. A Lira de Tiago Araripe é criativa e particular, desde sua música até seu canto. A mistura desse Baião de nós não tem receitas, é preciso provar com ouvidos abertos.


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quarta-feira, 13 de março de 2013

"FERA-FERIDA" - José Nilton Mariano Saraiva


Após a derrota do soberbo time espanhol de futebol do Barcelona, ante a sofrível equipe italiana do Milan (e os dois posteriores reveses no clássico espanhol contra o Real Madri), os “gênios” que militam na imprensa esportiva caíram de pau, baixaram o malho, sentaram a pua e, literalmente, “decretaram” que os defensivistas treinadores adversários finalmente haviam encontrado uma maneira de parar a máquina catalã, de acabar com o futebol-arte do Barcelona, de impor a força-bruta sobre um conjunto harmônico. 
A “receita’, para tanto, seria restringir o espaço dos artistas da bola, exercer uma marcação implacável sobre seus principais executores, não deixá-los livres um instante sequer; especialmente sobre um determinado argentino baixinho, de há muito considerado o melhor jogador de futebol do mundo, da atualidade (e que dentro do campo não vive de apelar pra frescurites, como determinados “astros” brasileiros).
Ironicamente, denominaram tal modelo de a “jaula”, que consistia em adiantar os quatro zagueiros e recuar os quatro meio-campistas, povoando e compactando aquele espaço onde o argentino trafega com exímia maestria e desenvoltura. Fato é que, como o melhor do mundo esteve visivelmente fora do “normal” nas três partidas, teria ficado “preso” na marcação, daí a invencionice de que fora “enjaulado” (e, no entanto, num olhar mais atento, dava pra se notar que o mesmo aparentava estado febril).
Esqueceram os “gênios” da imprensa esportiva que, num ambiente onde a individualidade pode assumir papel determinante, torna-se prematuro provocar uma fera-ferida, com vara curta.
E assim, a resposta do melhor do mundo apareceu na partida de volta: ao entrar em campo já com o placar adverso de dois gols, ele resolveu voltar à normalidade, roubar a cena, emudecer e desmoralizar seus críticos, comandando o “baile” do Barcelona na tonitruante goleada de 4 x 0  (dois dos gols foram seus e teve participação nos outros dois).
Assim, comprovado restou que não há “jaula” no mundo que consiga obstar a genialidade, trancafiá-la em seu interior, impedi-la de manifestar-se em toda a sua pujança, principalmente quando a “fera-ferida” (e que presumivelmente fora enjaulada) responde pelo nome de Lionel Messi.
Ô “argentinozinho” pra jogar.

terça-feira, 12 de março de 2013

CONVITE_Ass. Filhos e Amigos do Crato

A AFAC-Associação dos Filhos e Amigos do Crato e a LIVRARIA LUA NOVA, convidas voce, familia e amigos para o lançamento do livro GUIA DO ARTESANATO CARIRIENSE da design e professora CLEO DO VALE (Foto).





A AFAC-Associação dos Filhos e Amigos do Crato e a LIVRARIA LUA NOVA, convidas voce, familia e amigos para o lançamento do livro GUIA DO ARTESANATO CARIRIENSE da design e professora CLEO DO VALE (Foto).




segunda-feira, 11 de março de 2013


Eu Agradeço
Vinicius de Moraes

Eu agradeço
Eu agradeço a você
Muito obrigado por toda a beleza que você nos deu
Sua presença, eu reconheço
Foi a melhor recompensa
Que a vida nos ofereceu

Foi muito lindo
Você ter vindo
Sempre ajudando, sorrindo, dizendo
Que não tem de quê

Eu agradeço, eu agradeço
Você ter me virado do avesso
E ensinado a viver
Eu reconheço que não tem preço
Gente que gosta de gente assim feito você

domingo, 10 de março de 2013

Morte e vida...- socorro moreira




A prerrogativa de quem nasce é morrer.
Existe o medo em relação à morte. Deve existir algo parecido em relação ao próprio nascimento. Será consciente ou inconsciente? Morrer é dormir e nunca acordar?
Por que tantos desejam e procuram a morte?
Por que morrem tantos inocentes?
Por que a vida de arrasta numa constante bipolaridade: tristeza e alegria?
O que as religiões prometem aos fieis?
O que as religiões designam para os hereges?
Perguntas comuns, respostas ambíguas, ou inexistentes.
Como viver a paz na intensidade da vida?
Dormir é ensaiar a morte... È restaurar-se pra encarar o ainda estar vivo.
Alguns acreditam em destino... O destino é a morte!
Vida é feita de escolhas e acontecimentos aleatórios... Isso é destino em vida!?
A curiosidade persiste. Um dia, nada teremos pra perguntar ou responder... Voltaremos ao pó, e esse pó fará germinar novos vivos?
Tudo é passageiro, e ao mesmo tempo tão demorado... As esperas são intermináveis, quando as mãos e o coração estão vazios. Mas é graças ao vazio que conseguimos nos recriar, morrer, renascer, e permanecer vivos.
Benditas, vida e morte!