por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 9 de dezembro de 2020





























 

COMO SURGE UM NOVO VIRUS

SENHORES,

Por entendermos ser um texto por demais atual e relevante, transcrevemos.

Apesar de longo, vale muito a pena ir até o final, a fim que entendamos o que estamos enfrentando.


Como surge um novo vírus?

Publicado em 8 de maio de 2020

 

Em meio a atual pandemia da Covid-19, cresce o número de pessoas interessadas em saber como surge um novo vírus ou de onde vem uma nova doença. Muitas vezes, essas perguntas dão origem a várias teorias da conspiração rapidamente disseminadas pelas redes sociais. A hipótese de que o vírus tenha sido gerado em laboratório é um exemplo, e já foi negada em um trabalho feito por cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália [1].

Indo na direção contrária, apresentamos neste texto as principais informações sobre este tema, trazidas pela história e pela ciência, para que você esteja bem informado(a) nas conversas que tiver sobre isso.

As epidemias ao longo da história

Logo no início do livro A peste (1947), Albert Camus (1913-1960) escreve:

Os flagelos, na verdade, são uma coisa comum, mas é difícil acreditar neles quando se abatem sobre nós. Houve no mundo igual número de pestes e de guerras. E contudo as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas.

De fato, há relatos de epidemias que devastaram populações inteiras desde as épocas mais longínquas. Para citar somente algumas: em 428 a.C, estima-se que a Peste de Atenas possa ter matado até um terço dos atenienses, na época envolvidos com a Guerra do Peloponeso. No século II d.C, foi a vez da Peste Antonina devastar Roma, vitimando inclusive o imperador Marco Aurélio.

No séc. XIV, a Peste Negra, uma das mais famosas da história, levou à morte cerca de um terço da população europeia. No início do séc. XX, a Gripe Espanhola se alastrou pelo mundo todo, deixando para trás um número de mortos que, nas estimativas mais pessimistas, teria chegado à cifra dos 100 milhões – mais do que a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais juntas.

Hoje estamos lidando com uma pandemia que teve seu início na cidade de Wuhan, na China, e que percorreu todos os continentes em menos de 3 meses. Trata-se de uma epidemia de origem viral, causada por um novo tipo de coronavírus batizado pelos cientistas como SARS-CoV-2. A doença associada a ele foi nomeada Covid-19.

É importante lembrar que nem toda epidemia resulta de um vírus. A Peste Negra e a tuberculose, por exemplo, foram provocadas por bactérias. Além disso, desde o século passado, os epidemiologistas trabalham com um conceito de epidemia que abrange também doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardíacas e o câncer.

Mesmo assim, a lista de epidemias víricas é extensa: das gripes (suínas, aviárias…) à AIDS, da varíola à dengue e à febre amarela, o assunto demanda a mais cuidadosa atenção dos cientistas empenhados em evitar o desencadeamento de novas epidemias.

Mas afinal, como surge um novo vírus?

Não se sabe ao certo como surgiu o primeiro vírus. É possível que tenha se originado de uma molécula de RNA – como sugere a “Teoria dos Elementos Subcelulares” – ou então que, através de um longo processo, seres unicelulares tenham perdido várias de suas estruturas, até o ponto em que se tornaram inteiramente dependentes de outra célula para sobreviverem.

De todo modo, é esta a característica principal de um vírus: ele é um parasita obrigatório, ou seja, sobrevive e se reproduz somente se conseguir encontrar uma célula hospedeira com a qual possa se ligar. Contudo, isso não ocorre sempre. Pelo contrário, na maior parte das vezes, um vírus (ou melhor dizendo, um vírion, que é como se chama a partícula quando ela está fora de qualquer célula hospedeira) simplesmente desaparece sem nunca se ligar a ninguém.

Que o vírus encontre um hospedeiro e consiga sobreviver, se reproduzir e ser transmitido a outras células e a outros seres, isto é fruto totalmente do acaso. Ou, se quisermos ser mais precisos, é resultado de um longo processo de seleção natural.

Pensemos no seguinte exemplo: em algum momento na história, uma série de mutações levou ao surgimento de um vírus que conseguiu se ligar às células de um morcego e ali se reproduzir. A proximidade entre morcegos levou vários deles a serem infectados por este mesmo vírus e, por muito tempo, a situação continuou restrita à infecção dos morcegos. Portanto, mesmo que um ser humano entrasse em contato com os morcegos infectados, nada lhe aconteceria, pois aquele vírus tinha propriedades que não lhe permitiam parasitar seres como os humanos.

No entanto, assim como incalculáveis mutações geraram um vírus capaz de infectar morcegos, outros tantos eventos poderiam ocorrer até que ele sofresse novas mutações que o tornassem capaz de infectar humanos. Quando isso acontece, ou seja, quando um vírus de origem animal começa a nos adoecer, dizemos que estamos lidando com um tipo de doença específico: as doenças zoonóticas.

Zoonoses: de animais para humanos

Especula-se que, no início do século XX, uma ave contaminada e um homem gripado possam ter se encontrado com um mesmo porco. O vírus da ave não podia infectar o homem, mas conseguiu contaminar o  porco, um animal que, como se descobriu anos depois, pode ser infectado por ambos os vírus – os da “gripe humana” e os da “gripe aviária” também.

É possível que tenha sido a partir deste encontro triplo que o vírus responsável pela gripe espanhola surgiu: o Influenza A H1N1, uma recombinação do vírus da gripe aviária, suína e humana que, como se viu, foi bastante eficaz em infectar células humanas. Inclusive, se o nome do vírus lhe soa comum, é porque foi uma variação do mesmo Influenza A H1N1 que tornou a nos assustar quase um século depois, em 2009, com a pandemia da gripe A (ou gripe suína, como ela ficou mais conhecida).

Em 2003 foram os morcegos que entraram em evidência, suspeitos de serem o reservatório do vírus de uma nova doença que vinha causando altas taxas de mortalidade por onde passava. Rastreando-se seu local de origem, foi possível chegar à província de Guangdong, no sudeste da China, onde, no final de 2002, algumas pessoas foram internadas com uma pneumonia atípica. Tratava-se da Síndrome Respiratória Aguda Grave (ou, na sigla em inglês, SARS), provocada por um tipo de coronavírus até então desconhecido, batizado como SARS-CoV.

A gripe espanhola, a SARS e a atual Covid-19 são exemplos daquilo que chamamos de doenças zoonóticas, isto é, doenças infecciosas cuja transmissão aos seres humanos se dá, inicialmente, através de um animal. Além das já citadas, poderíamos lembrar também da AIDS, cujo vírus nos foi legado pelos chimpanzés da costa oeste africana, e do sarampo, que nos acompanha desde os tempos mais remotos através de um vírus de origem bovina.

Estima-se que, a cada 10 doenças infecciosas que acometem os seres humanos, 6 sejam zoonóticas e que, dentre estas, cerca de 70% sejam provocadas por animais selvagens. Este é um ponto especialmente caro à China, que tem sua história associada a um – cada vez mais polêmico – comércio da vida selvagem.

Crocodilos, cobras e morcegos: os mercados úmidos chineses

Em 2002 os primeiros pacientes da SARS eram quase todos comerciantes de um mercado úmido da cidade de Shenzhen, na província de Guangdong. Esse tipo de mercado é caracterizado, principalmente, por ser um ponto de comércio de dezenas de espécies de animais selvagens, vendidos vivos ou mortos na hora.

Quando foi comprovada a ligação entre o coronavírus da SARS e a carne vendida no mercado de Shenzhen, este foi fechado, e o comércio de animais selvagens foi temporariamente banido. Bastaram seis meses para tornarem a legalizá-lo.

À época, os cientistas chineses alertaram que outros coronavírus, como este que dera origem à SARS, poderiam levar a novas epidemias no futuro. Os mercados úmidos e o comércio de animais selvagens foram duramente criticados, acusados de resultarem num grande caldeirão de novas doenças. Como explica Peter Li, professor associado da Universidade de Houston-Downtown e representante da China na Humane Society International:

“Os mercados de vida animal da China se tornaram um berço para doenças. Animais doentes, morrendo ou feridos durante sua captura e transporte não são comida, mas perigos à saúde. Os trabalhadores que manipulam, matam e processam os animais estão vulneráveis a quaisquer vírus através de cortes em suas peles. As secreções de cobras infectadas podem ser aerossolizadas e inaladas por trabalhadores e compradores.” [2]

De fato, 17 anos depois, outro mercado úmido, agora na cidade de Wuhan, seria apontado como berço do novo coronavírus, o SARS-CoV-2. Novamente, os morcegos são apontados como os prováveis reservatórios do vírus. Os pangolins, comercializados nesse mercado, aparecem como possíveis intermediários – ou seja, como aqueles que teriam mediado a passagem do vírus do morcego até os primeiros humanos infectados.

Em decorrência disso, o comércio de animais selvagens foi temporariamente banido em 26 de janeiro. Com a escalada da doença, no entanto, uma nova legislação foi aprovada, e no dia 24 de fevereiro o comércio e consumo de animais selvagens criados no campo ou em cativeiro foram permanentemente banidos. [3]

Importa ressaltar que o consumo da carne de animais exóticos na China não é um costume que possa ser generalizado para todo o país. Enquanto em Guangdong 83% das pessoas afirmavam ter comido algum animal selvagem em 2012, somente 5% dos habitantes de Pequim podiam dizer o mesmo. No todo, mais da metade dos chineses concordavam que animais selvagens jamais deveriam ser consumidos. [4]

Por que, então manter o comércio legalizado por tanto tempo?

Primeiro, pela importância que alguns animais, como o rinoceronte, têm para a medicina tradicional chinesa, o que faz dela um importante impulsionador desse comércio.

Segundo, porque trata-se de um comércio rentável, que movimenta bastante a economia chinesa. Atualmente, a China tem 1,3 bilhões de habitantes, o que significa que, mesmo que seja uma parcela pequena a se engajar neste tipo de comércio, ainda assim o número total de pessoas envolvidas será enorme – e a pressão para mantê-lo também.

Terceiro, porque a história do consumo de carne entre os chineses está arraigada à história recente da própria China. Durante o regime de Mao Tse-Tung (1949-1976), era o governo quem controlava a produção alimentar de todo o país. No entanto, ao final do regime, o país passava por uma grave crise de abastecimento alimentar, e muitos chineses estavam à beira de morrer pela fome.

Para resolver a situação, o sucessor de Mao, Deng Xiaoping (1904-1997), promulgou diversas políticas que resultaram na liberalização da produção rural e na legalização da produção privada. Alguns pequenos proprietários passaram a criar animais exóticos para alimentação própria e, uma vez em que isso ajudava a alimentar a população, a prática também recebeu apoio governamental.

Assim, os anos que se seguiram testemunharam um enorme crescimento na criação de animais e o surgimento de um novo grupo, os “comedores de carne por vingança” – isto é, aqueles que, ressentidos de toda a fome que haviam passado nos anos anteriores, começaram a comer carne aos montes, como compensação aos dias de privação.

Quais os riscos para além da China?

Como já vimos, a maioria das doenças infecciosas são zoonóticas, e os animais selvagens desempenham um importante papel dentre elas. Além disso, quase todas as pandemias recentes foram causadas por algum vírus ou bactéria de origem animal. Isto nos leva a algumas conclusões simples.

Primeiro, é tanto maior a chance de emergência de uma nova doença infecciosa quanto –

·      maior for a quantidade de animais vivendo em extrema proximidade, especialmente se estiverem maltratados, machucados ou morrendo, como ocorre com os cativeiros;

·      maior for a proximidade entre seres humanos e animais selvagens, como pode ocorrer em zonas de florestas tropicais ou em atividades como o comércio da vida selvagem.

Para agravar ainda mais a situação, quanto maior a aglomeração e circulação de pessoas, maior também a chance de que a nova doença provoque uma pandemia. É por isso que, a despeito dos importantes progressos da medicina nos últimos séculos, é cada vez maior a probabilidade de que novas pandemias voltem a balançar o mundo – e é, também, cada vez mais difícil contê-las antes que se espalhem por todo o globo.

modernização nos traz esta situação paradoxal: dependemos do desenvolvimento tecnológico para frear o avanço de novas epidemias e diminuir sua letalidade. Por outro lado, este mesmo processo modernizador nos lega um sistema de produção de alimentos e de criação de animais que, em todo o mundo, potencializa a probabilidade da emergência de novas doenças.

Nas cidades, o ritmo acelerado de vida e as grandes aglomerações urbanas aceleram sua transmissão local. Por céus, terra e mares, as inúmeras viagens realizadas diariamente e a possibilidade de darmos a volta ao mundo em até dois dias ampliam seu alcance a proporções jamais antes vistas.

Notas

[1] The proximal origin of SARS-CoV-2

[2] First Sars, now the Wuhan coronavirus.

[3] China’s legislature adopts decision on banning illegal trade, consumption of wildlife

[4] Wildlife consumption and conservation awareness in China: A long way to go


REFERÊNCIAS

Organização Mundial da Saúde: epidemiologia básica – Joffre Marcondes de Rezende: as grandes epidemias da história  – Paulo R. S. Stephens; Maria Beatriz S. C. de Oliveira; Flavia C. Ribeiro; Leila A. D. Carneiro: virologia. –  World Animal Protection – Brenda L. Tesini: Coronavírus e síndromes respiratórias agudas (COVID-19, MERS e SARS) – Natasha Daly: Chinese citizens push to abolish wildlife trade as coronavirus persists – Global hotspots and correlates of emerging zoonotic diseases – Reuters: ‘Animals live for man’: China’s appetite for wildlife likely to survive virus – Sanarmed: síndrome respiratória aguda grave (SARS) | Ligas – Neidimila Aparecida Silveira Oliveira; Aparecida Mari Iguti: o vírus Influenza H1N1 e os trabalhadores da suinocultura: uma revisão – Prof. Dr. Paulo Michel Roehe: curso de virologia básica  – World Economic Forum: A visual history of pandemics


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

MISSA DO GALO - Dr, Demóstenes Ribeiro (*)

   A minha alma canta e eu vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudade, faz um domingo lindo, o sol é magnífico e a festa, universal. Saio do Cosme Velho e chego ao centro. Paro em frente à Academia, relembro patronos e colegas. 

           Como aceitar o suicídio do Pompéia?  Ele escreveu o Ateneu, foi abolicionista e lutou pela república. Ainda era ainda moço e forte. Era Natal, um tiro no coração, o silêncio e o nunca mais. E o Gonçalves Dias? Tragado pelas ondas invejosas e não podendo dormir no chão amado, deixou a Canção do Exílio em todos nós.                                                      

           Um dia, Castro Alves me procurou, recomendado pelo Alencar. Deu-me imensa alegria conhecer o poeta e sentir a força do gênio que iria cantar a liberdade, enfrentando a injustiça e a escravidão. Aliás, 13 de maio de 1888, um domingo, foi o único delírio popular de que me lembro ter visto. 

           E agora é moda falar mal do Alencar, mas ele fez um retrato do Brasil como ninguém mais. Eu, quase um adolescente, o conheci de perto. Nesse tempo ele ainda ria. Depois, escrevi o prefácio de Iracema e me convenci de que nem tudo passa sobre a terra. José de Alencar é o meu patrono na ABL, estive no seu velório, e a banalidade da morte jamais apagará aquele sol. 

           Olho essa estátua, recordo as palavras de Nabuco na sessão inaugural da Academia e as do Ruy Barbosa quando parti desse chão. Gostei muito do discurso do Ruy, mas, ao contrário de Nabuco, não éramos íntimos, tínhamos temperamentos diferentes, faltou-nos a prática necessária à amizade. 

           Não encontro a Livraria Garnier e na Rua do Ouvidor a confusão é geral. Sigo adiante, me emociono com um bater de sinos, a igreja da Glória me faz menino outra vez, mas a praia do Flamengo mudou demais. Muito mar e muito tempo, mar revolto, afogamento do Escobar... No calçadão, muita gente andando com cachorros. Aqui, Quincas Borba retomaria fumos de fidalgo e correria feliz. 

           Marcela e Virgília, Sofia e Flora, Sancha e Fidélia... Elas não eram para um tipo ciumento e permita-me cantar minhas saudades. Em direção à Ipanema, uma garota me lembrou Capitu. Não tirei os olhos dos seus quatorze anos, meu coração agitado, tempo infinito e breve, até Carolina restituir-me o equilíbrio e a paz. 

           Saudades de mim mesmo...Certo dia, num bonde, o  adolescente Manoel Bandeira, recitou-me alguns versos dos Lusíadas que eu queria recordar. Rio de ontem e de sempre, lembranças e fantasias de um bruxo, ex-interno da Casa Verde, paciente do Simão Bacamarte. 

           Dizem que Memórias Póstumas de Brás Cubas é um dos livros prediletos do Woody Allen, mas até hoje eu não sei se Capitu traiu o Bentinho ou se era ele quem desejava ardentemente o Escobar. Consultarei a cartomante – cedo ou tarde, ela descobrirá. 

           Por fim, lembrei do Astrojildo Pereira. Eu já estava partindo, quando ele, com dezessete anos e meu grande admirador, ajoelhou-se ao lado do meu leito, beijou-me a mão e saiu sem se identificar. Tempos depois, seria um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil. Euclides presenciou aquela cena e a descreveu numa crônica memorável. 

           O Natal mudou, a noite caiu de todo e se não me apresso, perco a Missa do Galo. Ah, quase me esqueço, Cony, mas o Mário de Alencar não era meu filho. Como diria Brás Cubas, não transmiti a ninguém o legado da nossa miséria.

 

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(*) DEMÓSTENES RIBEIRO – é médico-cardiologista, natural de Missão Velha, residente e no exercício da profissão em Fortaleza-CE

 

 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

O "INIMIGO ÍNTIMO" - José Nilton Mariano Saraiva

 Filiado ao PT desde 2002, ao atual governador do Estado do Ceará, Camilo Santana, devem ser atribuídos todos os “créditos” pela NÃO passagem para o segundo turno da candidata do seu partido (PT), Luizianne Lins, à prefeitura da cidade de Fortaleza, e daí, quem sabe, viabilizar-se no segundo turno como sucessora do atual prefeito.

Pois bem, Camilo Santana não só se omitiu covardemente ante seu dever partidário-institucional, como deixou-se usar pelo staff da campanha do principal concorrente, o “insosso” candidato dos Ferreira Gomes, coincidentemente seus padrinhos políticos à governança do Estado, lá atrás (aqui deu-se o tal “pagamento da fatura”).

Estranhamente, a cúpula do PT em nenhum momento cobrou do seu filiado (Camilo Santana) que se posicionasse formalmente sobre tão grave momento (afinal, era a possibilidade real de governar uma das maiores cidades do país), assim como literalmente chancelou toda a podridão assacada pelo candidato dos Ferreira Gomes à sua candidata, quando silente ficou ante as agressões e grosserias que lhe foram endereçadas.

Mas, assim como Camilo Santana “traiu” o PT, o próprio PT “traiu” não só a sua candidata (aqui, uma espécie de boi-de-piranha), mas também toda a sua militância e simpatizantes, ao correr para comemorar a vitória do adversário e sentar no colo dos Ferreira Gomes ao prestar-lhe, oficialmente, apoio irrestrito no segundo turno.

Fato é que, ao “igualar-se” aos Ferreira Gomes em termos de “traição” (lembram do ridículo e covarde papel do Ciro Gomes na eleição presidencial, que findou por eleger esse traste incompetente que está aí ???), o PT abdicou da prefeitura de Fortaleza por pelo menos 08 anos (já que quem está com a caneta dificilmente deixará de usá-la para reeleger-se).

Impõe-se perguntar: Camilo Santana (principal responsável pela derrota da candidata do PT ao negar-se em usar a estrutura governamental para ajudá-la) permanecerá como uma espécie de “inimigo íntimo” dos petistas, ou sua cúpula e militância aderirão in totum ao modus operandi de Camilo Santana ou, ainda, expulsarão Camilo Santana do partido ???

Particularmente, repetimos, vamos conscientemente ANULAR O VOTO por falta de opções (algo que nunca imaginamos fazer, dentro daquela máxima de que o voto á a principal arma do cidadão e que só o usamos de dois em dois anos).

Mas...

Ferreira Gomes ???  Nunca.

Bolsonaro ???  Jamais.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

A DETERMINANTE PRESENÇA DA "AUSÊNCIA" - José Nilton Mariano Saraiva

Acordos políticos sempre contemplam o “longo prazo”, desde tempos imemoriais. Assim, quando, mesmo filiado ao PT, Camilo Santana foi lançado pelos Ferreira Gomes à governança do Estado, implícito estava que a “fatura” lhe seria cobrada bem mais à frente, e a um preço marombado (e ele tinha plena consciência disso).

Eleito e depois reeleito, passou todo o tempo privilegiando seus padrinhos (os Ferreira Gomes), em detrimento ao seu partido original (PT).

Eis que agora, compreensivelmente, na eleição para a prefeitura de Fortaleza o PT decidiu-se por uma candidatura própria, na pessoa de Luizianne Lins, fiel e aguerrida filiada, até mesmo para ocupar um espaço próprio (e a militância respondeu à altura).

Mas aí, com base naquele acordo firmado lá atrás, os Ferreira Gomes apresentaram a tal fatura ao governador do Estado, cobrando-lhe a determinante presença da “ausência” (física e midiática) no apoio à candidata do PT e, consequentemente, o apoio ao candidato do PDT.

E foi o que ocorreu. Em nenhum momento, no decorrer da campanha, o Governador do Estado manifestou qualquer apoio à candidata do partido (PT), enquanto que aparecia na mídia abraçado com os Ferreira Gomes e era citado na propaganda eleitoral do oponente  (PDT).

Agora, aqui pra nós, alguém tem alguma dúvida que se fosse apoiada pelo Governador do Estado (e sua poderosíssima máquina) a candidata do PT provavelmente estaria no segundo turno, no lugar do candidato dos Ferreira Gomes ???

Nesse interregno, covardemente a executiva do PT nunca cobrou do Governador do Estado que se manifestasse publicamente sobre qual o seu candidato, o que não era difícil adivinhar: afinal, o vice, na chapa do oponente, foi uma espécie de “doação” do Governador, (filiado ao PT, convém lembrar) ao PDT (dos Ferreira Gomes), representada pelo seu Chefe da Casa Civil.

Pra completar, depois que sua candidata “sobrou na curva”, após sofrer uma campanha difamatória violenta e virulenta por parte do seu oponente, eis que a executiva do PT se reúne e, literalmente, se joga no colo dos Ferreira Gomes, endossando assim tudo o que foi assacado contra ela, e formalizando o apoio do partido ao candidato deles (e aí a covardia será “premiada” com mais oito anos de chibata, pra ver se aprendem).

Afinal, o normal e natural seria que a executiva petista não formalizasse qualquer apoio ao candidato dos Ferreira Gomes, delegando aos seus adeptos e militância a tomada de decisão individual sobre em quem votar no segundo turno, até porque o capitão-candidato do Bozo não terá a mínima chance de vitória (só se uma onda de bestialidade irrefreável se apossar do nosso povo).

Alfim, não poderíamos deixar de manifestar nossa sentida e profunda decepção com a vereadora que sufragamos na eleição passada e nesta: Larissa Gaspar, que deixou de solidarizar-se ante à sujeirada compressora imposta a Luizianne Lins. Triste.

Quando ao senhor Camilo Santana, está com o futuro garantido: além da aposentadoria como governador, deverá ser lançado ao Senado Federal, em 2022, pelos Ferreira Gomes, no lugar do Tasso Jereissati (os Ferreira Gomes vão enterrar o arrogante galego, de vez).

Particularmente, por convicção nunca votamos e jamais o faremos, nos Ferreira Gomes e Jereissatis da vida. Assim, vamos fazer o que nunca pensamos ou admitimos: ANULAR O VOTO.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

OS "INTOCÁVEIS" - José Nilton Mariano Saraiva

O elogiável e digno de encômios no clã Bolsonaro é a preservação da tutela e unidade familiar, que se traduz (tim-tim-por-tim-tim), no modus operandi mafioso dos herdeiros (os numerais 01, 02 e 03) todos seguidores in totum dos “nobres” ensinamentos lhes repassados pelo pai.

Assim, o filho 01 (Flávio) tornou-se “expert” naquilo que o pai passou a vida toda praticando quando integrante do “baixo clero” da Câmara do Deputados, em Brasília: “rachando” despudoradamente o salário pago mensalmente aos funcionários do seu gabinete (dizem que em percentuais pornográficos - 70x30, 80x20 ou 90/10 ???).

Fato é que a coisa era de uma imoralidade tal, que o pai não se importou nem mesmo em “emprestar” ao filho-primogênito o seu velho “operador-preferencial” na seara bancária, Fabrício Queiroz, comandante de uma milícia no interior do Rio de Janeiro (amigo do “velho” há décadas, foi preso recentemente, mas, por influência do, agora, padrinho-presidente, imediatamente transferido para a prisão-domiciliar – por determinação do STF - onde continua a manejar os cordéis, sem ser importunado).

Já Carluxo (o filho 02), especialista em informática, convenceu o pai e seu grupo mafioso a armar um poderoso esquema de envio de milhões de mensagem mentirosas a respeito dos adversários, na campanha presidencial (fake news), que comprovadamente influiu em muito no resultado final do pleito; tanto, que foi saudado pelo eleito pai Presidente da República com a frase: “se não fosse ele eu não estaria aqui” (existe um processo sobre, mas será julgado algum dia ???).

O filho 03 (Eduardo) seguiu “pari-passu” o pai no tocante a externar sua opinião de forma desrespeitosa e sem nenhum pudor, contra qualquer um que não reze pela mesma cartilha, como quando afirmou que bastariam “um cabo e um soldado” para fechar o STF, em razão de uma banal manifestação contrária ao pai, naquela corte.

Em comum, entre os irmãos, um fato incontestável: tal qual o pai, todos estão “podres de rico” em razão de usarem à margem da lei a atividade política como um rendoso meio de vida (casas, aptos, lojas, lanchas, grana, muita grana, e por aí vai).

Tivéssemos um Poder Judiciário expedito e atuante, certamente que a essa altura a valentia dos “intocáveis” Bolsonaros (principalmente do pai) já teria sido abatida, com a prisão de qualquer um deles (motivos não faltam; faltam, sim, coragem e dignidade aos togados da nossa Câmara maior).

Ou alguém duvida que, se prenderem pelo menos um dos filhos, o pai-valentão vergar-se-á às trevas ???

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O "FANFARRÃO" INCONSEQUENTE - José Nilton Mariano Saraiva

Como metade do mundo e a outra banda sabem, “fanfarrão” é aquela figura medíocre e incompetente que, à falta de qualquer predicado, se dana a contar e recontar feitos e bravatas e a alardear coragem... sem ter um pingo dela (uma figura asquerosa, que deveria ser penalizada pela irresponsabilidade dos seus atos).

Já o “inconsequente” é aquele que é contrário à lógica, ao bom-senso, que revela falta de reflexão, de ponderação, de prudência, enfim, que é comprovadamente leviano.

A reflexão é só pra lembrar que o idiota que esta Presidente da República reúne, com louvor, tais “qualidades”, tanto que, dia a dia, envergonha o Brasil ante a comunidade internacional, quando resolve vomitar suas baboseiras.

A mais recente, deu-se agora quando resolveu, pela enésima vez, “brincar” com as quase 200 mil mortes provocadas pelo coronavírus por essas bandas, ao afirmar que o Brasil é “um país de maricas” (por ter medo da letalidade do vírus).

Aparelhando as instituições do país com gente da sua laia (que faz o que ele manda, sem pestanejar, inclusive os tais “generais” mercenários) literalmente “comemorou” a morte de um dos voluntários que houvera se submetido à vacina chinesa contra o vírus (em razão de informações falsas fornecidas por um seu capacho colocado na presidência da Anvisa) e em face da sua briga política com outra mediocridade, o governador de São Paulo, João Dória.

Foram desmoralizados (ele e a Anvisa) publicamente pelo presidente do Instituto Butantã (que produz a vacina aqui no Brasil) e pela própria Polícia Civil, que constataram ter o óbito ocorrido em razão de suicídio, e não por nenhuma reação adversa da vacina.

Alfim, uma última asneira: resolveu “declarar guerra” (de público) aos Estados Unidos, ao afirmar, numa reunião com empresários e políticos, que se o imbróglio com o novo presidente americano não fosse resolvido com muita saliva (diplomacia), a pólvora seria usada (será que ele sabe que a pólvora é originária da China ???).

Definitivamente, trata-se de um psicopata.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

O DESPREZÍVEL "EXTERMINADOR" DO FUTURO DE UMA NAÇÃO - José Nilton Mariano Saraiva

 

O DESPREZÍVEL “EXTERMINADOR” DO FUTURO DE UMA NAÇÃO - José Nilton Mariano Saraiva

Ao assumir o governo, uma das primeiras atitudes do “estadista” Luiz Inácio Lula da Silva foi enviar à China o seu experiente e capacitado Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, com a missão ingente de mostrar aos dirigentes daquele país que o Brasil possuía, sim, um portfólio de produtos capazes de suprir com sobras a carência dos orientais (petróleo, alimentos, grãos, carnes e por aí vai) e, para tanto, tinha interesse em estabelecer uma via de mão dupla, de interesses recíprocos, entre os dois países.

Bingo. Não deu outra. Desde então, essa que atualmente é uma das maiores potências econômicas e territoriais do mundo (área de 9,6 milhões de quilômetros quadrados e com um contingente populacional de aproximadamente 1,4 bilhão de pessoas) a China firmou-se como o maior importador de produtos brasileiros, com perspectivas robustas e crescentes de exponencial crescimento.

É que, situada numa área pedregosa (imprópria para a agricultura e a pecuária e, portanto, incapaz de alimentar seus habitantes, que representam um quinto da população mundial) bem como com uma produção deficitária de petróleo (alavancador potencial de plantas industriais de todo tipo, lá hoje encravadas), ainda assim os “carentes” orientais são, hoje, os parceiros preferenciais com que sonham governos de “todo o mundo”, independentemente de ideologias.

Aliás, de “todo o mundo”, vírgula, porquanto, ao assumir e sentar no trono, o idiota que está presidente do Brasil (partidário de primeira hora da jurássica e babaquara tese de que “comunistas comem criancinhas” e precisam ser evitados), resolveu romper com a China definitivamente, e sentar no colo dos mercenários yankees (norte-americanos) comandados por Tramp.

Nada conseguiu e agora, que Tramp foi despachado pra casa e seu substituto (Biden) incrivelmente não é reconhecido pelo governo brasileiro por meras questões ideológicas (e os gringos estão pouco ligando pra isso), certamente que ficará difícil para o Brasil conseguir continuar como partícipe ativo do comércio internacional (como o foi à época do ex-presidente Lula da Silva), porquanto todas as pontes foram sumariamente dinamitadas pelo atual e irresponsável inquilino do Palácio do Planalto.

Além do que (e pra complicar/piorar ainda mais a situação), França, Alemanha, Inglaterra e outros países do mundo se insurgem contra o descaso do governo brasileiro ante a leniência com os pavorosos crimes ambientais perpetrados atualmente por aqui, com reflexos em todo o globo (vide os “intermináveis e inapagáveis” incêndios na Amazônia e Pantanal), assim como questionam a inexistência de uma política de direitos humanos, nunca levada a sério pelo atual inquilino de Brasília (que tem como principal ídolo – não custa lembrar - o milico Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido por comandar com mão de ferro e sem nenhuma sensibilidade o maior antro de barbárie da época da ditadura militar, o temido DOPS).

Fato é que, sob a batuta de um exterminador em potencial (além de analfabeto em termos de relações internacionais), o país que tinha tudo (e mais alguma coisa) para ser em bem pouco tempo uma das maiores potências do mundo, caminha agora, a passos largos e inexoravelmente, para continuar figurando tão somente como o eterno “país do futuro”.

Conclusão: ou achamos um meio legal de interferir de pronto (que tal mandar prender um dos seus filhos numerais – Flávio – já condenado pela justiça ???), ou o “exterminador” de uma nação continuará agindo livremente e sem qualquer pudor.









domingo, 8 de novembro de 2020

O "VIÚVO" DO PLANALTO - José Nilton Mariano Saraiva

Num ambiente quase que predominantemente masculino, a cena de amor explícito deu-se em setembro do ano passado, quando Donald Trump e Jair Bolsonaro se encontraram em Nova York, durante uma assembleia da ONU.

Na oportunidade, numa sala repleta de autoridades de todos os quadrantes do mundo, para expressar seu profundo mas recolhido sentimento, o brasileiro, dirigindo-se ao gringo num inglês sofrível e macarrônico, soltou a pérola: “I love you, Trump” (eu te amo, Trump) ao que Trump friamente devolveu: “nice to see you again” (bom de ver de novo).

De lá pra cá, em mais de uma oportunidade Bolsonaro, tal qual um cordeirinho amestrado, tratou de lamber as botas e demonstrar sua subserviência e admiração por Trump onde quer que fosse (o velho “complexo de vira-lata” em todo o seu esplendor), chegando a afirmar publicamente que estaria presente, sim, à festa da sua reeleição no próximo ano (2020, que estamos a vivenciar).

É compreensível, pois, que hoje, enquanto as autoridades mundiais em obediência a um secular protocolo cerimoniosamente se apressam em cumprimentar Joe Biden por ter derrotado e mandado pra casa o pernóstico e arrogante Donald Tramp, Bolsonaro se negue peremptoriamente a fazê-lo.

Por uma razão simplória: choroso, ainda está a lamber as feridas e curtindo uma enrustida e sentida “viuvez”.

Coitadinho, não vai poder ir à festa.