por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 19 de junho de 2012

Sem censura- por Socorro Moreira

Depois de algumas décadas consegui manter uma secretária doméstica. O espaço criado, meu ócio, é um convite compulsório pra contar em linhas tortas, a vida na terceira idade.
As horas se arrastam como na infância, atenta às badaladas. O leiteiro é motoqueiro, e me parece engraçado. Vende-se cheiro verde e bananas, na bodega aqui do lado.
As modistas perderam o glamour. Delas corro léguas. São raras e quase despreparadas. Difícil porém é achar roupas baratas.Mas pra que tanta vaidade, se já não assisto missa aos domingos?
Sem saudosismo... Mas até a galinha caipira perdeu seu gostinho mágico. As mãos de avó e mãe, hoje desencarnadas, deixaram de plantar florzinhas nos canteiros desta casa.
Casas sem pilão, e sem mão. Nos últimos tempos corremos atrás de receitas que incluíam enlatados. Chega!
A simplicidade voltou ..Arroz, feijão, uma poeira de farinha, tudo no fogo brando, e um pedaço de carne assada. Desligo a TV, mas as calçadas vaziam desprezam a primeira estrela.
Tenho uma proposta de amor ausente. Realidades solitárias – eis a questão! Mas não tem nada não!
Os correios não entregam cartinhas de amor, nem telegramas. Era tão bonitinho no tempo em que, ao invés de faturas dos cartões, recebíamos envelopes aéreos com letras bem desenhadas.Rasgava o envelope de qualquer jeito e lia do fim pro começo...” do seu...Querida!”..E assim ia.Ia um sonho de amor, noite afora, noite e dia.

Nestes tempos de junho era de praxe um vestido romântico com rendas e estampados.A boca ficava mais vermelha e o cangote mais perfumado.Cabia fita ou rosa no cabelo, brinco na orelha pendurado.Sapatos de saltos, nem que as pernas entortassem.

Quadrilhas!
E o cavalheiro? Tinha lenço no pescoço, um bigode bem charmoso, uma pegada aprumada.Saltavam os olhos; abriam sorrisos...
- Me dá um beijo na boca, moça do meu gosto...Se me negares, eu roubo!
- Paguei penitência... Suave, doce Ave-Maria!
• Queria muito aliança de brinquedo. O dourado e o bombom. O papel de celofane verde, amarelo ou azul.
• Àquela no bolso não pesa, nem obriga juramento, que se debate como o vento, na folha da macaúba.

• Anoitece. Fiz bolo em homenagem à Walda.Desde menina comemoro esta data.Ela tem o nome da minha mãe, além de ser uma colega e amiga, que nunca perdeu lugar especial, no meu coração.

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