por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 16 de março de 2013

No fundo, bem no fundo, Matozinho sabe das coisas...



Matozinho, final de tarde, lá estavam os “jornalistas” de plantão, reunidos na praça da matriz, comentando as últimas notícias e dando pitaco em tudo :  de cibernética à plantação de coentro. Aberta a pauta da última semana,  de lá saltaram, com, estardalhaço, como  codorniz detrás de moita :  a eleição do Papa, o julgamento do Bruno e, na seção mais regional, a Seca e algumas traquinagens de pretensas baitolagens e enchiframentos . Conversa vem, palestra vai, eis que chega ao tribunal, Jojó Fubuia que, àquelas alturas,  já tinha espantado não só o  anjo da guarda mas  toda corte celestial .  Fubuia , certificando –se da pauta, apressa-se em  acrescentar mais um item para parecer : “ Na Bahia, abriu-se um concurso para policial e estão exigindo, das mulheres candidatas, atestado de virgindade”. Resolvida, por quase unanimidade a quantificação da pena do goleiro: deve ser capado e os possuídos servidos as barrões de Coronel Sinfrônio Arnaud; passou-se a assuntos papais resolvendo-se que iriam levar ao Padre Acelino uma petição solicitando encaminhamento de milagre a Santa Genoveva, dando paciência ao povo do Brasil para suportar os argentinos que já se pensavam deuses e, agora, com a eleição do Papa portenho, passaram a ter certeza.
                            Chegando à questão trazida, em caráter emergencial, por Fubuia, as opiniões se dividiram. Alguns defenderam a tese de que a exigência era perfeita, uma vez que não se admite um policial militar sem honra. Outros colocaram em cheque o absurdo da cláusula , lembrando que não se tinha o mesmo critério com os homens. Houve consenso num ponto: a dificuldade em formar um pelotão de imaculadas, nos dias de hoje, a não ser fazendo convênio com o éden dos islâmicos que, por tradição, possui uma mina inesgotável de virgens. Giba lembrou a estranheza e o ineditismo da notícia, com um : nunca antes na história desse país !
                            O velho Sinfrônio Arnaud, escorado em um dos bancos da pracinha, até então tinha sido lacônico. Quando resolveu falar, os outros silenciaram em reverência. Arnaud não era homem de muita conversa e não aprendera a ouvir opiniões contrárias. Informou, então, para uma platéia boquiaberta, que a Bahia apenas estava imitando Matozinho. Aquilo tudo já se passara ali há mais de trinta anos, esta era uma das únicas vantagens de se ser velho! -- vociferava um Arnaud pletórico e com veia do pescoço dilatada.Fora, inclusive, causa de morte e de uma grande debandada de matozenses para São Paulo, fugindo dos rigores de uma seca feroz no ano de 1958. Instado por uma platéia curiosa, nosso Sinfrônio narrou o ocorrido. O prefeito da época, Pedro Cangati, preocupado com o abastecimento de água na cidade, resolveu contratar mulheres para transportar a água barrenta de alguns poços últimos do Rio Paranaporã , até à vila e ali a distribuir para a população. Com esta medida, matava dois preás com um só fojo: melhorava o abastecimento e também a renda familiar das contratadas, todos em situação de calamidade pública. O problema é que havia cacique demais para pouco índio. Mal vazou a notícia da possível contratação, a prefeitura se viu apinhada de gente atrás do emprego: mais de mil e quinhentas mulheres faveladas. Pedro viu-se em dificuldade política no processo de escolha. Pediu então, a Saturnino-Ôi-de-Putaria , seu secretário na prefeitura e que carregava a alcunha por conta de ser vesgo , pediu-lhe para preparar um edital regulamentando a contratação da maneira mais legal possível. Saturnino lavrou o edital e afixou na recepção da prefeitura. Escrevia ruim como o diabo, fizera apenas um curso Mobral e mal assentava o nome. Passados os dias, observou-se que muitas e muitas mulheres liam o Edital, mas não se inscreviam. “Ôi-de-Putaria “ estranhou o súbito desinteresse das candidatas , a coisa tinha mudado da água barrenta e salobra do rio , para fubuia mata tatu do coronel Sinfrônio. Pediu , então, para que funcionários interrogassem as pretensas candidatas ,após a leitura do Edital, sobre a má vontade em trabalhar, mesmo em tempos tão bicudos. Só então se desvendou o mistério. Elas informaram ,reiteradamente, que não podiam se enquadrar nos critérios do Edital. O Secretário resolveu reler e no Art. 3 estava exposto : “As candidatas necessitam trazer a documentação exigida no Art 2 e, precisam, necessariamente ter cabaço”.  O Secretário queria empregar mulheres habilitadas e que possuíssem já uma cabaça para transportar a água, o que facilitava as coisas. O problema é que na hora de datilografar , ocorreu um erro e a Cabaça saiu no masculino, tornando-se, assim, uma exigência intransponível mesmo em terras matozenses.
                            Ciente, agora , do esdrúxulo impasse, e pressionado diuturnamente por Cangati, Saturnino resolveu refazer o Edital. Cuidadosamente datilografou um novo documento e afixou na prefeitura. Pediu ainda para a amplificadora local divulgar o desaparecimento das exigências anteriores. Dias passaram-se , inúmeras candidatas retornaram , releram o Edital, mas simplesmente se calavam e saiam sorrateiramente sem se inscrever. Gente morreu de sede, esfarrapados fugiram para o Sul e nada de se instalar o programa salvador prometido por Pedro Cangati, por absoluta falta de inscritos. Depois de muitos meses , um dia, relendo o documento convocatório é que o ilustre edil de Matozinho descobriu a causa da falência do seu Programa Emergencial Contra a Seca. O Artigo 3 do Edital, corrigido por “Ôi –de- Putaria” , recebera uma nova redação que aparentemente deveria facilitar as coisas não tivesse incorrido em séria ambigüidade:
                            “ As Candidatas devem se inscrever na própria prefeitura , portando os documentos exigidos no Art. 2 desse Edital. Devem  trazer latas, dessas de dezoito litros, para transporte da água , exigindo-se, ainda,  que tenham  um pau no meio e não se aceitará as que tenham qualquer tipo de  furo no fundo”.

J. Flávio Vieira

quinta-feira, 14 de março de 2013


FRANCISCO - o "ingrato" - José Nilton Mariano Saraiva

Numa prova de que a briga de foice foi feia nos herméticos aposentos do Vaticano, os favoritos ao trono papal (dentre os quais um brasileiro) findaram por dançar solenemente (porquanto não conseguiram um consenso), e eis que pintou no pedaço uma “zebra” transamazônica, personificada no argentino Jorge Mário Bergoglio.
A mídia, surpresa e decepcionada por não ter conseguido sucesso em suas previsões, aos poucos conseguiu levantar algumas indicações sobre o histórico do próprio, dando destaque para o fato de ser de uma família pobre (por que será que todo religioso é originário de uma “família pobre”, embora um deles – Cícero Romão Batista – haja morrido podre de rico ???)  e que sua humildade é tamanha a ponto de usar o transporte público em seus deslocamentos pela bela capital argentina.
Mas eis que em, sua primeira aparição pública ante dezenas de milhares de fiéis na praça São Pedro, no seu momento maior, no clímax da sua trajetória (de padre a papa) Bergoglio foi de uma infelicidade imensa, uma ingratidão a toda prova, ao afirmar textualmente "...Parece que os cardeais foram me buscar no final do mundo".
Ou seja, de uma só raquetada (embora não sendo nenhum tenista), Francisco colocou não só a sua Argentina, mas, também, todos os países da America do Sul (Brasil inclusive, evidentemente), como escórias do mundo, periferia da portentosa Europa (hoje falida), da qual Roma (e o Vaticano)  fazem parte.
Teria Bergoglio/Francisco lido e lembrado do nosso Nelson Rodrigues, que professava que o povo sul-americano (em geral) deixa-se tomar por um imenso complexo de vira lata, quando tem que enfrentar (e mesmo conviver)  com os desenvolvidos europeus ???
De qualquer forma, bola pretíssima para o Francisco, pela ingratidão com essa parte do mundo.
**********************
(Vai ser duro, especialmente para o brasileiro, é agüentar os argentinos dizerem que além de um “Deus” (Messi, no futebol), agora eles também têm o Papa, em Roma).
Fazer o quê ???

por Beto Feitosa

Tiago Araripe mostra seu universo artístico particular



Depois de um hiato de 30 anos o compositor cearense Tiago Araripe lança seu segundo trabalho, Baião de nós. O novo disco, lançado pelo selo Candeeiro Records, tem a obra feita nesse período e produção dividida entre o artista e Zeca Baleiro.
A relação de Tiago com Zeca é a semente desse novo álbum. Fã do disco anterior de Tiago, Zeca relançou o álbum por seu selo Saravá Records em 2008, trazendo de volta o artista para a música. O LP Cabelos de Sansão foi originalmente lançado pelo histórico selo Lira Paulistana na sequencia da estreia de Itamar Assumpção. Antes Tiago Araripe já trazia compactos em sua história, sendo que o primeiro, de 1974, foi dividido com Tom Zé.
Nesse novo trabalho Tiago mostra que sua pena de poeta continua afinada. Logo nos primeiros minutos do disco apresenta versos espertos: "Eu quero saber / A quantas anda você / Se está zen ou deprê / Up to date ou demodée". Segue uma coleção de canções livres e surpresas poéticas. Como em Canção do silêncio: "A menor distância / Entre a palavra e o silêncio / Só o pensamento pode percorrer / Só o pensamento". Ou em No centro do furacão: "Meu coração / Tem semelhança com as bicicletas / Se equilibra quando estou em movimento / Pois é tranquilo / O centro do furacão". Tiago assina parcerias com Paulo Costa e Zeca Baleiro, que também participa da faixa-título.
Assim como São Paulo, Recife - onde vive - também é polo de vanguarda (que o Brasil ainda precisa descobrir). A música de Tiago Araripe junta influências de ritmos populares de sua Crato natal com o ambiente moderno pernambucano da década de 70 e com o cenário artístico paulistano. A Lira de Tiago Araripe é criativa e particular, desde sua música até seu canto. A mistura desse Baião de nós não tem receitas, é preciso provar com ouvidos abertos.


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quarta-feira, 13 de março de 2013

"FERA-FERIDA" - José Nilton Mariano Saraiva


Após a derrota do soberbo time espanhol de futebol do Barcelona, ante a sofrível equipe italiana do Milan (e os dois posteriores reveses no clássico espanhol contra o Real Madri), os “gênios” que militam na imprensa esportiva caíram de pau, baixaram o malho, sentaram a pua e, literalmente, “decretaram” que os defensivistas treinadores adversários finalmente haviam encontrado uma maneira de parar a máquina catalã, de acabar com o futebol-arte do Barcelona, de impor a força-bruta sobre um conjunto harmônico. 
A “receita’, para tanto, seria restringir o espaço dos artistas da bola, exercer uma marcação implacável sobre seus principais executores, não deixá-los livres um instante sequer; especialmente sobre um determinado argentino baixinho, de há muito considerado o melhor jogador de futebol do mundo, da atualidade (e que dentro do campo não vive de apelar pra frescurites, como determinados “astros” brasileiros).
Ironicamente, denominaram tal modelo de a “jaula”, que consistia em adiantar os quatro zagueiros e recuar os quatro meio-campistas, povoando e compactando aquele espaço onde o argentino trafega com exímia maestria e desenvoltura. Fato é que, como o melhor do mundo esteve visivelmente fora do “normal” nas três partidas, teria ficado “preso” na marcação, daí a invencionice de que fora “enjaulado” (e, no entanto, num olhar mais atento, dava pra se notar que o mesmo aparentava estado febril).
Esqueceram os “gênios” da imprensa esportiva que, num ambiente onde a individualidade pode assumir papel determinante, torna-se prematuro provocar uma fera-ferida, com vara curta.
E assim, a resposta do melhor do mundo apareceu na partida de volta: ao entrar em campo já com o placar adverso de dois gols, ele resolveu voltar à normalidade, roubar a cena, emudecer e desmoralizar seus críticos, comandando o “baile” do Barcelona na tonitruante goleada de 4 x 0  (dois dos gols foram seus e teve participação nos outros dois).
Assim, comprovado restou que não há “jaula” no mundo que consiga obstar a genialidade, trancafiá-la em seu interior, impedi-la de manifestar-se em toda a sua pujança, principalmente quando a “fera-ferida” (e que presumivelmente fora enjaulada) responde pelo nome de Lionel Messi.
Ô “argentinozinho” pra jogar.

terça-feira, 12 de março de 2013

CONVITE_Ass. Filhos e Amigos do Crato

A AFAC-Associação dos Filhos e Amigos do Crato e a LIVRARIA LUA NOVA, convidas voce, familia e amigos para o lançamento do livro GUIA DO ARTESANATO CARIRIENSE da design e professora CLEO DO VALE (Foto).





A AFAC-Associação dos Filhos e Amigos do Crato e a LIVRARIA LUA NOVA, convidas voce, familia e amigos para o lançamento do livro GUIA DO ARTESANATO CARIRIENSE da design e professora CLEO DO VALE (Foto).




segunda-feira, 11 de março de 2013


Eu Agradeço
Vinicius de Moraes

Eu agradeço
Eu agradeço a você
Muito obrigado por toda a beleza que você nos deu
Sua presença, eu reconheço
Foi a melhor recompensa
Que a vida nos ofereceu

Foi muito lindo
Você ter vindo
Sempre ajudando, sorrindo, dizendo
Que não tem de quê

Eu agradeço, eu agradeço
Você ter me virado do avesso
E ensinado a viver
Eu reconheço que não tem preço
Gente que gosta de gente assim feito você

domingo, 10 de março de 2013

Morte e vida...- socorro moreira




A prerrogativa de quem nasce é morrer.
Existe o medo em relação à morte. Deve existir algo parecido em relação ao próprio nascimento. Será consciente ou inconsciente? Morrer é dormir e nunca acordar?
Por que tantos desejam e procuram a morte?
Por que morrem tantos inocentes?
Por que a vida de arrasta numa constante bipolaridade: tristeza e alegria?
O que as religiões prometem aos fieis?
O que as religiões designam para os hereges?
Perguntas comuns, respostas ambíguas, ou inexistentes.
Como viver a paz na intensidade da vida?
Dormir é ensaiar a morte... È restaurar-se pra encarar o ainda estar vivo.
Alguns acreditam em destino... O destino é a morte!
Vida é feita de escolhas e acontecimentos aleatórios... Isso é destino em vida!?
A curiosidade persiste. Um dia, nada teremos pra perguntar ou responder... Voltaremos ao pó, e esse pó fará germinar novos vivos?
Tudo é passageiro, e ao mesmo tempo tão demorado... As esperas são intermináveis, quando as mãos e o coração estão vazios. Mas é graças ao vazio que conseguimos nos recriar, morrer, renascer, e permanecer vivos.
Benditas, vida e morte!

sábado, 9 de março de 2013

Vem !




                               "Eu não acredito em caridade.
 Eu acredito em solidariedade.
Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo.
Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro.
 A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas."

Eduardo Galeano

                                   Há algo de novo  pairando por sobre o céu do Cariri, além dos urubus, das pipas  e do Aedes aegypti.  Paulo Freire, com a clarividência que carregava um dos maiores educadores da humanidade, afirmava que havia lutado toda vida para que a justiça social chegasse primeiro que a Caridade. É que a Caridade, amigos, é sempre meio vertical, como tão bem esclareceu nosso Eduardo Galeano; ela, em geral, não traz consigo aquele sentido libertador. De alguma maneira, os caridosos transparecem, claramente, que gostariam que continuassem a miséria e a pobreza para que eles nunca parassem de minorar seus muitos conflitos interiores ajudando aos famintos e pobrezinhos. Se eles não mais existirem, o que será de nós ? --Devem pensar consigo mesmos . As classes mais favorecidas sempre se indignam  quando a miséria lhes bate aos olhos. Reclamam daquela ignomínia, todos são perfeitamente a favor da distribuição de renda, desde que não se mexa, um pouquinho que seja,  com o nosso  quinhão. Qualquer iniciativa no sentido de reverter um pouco este quadro dantesco, a coisa pega fogo. Vejam o Bolsa Família! A revolta da elite é geral : estão viciando os pobres! Desde que inventaram isto, não se arranja mais empregada doméstica , nem trabalhador rural !  Revoltam-se por já não poder pagar uma diária de dez reais ao homem do campo e um terço de salário mínimo aos seus domésticos! O negócio é pagar uma miséria e depois compensar com uma caridadezinha e ficar-se imaginando, depois,  o maior benfeitor da humanidade, com poltrona garantida na corte celestial !
                                   O ouvinte, talvez, não tenha percebido, mas há algo de novo nos ares caririenses,  nos últimos três anos. Um grupo de adolescentes  ,quase duzentos,  todos de Classe Média, reuniu-se, há três anos,  nas férias escolares,  e montou um Projeto chamado : “Vem, vai ter Sorriso !”  O intuito é pedir doações junto à comunidade e depois distribuir cestas básicas com as famílias mais carentes  que são escolhidas, , cuidadosamente , em entrevistas nos bairros mais pobres. Os meninos visitam o comércio, fazem pedágio e promovem shows beneficentes para arrecadação de alimentos não perecíveis. A última edição do Projeto, acontecida em janeiro e fevereiro últimos, amealhou quase três toneladas de víveres. Os shows aconteceram no SESC/ Crato ,  por todo um final de semana, o SESC que ,como sempre,  tem sido o templo da cultura cratense. Inúmeras bandas caririenses compareceram, levando sua contribuição musical , estimando-se um público de mais de duas mil pessoas no evento. O “Vem , vai ter sorriso” não aceita qualquer ingerência nas suas ações seja de política partidária, de grupos religiosos, de entidades comerciais ou filantrópicas. O projeto não é centrado em figurinhas carimbadas, as decisões são tomadas sempre em reuniões amplas. Utilizam, ainda , os meios de comunicação onde circulam com mais desenvoltura : as Redes Sociais. O poder de arregimentação deles é impressionante ! Recentemente foi motivo de uma extensa reportagem televisiva veiculada no Noticiário do Cariri e em todo o Ceará.
                                   O ouvinte pode não entender o que há de novo no “Vem, vai ter sorriso!” Vemos, novamente, as novas gerações preocupadas com as questões sociais que lhes mancham os olhos. Podiam estar em bares, em festinhas, nos clubes, metidos com vícios de cardápio variado,  mas, ao invés disso, de repente, de forma espontânea, resolvem pingar um pouco das gotas que têm em mãos para tentar apagar o incêndio. Percebem que a solução para as nossas graves doenças sociais depende de política pública, mas não cruzam os braços e esperam as iniciativas de Brasília. Sabem que cada um de nós , por vontade própria, é também capaz de minorar a fome de alguns, de fazer brotar sorrisos , de aplacar o sofrimento, assumindo nossa parte, independentemente das ações de outros agentes sociais.E o mais importante de tudo é que, saindo do abrigo, da cômoda vida de todos, da estabilidade familiar, de chofre se vêm diante de outras realidades penosas e desumanas. Muitos , ao entregarem as cestas, saem das palhoças com olhos marejando e isto é engrandecedor. Aprendem valorizar as pequenas coisas desta vida e, mais, despertam para a necessidade de mudança, com a certeza de que o mundo é um sistema de vasos comunicantes e que não é possível ser feliz sozinho. A solidariedade é sempre um caminho de duas mãos : ofertamos por uma das vias e nos beneficiamos pela outra.
                                   O “Vem , vai ter Sorriso! “  traz um novo alento para o mundo, deixa-o mais respirável, mais róseo, mais oloroso. Os meninos talvez não tenham descoberto ainda,  mas, como já se disse:  restará sempre um pouco de perfume nas mãos daqueles que ofertam flores...

J. Flávio Vieira

TODO DIA É DIA DA MULHER

MULHERES
Janice Japiassu

Com um pano de seda encarnada
Costuramos as vestes do amor
Contra a negra descrença do amado
Acendemos uma vela sem cor

Replantamos no chão esse verde
Que a cultura do homem arrancou
Cultivamos sementes sozinhas
Com a certeza do céu e da flor

Não tememos a luz nem as trevas
Rastreamos a luz no escuro
Recolhemos a lágrima eterna
Não fechamos o céu com um muro

Não chamamos a dor de tolice
Nem o choro do amor de histeria
Não rimamos feliz com medíocre
Não fazemos do sexo, orgia

Do abandono fazemos os filhos
Retirando do corpo, alegria
Não compramos poemas vazios
Nem fazemos, do medo, teorias.

Onde, atados, os sonhos se partem
Fenecendo de pura asfixia
Impedidos da brisa da tarde

Habitamos o mar, o mistério
O profundo segredo da Terra
Conversamos com Deus, com o eterno
E jamais inventamos as guerras

Também nunca inventamos pecados
Nem serpentes, nem culpas, nem dor
Nem igrejas, governos, cadeias
Nós nascemos pras artes do amor

Somos antes, durante, depois
Dos infernos, dos céus, dos partidos
Nos encanta o corpo do mundo
Com sua alma de sangue e de viço

E rezamos pra Nossa Senhora
Jesus Cristo e pra Madalena
À Aristóteles, Comte ou Descartes
Preferimos a nossa Novena

É por isso que, em nós, o céu dança
E as estrelas também, se é preciso
Entendermos de tudo que é vida
De esfinges e de Paraísos.


Por V inícius de Moraes



A mulher que passa


Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida?
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.

Ontem foi o dia internacional da mulher.
Às mulheres simples, inflamadas de amor, minha reverência!

terça-feira, 5 de março de 2013


divagações


Perdas e ganhos
Balança em equilíbrio
Energias transformadoras
Aprender mais com todos
Procurar as pessoas disponíveis
Acolher pessoas que nos procuram...
Recriar pensamentos e sentimentos
Cuidar se, sobretudo!
Inventar a novidade
Ou apreciá-la!
Namorar amigos, família...
Deslembrar o que não pode voltar
Que a  saudade seja brisa
Sopro leve, que espalha suavidade
Fugir da inquietação
Não esperar...
Receber com razão e o coração
A vida ainda é presente
O temporal agora é sereno
E a noite, nesta solidão,
Traz consigo a mágica esperança

Viver é nunca sentir o fim
É contar com possibilidades
Até que o simples nos surpreenda
E nos arranque um sorriso de paz!


Começo de semana
Começo de mês
Recomeço de vida.
Enquanto arrumo e expurgo papeis
Agendo novas prioridades
O bem querer vai se transformando em carinho
Assim são os vícios e as compulsões...
O desligamento afetivo é possível
O desligamento de um hábito impróprio
(como fumar...) Implica em liberdade
- Ser livre é superar-se!

socorro moreira