por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Maias




                                                               Embora negue ,peremptoriamente, consta que teria partido de Valdenor aquele projeto genial. Depois do big-bang,   fica difícil juntar os cacos do quebra-cabeças e descobrir quem  teria assoprado o lume do estopim. Como sempre, as grandes idéias surgem, meio por acaso, sopradas pelo bafejo de algum anjo de luz ou sussurradas no pé do ouvido pela língua ofídica de algum dos decaídos . E o diabo é que a tragédia tinha acontecido simultaneamente com dois amigos de infância e adolescência, mas que agora, tangidos pelas vicissitudes do destino, estava cada um ( ado-ado-ado) no seu quadrado, tendo de ganhar a vida e arranjar algum alpiste para alimentar os bruguelos, cada um em  planeta diferente.
                                               Valdenor , passados os sonhos dourados  da juventude, teve que antecipar o casamento por conta de um emprenhamento prematuro da namorada. E eram tempos de “casa ou morre”. Na sinuca de bico, preferiu a morte a crédito: casou, deixou de lado os projetos estudantis e passou a trabalhar como vendedor numa concessionária de automóveis. Orlando fora seu amigo inseparável nos tempos de escola , de bailes e de farras homéricas. Firmou-se nos livros, terminou um curso de odontologia em Recife e vivia de boticão em punho no Crato há mais de vinte anos. Seus caminhos cruzavam-se,  esporadicamente, na rua, numa farmácia, no comércio. Não mais que isso.
                                               Pois bem, neste 2012 --- e pululam explicações catastróficas sobre esta coincidência ---  as aparentes paralelas, descobriram-se  semi-retas e voltaram às intersecções. Meio do ano, no último final de semana da Expô/Crato, os dois --- cada um por  razões diversas --- tiveram que viajar. Valdenor fora convocado para uma reunião de avaliação de desempenho da sua Concessionária em São Paulo e Orlando  partia para  um Congresso científico, no Rio. Viajavam ambos meio a contragosto, tendo que abandonar os dias mais virulentos das festividades de meio do ano. Mas que jeito ? Manda quem pode e obedece quem tem juízo !  E não era , simplesmente, o desassossego de abandonar a cidade em tempos tão festivos. Orlando  era muito supersticioso e ficou cabreiro quando um tio seu, o velho Júlio Maia, lhe alertou, no dia anterior, que tinha tido um sonho muito ruim: vira no delírio onírico, com aqueles olhos que a terra haveria de lanchar,  uma avalanche de troncos de madeira descendo ladeira abaixo e caindo em cima do sobrinho. E Valdenor, embora não tenha contado a ninguém, andava também com uma pulga detrás da orelha. Ele tinha uma vaca que chamava carinhosamente de “Maiada” e que dava uns quinze litros de leite todo dia, pois depois que marcou a viagem, ela  botou para secar os peitos e , de repente, não caiu mais um pingo. O vaqueiro do sítio o alertara que aquilo não era sinal de  bom augúrio.
                                               Por peripécias do acaso, iriam se encontrar no aeroporto. Estavam meio emburrados com a necessidade de viajar em dias tão pouco propícios. Tinham chegado ali com a ajuda das esposas que se despediram de cada um deles , após o check-in. Toparam um com o outro já na sala de embarque, enquanto reviviam os bons tempos, perguntavam por colegas da época e pelo destino das meninas mais charmosas da turma. Tinham comprado, embora não soubessem, passagens no mesmo avião. A coincidência chicotou ainda mais a curiosidade sobre os bons e  antigos tempos. E conversa puxa conversa, fofoca exuma fofoca, nem perceberam que a aeronave não chegara no tempo previsto e no quadro já não havia previsão para o embarque. Passadas uns sessenta minutos da hora prevista, finalmente,   o pessoal de terra avisou que o vôo 1899 para São Paulo, com escala no Rio, por problemas técnicos estava suspenso. Sabiam que só haveria agora vôo no dia seguinte e ficaram chateados com o contratempo.
                                                É neste exato momento que as versões divergem. Quem teria dado a idéia cabalística ? Reza a crença que Valdenor teria bolado o plano. Eu, como simples relator dessa história é que não vou enfiar minha colher neste consumê . O certo é que , independente de quem foi o Thomas Edison, os dois concordaram. Oras, não havia outros passageiros conhecidos. Deixariam as malas no Malex do Aeroporto, comprariam um chapéu para disfarçar e partiriam direto dali para a Expô/Crato. Na hora prevista de chegada aos seus destinos originais , cada um ligaria para a esposa informando que a viagem foi ótima , que estava tudo bem e que iriam descansar um pouco para  o início dos trabalhos mais tarde. Virariam a noite, na maior farra desse mundo e , no outro dia cedinho, pegariam um taxi, se despediriam das catraias que tinham arranjado e partiriam , finalmente, para Rio e São Paulo para os eventos previstos, com a desculpa mais que justificável de falha da Companhia Aérea.
                                   Seguiram à risca o plano. Sentiram-se voltando no tempo e gazeando a aula de Educação Física para ir ao Cabaré. Chegando na Expô/Crato foram direto para aquele lugar recôndito chamado inferninho. Primeiro porque ali é sempre mais reservado e privativo e, depois, porque existiam informações mais que abalizadas dizendo que lá , apesar do nome, se tratava do Nirvana. Tinha até as onze mil virgens, só descobririam que elas já tinham perdido de há muito esse atributo. Encheram a cara, dançaram o dia todo e à noite, ainda deram uma escapadinha e desceram para o show de uma Banda de Forró de nome apetitoso: “Cheira meu tabaco e desmaia”.  
                                   Ainda bêbados e grogues, de madrugadinha , já de táxi previamente contratado, partiram para o Aeroporto, com aquela cara de menino que acorda em dia de natal. Só não esperavam pela surpresa. As duras esposas estavam lá os esperando, de bote armado. Apanharam que só galinha pra largar o choco. Só depois souberam que houvera uma mudança no horário do novo vôo e a Companhia tinha ligado para suas casas avisando de mais esse contratempo. As jararacas pegaram o fio da meada, descobriram rapidamente a tramóia e partiram para lá, prontas para flagrar os recém-ressuscitados boêmios. O julgamento foi sumário, a peia comeu no centro, o papelão revelou-se publicamente e a pena executada fora em praça pública.
                                   Alguns dias depois, ainda de caras inchadas e reclusos, em silêncio obsequioso, Valdenor ligou clandestinamente para Orlando. Na defesa , um tinha colocado a culpa no outro e, certamente, quando o tempo os absolvesse , ficaria um ranço danado de cada uma das esposas com o amigo do marido. Mas que jeito ?   Orlando, o mais supersticioso, fatalisticamente disse ao colega que deviam ter prestado mais atenção aos sinais premonitórios da catástrofe. Tudo estava escrito!
                                   --- Veja só, Valdenor ! Tio  Júlio MAIA disse que eu não viajasse;  sua vaca MAIAda secou os peitos e a o diabo da banda da Exposição, você lembra?  “Cheira o meu tabaco e desMAIA” . Pois todos esses Maias tinham razão ! A calendário dos Maias estava certo,  nós é que nos abestalhamos, o Mundo tinha mesmo que se acabar neste 2012 !

J.  Flávio Vieira

Meus cumprimentos seu Luiz - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eu vou pro Crato - Luiz Gonzaga - composição Luiz Gonzaga e José Jatai

Seu Luiz o povo comemora seus cem anos de nascimento. Eu queria que visse o quanto é bonito o que dizem. Fizeram um filme sobre a sua vida, incluindo o Gonzaguinha e só tenho ouvido elogios. Os jovens que assistem ficam deslumbrados com sua história, contada do jeito que o diretor contou. Mas eu acho que o elogio não vai só pelo diretor, é pelo senhor ter existido.

É mesmo seu Luiz. Para surpresa dos que se aperreiam por esta seca que devora o povo do seu sertão, surpresa por quem se afoga de água aqui pelo sudeste. É a surpresa mesmo que nos leva a compreender o amor de um jovem, rodando aí pela casa dos vinte anos, diante da narrativa do filme.

Isso é explicado como se fosse a sombra do Juazeiro guardando o verde que foi estorricado em tudo que está em volta. É o peso imortal da cultura, da alma de um povo, do eterno enquanto ação de uma vida. O que chama atenção é que diante desta avalanche de novidades de hoje, venha um jovem a se identificar com tudo que é carinho pelo senhor e pelos seus.   

Seu Luiz é nos grandes salões e na televisão, além do cinema que seu nome circula por todos os cantos do nosso país. É possível que se faça, mas é quase impossível para um vivente tomar conhecimento da quantidade de vezes que homenagens lhes são prestadas, nas praças, bairros e ruas deste Brasil que não é um país: é um continente.

Quando vejo a tempestade de lembranças sobre o seu centenário, eu quero a calma que diz: não se trata apenas de um espasmo que antecede ao esquecimento. E sabe o motivo pelo qual posso ficar calmo? É que já vi o senhor no contraponto de tantas lembranças e homenagens.

Andando pelas ruas do Crato sem que viessem lhe pedir a bênção por tudo que fizera ao povo dos sertões. O senhor no posto de gasolina tirando o pneu para remendar o furo na câmara de ar. O senhor em frente ao Hotel Tabajara, na beira da calçada, cubando o movimento da rua e tão intensamente anônimo como parecemos nas vias do mundo.

Foi, por incrível que lhe pareça, naquele esquecimento que encontrei a raiz da força que o senhor tinha junto ao povo. A capacidade de ser um sertanejo de eito novamente. De pensar nas chuvas, de curar bicheira de animal. De dormir junto ao silêncio da seca e aos borbotões das vozes do inverno.

A lembrança e o esquecimento são as faces da mesma moeda, pois entre uma face e outra tudo é moeda. E sua moeda foi revelar ao Brasil, trazer para o centro das transformações, o seu arcaico sertão não como amostra inerte da vida, ao contrário, como a vida sem receio do mundo que muda. Sempre muda.

E nós lá.  

PT E PSDB: atores secundários no enredo da MÍDIA - José do Vale Pinheiro Feitosa


Esse episódio das declarações de Marcos Valério publicadas pelo Jornal Estado de São Paulo tem o dom de exultar os adversários de Lula em diversos tons, desde o riso de canto de boca de quem sempre soube do fato até o ladrar endoidecido de cães hidrófobos. Quem cria o fato político: a mídia não apenas do Estadão, mas o martelar ecoado por todo o pavilhão dos meios à disposição das grandes Corporações. Os políticos de oposição, até por um dever de ofício, vão às instituições em busca do efeito no embate que necessitam.

A Presidenta Dilma Roussef, de viagem oficial na França, é a voz quase única no dia da publicação em defesa de Lula com a seguinte frase: “Repudio todas as tentativas – essa não seria primeira vez – de tentar destitui-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem. Respeito porque o presidente Lula foi o presidente que desenvolveu o país e que é responsável pela distribuição de renda mais expressiva dos últimos anos, pelo que ele fez internacionalmente, pela sua extrema amizade pela África, pelo seu olhar e pelo estabelecimento de relações iguais com países desenvolvidos. Considero Lamentável essa tentativa de desgastar a imagem do presidente.”

No mesmo dia o PT soltou uma nota, mas no dia seguinte políticos aliados, membros do governo e políticos do PT deram resposta à matéria do Estadão. Nessa altura a história nacional tomava a memória de muita gente: vivia-se um ensaio de um clima de radicalização política muito parecido com o verificado durante o Suicídio de Vargas e com o Golpe Militar que destituiu João Goulart. Especialmente setores da esquerda, com idade vivida no episódio Jango, manifestaram o paralelo das situações.

No terceiro dia o eco de mídia se mantinha quando ações reativas no campo da situação política começaram a surgir. Destacou-se um requerimento convidando Fernando Henrique Cardoso a prestar informações sobre a lista de Furnas. O sinal de radicalização é evidente e com capacidade de provocar a oposição mesmo que as mídias das grandes empresas não repercutam a informação.

Mas o espetáculo do julgamento do Mensalão já era mesmo quase a repetição da República do Galeão, sem militares e sem um gênio histriônico como Carlos Lacerda. Outros tempos, o espetáculo era da mídia, com atores vestidos de toga a voluntária ou involuntariamente servir ao exercício da radicalização. Como vemos tudo é política, não se fala de outra coisa, apenas política.

Hoje o Senador Aloisio Nunes do PSDB de São Paulo veio em defesa de Fernando Henrique Cardoso. Não jogou “m” no ventilador, fez a defesa política da principal liderança do seu Partido. Assim como os políticos que se manifestaram em defesa de Lula. A defesa feita pelo Senador Aloisio é tão política que é igual à defesa da Presidenta Dilma apenas com diferenças de palavras: “Não poderia deixar de expressar minha indignação contra o uso de um instrumento para promover uma guerra suja e sem quartel contra um ex-presidente da República a quem o Brasil deve tanto.”   

A radicalização política surge nas grandes empresas de mídia que representam interesses “in extremis” quando é impossível conter o quadro de transformação pelo qual o país passa desde o fim da ditadura militar. Quando se chegou ao fim do ciclo deprimido da nação e novos ventos começaram a refrescar a opressão subjacente ao regime autoritário. Os políticos e, especialmente, o PT e o PSDB estão perdendo a iniciativa política para empresários provocadores. A política a reboque de um papel que tais empresários usurparam como se iniciativa fosse o que não passa de tampão para que a brisa não circule.

Espero que o projeto de nação se sobreponha ao fel de provocações radicais.   

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Posse no ICC do músico e compositor Hildelito Parente.







Aconteceu noite festiva, posse do músico e compositor Hildelito Parente, na cadeira nr. 35 (Patrono Luiz Gonzaga) do ICC do Crato.
Vicelmo, Uberto Cabral, Dr. Napoleão usaram a palavra com propriedade citando fatos históricos ligados à vivencia de Luiz Gonzaga x Hildelito X Crato, coroados com o discurso do empossado, que biografou a vida de Luiz Gonzaga com acontecimentos  pertinentes às suas origens, notadamente sua relevante aproximação com a nossa comunidade.
Após solenidade, Hildelito abrilhantou a noite com seu acordeom, seguido de Hugo Linard e Leninha Linard.
Noite belíssima!
Senti o halo cultural da nossa cidade, na presença de  inúmeras pessoas ligadas à nossa cultura.

Ravi Shankar - José do Vale Pinheiro Feitosa


Muito além das histórias das Arábias e suas mil e uma noite, existiam três universos misteriosos: a China, o Japão e a Índia. Pelo cinema, alguns livros da literatura de consumo e os mitos históricos narrativos como os de Marco Polo eram tudo sobre tais universos e por isso mesmo tinham as brumas do mistério.

O romper da materialidade consumista e abusiva vinda do pós-guerra esgaçou-se inicialmente pelo Rock And Roll, especialmente na fase Beatles e isso, até pela influência dos ingleses, trouxe muito da Índia. Foi desse modo que a juventude rebelde e impactada pelo movimento paz e amor, preocupada com a degradação da natureza e querendo viagens mentais além da racionalidade burguesa foi se encontrar simbolicamente em Woodstock.  

Chega a ser emocionante para quem viveu a época observar imagens dos tipos e estilos de ser das pessoas no campus do festival. Há uma dor de saudade, uma sensação de paraíso desfeito e, principalmente, a tristeza pelo sonho acabado e que ao fim tornados “iguais como nossos pais.” (Diga-se aquele pai pequeno burguês, moralista, apegado aos caraminguás das sobras do banquete.) Isso sem contar os que ficaram milionários vestindo bermudas para desenvolverem softwares como vivessem em Woodstock quando na verdade viviam nos gráficos das bolsas de valores.

Daquele tempo e daquele festival, muitos pontos tornaram-se icónicos por algum tempo, mas hoje se toma a verdade da vida como conclusão: morreu aos 92 anos de idade, como é do curso natural, o músico indiano Ravi Shankar. Que pelas mãos dos Beatles, especialmente George Harrison, revelou a música indiana para o ocidente. Exatamente quando as religiões orientais se tornavam seitas de retalhos filosóficos aqui por nossas plagas.

Andar na emoção é andar no conhecimento desde que se tenha paciência de ir à busca do outro. Ravi Shankar não representa apenas o grande peso que a música tem na intimidade do indiano. Ele, nascido em 1920, é matriz da milenar civilização ao mesmo tempo que curso do Renascimento de Bengala que começou com Raja Ram Mohan Roy (1775-1833) e terminou com Rabindranath Tagore (1861-1941). Esse renascimento foi um grande movimento na cultura e na sociedade indiana buscando o leme da sua própria vida, libertando-se da enorme influência ocidental por meio do Império britânico. Ainda no século XIX foram movimentos sincronizados, especialmente na região de Bengala cujo centro é Calcutá:  reformadores religiosos e sociais, acadêmicos, grandes literatos, jornalistas, oradores e cientistas. Foi um movimento reformista questionou a ortodoxia existente, no que se refere às mulheres, ao casamento, o sistema de dote, o sistema de castas e a religião.

O renascimento de bengala foi como o ocidental, um avançar em duas pernas:  abraça o racionalismo e o ateísmo como denominadores comuns de conduta civil da casta superior educada enquanto simultaneamente se aprofunda o pensamento espiritualista reformado, como aquele da família Tagore. Foi, de alguma maneira, a primeira experiência multiculturalista na Índia, com raízes intelectuais do Upanishads e influências do Iluminismo. Na literatura destacaram-se Ram Mohan Roy,  Iswar Chandra Vidyasagar, Bankim Chandra Chatterjee, Akshay Kumar Datta, Michael Madhusudan Dutt, Hem Chandra Banerjee, Dina Bandhu Mitra e Rabindranath Tagore, que foi o compositor da primeira Jana Gana Mana, o hino nacional da Índia. No Renascimento Bengali se destacam dois monstros da ciência. Sir Jagadish Chandra Bose, físico, biólogo, botânico, arqueólogo e escritor de ficção científica. Foi pioneiro na investigação do rádio, ótica e microondas, lançando as bases da ciência experimental no subcontinente indiano. Satyendra Nath Bose, físico e matemático, se destaca pelo seu trabalho em mecânica quântica, fornecendo a base para as estatísticas e a teoria de Bose-Einstein. A partícula bóson é em sua homenagem.

A Índia, como no ocidente, teve sua música clássica e esta foi influenciada pelas invasões culturais da região: como os Mongóis, Persas e depois o Islamismo. Isso levou a música Clássica indiana a se dividir em dois blocos de conotação geográfica: a Música Clássica Hindustão, ou Música Clássica do Norte ou Música Clássica  Shāstriya Sangeet  evoluiu a partir do século 12, na atual região do norte da Índia, Bangladesh, Paquistão, Nepal e Afeganistão. É uma síntese cultural de várias correntes musicais: védica (1000 anos A.C) da antiga música Persa e dos povos da região. A outra corrente é a Música Clássica Carnática mais ao sul da região.  As noções centrais em ambos os sistemas é o das ragas, cantadas num ciclo rítmico ou tala.  Por volta de 1900, Vishnu Narayana Bhatkande organizou e classificou as ragas num sistema tonal semelhante ao feito para o canto gregoriano numa série a que chamou thaats.  No século 20, esta corrente tornou-se popular em todo o mundo através da influência de artistas como Ravi Shankar, Ali Akbar Khan, Prabha Atre e outros.

Isso foi o que naqueles dias Woodstock mostrava num polca sem que aquela juventude soubesse narrar esta trajetória, mas sabia “viajar” na melódica daquele ciclo rítmico. E todos ficamos alegres pela vida expressar tanta riqueza vinda das experiências humanas.

Parabéns, Magali!



Acordei rezando pela permanência da tua felicidade. Ontem, emocionei-me, quando recebi o convite para a festa sua e de Carlos de 40 anos de casados. Um convite lindo, delicado...
Que Deus cubra de bênçãos a tua vida, e que a data de hoje seja repetida por muitos e muitos anos.
Feliz aniversário, menina!

Mostra Nacional de Vídeos sobre Intervenções e Performances começa segunda no Crato




A I Mostra Nacional de Vídeos Intervenções e Performances – Mostra IP  será realizada nos dias 17 e 18 de dezembro na cidade do Crato-CE.  A Mostra tem o objetivo de exibir  vídeos de registros de trabalhos performáticos e de intervenções de artistas e grupos brasileiros.  

A Mostra exibirá trabalhos de artistas e coletivos dos estados do Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Amapá e Pará. O Material recebido será posteriormente disponibilizado numa plataforma virtual que  poderá auxiliar como ferramenta pedagógica os professores de artes.
A abertura da Mostra acontece nesta segunda-feira, dia 17, às 18h30, no Teatral Municipal Salviano Arraes. Já terça-feira, dia 18,  a Mostra começa a tarde a  partir das 14h00 e a noite a às 18h30.

As escolas que participarem da Mostra IP receberão um kit de Arte composto por livro, documentário, cordéis, postais e vídeos.

A Mostra é uma realização do Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA, em parceria com a Pró-Reiotoria de Assuntos Estudantis e  Pró-Reitoria de Extensão da URCA, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Juventude do Crato, Centro Universitário de Cultura e Arte da União Nacional dos Estudantes – CUCA da UNE e Coletivo Camaradas.

Para o artista/educador, Alexandre Lucas, idealizador da Mostra IP, o evento visa criar um canal de intelocução entre os artistas brasileiros que desenvolvem ações no campo da performance e da intervenção. Ele destaca que esse tipo de fazer artístico tem uma ligação muito forte com o registro fotográfico e audiovisual, tendo em vista, que é a partir do registro que é possível torna o trabalho discutido e conhecido.      

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Voto Eletrônico no Brasil: a fraude e os partidos políticos - José do Vale Pinheiro Feitosa


O Partido da República e o Instituto Alberto Pasqualini Leonel Brizola do PDT, além de membros de diversos partidos realizaram, ontem dia 10 de dezembro, um seminário concorrido no auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro onde se perguntaram: O Voto Eletrônico no Brasil é Confiável? Participaram do evento o Professor Pedro Rezende da Universidade de Brasília, Dra. Maria Aparecida Cortiz, Jornalista Oswaldo Maneschy e o Engenheiro Fernando Peregrino.

A pergunta do seminário deve surpreender muita gente com elevado espírito ufanista que acha a nossa democracia superior apenas por efeito da rápida computação dos votos e chega até a olhar para os EUA como o desprezo de uma sociedade inferior por ainda votar e apurar pelos velhos métodos. Mas o efeito mais intenso da pergunta é sobre juízes, desembargadores e ministros que atuam na Justiça Eleitoral.  

O Poder Judiciário, que tanto destaque tem nessa fase da vida política nacional em razão da aplicação de penas no processo do mensalão, passa a receber os efeitos da transparência que as luzes e os flashes midiáticos lhe expõem. É um poder humano, sujeito aos mesmos erros e corrupções dos demais poderes. A idéia dos três poderes na República é justamente este: o contrabalanço que tenderia a anular excessos humanos.

Saber se o voto eletrônico no Brasil é confiável expõe a Justiça Eleitoral. Por princípio: o voto livre, secreto e honestamente apurado é o móvel de toda a vida política nacional e o alicerce em que todas as instituições da sociedade se assentam. Por isso a sociedade é democrática. Em segundo lugar expõe, pois ficou demostrado que o voto eletrônico no Brasil pode ser violado, apurar e eleger representantes do povo através de resultados fraudados. E o mais grave de tudo, uma vez que põe a Justiça Eleitoral, desde o Superior Tribunal Eleitoral até os juízes zonais, num enredo de formulação e blindagem do processo eletrônico, tornando-o inquestionável e o pior dos danos democráticos sem possibilidade de auditagem por partidos e pela população.

Na verdade o modo como o Marketing do voto eletrônico é construído levando a população a crer em santos quando os demônios agem por baixo dos panos, expõe o processo de representação política no Brasil à ótica da corrupção e da fraude. Ao se abrir o programa Divulga do TSE que apresenta a contagem dos votos por candidato desde os vereadores até o Presidente da República, é rigorosamente impossível se acreditar nos resultados dada a blindagem política feita pela própria justiça.

É incerto que o candidato eleito não tenha sido derrotado e que o derrotado não tenha sido garfado em sua luta eleitoral. Enfim: é possível que o manifesto do povo tenha sido adulterado. E tal assertiva é parte da própria fraude de marketing do voto eletrônico: todo sistema de base matemática, como são os eletrônicos, são manipuláveis por interesses humanos. Por isso os sistemas de computação eletrônica têm simultaneamente versões que aperfeiçoam suas tarefas e que tentam ampliar a sua segurança. São as novas versões que sempre surgem, criando gerações de melhoria no processo.

Pois bem, além de sujeito à manipulação humana, os sistemas de voto eletrônico brasileiro é arcaico e muito vulnerável uma vez que ainda se encontra na primeira geração dos sistemas de votação eletrônica quando já existem sistemas de terceira geração que permitem a auditoria do voto e a recontagem em caso de suspeição. A blindagem da Justiça Eleitoral ao atual voto eletrônico brasileiro, resistindo às mudanças mais democráticas, regride as eleições do país ao antes da Revolução de Trinta quando era feita no chamado “bico de pena” sob a batuta dos coronéis do sertão.  
   
Além da possibilidade de capturar a justiça eleitoral por interesses políticos, o atual processo abre uma autoestrada para que meios privados, através dos canais de transmissão eletrônica das operadoras de redes da internet (redes de fibra ótica) sejam parte política dos resultados fraudados ou partícipe involuntária de grupos criminosos de fraude eleitoral. No seminário foi apresentada uma investigação em que uma testemunha expôs um esquema criminoso de fraude do voto eletrônico através dos pontos de acesso das operadoras de telefone quando se adulteraram resultados diretamente nos pontos de totalização de votos dos tribunais regionais.

Na verdade a blindagem de marketing do voto eletrônico também é feita pelas grandes corporações de mídia, ao omitirem da sociedade estas questões e ao demonstrarem atos de fé sem qualquer verificação do contraditório. Seja qual for a causa que leve à Justiça Eleitoral a esta inércia diante de tantas evidências, inclusive de princípio, é preciso se retomar o poder ao povo e à política. Aos partidos que ontem tiveram suas respostas às perguntas que se fizeram não lhes restam alternativas, mesmo com suas contradições internas entre eleitos e derrotados, que não seja a ação política para evoluir democraticamente o sistema de voto no Brasil.

VOTO ELETRÔNICO DE TERCEIRA GERAÇÃO JÁ.


Paulo Leminski


"moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia
vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia"

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Por Everardo Norões


Sesta

o galho de árvore
a penetrar na nuvem
pássaro a resvalar
no clarão da pele
lampejo de água
na chuva adormecida
sopro de luar
no cobre da bandeja
um sim dissimulado
na dobra do vestido
augúrio de festa
no aceso de dentro
molécula explodida
no cristal
da taça

Ribamar - Por Norma Hauer





Ele nasceu no dia 9 de dezembro de 1919, aqui no Rio de Janeiro, recebendo o nome de JOSÉ RIBAMAR PEREIRA DA SILVA.
Foi um dos principais parceiros de Dolores Duran.

Conheci-o quando não era ainda um nome famoso, como funcionário do Ministério da Educação.

Na época já tocava piano e era conhecido como pianista entre seus colegas de rapartição.

Iniciou sua carreira de músico profissional em 1950, acompanhando Dolores Duran. Ainda nesse ano, venceu o concurso para escolha de um pianista de música popular na Rádio Nacional.
Em 1952 teve sua primeira composição gravada: o bolero "Duas vidas", com Esdras Pereira da Silva (seu irmão), na voz de Fernando Barreto. Atuou como violinista de Fafá Lemos e com outros grupos, formando em 1953 seu próprio grupo.

Quando ele lançou, de sua autoria e Dolores Duran, o samba "Idéias Erradas ", na voz de Carlos Galhardo, ofereceu-me o disco "ainda tininho", recém-saído da gravadora.

"Ternura Antiga" letra de Dolores, ele musicou após a morte da autora, que confiava nele para musicar alguns de seus versos. Isso quando ela não fazia letra e música.

Da dupla, podemos ainda "apontar""Quem sou Eu"; "Pela Rua; "Se eu Tiver ", isso sem citar o mais bonito "Ternura Antiga", cujo sucesso ela não conheceu.

Ribamar faleceu em 6 de setembro de 1987, sem completar 68 anos.

Tocando em boates e outras casas noturnas, conheceu Marisa "Gata Mansa", que o acompanhou por toda sua vida artística.

Foi um dos principais parceiros de Dolores Duran.

Conheci-o quando não era ainda um nome famoso, como funcionário do Ministério da Educação.

Na época já tocava piano e era conhecido como pianista entre seus colegas de rapartição.

Iniciou sua carreira de músico profissional em 1950, acompanhando Dolores Duran. Ainda nesse ano, venceu o concurso para escolha de um pianista de música popular na Rádio Nacional.
Em 1952 teve sua primeira composição gravada: o bolero "Duas vidas", com Esdras Pereira da Silva (seu irmão), na voz de Fernando Barreto. Atuou como violinista de Fafá Lemos e com outros grupos, formando em 1953 seu próprio grupo.

Quando ele lançou, de sua autoria e Dolores Duran, o samba "Idéias Erradas ", na voz de Carlos Galhardo, ofereceu-me o disco "ainda tininho", recém-saído da gravadora.

"Ternura Antiga" letra de Dolores, ele musicou após a morte da autora, que confiava nele para musicar alguns de seus versos. Isso quando ela não fazia letra e música.

Da dupla, podemos ainda "apontar""Quem sou Eu"; "Pela Rua; "Se eu Tiver ", isso sem citar o mais bonito "Ternura Antiga", cujo sucesso ela não conheceu.

Tocando em boates e casas noturnas,conheceu Marisa "Gata Mansa", passando a acompanhá-la ao piano, até sua morte em 6 de setembro de 1987, sem completar 68 anos.

Norma

Colaboração de Geraldo Ananias

 
 
 
Geraldo Ananias Pinheiro Tudo é real e recente. O pessoal da Escola Santa Tereza (de Altaneira-CE) foi até Taboquinha e gravou, recentemente, todas as cenas (in loco) do curta. Casa de minha vozinha, essa aí em cima (onde minha mãe nasceu e viveu até se casar); o pé de juazeiro (eu costuma brincar e, mais tarde, namorar debaixo da sombra dele); o acude (hoje seco). Como pode ver nas fotos e no filme, tudo está seco e triste, menos o pé de Juazeiro, que continua verde, forte e firme, porém sem graça. Ninguém já não o visita mais, nem mesmo avião perdido. Ele ficou só, desencantado no meio do sertão tórrido, esperando a nossa volta. Está calado, pensativo, sem entender nada do que aconteceu. Todo mundo foi embora. Muitos morreram. Talvez seja por isso que ele não balança mais seus galhos, suas folhas ao vento, como fazia antes. Até Luiz Gonzaga, o rei do Baião, que o alegrava com seus cantos (a inesquecível canção juazeiro) morreu. Restou só a saudade, que é, no dizer do poeta, o amor que fica." Agora, meu amigo, restam lembranças. Assim, para amenizar um pouco a saudade que sinto no peito e na alma, fico a cantar: "Juazeiro, juazeiro, me arresponda por favor; juazeiro, velho amigo, onde anda meu amor. Ai, Juazeiro, ela nunca mais voltou; aí, juazeiro, como dói a minha dor..."

domingo, 9 de dezembro de 2012

Para Zé Flávio e Socorro Moreira - José do Vale Pinheiro Feitosa


Andei rodando na estrada ao encontro de Amélia Leonarda, minha irmã, que mora em Barra Mansa e como boa conterrânea casou-se com o mais radical cratense nascido em Farias Brito. Ele José Vilmar de Oliveira, conhecido por “China” em sua época de juventude na cidade.

Não estou no Facebook a elencar as vantagens familiares e nem a capacidade de rodar nas estradas. Isso tudo era para ser assim: andei rodando na estrada e assim que retornei logo fui ler os blogs que acompanho, especialmente o Cariricult e o No Azul Sonhado.

Então. A particularidade é sempre fundamental, mas a soma das partículas é fascinante. Com alguma preocupação e, relação à sensibilidade ética e honesta da minha amiga me referia à universal preocupação com a ratificação do dito. Por isso insiste naquele assunto da frase do Niemeyer.

Não tem muito tempo que andaram publicando na internet um poema do Maiakovski que terminou vítima da truculência stalinista como um discurso genérico contra o comunismo. E, claro, contra todas as lutas libertárias e, inclusive, as menos revolucionárias sobre o manto de reformas para ampliar a participação popular na riqueza das nações. Ali estava uma arapuca igual a essa do Niemeyer: por na voz dele exatamente o discurso de quem ele combatia. Ou seja, levar Niemeyer a fazer o discurso da direita brasileira, especialmente ao udenismo redivivo dos tempos atuais.    

E já visitei esta estação na volta e passo à seguinte. Diz o Zé Flávio sobre a claridade do passado frente à escuridão do futuro. E na claridade do passado Zé põe luz sobre vários personagens do Crato, especialmente dando personalidade a um personagem em especial. E entre o claro e o escuro passei da iluminura dos textos transcendentais para o opaco das indiferenças com a memória.

Mestre da narrativa, Zé vai num acréscimo de pequenos risos, até que no último parágrafo nos guarda a gargalhada aberta. Mas foi entre tais risos que tentava compreender como um jovem de hoje iria domar esta claridade do passado para melhor identificar os sinais do futuro. As silhuetas que já estão lá a menos que o fim seja de fato o 21 de dezembro.

A rigor não consegui entrar na interpretação dos jovens lendo este texto do Zé. Mas ainda com fluxos respiratórios do riso imediatamente vim para esta página. A me deleitar com a minha frágil capacidade de guardar nomes e datas dos livros de história. Até que compreendesse a própria história.

Está tudo bem com os que não conseguem guardar os nomes para a próxima verbalização, deixe-os quietos na correnteza da memória. Guarde que toda interpretação, a cada momento da convivência social, as nossas avaliações oscilam como a imagem de ondas rádio. Há certa variação de amplitude, extremada como este conto do Zé ou menos amplas, mas variante e com comprimento distintos de mudança do perfil ondulatório.

Agradecemos convite, e parabenizamos,Hildelito Parente Alencar!

 
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O amor tem pressa.

Para Chico Buarque

“Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar”

“O amor não tem pressa”? “Ele pode esperar”?

Desculpe-me, Chico, mas desconheço o amor que pode esperar.

O amor, quando é pra valer, é sinfônico, urgente, latente.

Pede pela pele do outro. Pede pelo veludo da voz e pela maciez do sorriso. Pede pelo gozo, pelo gole partilhado na bebida, pela brincadeira noturna sob os lençóis e até mesmo pelo silêncio de depois. Pede por palavras escolhidas cuidadosamente que salientem o indizível.

O amor é valsa, baião de dois, salsa, molho, tempero, batucada, estrada.

Quem ama não espera! Muito menos em silêncio! Sofre e reclama quando o ser amado não está ao alcance das mãos.

Quando o amor acontece, ele é pra já, sim, senhor. Ele não cabe num fundo de armário, na posta-restante, num poema rabiscado ou num retrato rasgado.

Quem ama tem fome. Quem ama tem sede. Quem ama dá vexame, faz a fama e deita na cama.

Quem ama escreve cartas e às vezes nem envia. Quem ama escreve cartas ridículas.

O amor que espera, desconheço. Quem sabe não se trata de um mero adereço da resignação? Pluma que enfeita a fé de quem perdeu o bem amado? Pluma leve, que como a ilusão pode ser lançada ao longe com um simples sopro de realidade e se perder no ar...

O amor não tem remédio, nem nunca terá, não tem juízo, nem nunca terá, não tem medida, nem nunca terá... Mas não, Chico, ele não pode esperar.

by Mônica Montone