por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 7 de julho de 2013

O Gigante em estado de Inanição - José do Vale Pinheiro Feitosa

Você acredita que a única forma de civilização é aquela que se criou e se desenvolveu nos países anglo-saxônicos e especialmente na Inglaterra e nos EUA? Ninguém soube aproveitar tão bem os benefícios dos avanços tecnológicos como esses países a ponto de terem dominado por 300 anos o maior dinamismo econômico que foi o Ocidental.

A Inglaterra do século XVIII e especialmente do século XIX não só desenvolveu uma enorme capacidade produtiva e comercial, como praticamente dominou mares e terras colonizadas onde se dizia o Império nunca se poria. Mas o grande vitorioso e extraordinário país foram os EUA e isso pela tecnologia com o consequente aumento da produtividade, da produção nacional, a absorção de novas forças de trabalho como aquelas das mulheres.

Aliás a liberação das mulheres das tarefas domésticas em consequência do avanço tecnológico e a absorção da sua força de trabalho na produção teve um papel produtivo quase que igual à liberação da força de trabalho masculina da produção agrícola. A educação, a saúde pública, a juventude e as mulheres formaram a formidável máquina produtiva dos EUA e o elevou à potência mundial desde os últimos anos do século XIX.
Os EUA, em menos de 60 anos, passaram pela mais completa revolução no uso de energia, no avanço da velocidade de deslocamento, na capacidade de comunicação e cultura e na capacidade de computação. A eletricidade, o motor a combustão, a revolução eletrônica, a verticalização das cidades e a urbanização tornaram a mudança dentro da civilização ocidental em algo jamais visto na história.

Isso significou aumento da prosperidade por benefícios decorrentes do aumento de riquezas materiais. Durante esse período cada geração praticamente dobrava a sua capacidade de consumo em relação a seus pais. O poder estratégico e tático da nação dominou o cenário mundial por todo o século XX.   

O EUA pararam de crescer. Até diminuíram sua produção em relação ao últimos sete anos. E o mais importante, isso leva a crer que não seja uma mera crise de modelo de acumulação como foi nos anos 30. Agora novos fatores intervenientes que estão na raiz do modelo de crescimento acelerado se opõem a este crescimento.

Um deles é demográfico. A população envelheceu (as mulheres já tinham ido para o mercado) e não tem de onde extrair mais força de trabalho para ampliar a produção. O déficit na educação dos EUA é um rombo espetacular, os custos do ensino superior estão muito elevados, os jovens estudantes e recém formados estão endividados e o pior dos mundos, a parcela que consegue se graduar é relativamente menor do que em países como o Canadá.

E dois fenômenos que são muito relatados na crise atual: a enorme dívida das famílias e do governo e a ampliação da desigualdade econômica, reduzindo os ganhos na maioria da população e transferindo parte do que se ganha para uma minoria que não consegue reproduzir este ganho em produtividade.

Segundo análise do economista Robert Gordon (estas ideias estão num vídeo com tradução em português publicado no site http://www.ted.com/) se os EUA conseguissem manter a enorme velocidade de inovação tecnológica que conseguiu nos últimos cem anos mesmo assim a sua capacidade de crescimento seria reduzida à metade do que foi no passado recente em razão daqueles quatros fatores citados. Este quadro iria levar a que as gerações futuras não consigam aumentar sua capacidade econômica nem um quatro dos seus pais atuais.

Mas como tudo leva a crer que esta espetacular inovação não ocorra, aí tudo pode ficar pior.


*o gigante aqui é a taxa de crescimento dos EUA.

Nenhum comentário: