por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Camelô



Houve um tempo ( antes do automóvel e da energia elétrica) em que a chegada de novidades no interior do Brasil estava nas mãos dos tropeiros. Eram eles que, varando o país  com suas alimárias, faziam as vezes dos Cargueiros, Trens, Correios, Rádio, TV , Jornal  e até das  Modistas. Tendo que continuar sua interminável jornada, deixavam suas funções na responsabilidade de pequenos varejistas e dos camelôs que, com poderes teatrais, eram os publicitários naqueles tempos remotos. Com voz tonitruante e recursos cênicos faziam aquele misto de  propagandistas-vendedores-radialistas, seduzindo os ouvintes para a compra das mais variadas  quinquilharias. O nome acredita-se vem do francês Camelot( vendedor ambulante), com raízes etimológicas no árabe HAMLAT: tecido de lã barato, comercializado pelos primeiros mouros que aqui aportaram.    O palco do camelô, em geral, era a Feira, onde ele se esparramava , como peixe em mar aberto. Com o advento dos meios de transportes mais velozes , o carro e o trem, as mercadorias começaram a ser comercializadas em pontos mais fixos. A Feira perdeu seu encanto e passou a ser , paulatinamente, freqüentada apenas pelo povaréu. As Casas Comerciais foram se especializando e o camelô foi perdendo importância. Continuou nas Feiras periódicas, agora com público mais reduzido e trabalhando em bicos, como animador , quase um palhaço, no comércio varejista.
                                                Passaram-se os anos e, com a globalização, as grandes redes de varejo engoliram os comerciantes menores, vieram os Shoppings, as galerias, as grandes lojas de departamentos e o camelô foi se tornando assim um objeto apenas de contemplação. Um fóssil daqueles áureos tempos: uma peça de museu como uma máquina de datilografia.  Mas como a história, em moto-contínuo, gosta dos círculos e das elipses, eis que os antigos tropeiros terminaram por ressurgir, agora travestidos de crediaristas. De motos ( o cavalo da atualidade) percorrem os lugares mais inóspitos, levando um sem número de objetos utilitários, de porta em porta, com venda facilitada, não muito diferente do que faziam seus ascendentes no início do Século XX.
                                               Bonito ver o camelô em ação, nas poucas Feiras Livres que ainda sobraram. Armam a banquinha, pacientemente, trazendo geralmente algum truque de abertura para atrair a população ao seu redor. Uma mágica, um animal de estimação como uma jibóia ou um macaco amestrado ( quando o IBAMA ainda não existia), a leitura de um Cordel Clássico. Depois da encenação, com uma considerável platéia ao redor, vem então : “Nossos Comerciais, por favor!”. Salta à nossa frente o produto a ser vendido, sem que ao menos tenhamos percebido. Técnica copiada depois pela TV e pelo Rádio.
                                               Pois , neste sábado, em memória dos muitos e muitos camelôs, Brasil afora, vou narrar três historinhas , uma que ouvi e duas presenciadas por mim, destes mágicos do ilusionismo e da prestidigitação.
                                               O camelô põe uma grande mala no chão, dela tira uma outra menor e já avisa:
                                               --- Eita ! Daqui a pouco a cobra vai sair de dentro da mala !
                                               Armando a banca, repete a ameaça dor diversas vezes, enquanto fita a mala menor, pretensamente portadora do risco ofídico. Vai também montando várias latinhas em cima da banca, coberta com um rótulo barato, onde se lê : “Pomada do Peixe Elétrico do Amazonas”. De repente, já com uma considerável platéia,  abre a mala menor e de lá retira uma grande jibóia que enrosca no pescoço. Com trejeitos teatrais, voz de locutor de FM, mas sem precisar botar sotaque sulista, explica as indicações do seu remédio:
                                               --- Pomada do  Peixe Elétrico do Amazonas, uma pechincha !  Cura:  sapiranga, tisga, morróia, pano branco, unha encravada, parto atravessado, escorrença de muié, esquentamento de homem, morféia, afuleimação na mãe do coipo, espinhela caída, defruxo, tosse braba, derrame, ferida braba, bicho de pé, crista de galo, escambichamento de véi, reuma, panarício,dor de dente, mordida de cobra e de cachorro doido, curuba e cezão.
                                               À medida que os ouvintes vão se aproximando e adquirindo a panacéia, o camelô continua com seu interminável querequequé. Depois de vender bastante, percebe, que alguns circunstantes ainda estão em dúvida sobre a capacidade milagrosa da sua panacéia. Dá então o tiro de misericórdia:
                                               --- Sim, meu povo, esqueci de dizer o mais  importante, essa pomadinha cura até ENFERMIDADE, viu ?
                                               Outro, em plena Feira, com vários produtos dispostos em uma esteira no chão: roupas, armadores, chave de fenda, martelo, raizada, temperos, arnica, parafusos , pregos, cabo para machado e enxada, Grita:
                                               --- Minha senhora, compre ! Gaste o dinheiro do marido, aproveite, senão ele gasta com as outras...
                                               Uma senhora vinha com o esposo, aparentemente atravessando crise no casamento e, diante do apelo, quase como afrontando ao safado do  companheiro, se aproxima e pára, observando pacientemente os objetos dispostos cuidadosamente na esteira. O marido fita o camelô com cara de poucos amigos. O vendilhão não perde a pose e emenda na bucha:
                                               --- Aproveite, senão ele gasta com as outras... coisas, as outras... necessidades da casa, né, meu amigo ? 
                                               Dirige-se para a patroa e completa, sem querer perder a freguesa:
                                               --- Porque a senhora sabe, né , D. Maria ? Todo homem é fiel, entre nós só tem cabra sincero e respeitador !
                                               Por fim, um outro camelô , recentemente, vendia numa feira, uma grande quantidade de panelas de alumínio. Aproxima-se um sujeito bem vestido, meio metido a falante, abaixa-se , examina as panelas com ares de expert em fundição , balança a cabeça e diz:
                                               --- Meu amigo, só tem essas? Pense numas panelas pebas! Alumínio velho fino, fraco, onde diabo você encontrou isso ? Uma bicha dessas não dura nem três anos: fura perde o cabo! Boas eram aquelas panelas antigas, duravam até vinte anos! Essas são uma porcaria.
                                               O camelô não perdeu o traquejo e, emendou, sem piscar :
                                               --- Meu amigo, nesse tempo do ronca que você tá falando, os casamentos duravam vinte, trinta anos. Hoje , no máximo,  dois aninhos. Logo os casais se apartam, vai um para um canto e o outro para o outro lado. Nós resolvemos fazer panela para durar só isso  : um casamento. Deus me livre de durar mais, termina dando uma briga danada na hora da partilha dos bens. Nãooooo!  Falar, nisso,  meu senhor, para quantos casamentos o senhor vai levar ?

J. Flávio Vieira

O e-mail desconhecido - José do Vale Pinheiro Feitosa

Recebi um e-mail com sabor doce e amargo ao mesmo tempo. Doce pois alguém lembrou-se de mim a ponto de ler a minha postagem sobre a música Lili Marleen. E mais do que isso: enviou-me uma versão em Tcheco por mim desconhecida da referida música. Amargo, o e-mail, pois era uma ponte feita por Joaquim Pinheiro cuja margem separada era do Zé Almino. Primo querido e que povoa minhas experiências de vida e as boas lembranças do viver. Zé desconhece o meu e-mail, que um arroba globo qualquer e de apenas um com sem qualquer br, como um predicado do jvalefeitosa.

Apoio ao Crato - José do Vale Pinheiro Feitosa

As pás metálicas das Usinas Eólicas se preparam para roubar a paisagem da Chapada do Araripe. Milhões de reais já estão na aposta eleitoral e no governo futuro que fará com mão direita aquilo que envergonha a esquerda. É a política de tomar conta do bem público para negociá-lo como empresa para auferir vantagens. Depois pegam um refrigerado assento num avião qualquer e vão comemorar o sucesso de suas vidas torpes, consumidas num gole qualquer e num colesterol lateral em suas artérias gulosas. A política do alto do negócio é o câncer da vida da sociedade.

Amanhã o querido bairro da Batateira continuará tão à míngua como amanhecerá no dia 7 de outubro se outra pás de vida não animarem o seu futuro. O Alto do Seminário, São Miguel, o Romualdo, a Ponta da Serra, Dom Quintino não gozarão a sorte dos políticos de negócios. Estarão na rabeira do destino se deles mesmo não se elevarem e gerarem o poder de superar este estado vil de coisas ruins.

O Crato precisa muito de suas próprias pernas. Os que gozam a vida construída, precisam abandonar a saudosa fotografia ou o me acompanhe em mais uma aventura no Facebook. As turmas que gozam entre si, precisam se confluir num grande lago de mudança, de sua terra, mesmo quando não é mais nela que respiram. Louvo a coragem do meu povo, que reconhece os tombos fora do eixo e é capaz de nestes dias que restam avançar sobre os fatos consumados e as vantagens ditas últimas.

A eleição elege os governantes e o opositores. Os dois estados precisam ficar claros: governar é trombar com as contradições e se opor é agitar as contradições. O que não se pode é imaginar que tudo termina no próximo domingo. O futuro se encontra em construção e o caminho da oposição é muito mais vigoroso pois isento dos dividendos a serem pagos aos capitais investidos nas eleições. 

Que na segunda feira, dia 8 outubro nada continue como hoje: uma morta política a serviço dos mesmos. Que neste dia se manifeste a força da contradição e se contraponha aos negócios de ocasião e se juntem ao destino que soma em benefício de todos. 

Apesar de ter a frescura, a leveza e porque não dizer, a beleza da juventude, minha vida passou a correr como um rio calmo, silencioso e sem grandes correntezas...
Não acreditava mais no amor e não dava mais espaço para que ele entrasse em meu coração...
Ignez Olivieri


  1. CARTA ABERTA AOS CRATENSES

    Vivemos a grande Festa da Democracia nestes dias que antecedem à Eleição para prefeito e vereadores da nossa Cidade
    . Por todo canto se percebe este clima festivo: carreatas, ribombar de fogos, bandeiras tremulando, músicas, santinhos, passeatas, sorrisos fartos. A festa é tanta que corre o risco de esconder a grande responsabilidade que teremos no próximo dia sete de outubro. É preciso entender que ao confirmar o nosso voto, na Urna Eletrônica, estaremos juntos escolhendo a Saúde que desejamos para nosso povo; a Educação que pretendemos ter nos próximos quatro anos; a Segurança que almejamos para nosso município. Ao digitar o voto, nos responsabilizaremos pelos destinos políticos da nossa Cidade que vem, nos últimos quarenta anos, minguando a olhos vistos, se compararmos aos outros municípios da Região Metropolitana do Cariri. Anos após anos, frente a esta calamidade, temos ouvido a população se lamentar: “O Crato não tem Sorte!” Como se devesse a uma força sobrenatural a causa do nosso atraso. Nem percebemos que o poder de transformação está em cada um de nós. Pois bem, amigos, no próximo Domingo está em nossas mãos, novamente, escolher entre a Sorte ou o Azar do nosso Crato.
    Poderemos jogá-lo nas mãos das mesmas oligarquias que estão no poder há mais de cem anos. Vampiros que sugam todo sangue da Vila de Frei Carlos e que, depois, nas campanhas, reclamam da sua anemia e garantem ter consigo um remédio salvador. Desconfiem das Campanhas Milionárias, patrocinadas por empresários e empreiteiros! O salário de prefeito e vereador é muito pequeno para irem com tanta sede ao pote! Olhem em volta! Não há ali filantropos ou caridosos! Não estão apoiando campanhas ou candidatos, mas fazendo um investimento. A conta virá depois para o povo pagar, com juros e correção! Rejeitem os fujões de debate, aqueles que se escondem por trás de carinhas simpáticas e juvenis! Se em plena campanha, caçando votos, não se dignam a discutir com a população suas propostas para resolver nossos crônicos problemas, se eleitos desaparecerão como por encanto! E voto, amigo , não se vende! Do mesmo jeito que não se comercializa honradez, honestidade, dignidade. O voto é a chave do nosso futuro. É preciso, pois, ter cuidado em que mãos vamos depositá-lo.

    Durante toda Campanha Eleitoral, jogamos limpo. Respeitamos nossos adversários políticos com a mesma força que rejeitamos o vazio de seus programas de governo. Participamos, democraticamente, de todos os debates, discutindo e construindo junto com o povo novos rumos para nossa cidade. Percorremos todos os bairros e distritos do Crato, casa por casa, rua por rua, procurando cada pai e mãe de família, bem como os jovens. Mostramos a viabilidade desta Cidade Centenária, berço do Cariri, e que tem na sua vocação cultural, na sua potencialidade ecológica, os grandes filões a serem explorados para seu soerguimento e para o retorno aos dias de glória. Levamos, para nossa população sofrida, a lição quase profética ensinada por Lula e por Dilma que “cuidar bem do Crato é cuidar bem dos cratenses”. E é com esta pureza de espírito, com a alma banhada nos mananciais da ética e da democracia que nos sentimos dignos de entrar na sua Casa e pedir seu voto para Marcos Cunha Prefeito e para os vereadores do Partido dos Trabalhadores.

    Viva o Crato !

    Até a Vitória, Sempre !


    13 Marcos Cunha Prefeito do PT Crato

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O HOMEM MAU

poesia & crônica: O HOMEM MAU: O HOMEM MAU Tiveram medo que ele se levantasse de sua tumba que as almas penadas não aguentassem a sua ruindade e o mandas...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Cristina Dunaeva – Educadora e libertária cresceu escutando as histórias do avô Luis Carlos Prestes


Cristina Dunaeva –  Educadora e libertária cresceu escutando as histórias do avô Luis Carlos Prestes

A neta do cavaleiro da esperança, o comunista que fez história no Brasil Luiz Carlos Prestes diz que  A figura de meu avô me influenciou por sua prática cotidiana: ser humilde, abrir mão de luxo material. Escutar e destaca enquanto à teoria, compartilho com ele a compreensão da necessidade de transformação social, de lutar pelo fim do sistema capitalista. Dunaeva fala também sobre artes, pesquisas e opressões.    


Cristina e seu filho Pedro Uana Foto: Alexandre Lucas 
Alexandre Lucas - Quem é Cristina Dunaeva?

Cristina Dunaeva - Hoje em dia, sou mãe, estou trabalhando como professora; as duas condições estas me levando, inevitavelmente, a ser educadora.
Eu nasci em Moscou (capital da Rússia), já faz um tempinho (naquela época, país onde nasci chamava-se União Soviética, URSS), sendo filha de mãe russa e pai brasileiro. Meu pai é filho de Luiz Carlos Prestes, aquela pessoa heroica que foi batizada de Cavalheiro da Esperança e era líder do Partido Comunista Brasileiro. Em 1970, durante a ditadura militar, toda a família Prestes foi para o exílio, na URSS. Meu pai, já com 16 anos.
Cresci escutando histórias sobre o Brasil. Estorias mirabolantes. Para mim, o Brasil tornou-se um lugar muito sonhado. Como deve ter sido muito grande a saudade de meu pai deste país, ele contava tanto sobre sua infância, sítio onde moravam, bichos, mar, algumas viagens; mas, também, das dificuldades que passaram se escondendo da polícia, de viverem muito tempo sem poderem ver seu pai, sempre sumido, sempre trabalhando. Cresci também ouvindo a música brasileira, direto. Eram fitas, LP's. Eu ficava fascinada, gostava muito. Aprendi português, escutando Chico Buarque, Clara Nunes, muito samba, Secos e Molhados, Mutantes, João Bosco, Elis Regina, Milton Nascimento; sinto-me eternamente grata a meu pai por me introduzir neste universo sonoro; felizmente, ele tem gosto musical de primeira.
Já da minha família russa herdei o habito de muita leitura. Eu lia demais quando era criança. Com 13, 14 anos já li toda a literatura clássica russa quase inteirinha e muitos dos autores europeus e latino-americanos (que foram traduzidos para russo, claro). Era algo comum na URSS: as pessoas, em geral, liam muito. Lembro que trocávamos pilhas de jornais velhos pelas edições completas de autores clássicos, existia a política estatal de incentivo à leitura. E com o fim da censura passei a ler mais ainda: os últimos anos de escola coincidiram com o fim da URSS, começo da perestroika; muitos autores proibidos no período soviético foram traduzidos pela primeira vez para o russo e editados – Kafka, Nietzsche, Freud; foi ótimo, e os livros, naquela época, ainda eram baratos.
Então, é isso: Cristina Dunaeva: educadora, melomaníaca, leitora apaixonada; também sou anarquista, ateísta e busco ser libertária.
E compartilho ainda das duas identidades que me deixam numa situação vulnerável, ao mesmo tempo me instigando à luta diária: sou mulher e mãe solteira (uma condição difícil e comum dentro da sociedade machista e patriarcal), e sou, apesar de ter uma forte raiz nesta terra, imigrante.

Alexandre Lucas - Qual a sua ligação com as artes?

Cristina Dunaeva - Olha, me graduei em História, na Rússia; meu TCC foi sobre Henri Rousseau, o Aduaneiro, e orientado pela historiadora da arte. Interessei-me  muito, durante a graduação, por este campo de conhecimento – história da arte. E a escolha de Rousseau (artista “ingênuo”, naïf; essa nomenclatura, ao meu ver, horrorosa, preconceituosa, discriminatória e segregadora foi criada a partir da incorporação da produção dele à arte moderna) não foi ocasional. Acontece, que em Moscou, em São Petersburgo existem grandes museus de Belas Artes que frequentávamos e onde nos formamos: estes museus todos seguem um padrão muito rígido de exposição daqueles objetos que são considerados “a Arte” (egípcia, da antiguidade clássica, Renascimento, Barroco, etc.) e de não exposição daqueles objetos que são considerados uma arte menor, ou artesanato, ou amadorismo. Rousseau era único “intruso”, digamos assim, e me despertou uma curiosidade forte.
A partir daí, conheci artistas contemporâneos russos que eram taxados de ingênuos. As possibilidades que eles tinham para expor seus trabalhos eram ínfimas e pouquíssimos críticos de arte e pesquisadores os aceitavam como artistas (ou Artistas, na lógica da História da Arte convencional e eurocêntrica).
Depois vim para o Brasil e passei a morar em Santos, onde me aproximei a anarquistas. Conhecia pouco da teoria anarquista quando @s conheci, mas rapidamente me identifiquei tanto com a teoria, quanto com a prática. Foi amor à primeira vista. E, por incrível que pareça, só após vir morar no Brasil, conheci anarquistas na Rússia, muit@s d@s quais são artistas. Assim, me interessei pela produção de grupos como Voina (Война), banda Pussy Riot – artistas contemporâne@s muito destacad@s hoje em dia na Rússia.
E no Brasil, no primeiro momento, continuei a pesquisa sobre a arte marginalizada, e, agora, o que mais me provoca são as experiências artísticas que questionam os valores capitalistas, valores introduzidos à força no território sul-americano a partir da colonização, e que continuam vigentes e  aceitos. 

Alexandre Lucas - O que você pesquisa em artes?

Cristina Dunaeva - O que mais me interessa é a relação entre a produção artística, entre a criatividade e a liberdade.
Pesquisei Rousseau e o sistema das artes. A nomenclatura eurocêntrica, elitista, que distingue vários tipos de arte segundo sua aceitação em mercados de consumo. As ideologias que sustentam as nomenclaturas. É muita pretensão chamar algum artista de naïf, de ingênuo, só porque ele não segue o padrão expressivo de tal ou qual período, ou porque não intelectualiza seu trabalho (que não foi o caso de Rousseau, aliás). Esta foi a primeira questão que pesquisei.
Depois passei a trabalhar com a produção da vanguarda russa e soviética. Traduzi para o português um dos textos mais importantes de Kazímir Maliévitch, um dos “inventores” da arte abstrata, autor do famoso “Quadrado Negro” (1913-1915). Maliévitch, como toda a vanguarda na Rússia, participou ativamente do processo revolucionário entre 1905 e 1921. Em 1917, ele foi eleito o conselheiro para as artes do governo bolchevique. Mas depois (rapidamente, já em 1919) rompeu com Lenin e seu partido por não concordar com as medidas ditatoriais, com a perseguição de anarquistas, de oposição socialista operária, com o massacre de Kronstadt (em 1921). Maliévitch indissociava a arte e a criação, da liberdade. Ele escreveu muito – vários volumes de tratados filosóficos e sociais, sempre batendo nesta tecla: não existe artista sem liberdade; não existe verdadeira transformação social sem liberdade. Com a proclamação de “realismo socialista” na URSS (o único método aceitável pelo governo para a expressão artística), Maliévitch não pôde mais produzir, foi preso e faleceu em 1935. Isto me tocou e toca muito, sabe. A escolha lá, na URSS, assim como na Alemanha nazista foi, para os artistas, entre a vida e a morte: ou você continua fazendo aquela arte que você quer e morre, ou você segue as exigências do governo e prospera.
E, hoje, após um longo envolvimento com a denúncia da guerra na Chechênia (é uma região na Rússia que foi colonizada no século XIX; foi massacrada pelo Stalin, em 1944; e proclamou independência após o fim da URSS, em 1991, sendo massacrada novamente a partir de 1994), pesquiso aquela arte engajada, pois trabalhei com fotógrafos e artistas que denunciavam esta situação. Mas aí, existe um, porém: para mim, toda arte é engajada, pois não existe nada politicamente neutro. Então, pesquiso a relação entre a produção artística de tal ou qual período com a situação social da época (destacando o período contemporâneo, tanto no Brasil, quanto na Rússia; o período revolucionário do início do séc. XX e as sociedades totalitárias (URSS)).   

Alexandre Lucas - Qual a importância da sua pesquisa do ponto de vista social?

Cristina Dunaeva - Por, primeiro, compreender, analisar e discutir o sistema das artes, o mercado das artes, a exclusão social de certos tipos de produção artística (como, por exemplo, autodidata, marginal). É necessário compreender o funcionamento deste mecanismo de exclusão para poder transformá-lo.
Segundo, por trabalhar a relação entre a criação artística e a liberdade.
Lembrando, que a liberdade não é aquele valor capitalista, neoliberal, que nos fazem adotar desde muito cedo. Não é a liberdade alienada, a liberdade de consumo. Mas aquela liberdade, da qual Bakunin, meu conterrâneo anarquista, falava: Só é possível ser livre respeitando a liberdade do outro. A partir do momento que a minha liberdade passa a ferir a liberdade do outro, não é mais liberdade, é autoritarismo.
Para criar, ser artista é preciso ser libertári@.
Aqui, eu gostaria de aproveitar a deixa e falar um pouco sobre a péssima situação que se dá no meu atual lugar de trabalho e, consequentemente, de atuação social e política: Centro de Artes Reitora Violeta Arraes Gervaiseau da URCA (Universidades Regional do Cariri).
Trabalho no Departamento de Artes Visuais e sou professora de História da Arte.
O curso é uma Licenciatura, ou seja, um lugar onde futur@s professor@s se formam.
E o que observo? Uma situação que me deixa indignadíssima e completamente perplexa.
Arte=Liberdade. Ser educador=ser libertário=contribuir para a liberdade. Deveria ser assim.
E no Centro de Artes é o contrário. Ambiente, tanto de aulas, quanto da convivência cotidiana entre estudantes e professores, e professores entre si, extremamente autoritário. Estudantes humilhados em sala de aula, desistindo de curso e de cursar certas disciplinas por não aguentarem a pressão psicológica. Professores chorando nas reuniões. Outros falando horas seguidas em reuniões coletivas sem dar direito de palavra a colegas. Abusos de poder, arbitrariedades. Dois professores do curso pediram exoneração por não se conformarem com esta situação. Eu mesma estou passando por um processo de recuperação de saúde abalada com o ambiente de trabalho.
Como isto é possível? Numa universidade?
E o mais preocupante é o silêncio em torno desta situação. Tanto por parte de meus colegas professores que preferem se somar às práticas autoritárias ao invés de combatê-las; quanto por parte de estudantes que, salvo algumas e alguns, preferem a passividade.
Eu nunca participei de um ambiente educador tão opressor. A única experiência similar que recordo é a minha escola soviética, marcadamente autoritária, com relações sociais distorcidas, humilhações, punições (não físicas, mas morais, emocionais – situações de assédio moral). Mas lá tratava-se de uma sociedade pós-totalitária. E aqui? O que se passa?
É a herança do coronelismo, do sistema escravagista?
Esperança: dois professores do Centro de Artes, Marcela Lima e Marcio Rodrigues, se opõem ao autoritarismo; também sofrem perseguição por parte de resto do corpo docente, mas Resistem, têm coragem. Estudantes que se manifestam de uma maneira criativa questionando o silêncio da maioria e toda a situação. Poder olhar nos olhos destas poucas e corajosas pessoas é muito gratificante.


Alexandre Lucas - Como você enxerga a produção artística do Cariri?

Cristina Dunaeva - Olha, estou aqui um pouco mais de dois anos. Pouco tempo para poder opinar sem ser supérflua.
Mas vou tentar, ressaltando que careço de uma convivência maior e mais profunda com moradores da região.
No meu entender, aquilo que se passa no Cariri é tão, mas tão alarmante, devastador e rápido que fico um tanto surpresa com pouca repercussão artística destas grandes e desastrosas transformações sociais, ambientais e políticas que sucedem na região.
Assista-se com bastante complacência à chegada de grandes corporações capitalistas à região, ao sucateamento da educação, do sistema de saúde. Ao crescimento das favelas, à urbanização absolutamente caótica, à morte das pequenas propriedades rurais (fim de uma tradição agrícola e comunitária milenar); à higienização social; ao desmatamento absurdo da Chapada do Araripe; à poluição e à extinção de rios, córregos, nascentes. Tudo isto ao mesmo tempo, agora. E, comparando com outras regiões do país, este “desenvolvimento” acontece com velocidade muito mais rápida e de forma muito mais violenta. É um cenário péssimo: será o vale do Cariri uma nova Cidade do México? Poluidíssimo, com uma divisão social gritante: periferia enxotada (como já é em Juazeiro e em Barbalha, cidades que mais conheço, hoje em dia) no meio dos lixões e do esgoto; e bairros burgueses glamourosos com fontes, praças, monumentos, bandeiras, centros culturais, teatros etc.
Ser artista e não reverberar isto me remete a uma situação de ditadura, de sociedade repressora e reprimida.
O mais atual e interessante dentro da produção artística contemporânea no Cariri é, portanto, na minha opinião, justamente teu trabalho e de teu coletivo (Coletivo Camaradas) com a educação, o despertar crítico, reflexivo e criativo de estudantes; e, especialmente, do grupo Bando – que já realizou algumas manifestações artísticas importantíssimas, como a ação no lixão de Barbalha, o Procura-se da Beata Maria de Araujo, o É Proibido Proibir; as Feiras do Bando (principalmente, a primeira) também são experiências muito necessárias para a região, por praticar e evidenciar a viabilidade de uma ação autônoma, autogestionária, independente do sistema institucional e capitalista das artes.
Destaco também a arte de Dinho Lima, que trabalha com as questões ligadas às repressões e às autorepressões dentro do campo do desejo, do corporal, do íntimo, transformando, desta maneira, o corpo social. Algumas ações deste artista e a exposição recente são muito atuais para a região.
Mas, reafirmo, que são primeiras impressões, de relance.

Cristina aos 3 anos com seu avô em Moscou Foto: LCP Filho
Alexandre Lucas - Quais as lembranças que você tem de Luiz Carlos Prestes?

Cristina Dunaeva - Convivi pouco com meu avô. Com o fim da ditadura militar, ele retornou para o Brasil e nós ficamos na Rússia. Só pude reencontrá-lo em 1988, quando ficamos 2 meses no Rio e, depois, no ano seguinte, 1989.
Mas cresci escutando histórias sobre a Coluna Prestes que meu pai e meus tios e tias contavam. Lia livro de Jorge Amado que foi traduzido para o russo, o “Cavalheiro da Esperança”. Então, antes do reencontro na década de 1980, meu avô era para mim mais um personagem heroico, um ser grandioso, porém distante.
Quando o conheci melhor no final da década de 1980, ele se tornou, simplesmente, um vovô que curtia muito as crianças e a família.
Lembro que era uma pessoa muito tranquila, muito quieta, mesmo no meio da maior barulheira e brincadeiras a mil pela casa, ele, muitas vezes, ficava lendo ou escrevendo tranquilamente, sem se aborrecer.
Era, também, uma pessoa muito humilde que detestava luxo. A casa onde ele morava no Brasil era muito simples.
E lembro que ele escutava muito mais do que falava – para nós, crianças e adolescentes (somos muitos netos: 23), foi importante.

Alexandre Lucas - As ideias de Luiz Carlos Prestes contribuíram para sua formação política?

Cristina Dunaeva - Contribuíram demais.
A figura de meu avô me influenciou por sua prática cotidiana: isso que já escrevi, de ser humilde, abrir mão de luxo material. Escutar.
Enquanto à teoria, compartilho com ele a compreensão da necessidade de transformação social, de lutar pelo fim do sistema capitalista.
Só optei por outros meios de luta. Sou anarquista e compreendo que o estado e os mecanismos estatais de administração são ferramentas produzidas pela classe dominante, ferramentas de controle e da repressão. Também não acredito na possibilidade de transformação social por meio de organizações partidárias, já que estas são estruturas hierárquicas, muitas vezes autoritárias. Não acredito em lideranças, nem na democracia representativa.
Penso que a revolução não é algum momento específico de revolta ou levante (sem tirar a importância e a urgência destes), mas a revolução é um processo contínuo que acontece aqui e agora em várias situações (as microrevoluções), em todos os ambientes. Acredito que somente coletivos e grupos sociais que se organizam horizontalmente, sem delegar o poder, sem necessitar de alguém que os comande ou os doutrine, são agentes de transformação e de destruição do capitalismo. O resto só irá reproduzir o sistema de dominação de umas pessoas sobre as outras.
Veja, que venho de um país, onde, apesar da retórica marxista, a alienação de trabalhadores não cessou de existir. Os meios de produção e a própria produção pertenciam ao estado, ao governo que  decidia sobre o valor dos salários e a distribuição dos bens. Concordo com os teóricos que entendem o sistema político e econômico da URSS como capitalismo do estado.
No Brasil, participei, no início da década de 2000 do movimento antiglobalização. Foi um momento importante, no qual vários movimentos sociais e grupos autônomos se juntaram. E as reivindicações foram estas: fim do capitalismo, autogestão. Impedimos, por meio de manifestações em toda a América Latina, a implantação do ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).
E, hoje em dia, existem inúmeras práticas de resistência social e de organização autônoma, libertária e autogestionária. São quilombos, comunidades indígenas, ocupações urbanas e rurais, grupos de artistas, movimentos estudantis e inúmeras outras experiências que exercitam a democracia direta, que se organizam por meio de assembleias (reuniões onde tod@s participam em decisões e têm a mesma voz e o mesmo poder de decisão).  
Não sei qual seria a opinião de meu avô, mas sua companheira, minha vó, Maria Prestes, compreende perfeitamente minhas posturas políticas e, em muitos momentos, as apoiou. Já disse até que é anarquista, anarco comunista.

Alexandre Lucas - A sua avó Maria Prestes escreveu recentemente o livro “Meu Companheiro”que conta a história dos 40 anos que viveu ao lado “Cavaleiro da Esperança”. Você pretende fazer o lançamento do livro no Cariri?

Cristina Dunaeva - Pretendo, sim. Só preciso organizar a vinda dela. O livro foi relançado agora numa edição bilíngue (em português e castelhano), e ela, Maria, está viajando pela América do Sul e pelo Brasil, divulgando-o.
Será importante uma passagem da Maria Prestes pelo Cariri. Lembra, que aqui se deu um dos episódios marcantes da história do Brasil: quando os serviços do Lampião foram requisitados pelos agentes do poder (Padre Cícero e Floro Bartolomeu) para impedir a passagem da Coluna Prestes pela região do Cariri. Tentei encontrar a documentação original (cartas trocadas entre estas figuras históricas) que testemunha este acontecimento, mas até hoje não foi possível. Talvez, com a vinda da minha avó, pudéssemos ter maiores chances de acesso aos arquivos que guardam estes vestígios.

domingo, 30 de setembro de 2012

Lili Marlene - José do Vale Pinheiro



Estão aí a versão da Marlene Dietrich e uma das versões brasileiras


Em julho 1914, durante a crise do liberalismo econômico e uma vez esgotada a fórmula da belle époque, a guerra abriu a fenda sobre o solo da Europa. Começava ali uma das maiores carnificinas já vistas entre seres humanos. A guerra das trincheiras em que generais e marechais filhos diletos da velha oligarquia e da nova burguesia europeia torravam a vida de jovens deixando um vazio demográfico jamais recuperado pela Europa.

Em 1915 Hans Leip, um professor de Hamburgo é convocado para o matadouro da juventude. O Exército Imperial Alemão indicava-lhe a lama, a pulga, a gangrena, a fome e o destroço das bombas nas trincheiras. Hans Leip preserva sua humanidade escrevendo um poemas para duas mulheres: sua namorada e sua amiga, configurando uma junção chamada Lili Marleen.

Em 1937 já nos espantos do Nazismo e de outra onda de carnificina o poema é publicado com o nome de “A Canção de Um Jovem Soldado em Watch” com a adição de dois novos versos aos três já existentes. Em 1938 Norbert Schultzer escreve uma canção perfeita para o tom lastimoso do poema.
A guerra espalhou-se sepultando jovens em valas comuns, arrasando os campos, consumindo os meios de subsistência das populações, destruindo as fábricas e estradas e deixando uma vasta fome entre todos. A guerra era ao mesmo tempo o mito imbecil da glória pela pátria e a insanidade destrutiva onde tudo deveria ser vida.

Em 1939 uma cantora alemã, de pouco sucesso, com a necessidade de sobreviver numa Alemanha irregular, grava a canção para o esquema de propaganda nazista. Era o improvável: uma canção doce para um momento marcial. Enquanto o panteão da simbologia nazista não admitia outra coisa que não o espírito guerreiro, retilíneo e duro, uma doçura tomou conta das fileiras.

A Rádio Belgrado das forças nazistas, que transmitia músicas, propaganda do regime e notícias para os soldados alemãs, na falta de coisa melhor tocou o obscuro disco com a canção Lili Marleen na voz de Lale Andersen. O Marechal Rommel com o pulso do sentimento dos seus soldados nas areias quentes da batalha dos desertos, gosta da música e pede para repeti-la com frequência. 

Os soldados queriam mais vida do que morte e a melancolia era um borralho em sua alma. E foi nesse clima que a canção se tornou o grande hits nas trincheiras. E por incrível que pudesse parecer naquele ambiente de confronto e ódios: foi o sucesso entre todos os soldados em guerra. Em todas as línguas, mesmo que não sabendo a tradução da letra em alemão, a canção era tão perfeita para a letra que todos entenderam.

Os americanos rapidamente fizeram uma versão para os seus soldados e gravaram com Marlene Dietrich, uma alemã que abdicara de seu país em favor dos EUA. O sucesso mundial da Dama Dietrich foi superior ao original de Lale Andersen. Mas história não ficou aí: existem versões em Francês, Russo, Italiano, Espanhol, Húngaro, Estoniano, Português entre tantos outros. Aqui na minha coleção tenho mais de 30 versões da canção.

Os brasileiros fizeram duas versões, ambas militarizadas e feitas para os soldados nos campos de guerra da Itália. Uma das versões segue abaixo.  O poema original em alemão é assim:  

Vor der Kaserne vor dem grossen Tor 

Stand eine Laterne, und steht sie noch davor, 
Wollen wir uns da wiedersehen 
Bei der Laterne wollen wir stehen, 
Wie einst Lili Marleen, wie einst Lili Marleen.

Unsre beide Schatten sahn wie einer aus 
Dass wir so lieb uns hatten, das sah man gleich daraus 
Und alle Leute solln es sehn, 
Wenn wir bei der Laterne stehn, 
Wie einst Lili Marleen, wie einst Lili Marleen.

Schon rief der Posten: Sie blasen Zapfenstreich 
Es kann drei Tage kosten! Kam'rad, ich komm ja gleich. 
Da sagten wir auf Wiedersehn. 
Wie gerne wöllt ich mit dir gehn, 
Mit dir Lili Marleen, mit dir Lili Marleen.

Deine Schritte kennt sie,deinen schönen Gang, 
Alle Abend brennt sie,doch mich vergaß sie lang. 
Und sollte mir ein Leid geschehn 
Wer wird bei der Laterne stehen? 
Mit dir, Lili Marleen.

Aus dem stillen Raume, aus der Erde Grund 
Hebt mich wie im Traume dein verliebter Mund. 
Wenn sich die spaeten Nebel drehn, 
Werd' ich bei der Laterne stehn 
Wie einst Lili Marleen, wie einst Lili Marleen



 (Português)
Em frente ao quartel, diante do portão 

Existe uma lanterna e ainda está em frente 
Queremos vê-la outra vez

Sob a lanterna nos reencontrar 

Como outrora, Lili Marlene!

Como outrora, Lili Marlene!


Nossas duas sombras, qual uma só 
Que o amor era, você veria é igual 
E tudo é o que povo pode ver 
Se ficarmos junto à lanterna 
Como outrora, Lili Marlene!

Como outrora, Lili Marlene!


Gritou o sentinela, para nos avisar 
Pode custar três dias!

Camarada eu ainda sou o mesmo 

Como dissemos adeus 

Como gostaria de estar contigo
Com você, Lili Marlene!
Com você Lili Marlene!



Ela sabe que o seus passos, seu agradável caminhar,
Durante toda a noite a espera, mas há muito me esqueceu,

E se me acontecer algum mal, 
Quem estará sob a lanterna? 
Com você Lili Marlene!

Com você Lili Marlene!


Da minha existência tranquila, a partir deste solo, 
Assim teu lábios levanta-me como num sonho. 
Quando se demore o redemoinho de névoa,

Devo ficar sob esta lanterna
Como outrora, Lili Marlene!
Como outrora, Lili Marlene!


Versão original da Lale Andersen