por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

 
 
 Morre o maestro Severino Araújo, aos 95 anos Seu Jorge faz show nos Arcos da Lapa nesta sexta-feira Spike Lee vai receber prêmio no Festival de Veneza Biografia ressalta importância do maestro Severino Araújo Leonardo Lichote Publicado: 19/12/09 - 0h00 Atualizado: 19/12/09 - 0h00 Envios por mail: 0 RIO - O clarinetista K-Ximbinho certa vez falou com o maestro Severino Araújo de um "professor alemão" que estava ensinando a ele umas coisas diferentes, como música atonal, harmonia politonal e dodecafonia. Quando Araújo, espantado, disse que nunca tinha ouvido falar naquilo, K-Ximbinho respondeu: "Pois o meu professor disse que você já sabe de tudo isso e quer te conhecer". O tal alemão era o maestro Hans-Joachim Koellreuter, vanguardista que influenciaria da bossa nova de Tom Jobim ao tropicalismo de Tom Zé, passando pelas "Coisas" de Moacir Santos. O episódio, contado no livro "Orquestra Tabajara de 
 
 
Severino Araújo" (Companhia Editora Nacional), de Carlos Coraúcci, ilustra como a música do artista ultrapassa as fronteiras dos salões onde se eternizou - ao mesmo tempo, a biografia reafirma e engrandece o valor da obra do maestro dentro desses mesmos salões. Jazz e popular, lado a lado. - Koellreuter falou para ele: "Você já faz o que eu faço, agora vamos aprimorar". Com 14, 15 anos, Severino era apaixonado pelas big bands americanas que ouvia em lojas de discos ou em ondas curtas, em João Pessoa - conta Coraúcci, notando que o maestro buscava aproximar aquelas sonoridades que ouvia e a música brasileira que conhecia das ruas nordestinas e das rádios. - Fez um "Rhapsody in blue" em ritmo de samba que mostrava toda a sua genialidade. Para todo tipo de música, ele fez arranjo. Propôs inovações, foi precursor no Brasil de muitas coisas que hoje são comuns. Por exemplo, aumentou o naipe de metais para quatro trompetes, quatro trombones e cinco saxofones para ficar mais parecido com o som de Glenn Miller, Tommy Dorsey... O interesse de Araújo pela música nasceu bem antes dos 14, 15 anos. A biografia conta que, em sua Limoeiro natal, aos 8 anos, ele já ajudava o pai, Mestre Cazuzinha, em suas aulas de música - e já se sabia que o garoto tinha ouvido absoluto. Mas o marco inicial da trajetória que todos conhecem é sua entrada, em 1936, na Orquestra Jazz Tabajara - logo depois rebatizada para Orquestra da Rádio Tabajara. Músico jovem e talentoso, foi convidado a integrar o grupo, estreando ao saxofone. Não demorou para que Araújo chegasse à regência da orquestra e começasse a chamar a atenção de maestros e músicos do "Sul Maravilha". Em janeiro de 1945, eles desembarcaram no Rio e, poucos dias depois, estreavam na Rádio Tupi. Por seu perfil que unia sofisticação e apelo dançante, e também pelo repertório abrangente, eram chamados para animar salões populares e de elite. Em 1946, faziam cerca de 32 bailes por mês. Hoje, a atividade ainda é intensa: são entre 10 e 15 bailes mensais. - Temos que pensar que, desde os anos 30, a Tabajara passou por todos os movimentos musicais - nota Coraúcci. - Ela foi contemporânea de Silvio Caldas, passou pela bossa nova, pelo tropicalismo, pela era dos festivais, pelo rock. E, mais que conviver, adaptou-se a todos. E adaptou todos, trazendo para si e fazendo o arranjo que queria. Dois meses depois de João Gilberto, Severino gravou "Chega de saudade".

Nenhum comentário: