por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 24 de outubro de 2024

 

ESSE TAL “NEPOTISMO CRUZADO” – José Nílton Mariano Saraiva

No decorrer da campanha eleitoral que está por ser concluída visando a escolha do futuro prefeito de Fortaleza, algumas denúncias bem que mereciam ser melhor esclarecidas, pelo seu relevo, a fim que a população não confundisse gato por lebre, na hora do voto.

Uma dessas denúncias, pela contundência ímpar que se reveste, foi feita, via telinha e em horário nobre, pelo postulante à vaga de prefeito de Fortaleza, o teoricamente austero Capitão Wagner (qualquer dúvida o vídeo respectivo está disponível na Internet).

Segundo relata ali o Capitão, no gabinete do Deputado André Fernandes, à época estava lotada a senhora Maria do Socorro Lima Moreira, esposa do vereador Inspetor Alberto, recebendo a “ninharia” de R$ 18.000,00 mensais.

Em sentido inverso (espécie de compensação ou o famoso toma-lá-dá-cá), no gabinete do vereador Inspetor Alberto “ESTAVAM” lotados, à época, a esposa, a mãe, a irmã e o cunhado do Deputado André Fernandes (aqui não se declinou a remuneração de cada um e se enfatizou com realce o tempo do verbo: “estavam”). Por qual razão não mais estão ???

Segundo garantiu o Capitão Wagner, não se trata de uma denúncia qualquer, tanto que o Ministério Público está investigando o caso.

Alfim, o Capitão Wagner peremptoriamente afirma que... “esse discurso do André Fernandes de ser contra o sistema, contra a mamata e contra a corrupção, não corresponde com de fato com o que ele faz no seu dia-a-dia”; e conclui: “veja o que é a velha política fantasiada de novidade; é isso o que representa o candidato André Fernandes” (percebam as aspas).

Por uma dessas “peripécias” do destino, como não conseguiu os votos necessários para viabilizar-se ao segundo turno, o Capitão Wagner meteu os pés pelas mãos, atrapalhou-se todo e findou por, incompreensivelmente, apoiar o postulante André Fernandes, na batalha final contra o candidato Evandro Leitão.

Não custa lembrar que, segundo o Dicionário Houaiss (página 2190) a palavra peripécia designa o... “momento de uma narrativa que altera o curso dos acontecimentos, geralmente de maneira inesperada, e modifica a situação e o modo de agir dos personagens”.   

Cabe então, perguntar: a troco de que o Capitão Wagner se aliou àquele que ele denunciou com tamanha convicção e ênfase, se para a posteridade temos o vídeo onde ele narrou o tal “NEPOTISMO CRUZADO” ??? (uma nódoa inapagável no seu currículo).

 

 

 

 

ESSE TAL “NEPOTISMO CRUZADO” – José Nílton Mariano Saraiva

No decorrer da campanha eleitoral que está por ser concluída visando a escolha do futuro prefeito de Fortaleza, algumas denúncias bem que mereciam ser melhor esclarecidas, pelo seu relevo, a fim que a população não confundisse gato por lebre, na hora do voto.

Uma dessas denúncias, pela contundência ímpar que se reveste, foi feita, via telinha e em horário nobre, pelo postulante à vaga de prefeito de Fortaleza, o teoricamente austero Capitão Wagner (qualquer dúvida o vídeo respectivo está disponível na Internet).

Segundo relata ali o Capitão, no gabinete do Deputado André Fernandes, à época estava lotada a senhora Maria do Socorro Lima Moreira, esposa do vereador Inspetor Alberto, recebendo a “ninharia” de R$ 18.000,00 mensais.

Em sentido inverso (espécie de compensação ou o famoso toma-lá-dá-cá), no gabinete do vereador Inspetor Alberto “ESTAVAM” lotados, à época, a esposa, a mãe, a irmã e o cunhado do Deputado André Fernandes (aqui não se declinou a remuneração de cada um e se enfatizou com realce o tempo do verbo: “estavam”). Por qual razão não mais estão ???

Segundo garantiu o Capitão Wagner, não se trata de uma denúncia qualquer, tanto que o Ministério Público está investigando o caso.

Alfim, o Capitão Wagner peremptoriamente afirma que... “esse discurso do André Fernandes de ser contra o sistema, contra a mamata e contra a corrupção, não corresponde com de fato com o que ele faz no seu dia-a-dia”; e conclui: “veja o que é a velha política fantasiada de novidade; é isso o que representa o candidato André Fernandes” (percebam as aspas).

Por uma dessas “peripécias” do destino, como não conseguiu os votos necessários para viabilizar-se ao segundo turno, o Capitão Wagner meteu os pés pelas mãos, atrapalhou-se todo e findou por, incompreensivelmente, apoiar o postulante André Fernandes, na batalha final contra o candidato Evandro Leitão.

Não custa lembrar que, segundo o Dicionário Houaiss (página 2190) a palavra peripécia designa o... “momento de uma narrativa que altera o curso dos acontecimentos, geralmente de maneira inesperada, e modifica a situação e o modo de agir dos personagens”.   

Cabe então, perguntar: a troco de que o Capitão Wagner se aliou àquele que ele denunciou com tamanha convicção e ênfase, se para a posteridade temos o vídeo onde ele narrou o tal “NEPOTISMO CRUZADO” ??? (uma nódoa inapagável no seu currículo).

domingo, 20 de outubro de 2024

 

UM SIMPLÓRIO QUESTIONAMENTO - José Nílton Mariano Saraiva

Concretamente, a desfaçatez de uma pessoa pode ser medida ou avaliada pela sua falta de recato, pela sua insolência, pela sua indiferença à moralidade e por não manifestar nenhum constrangimento em mentir despudoradamente para o público. Em suma, pela falta de respeito ou consideração pelos outros.

E aqui permitimo-nos situar o último debate entre os prefeituráveis de Fortaleza, quando o candidato André Fernandes, ao ser questionado pelo opositor Evandro Leitão se era verdadeira a notícia corrente de que já teria convidado a Capitã Cloroquina para cuidar da saúde do povo de Fortaleza.

Na oportunidade e, encarando a câmara, de pronto ele negou enfaticamente, além de assegurar que o seu presumível secretariado ainda não tinha sido montado, que um colegiado teria tal incumbência e que, portanto, ninguém houvera sido convidado.

Como não é crível (diríamos convictamente que até impossível) que uma pessoa de 26 anos (André Fernandes) seja portadora da terrível doença conhecida por “Mal do Alzheimer”, o que o vídeo que todos tomamos conhecimento, dia seguinte, pela TV, causou estupefação generalizada, deixando-nos literalmente de queixo caído.

É que ali, ao vivo e a cores para todo o mundo (afinal a Internet tá aí pra isso mesmo), André Fernandes aparece junto à Capitã Cloroquina (médica Mayra Pinheiro), apresentando-a como a pessoa que irá cuidar da saúde do fortalezense num seu futuro governo. Em seguida, passa-lhe então a palavra e ela não titubeia em afirmar, peremptoriamente, que houvera sido convidada, sim, pelo futuro prefeito e que já aceitara o desafio (é bom não olvidar que a médica pediatra Mayra Pinheiro foi uma das envolvidas na tragédia ocorrida em Manaus durante a pandemia, ao prescrever e obrigar, inclusive para crianças, o uso do medicamento cloroquina, não recomendado pela Organização Mundial de Saúde-OMS e por cientistas de todo o mundo).

O simplório questionamento, que não quer calar é: quem é mesmo o candidato André Fernandes ??? Aquele que no dia anterior negou de maneira incisiva e contundente, para milhões de telespectadores, não ter convidado a Capitã Cloroquina para o seu secretariado, quando questionado pelo oponente Evandro Leitão ???

Ou seria aquele que, de sorriso largo e aberto, e aparentando felicidade extrema, literalmente desdisse o que disse no debate e, portanto, mentira, sim, para a população ???

Alfim, um pequeno lembrete: no dicionário, aprendemos que: “DESFAÇATEZ é um substantivo que se refere à falta de vergonha, descaramento ou ousadia desmedida diante de uma situação em que seria esperado algum recato ou modéstia. É frequentemente usado para descrever atitudes insolentes ou comportamentos que demonstram uma indiferença deliberada às normas sociais ou à moralidade”.

Portanto, aqui não caberia a perspectiva de um possível Alzheimer para justificar tal desencontro, mas, caberia sim, a tentativa de usar meios ilícitos para ludibriar seus próprios adeptos. O que poderia ser rotulado de covardia.  

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Post Scriptum:

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta o cérebro, causando deterioração das funções cognitivas, como a memória, o raciocínio, a linguagem e a capacidade de realizar tarefas cotidianas. A DOENÇA DE ALZHEIMER É MAIS COMUM EM PESSOAS IDOSAS. E É ABSOLUTAMENTE IMPOSSÍVEL DE ACOMETER JOVENS, COMO O ANDRÉ FERNANDES.

sábado, 19 de outubro de 2024

 DA “VERDADE FACTUAL” NÃO SE FOGE - José Nílton Mariano Saraiva

A Internet (de domínio público) não perdoa. Dias atrás, foi veiculado um vídeo de teor eminentemente escatológico, onde o agora candidato à prefeitura de Fortaleza, André Fernandes, ainda na adolescência mostrava aos seus adeptos, pormenorizadamente e de forma didática, como proceder para “depilar” sua parte baixa, traseira (glútea).

Imediatamente, lá no sul/sudeste do país, os conceituados jornalistas José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar, vinculados a jornais e sites de projeção nacional, cognominaram aquele momento, no site da UOL, como... “raspa cu” (tal vídeo também se acha disponível na Internet).

No mesmo vídeo, essa mesma figura (André Fernandes) mostra sua porção maldosa e extremamente preconceituosa para com as mulheres, em geral, ao “apunhalar” com incontida e desmedida fúria um pedaço de papelão, sem que antes alerte que aquela simplória peça na realidade representaria uma pretensa namorada.

Mais adiante, ainda no mesmo vídeo, tal figura atinge o clímax, quando aspira, rapidamente e com uma ânsia incontida, uma fileira de um pó branco não identificado, mas que supostamente somos tentados a acreditar tratar-se de algo de teor alucinógeno.

Posteriormente, confrontado com a “verdade factual”, a figura em questão não negou sua veracidade, mas simplesmente limitou-se a afirmar que o tal pó branco que profundamente aspirou, se tratava, na realidade, de sal, puro sal (algo difícil de acreditar, porquanto qualquer pitada de sal provoca no ser humano o aumento geométrico da pressão arterial, podendo até levar a óbito imediato). E ele está aí, vivinho da silva (e mentindo muito). 

Aqui, um adendo: a expressão “verdade factual” é usada para cognominar... “algo que é verificável e baseado em fatos objetivos, ou seja, informações que podem ser confirmadas por meio de evidências concretas ou observação”.

Essas verdades (no caso específico, um vídeo com imagem e som) não dependem de opiniões pessoais, crenças ou interpretações subjetivas, mas de realidades que podem ser constatadas independentemente das percepções individuais.

No mais, se alguém tem alguma dúvida o vídeo está disponível na Internet; confiram e formem seu “juízo de valor” sobre referida figura.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

 ANDRÉ FERNANDES: NEGACIONISMO E INCOMPETÊNCIA – José Nílton Mariano Saraiva

Ao alvorecer do ano corrente, quando ainda se apresentava como pré-candidato à prefeitura de Fortaleza, o bolsonarista-raiz André Fernandes anunciou com estardalhaço desmedido que a médica cearense Mayra Pinheiro seria sua secretária de Saúde caso fosse eleito. Sem dúvida, uma sinalização preocupante sobre o tipo de gestão caótica e irresponsável que pode estar por vir.

Fato é que, se confirmada a escolha de Mayra Pinheiro para a Secretaria da Saúde de Fortaleza, teremos um sinal eloquente de que nossa capital pode ser jogada de volta ao mais sombrio negacionismo que marcou o Brasil durante a pandemia, porquanto tratar-se de uma gestora que já, didática e comprovadamente, demonstrou desprezo pela ciência e uma devoção cega a ideologias ultrapassadas, custando vidas e jogando a saúde pública no abismo.

O Brasil todo sabe, inclusive o próprio André Fernandes, que Mayra Pinheiro surgiu no cenário nacional como secretária do Ministério da Saúde no caótico governo Bozo, e personifica tudo o que deu errado no combate à Covid-19, no Brasil.

Assim, enquanto o mundo todo lutava contra a pandemia com base em evidências científicas e orientação de especialistas, Mayra Pinheiro se dedicou ferozmente à promoção de medicamentos comprovadamente ineficazes, como hidroxicloroquina e vermicidas. Sua defesa obstinada desses tratamentos, sem qualquer respaldo científico, contribuiu diretamente para a desinformação em massa, colocando a vida de milhares de brasileiros em risco e matando outras centenas de milhares.

Como olvidar, por exemplo, a tragédia da sua gestão na saúde pública, culminando na inaceitável crise do oxigênio em Manaus, em janeiro de 2021, onde a ineficácia e a irresponsabilidade foram elevadas a níveis horrorosamente apavorantes.

Assim, enquanto pacientes morriam asfixiados (e o então presidente Bozo grotescamente imitava-os em frente às câmaras de TV),   Mayra Pinheiro pressionava autoridades locais (de Manaus) a distribuírem o famigerado "kit Covid", composto por medicamentos sem eficácia comprovada.

Como se isso não bastasse, ela também esteve à frente do lançamento do aplicativo TrateCov, uma ferramenta bizarra que, inacreditavelmente, prescrevia esses remédios até para bebês.

Por tudo isso, fica explicitado, de forma contundente, que a escolha de Mayra Pinheiro para gerir a Saúde da nossa capital é um sintoma claro do tipo de governo que André Fernandes pretende implementar — um governo guiado por ideologias destrutivas e teorias sem base científica.

Fortaleza merece um futuro de saúde pública que priorize o bem-estar da população e a ciência, não um retrocesso carregado de negacionismo e incompetência tão comuns sob Mayra Pinheiro.

E não se esqueçam, nunca e em tempo algum, que referida figura (Mayra Pinheiro) achou por bem se vacinar, às escondidas, embora pregasse aos ignaros, de público, que fugissem da vacina.

Hipocrisia pura, na veia; blasfêmia, sem tergiversações, elevada ao cubo.  

domingo, 13 de outubro de 2024

 A PROPÓSITO DA POSSIVEL VOLTA (QUE PERSPECTIVA TERRÍVEL) DA “CAPITÃ CLOROQUINA” À CENA POLÍTICA CEARENSE, ATRAVÉS DO ANDRÉ FERNANDES, NÃO CUSTA LEMBRAR QUE

“O BRASIL DEMOROU DÉCADAS PRA CONSTRUIR UM DOS MELHORES PROGRAMAS DE VACINAÇÃO DO MUNDO, E FAZER UMA POPULAÇÃO INTEIRA CONFIAR NELA.
VIDA INTEIRA DE PROFISSIONAIS SÉRIOS E DEDICADOS À SAUDE, ATUANDO NOS BASTIDORES E NA LINHA DE FRENTE. MILHARES DE “ZE GOTINHAS” SUARAM NA FANTASIA EM INÚMERAS CAMPANHAS.
É UM ORGULHO NOSSO, SOMOS EXEMPLO PARA O MUNDO; PORTANTO, NÃO DEIXEM JOGAR ISSO FORA POR POLÍTICA E POR PESSOAS COM PÉSSIMA ÍNDOLE E INSTRUÇÃO PESSOAL, COM FORMAÇÃO SEVERAMENTE DEFEITUOSA DE MENTE, ALMA E CARÁTER”.
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A VOLTA DA “CAPITÃ CLOROQUINA” ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Anos atrás, depois de fracassar na sua tentativa de chegar ao Senado Federal, mesmo com o apoio do então poderoso padrinho Tasso Jereissati, a médica pediatra cearense Mayra Pinheiro arranjou uma “boquinha” em Brasília e foi nomeada pelo então ministro Luiz Mandetta para um cargo comissionado no Ministério da Saúde (possivelmente por indicação do “gabinete do ódio”), já que bolsonarista de primeira hora.

Conhecida por sua intransigente defesa da cloroquina no combate ao uso da Covic 19, do tratamento precoce, da tese da imunização do rebanho, e por não ligar nem um pouco para o distanciamento social (bandeiras do “chefe”, o Bozo), logo recebeu a alcunha de “capitã cloroquina”.

Inimiga de primeira hora do PT, de Lula da Silva e Dilma Rousseff e seus seguidores, há diversas gravações e documentos onde a “capitã cloroquina” promove o “kit covid” e uma em que ataca os próprios colegas, além de  acusar a respeitável Fiocruz de ser um QG de esquerdismo e de “políticas LGBTI” na Saúde; também de ter a réplica de “um pênis” gigante em sua entrada e de financiar a ida de médicos e pesquisadores a Brasília para “andarem nus e fazerem cocô em crucifixos”.

Lá atrás, a Capitã Cloroquina também participou de deseducadas e barulhentas manifestações contra os médicos cubanos que, contratados pelo Governo Federal do PT para irem servir em áreas remotas do Brasil, não aceitas pelos médicos brasileiros (cerca de 800 localidades), se prestavam a isso.

Mais tarde, chamada a depor como testemunha na CPI da Covid, “amarelou” vergonhosamente ao apelar ao Supremo Tribunal Federal para que lhe concedesse uma habeas corpus desobrigando-a de ser responder às muitas perguntas que decerto lhe seriam feitas; não só conseguiu, assim como teve o direito de se fazer acompanhar por um advogado (o também cearense Djalma Pinto).

Como se previa, enrolou, gaguejou, embromou e só respondeu às perguntas que lhe eram convenientes, fugindo do essencial, além de negar a informação dada pelo próprio ministro de que fora ela responsável por um certo aplicativo, de resultados direcionados e únicos (tanto que quando descoberta a fraude logo foi retirado do ar).

Em 2008, ao participar do processo seletivo para professora de Neonatologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), foi desclassificada ainda na primeira fase, por incluir no seu “Currículo Lattes”, como se fosse de sua autoria, um artigo de uma colega médica (na oportunidade, covardemente culpou um servidor da instituição, que teria cometido um banal e simplório... “erro de digitação”).

É bom recordar tudo isso, nos dias atuais, já que o candidato à Prefeitura de Fortaleza, André Fernandes, anunciou, quando ainda era pré-candidato à Prefeitura que, se eleito, a CAPITÃ CLOROQUINA será a Secretária de Saúde da nossa capital.

Alfim, uma revelação chocante: a médica Mayra Pinheiro tomou a vacina, sim (assim como seu “chefe”, o Bozo), embora não a recomendasse aos mortais comuns.   

domingo, 8 de setembro de 2024

 ALGUÉM PODE CONFIRMAR SE É ISSO MESMO ???


Isso me lembrou de quando tive a infelicidade de me casar com uma viúva. Ela tinha uma filha, e meu pai, para piorar a situação, era viúvo. Ele se apaixonou e casou com a filha da minha esposa, então minha esposa era sogra do sogro dela, minha enteada virou minha mãe e meu pai ao mesmo tempo foi meu genro. Pouco depois, minha madrasta trouxe ao mundo um menino, que era meu irmão, mas ele era neto da minha esposa, então eu era avô do meu irmão. Com o passar do tempo, minha esposa trouxe ao mundo um homem que, por ser irmão de minha mãe, era cunhado de meu pai e tio de seus filhos. Minha esposa era sogra de sua filha. Eu, porém, sou o pai da minha mãe, e meu pai e sua esposa são meus filhos. Além disso, sou meu próprio avô.

(Fonte: INTERNET)

domingo, 25 de agosto de 2024

JOSÉ (Dr. Demóstenes Ribeiro)

O tio Afonso, atendendo ao pedido da minha mãe, acolheu-me ainda quase-menino em sua casa. Eram os anos quarenta, começara a fuga do campo e se tornara evidente que naquela região a vida rural não mais conduziria a nada. 

Embora vindo da roça, vi que eu era diferente. Tornei-me balconista da loja de tecidos e, com a doença do tio, logo passei a gerente. Daí, a inveja e a hostilidade que não pararam mais. 

“Cumpade” era uma preta velha corcunda e miúda, que morava nos fundos da casa do meu tio. Independente do gênero, a todos ela chamava assim, por isso esse apelido inevitável. Vestia marrom, era neta de escravos e agregada da família. Gostava de mim, me dava atenção e aliviava as minhas dificuldades. Muitos anos depois, quando ela morreu, com eterna gratidão e à beira do túmulo, lhe fiz a oração do adeus. Quase não havia ninguém no cemitério.

Certo dia, com a morte do tio Afonso, o clima tornou-se insuportável. Então, numa ousadia tremenda, me desliguei da empresa e, em sociedade com um primo, iniciei uma pequena loja. O "Armazém do Povo" ia bem e trouxe para a cidade um irmão mais novo que também prosperou no comércio. Restava o irmão caçula, ao qual eu também teria o dever de ajudar.  

José, moço bonito e boa prosa, era chegado a uma cachaça e com ele as coisas nunca iam bem. A sua lojinha faliu e ele tentou o Rio de Janeiro. Achou que o parente importante facilitaria a sua vida na capital federal. Ledo engano. Logo estaria de volta e a dizer que o cearense só é feliz na sua terra.

Mudou-se para Juazeiro e logo se apaixonou por Silvana, uma filha do “Chico Boneco”, certo romeiro alagoano devoto do Padre Cícero, e que apresentava marionetes. O romance terminou em casamento. Na fotografia formavam um casal bonito, mas a vida real era só dificuldade. Zaira, a minha mulher, não gostava dela. 

Então, meses depois – eu não sei como -, ele se elegeu vereador.  As brigas e os porres eram constantes. Com o meu aval e um golpe de sorte, conseguira ser viajante de uma grande firma de tecidos do Recife – “Queiroz Campos Tecidos S.A.” Num Jeep Willis, percorria todo o estado. 

Um dia, levemente embriagado, veio nos visitar e levou meus filhos para tomar sorvete. As crianças nunca haviam provado essa delícia e hoje ainda guardam aquela lembrança inesquecível da infância. 

Até que, numa dessas viagens, virou o carro. A capota de aço salvou-lhe a vida, mas foi demitido, perdeu o jeep e passou a viver de biscates. Ganhava uns trocados vendendo discos e muitas vezes o ajudei comprando “Nelson Gonçalves, Ivanido, Zé Calixto” e outros mais que ouvíamos na radiola “Telefunken”, da qual eu era muito enciumado.

Ele também se virava exibindo filmes em pequenos cinemas do interior. Eram chanchadas ou faroestes. Trazia alegria com Oscarito e Grande Otelo, tiros e emoções com Audie Murphy e Randolph Scott. Certo dia, embriagado, convenceu o padre de um lugarejo a exibir "E Deus criou a mulher", com Brigitte Bardot, no salão paroquial. Seria um filme diferente sobre a criação do mundo., convenceu o vigário. Quando a loura apareceu nuinha, Ambrósia gritou É Satanás; as beatas afogaram o projetor em água benta e ele saiu fugido, excomungado e nunca mais pode mostrar qualquer filme em toda a  Diocese.

O tempo nos afastou, porém, sabendo-o muito doente, resolvi visitá-lo. Trocamos reminiscências, sempre com o seu filho ao lado. Orgulhoso, na saída, encarou-me sério e falou: ele está se formando, logo teremos um médico. Muito obrigado por tudo. Como você vê, a minha vida não foi uma completa inutilidade.


Dr. Demóstenes Ribeiro é médico cardiologista, natural de Missão Velha-CE, atuante e residente em Fortaleza-CE


domingo, 18 de agosto de 2024

 

Alain Delon, lenda do cinema francês, morre aos 88 anos

Ator ficou mundialmente conhecido por sua atuação no filme "O sol por testemunha".

18/08/2024 04h33  Atualizado há 2 horas

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Alain Delon morre aos 88 anos

O ator francês Alain Delon morreu aos 88 anos neste domingo (18). De acordo com a agência de notícias AFP, a família de Delon informou que ele faleceu em sua casa em Douchy-Montcorbon, na França. A causa da morte não foi divulgada.

Ícone do cinema francês, o artista conquistou os corações de milhões de fãs com suas interpretações icônicas de assassinos, bandidos e matadores de aluguel no auge do pós-guerra.

Delon é descrito por especialistas e artistas como um "gigante da cultura francesa". Esteve à frente de filmes como O Sol por Testemunha, Rocco e Seus Irmãos e O Leopardo. Apesar do sucesso em seu país, ele nunca alcançou o mesmo nível de fama em Hollywood.

Sua última grande aparição foi para receber uma Palma de Ouro honorária no Festival de Cinema de Cannes, em maio de 2019. Após sofrer um AVC no mesmo ano, Delon passou a viver recluso em sua propriedade, e sua família chegou a declarar que ele manifestou o desejo de se submeter ao suicídio assistido.

Nas redes sociais, o presidente da França, Emmanuel Macron, lamentou a morte de Delon:

"Alain Delon interpretou papéis lendários e fez o mundo sonhar. Emprestando seu rosto inesquecível para sacudir nossas vidas. Melancólico, popular, reservado, ele era mais do que uma estrela: era um monumento francês", postou Macron no X (antigo Twitter).

A marca Dior também lamentou a morte do ator, que não era apenas um ícone nas telas, mas uma referência fashion, sendo o rosto da marca durante décadas.

Ele foi um ator notável e, acima de tudo, um amigo da Casa Dior por muitos anos; nossos pensamentos estão com sua família e amigos.

O auge nos anos 60 e 70

Antes de se tornar uma estrela de cinema, Delon, nascido Alain Fabien Maurice Marcel Delon em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, Hauts-de-Seine, França, começou sua vida profissional como aprendiz de açougueiro, trabalhando ao lado do pai.

Mais tarde, alistou-se como fuzileiro naval e, em 1953, foi enviado ao sudeste asiático. Após ser dispensado em 1955, Delon fez vários trabalhos temporários e tornou-se amigo de alguns atores de cinema, com os quais compareceu ao festival de cinema de Cannes em 1957.

Durante o festival, Delon chamou a atenção de um caçador de talentos do produtor americano David Selznick, que lhe ofereceu um contrato com a condição de aprender inglês. No entanto, após conhecer o diretor francês Yves Allégret, Delon decidiu seguir carreira na França.

Considerado um dos grandes galãs do cinema entre as décadas de 1960 e 1970, Delon estrelou mais de 80 produções cinematográficas, incluindo clássicos como "O Sol por Testemunha" (1959) e "Cidadão Klein" (1976).

Em fevereiro deste ano, a polícia apreendeu 72 armas de fogo e mais de 3 mil munições na casa do ator. Ele não tinha licença para possuir armas de fogo.

A decisão do suicídio assistido

decisão de recorrer ao suicídio assistido foi um desdobramento de seu estado de saúde. Em 25 de março, o perfil oficial de Alain Delon no Instagram publicou o que muitos fãs interpretaram como uma mensagem de despedida.

"Gostaria de agradecer a todos que me acompanharam ao longo dos anos e me deram grande apoio. Espero que os futuros atores possam ver em mim um exemplo, não apenas no trabalho, mas na vida cotidiana, com suas vitórias e derrotas. Obrigado, Alain Delon."

Pouco tempo depois, a conta foi apagada. Delon, que sofreu um AVC em 2019, mencionou várias vezes a possibilidade de recorrer ao suicídio assistido, especialmente após presenciar o sofrimento de sua esposa, Nathalie Delon. Ela também tinha a intenção de optar por essa prática, mas faleceu em 2021 devido a um câncer de pâncreas, antes de conseguir as autorizações necessárias.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

A “FORÇAÇÃO DE BARRA” QUE VIROU LEI - José Nilton Mariano Saraiva

A rua Ana Bilhar, aqui em Fortaleza, localiza-se a duas quadras da Av. Beira Mar, área nobre da capital cearense, onde o preço do metro quadrado de terreno custa os olhos da cara, quase atingindo a estratosfera. Portanto, só mora naquela área quem tem “bala na agulha” (grana, muita grana).

Mas, além da grana, tudo indica que os que ali residem também gozam de certo prestígio junto às autoridades do município, talvez em função do “status” da moradia. Assim é que, estribados nessa condição privilegiada, POR CONTA PRÓPRIA resolveram criar na via pública uma “ciclofaixa” (via de trânsito para uso exclusivo de bicicletas), a fim de não correram nenhum risco de serem atropelados quando se exercitam pelas manhãs e à noite. Dito e feito: cotizaram-se e providenciaram a pintura de uma faixa, numa extensão de dois quilômetros, na lateral da citada rua.

Acionada por motoristas que por lá trafegam, e que se sentiram incomodados em razão da diminuição do espaço de manobra, a AMC (autarquia que cuida do trânsito na cidade) compareceu ao local e, num primeiro momento, face não ter havido nenhuma consulta ou autorização oficial, ameaçou obstar tal intento, apagando a tal faixa no asfalto.

Conversa vai conversa vem, a AMC resolveu por assumir a “maternidade” (já que uma instituição) do serviço feito pelos moradores, não só alargando a citada faixa, mas dando-lhe contornos definitivos e oficiais; além do que, proibiu os carros de estacionar durante os dois quilômetros sinalizados e, a partir de certa data, passou a cobrar uma multa salgada do proprietário de carro que se aventurar a trafegar por ali, além de lhe “premiar” com 07 pontos na carteira (infração gravíssima).

Poderíamos entender isso tudo como uma vitória da cidadania, porquanto uma iniciativa dos moradores, posteriormente chancelada pela autoridade competente (e, pois, merecedora de aplausos). Mas, eis que, quando os moradores de uma rua do “miserável” Bom Jardim, bairro periférico da capital, resolveram criar uma ciclofaixa idêntica (espelhando-se no que fizeram os moradores da “nobre’ rua Ana Bilhar), a AMC logo logo pintou no pedaço e, de pronto, não só apagou a faixa pintada, como, também, ameaçou com represálias que ousasse tomar qualquer providência em contrário.

Quais as razões pra tamanha discriminação ??? Por que, não, um tratamento isonômico ??? Todos não são iguais perante a lei ??? Ou, aqui, os fracos não têm vez ???

Fato é que, querendo ou não, o “pioneirismo ilegal” dos moradores da rua Ana Bilhar (daquela época) findou por literalmente obrigar a AMC a estender aquele “privilégio” por toda a Fortaleza, de modo que hoje até os bairros periféricos da capital contam com a sua “ciclofaixa” (devidamente regulamentada). 

 

O “BRINDE INDESEJADO” – José Nilton Mariano Saraiva

Quando chegou a Fortaleza, já lá se vão anos, a primeira loja da rede americana McDonald’s se constituía em autêntico objeto de desejo de meio mundo de gente.

Na cultura popular, adentrá-la e lá permanecer, mesmo que por alguns instantes, era como que transpor a sonhada porta do céu (existe isso ???), já que não era pra qualquer um; consumir seus produtos, então, era motivo de regozijo para os que tinham tal privilégio e, certamente, objeto de conversas e mais conversas ao longo dos dias seguintes.

Mas, aí, em face de receptividade de uma solitária loja, que rendia um transatlântico de grana, a rede cresceu os olhos e resolveu estender seus tentáculos pra todas as direções; assim, hoje qualquer bairro de Fortaleza tem uma McDonald’s estalando de nova, tal a agressividade mercadológica (até em cidades do interior já se encontram).

Pois foi exatamente na loja “pioneira”, instalada na borbulhante Av. Beira Mar, com seus turistas e nativos em profusão, que anos atrás se deu um fato inusitado: uma senhora, acompanhada do filho menor, que aniversariava, resolveu presenteá-lo levando-o para “deglutir um sanduba” conhecido por “quarteirão”, na McDonald’s; imenso, cheiroso e visualmente atraente, dizem que não há quem resista a um “quarteirão”.

Pois bem, tudo ia nos “trinques”, com mãe e filho se refestelando no consumo do “bichão” quando de repente, ela, mais experiente, sentiu um gosto um tanto quanto esquisito na boca, já depois de ter “botado pra dentro” metade do “quarteirão”; curiosa, aproximou a outra metade do danado do sanduba do seu campo de visão e aí seu deu conta de que haviam colocado um “brinde” dentro de um dos sandubas, talvez – quem sabe ? - para homenagear o filho aniversariante: assim, uma imensa “voadora” (barata), já pela metade, jazia inerte entre pão, queijo, hambúrguer, maionese, ovo, catchup e por aí vai.

Ante aquela visão dantesca, o estômago de pronto revirou de uma maneira tal que, na frente do filho apavorado, ela quase bota os bofes pra fora, tal a intensidade do vômito (dizem que vomitava a metros de distância). Dali mesmo foi levada de imediato pra um hospital próximo, onde uma lavagem estomacal acabou por expelir a metade da barata “deglutida”.

Depois, já em casa, entendeu que o constrangimento dela e do filho só podiam ser reparados com uma atitude mais séria, via exercício da cidadania: entrou com uma ação na Justiça, que lhe deu ganho de causa, de forma que a rede McDonald’s, a indenizou com R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Como lá no Crato já houve problema com o “sushi” estragado do Mercadinho São Luiz, que levou um exército de consumidores aos hospitais, a impressão que fica é que os franqueadores das respectivas marcas não estão tendo o necessário cuidado em orientar quem prepara os quarteirões e suchis da vida, daí a progressiva perda de qualidade e conceito da mercadoria ofertada.

Apelar pra quem, pro argentino que se tornou o Papa Chico ???    

     

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

O OLHAR DE MEU PAI  ( Luís Nassif )

Antes dos 13 anos, declarei guerra a meu pai. Eu passara para o terceiro ano do ginásio, mudou o “irmão Marista” titular da classe, e tive a oportunidade de tirar o primeiro lugar, algo que não conseguira nos dois anos anteriores.                             

Fui para casa de boletim na mala e peito estufado, e o velho nem ligou. À noite, no encontro de pais e alunos no Marista, um pai chegou perto de nós, saudou o meu feito e indagou se manteria a colocação. Seu Oscar respondeu irritado: “Problema dele”. Anos depois, Chafik, seu melhor amigo, me contou que ele não se conformara com minha decisão de, aos 12 anos, me tornar jornalista, e não seu sucessor na Farmácia Central.                                                                                                                            

Desde aquela noite de 1963 um muro ergueu-se entre nós. No mês seguinte caí para 7º da classe, no terceiro mês para 15º, do quarto mês em diante fui o último para o todo e sempre. Puni o seu Oscar a cada prova mal feita, a cada gazeta engendrada, a cada rebelião contra os irmãos. Mas nos momentos cruciais, consegui o seu apoio, especialmente no dia em que o reitor Lino Teódulo foi à minha casa com acusações falsas, em represália à minha militância estudantil. Disse-lhe na cara que ele estava mentindo, e meu pai me apoiou.                                                                                        

Nem isso quebrou as nossas barreiras. Eu chegava em casa antes de meu pai chegar, refugiava-me na tia Rosita na hora do jantar, depois, quando ele descia de novo para fechar a farmácia corria para casa, para dormir antes que ele voltasse de vez. Mas de manhã bebia cada som que ele emitia, cada gesto de ansiedade, andando para lá e para cá no corredor de casa, os gemidos de quem carrega os fardos do mundo. E me punia por não poder ajudá-lo.                                                                                                           

Ao longo da vida, guardei em frascos de cristal os poucos momentos de emoção que consegui compartilhar com ele, como o garimpeiro que procura a pepita na bateia. Registrei seu choro na morte da tia Marta, as lágrimas na missa de sétimo dia do vô Issa, seu sogro, a última ida a Poços de Caldas, para ser comunicado da morte de seu melhor amigo, e seu olhar quando divisou a cidade ao longe. Mais tarde, acompanhei seu silêncio quando tia Rosita morreu. Não contamos nada para ele, e ele nunca mais perguntou dela, para não ouvir a resposta que temia.

E me lembrei para sempre do dia em que o critiquei na casa do vô Issa por ter comprado um bilhete de loteria enquanto estávamos acampados por lá, procurando casa para alugar em São Paulo. Ele saiu para a rua, fui atrás e pedi a Deus as palavras que me permitissem explicar o que sentia. Abracei-o, aquele homem alto, chorando, e falei, falei e falei, disse-lhe que ele continuava o centro da família e que minha preocupação era apenas para que não demonstrasse desespero indo atrás de miragens. E só serenei quando ele se acalmou e me olhou com olhar de pai agradecido.

O segundo derrame chegou doze anos depois do primeiro. Só depois de morto e enterrado comecei minha longa caminhada atrás de meu pai. Passei a buscá-lo em cada contemporâneo, em cada amigo. Com as velhas senhoras de Poços descobri o galanteador, com os fregueses mais humildes da farmácia, uma generosidade que nunca pressenti. Com os amigos, a pessoa aberta e alegre que submergiu com a crise da farmácia, mas que continuou sendo o mais gentil dos poçoscaldenses.

E quanto mais o buscava passava a descobrir o inverso, a busca que ele fazia de mim. Diariamente meu pai levava minhas irmãs ao Colégio São Domingos, e, na volta, pegava um amigo meu para almoçar e saber notícias minhas de São Paulo. Antonio Cândido me falou do orgulho com que ele relatava minhas primeiras reportagens. O padre Trajano me contava das notas que levava ao “Diário de Poços” relatando cada vitória em festival, em concurso literário. E minha mãe me contou que, no auge da minha crise de adolescência, ela perdeu a fé no meu futuro, e ele acreditou.                                            

Às vezes sinto o travo da última conversa que não houve, dos beijos que não lhe dei. Mas em algumas noites o sinto ao meu lado, daquele modo silencioso com que ficava com a tia Rosita, sem nada falar, porque palavras eram desnecessárias. Apenas me olhando com aquele olhar de quem finalmente se fez entender.