por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Manuel Audaz - Toninho Horta e Fernando Brant - canta Jane Duboc

Esta pluma que as correntezas levam. Pelas montanhas de Minas. Curvando pelas estradas labirínticas destes cortes de passagem entre morros. E vamos audaz numa ânsia infinita por novas porteiras. As vacas pastando nas encostas como se estivessem coladas a elas.

Uma beira de cerca. Um velho jirau onde os bules de leite foram deixados pelos caminhões afluentes das cooperativas. Pedaços de chão rachado pelas águas das chuvas. Um capim fora do cercado. O cupim criando morrotes como pequenos bolos de barro na paisagem.

E audaz, este jipe vai fundo no nível mais baixo dos vales, ciranda a beirada dos riachos, pula nos buracos da rodagem, veloz ao encontro do requeijão mineiro. Uma broa de milho. Um café da tarde, uma conversa temperada a silêncios, uma varanda para olhar o mundo se escarafunchando lá nas coisas que acontecem.

E risca com seu rangido de molas enferrujadas bem no terreiro da casa. Os bichos se espantam. O cão late, a vaca responde, o pavão ecoa, e lá os de casa vão apertar as mãos dos viajantes que descem do Manoel Audaz. Uma cachaça de rolha para esquenta a satisfação da boa chegada.

E afinal a que tanta viagem neste passo audaz. Velha amiga eu volto a nossa casa. Já não a encontro sempre pronta. Os corredores emudeceram. As fotografias amarelaram. Os quartos estão vazio. E tu não te encontras ao pé do fogão.

O fogão é só continente. Nem mais um resto do pó das cinzas dá última vez que gerou trabalho.
Velha amiga eu volto à nossa casa. 

Diana - Fernando Brant e Toninho Horta - Canta Boca Livre

Um comentário:

socorro moreira disse...

Sou fã desses mineiros como Fernando Brant e Toninho Horta.
Surpreendi-me com as duas belíssimas canções.
Diana, Fernando,Leonarda,Amélia,José,Vicente, Gisélia...são nomes tão familiares !
Sinto no texto a dor e alegria das perdas e ganhos, dos reencontros e saudades. Tudo faz parte das histórias de todos nós, que se interligam por fios invisíveis, que insistem em construir pontes.
Pontes de suspiros , de vidas!
Um grande escritor mexe demais com os sentimentos humanos, quando brinca da verdade, num jogo encantador de palavras.