por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Lual - José do Vale Pinheiro Feitosa

Meu amor hoje sou palha de monturo,
Meu Luiz Gonzaga está esquecido,
As aves de arribação morreram num paredão de som,
Cada ligamento do meu mundo,
Hoje é um limbo na memória da juventude.

Pois era meu amor,
Ali o mundo se perpetuaria,
Mas agora é como uma fumaça,
Nem bem a manhã começa,
E os sonhos ficaram apenas comigo,
Elevou-se na presença do hoje.

Estes jovens de hoje,
Numa festa rave que chamam Lual,
É algo próprio, bem cearense,
Explodem o forró eletrônico,
Ouvem o funk carioca,
Não entendendo nada,
Mas disputam qual som é maior.

Meu amor estou perdido,
Não eles, se acham no turbilhão,
De suas tribos no território das caixas de som,
De todos os excitantes que excitam o nada,
Tanto esticam que ultrapassam a fronteira
Entre eles e eles mesmos numa eterna permanência,
No mesmo lugar.

E meu Luiz Gonzaga?
É matéria do meu desesquecimento,
Dos meus paredões de memória e emoção,
Das minhas vagas também pelo nada,
Nada muito diferente da moçada,
Que mesmo assim os amos.

Que jamais repitam o passado,
Sempre desconfie das minhas douradas conservanças,
Nelas nada fica que não,
As minhas poupanças de memórias,
Que não rendem correção e nem juros,
Apenas encargos que não os libertam.

Que eu morra,
Para que os paredões possam estourar os tímpanos de agora.

Afinal para serve a audição,
Se ninguém mais nos escuta?

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