por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 11 de agosto de 2019

DE: MEFISTÓFELES - PARA: SÉRGIO MORO (Eduardo Ramos)


DE: MEFISTÓFELES – PARA: SÉRGIO MORO (Eduardo Ramos)

Prezado Moro,
A primeira coisa que quero te dizer, é que te tenho uma real estima. É sério!… O que está a te ocorrer, essa erosão em tua imagem, tua vida, teus projetos, tua vaidade, tenho certeza que você há de entender (somos muito parecidos nisso, eu e você, sabia?…), não pude evitar, não posso evitar, é de minha natureza, Sérgio… Desde que o mundo é mundo, eu vivo disso, lembra-te? Ah!… ofereço tudo aos meus súditos, tudo, todos os seus sonhos de grandeza… Em troca, o que peço? Sua alma, com direito a algumas degradações nesse “caminho de volta ao lar”.
Portanto, não te queixes, Moro! Foi esse o acordo, e aí, perdoa o trocadilho (rsrs): não sou como você, eu sou o que vocês aí chamam de “um homem de palavra!”
Mas apesar disso, quando vi essa imagem tua ao lado de meu filho predileto, o Jair, confesso, me senti dividido… Também tenho minhas fraquezas, Serginho. Acredita que me compadeci dessa sua “cara de bunda”? Essa expressão de: “Mas que merda é essa que eu fui fazer da minha vida?!?”
Particularmente, juro que também não entendi… Rapaz, eu já tinha te dado tudo, tudo!… Você era mais poderoso que todo o STF junto, a Globo te adulava dia e noite, seu poder era sua “caneta de juiz”, e você larga tudo para ser ministro do Bozo?!? Do Bozo, Morinho?!? (rsrs) – Tá de sacanagem, né?
Por esse ângulo, é até injusto você me acusar de alguma coisa… Cara, você está colhendo o que plantou!
Sejamos francos, Sérgio: te dei ou não dei todo o combinado? Prestígio nos EUA, fama, sucesso, de repente, cem milhões de brasileiros te endeusavam, Moro! Você botou a nata do empresariado desse país de joelhos diante de você, fez os caras mentirem em delação premiada só pra você colocar o inimigo odiado na cadeia, os garotos lá do MPF te obedeciam em tudo, Janot foi um parceiraço que eu te arrumei, te dei o Barrosão e o Fachin de quebra, Moro, Moro!, o que mais você queria, menino?
Veja!… Não que eu não fosse cobrar a fatura, eu te avisei que sua alma seria minha, e que tenho lá um lado meio sádico, meio sacana, que haveria um preço a pagar…Mas ministro do Bozo?!? Ah, Moro, dessa culpa eu estou livre, meu filho!…
E não quero tripudiar, não! Foi como eu disse: também tenho um coração, e às vezes, minhas fraquezas… Me basta levar tua alma comigo, não careço de mais nada.
Te ver com essa cara desenxabida de cachorro sem osso, comendo migalhas nas mãos do Bozo, literalmente nas mãos dele, e logo logo defenestrado, sem STF, sem Ministério, jogado aos leões que hoje te detestam, você tornado um leproso no meio político e no Judiciário, caramba!… Disso, nem eu seria capaz, Sérgio!…
Mas fique tranquilo! Você logo terá companhias bem agradáveis: Carolina, Gabriela, Janot, Deltan, tantos outros, Sérgio… Em pouco tempo jogados no ostracismo, no desprezo social que vem com o tempo, com os fatos, que vem da História, da verdade…
Eu já te contei que muitas vezes eu nem faço nada, que o tempo e a verdade se encarregam de destruir vocês antes de eu tomar as suas almas?
Sigamos parceiros, Moro!
Ao menos, você não se sentirá tão só! (Eu te compreendo bem, Sérgio…)
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Assinado,
Mefistófeles (*)
(*) Mefistófeles é um personagem satânico da Idade Média, conhecida como uma das encarnações do mal, aliado de Lúcifer e Lucius na captura de almas inocentes através da sedução e encanto através de roubos de corpos humanos atraentes. Mas é um dos demônios mais cruéis e em muitas culturas também se toma como sinónimo do próprio Diabo.


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