por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 15 de agosto de 2023

 “TEMPO, O SENHOR DA RAZÃO” - José Nílton Mariano Saraiva


Em priscas eras (ou no longínquo tempo de criança inocente), além do respeito apavorante que sentíamos ante sua presença, tínhamos conosco a impressão inabalável que a classe militar era composta majoritariamente por pessoas de idoneidade moral acima de qualquer suspeita, que todos os seus integrantes eram referência para aqueles que acreditavam na existência de uma casta de senhores sérios e íntegros e, principalmente, de senhores comprometidos até a medula com o destino e desenvolvimento do país, de sorte que poderíamos ficar despreocupados com o futuro da nação.

Por essa razão, nos dias atuais não há como não deixar de agradecer sensibilizados ao senhor Jair Messias Bolsonaro por nos mostrar uma verdade irretorquível: que (independentemente da presença de pessoa sérias, não se pode negar) na caserna existem também os tremendamente corruptos, os comprovadamente desonestos, os reconhecidamente incompetentes, os puxa sacos asquerosos da vida, os baba-ovos sem escrúpulos que perambulam em qualquer corporação e, enfim, uma plêiade de figuras sinistras, golpistas e desprovidas de qualquer condição moral pra servir de exemplo a qualquer um de nós (comandados pelo próprio).

Fato é que, aqui vem a prevalecer as sábias lições do velho filósofo: “o tempo é o senhor da razão, porque mostra atitudes, circunstâncias, façanhas, dinâmicas, personalidades e comportamentos; assim, se queres saber algo de verdade, apenas espere um tempo para medir e analisar novamente as coisas e a realidade será exibida sem esforço”.

Por essa razão, não há porque esconder, mas, sim, eloquentemente afirmar OBRIGADO, BOZO por nos mostrar a verdade verdadeira (antes tarde do que nunca). 

sábado, 12 de agosto de 2023

 SÚCIA DE DESONESTOS - José Nílton Mariano Saraiva

Enganam-se e cometem uma amazônica, ultrajante e imperdoável injustiça aqueles que afirmam não ter o governo Bolsonaro produzido algo de minimamente positivo para o país.

Afinal, se antes já havíamos tomado conhecimento das práticas nada ortodoxas de graduados generais do exército que haviam sido convocados para altos cargos da república, eis que agora a Polícia Federal descobre e divulga, sem qualquer restrição, que mais e mais milicos atuavam, no coração do governo, em forma de “quadrilha”, a fim de saquear o estado brasileiro.


Se o pivô da vez era um tal tenente coronel do exército, Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do Bozo (que foi preso pela Polícia Federal em razão das muitas irregularidades cometidas no exercício da função, culminando com a venda de joias e outros bens de valor do acervo governamental), descobre-se agora que o próprio pai do citado, o general Mauro Cesar Lourena Cid, ajudava nas tramoias, mutretagens e peripécias do filho querido, atuando a partir de uma sinecura que lhe fora premiada pelo Bozo, lá nos Estados Unidos.


É que, como ex-colega do Bozo nas turmas de cadetes da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) nos anos 70, Mauro César Lourena Cid desde então houvera se identificado com o modus operandi mafioso do Bozo, daí o convite recebido.

 

Em resumo, o fator “POSITIVIDADE” do governo Bozo para com o país está em cristalinamente nos por de frente com a existência de uma SÚCIA DE DESONESTOS no meio militar (pelo menos é o que nos mostra a Polícia Federal, sem ser contestada até aqui, ao nominá-los como integrantes de uma quadrilha).

terça-feira, 1 de agosto de 2023

 “SIMPLES PROFECIA” OU “CONHECIMENTO ÍNTIMO” ???

 
– José Nílton Mariano Saraiva

À época, o advogado Gustavo Bebianno foi um dos primeiros ministros anunciados pelo então presidente eleito, Jair Bolsonaro, assumindo a poderosa Secretaria Geral da Presidência da República. Isso em razão de ter sido uma das figuras mais próximas ao presidente durante a campanha e atuado como um dos conselheiros do então candidato na disputa. 

No entanto, no dia a dia do governo em Brasília, após assumir a pasta começaram a surgir divergências entre ele e o Bozo, que findaram por decretar sua surpreendente exoneração da função.

A coisa chegou a tal ponto que Gustavo Bebianno, em uma longa entrevista dada ao site “O Congresso em Foco”, afirmou de forma peremptória e definitiva que, embora tivesse um amor fraternal pelo então chefe, discordava de quase todas as suas atitudes e entendia... "QUE ELE DEVERIA SER SUBMETIDO A TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO". Disse ainda, enxergar no então presidente... ”UMA PESSOA DESEQUILIBRADA E CERCADA DE LOUCOS E FANÁTICOS”.

Meses antes de, prematuramente morrer de infarto, aos 56 anos, Gustavo Bebianno não se furtou de deixar uma última mensagem ao povo brasileiro:

“O BRASIL AINDA VAI ENXERGAR QUEM SÃO BOLSONARO E SEUS FAMILIARES”.

Simples profecia ou conhecimento íntimo ???


quinta-feira, 27 de julho de 2023

 

TÁ CHEGANDO A HORA

Nada mais previsível do quer Jair Bolsonaro. Sua explosão de ódio de hoje, com xingamentos, agressões a Lula e a ameaça de voltar à Presidência – no que está legalmente impedido – tem uma única explicação: o avanço nas investigações do caso Marielle. Bolsonaro é assim. Toda vez que ocorre algo indesejável para ele, tenta produzir fatos e desviar as atenções. Só que agora não cola mais...

Helena Chagas (Jornalista)

terça-feira, 18 de julho de 2023

 MICHELE BOLSONARO NÃO PODE SER UMA POSSIBILIDADE - Denise Assis (*)


Não consegui ver a cena toda. Apenas li os textos, no jornal “O Tempo”, depois mais um trecho em O Globo, e mais um pedaço em Poder 360... E parei. Estarrecida, enojada, com horror e me perguntando com que estômago os colegas – ainda que a profissão exija –, descreveram essa cena de forma impassível, para apenas tentar reproduzi-la com o distanciamento daquelas matérias que começam: “o prefeito tal, inaugurou ontem...”

Releio: “A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) se tornou alvo de críticas após protagonizar uma cena que chamou atenção durante um encontro do PL Mulher em João Pessoa, capital da Paraíba. Em evento que ocorreu no último sábado, MICHELE SOLICITOU QUE A DEPUTADA FEDERAL E VICE-PRESIDENTE DO PL-MULHER, AMÁLIA BARROS (PL-MT), RETIRASSE SUA PRÓTESE OCULAR E, EM SEGUIDA, GUARDOU O OBJETO EM SEU BOLSO” (O Globo).

Corajosa a colega, em escrever de maneira “olímpica”, a matéria como convém, limitando-se a narrar os fatos. E bendigo a Deus por hoje ter liberdade para opinar e escrever novamente: senti horror.

Depois do introito, de confessar o meu asco, preciso ir além. Pelo bem do futuro do meu país preciso dizer que é indigno continuarem a dar tratamento a essa mulher de uma candidata a candidata. Sob pena de vermos surgir diante dos nossos olhos mais um “mito” que nos subjugará por quatro anos, ao som do uso da palavra de Deus, dos salmos e do que mais acharem conveniente para surfar na onda do poder.

Colegas! Não naturalizem essa candidatura. Eu não acredito que vocês vão agir com Michelle Bolsonaro como fizeram com o meigo “orçamento secreto”, que vocês trataram com a naturalidade de quem fala em reforma tributária ou arcabouço fiscal, criando uma figura de aprisionamento que nos trouxe às portas da chantagem. Todos se lembram bem, o sufoco dos primeiros dias de governo do presidente Lula, com o imponderável fazendo fila na porta dos gabinetes dos ministros palacianos recém-empossados, a coagi-los a soltarem a grana, como nos tempos do general Ramos...

Michelle não é para estar nas manchetes sobre o futuro. As notícias sobre Michelle estão no passado. No lago do Palácio, com as carpas no valor de R$ 800,00 cada, presenteadas pelos imperadores do Japão, ao Brasil, E QUE ELA SIMPLESMENTE MATOU DEIXANDO-AS NO SECO, ENQUANTO MANDOU ESVAZIAR O ESPELHO D'AGUA PARA RASPAR AS MOEDAS NO FUNDO !

Uma Clarice Lispector ao contrário, que em um de seus contos “A mulher que matou os peixes”, confessa compungida: “Essa mulher que matou os peixes infelizmente sou eu. Mas juro a vocês que foi sem querer. Logo eu! Que não tenho coragem de matar uma coisa viva! Até deixo de matar uma barata ou outra. Dou minha palavra de honra que sou pessoa de confiança e meu coração é doce: perto de mim nunca deixo criança ou bicho sofrer. Pois logo eu matei dois peixinhos vermelhos que não fazem mal a ninguém e que não são ambiciosos: só querem mesmo é viver”.

Michelle não teria a grandeza da personagem de Clarice. Juraria diante do cadáver das carpas que nunca as viu. Na verdade, nem sequer reparou que no lago do palácio havia carpas. E que só pensou nos pobres que seriam beneficiados com os baldes de moedas resgatadas do fundo do lago.

Michelle Bolsonaro precisa ser investigada, tratada sob suspeição sobre a cumplicidade negacionista com o marido, que arrastou para a morte milhares de brasileiros sem vacina.

A candidata Michelle não pode existir. Não podemos novamente brincar com a sorte e deixar que um bando de fanáticos acreditem ser ela uma possibilidade, a ponto de daqui a pouco convencer “o mercado!”.
Parem!
Investiguem!
Virem do avesso a sua biografia!
Vasculhem os estojos de joias e suas procedências!

Mas não transportem para as páginas políticas um nome que, por enquanto, frequenta as suspeições jurídicas, mas que em breve, se fizerem um trabalho aprofundado de apuração, irá parar nas páginas policiais, longe de qualquer possibilidade de candidatura.

NÃO NATURALIZEM O QUE NÃO É NATURAL. NÃO HÁ COMPATIBILIDADE ENTRE UM OLHAR CÂNDIDO E UM GESTO ARREBATADOR DE ARRANCAR - LITERALMENTE - O ÔLHO DE ALGUÉM, EM NOME DA VOLÚPIA DO PODER, que ela traduz assim: “Pude ver com os meus olhos a realidade das pessoas que mais precisam. Deus me forjou naquele momento para poder cuidar dessas pessoas. E o desejo no meu coração de chegar à Presidência — disse a esposa de Jair Bolsonaro (PL)”.

Isso não é deglutível! Não é palatável! Não é tolerável! Há que haver limite. Se não o da lei, no mínimo, o da decência e da ética. Parem agora, antes que desfilem diante das câmeras com o olhar úmido de culpa por ter viabilizado o intolerável, como fizeram há cinco anos. Ao trabalho! APUREM E INTERDITEM JÁ ESSA MULHER. MICHELE BOLSONARO NÃO É UMA POSSIBILIDADE.

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(*) DENISE ASSIS – Jornalista e mestra em Comunicação pela UFRJ. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo, Jornal do Brasil, Veja, Isto É, e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de ”Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/64”, “Imaculada” e “Cláudio Guerra: Matar e Queimar”.

sexta-feira, 14 de julho de 2023

MINHA ALMA ESTÁ EM BRISA (Mário de Andrade)

Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver a partir daqui, do que o que eu vivi até agora.
Eu me sinto como aquela criança que ganhou um pacote de doces; o primeiro comeu com prazer, mas quando percebeu que havia poucos, começou a saboreá-los profundamente.
não tenho tempo para reuniões intermináveis em que são discutidos estatutos, regras, procedimentos e regulamentos internos, sabendo que nada será alcançado. Não tenho mais tempo para apoiar pessoas que, apesar da idade cronológica, não cresceram.
Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu quero a essência, minha alma está com pressa... sem muitos doces no pacote.
Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito humanas. Que sabem rir dos seus erros; que não ficam inchadas com seus triunfos; que são se considerem eleitas antes do tempo; que não ficam longe de suas responsabilidades; que defendem a dignidade humana. E querem andar ao lado da verdade e da honestidade.
O essencial é o que faz a vida valer a pena.
Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar os corações das pessoas. Pessoas a quem os golpes da vida ensinaram a crescer com os toques suaves na alma.
Sim, estou com pressa. Estou com pressa para viver com a intensidade que só a maturidade pode dar.
Eu pretendo não desperdiçar nenhum dos doces que eu tenha ou ganhe... Tenho certeza que eles serão mais requintados do que os que comi até agora.
Meu objetivo é chegar ao fim satisfeito e em paz com meus entes queridos e com a minha consciência.

NÓS TEMOS DUAS VIDAS E A SEGUNDA COMEÇA QUANDO VOCÊ PERCEBE QUE VOCÊ SÓ TEM UMA... 

quarta-feira, 12 de julho de 2023

 “PISTOLEIROS DE ALUGUEL”

“Pedirei ao STF cópia de todos os diálogos para avaliar providências legais. Se forem verdadeiros, comprovam o incesto havido na Lava Jato e revelam um BANDO DE PISTOLEIROS DE ALUGUEL recebendo uma encomenda de assassinato de reputação”, declarou o ministro Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União, em resposta ao plano de ataque de Deltan Dallagnol.

domingo, 9 de julho de 2023

 ESTADÃO CLASSIFICA BOLSONARO COMO "NANICO MORAL E POLITICO"

O jornal Estado de S. Paulo classificou o ex-presidente Jair Bolsonaro, em editorial publicado neste domingo, como um "nanico moral e político", após sua tentativa de liderar uma rebelião contra a reforma tributária. "Sempre houve especulações sobre o real tamanho que Jair Bolsonaro teria na vida nacional após deixar a Presidência da República. O tema ganhou novo destaque após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível por oito anos. Qual será de fato o papel do ex-presidente na política brasileira? Sem poder se candidatar, qual será sua influência na vida nacional? Nesta semana, o assunto saiu do campo da especulação e pôde ser observado na realidade", aponta o texto, que trata da tentativa de sabotar a reforma tributária.

"A voz do autoproclamado grande líder da direita nacional – que se apresenta como representante do liberalismo e dos interesses do empresariado – deveria produzir alguma consequência sobre tema tão fundamental para o desenvolvimento social e econômico do País. No entanto, a oposição de Jair Bolsonaro à reforma tributária não gerou rigorosamente nenhum efeito. Nem no seu partido nem também naquele que é considerado um dos principais sucessores do bolsonarismo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas", acrescenta o editorialista.

"Bolsonaro nunca foi capaz de articular politicamente setores e grupos da sociedade. Basta ver sua trajetória de trocas contínuas de legendas e o fracasso, mesmo estando na Presidência da República, na hora de criar seu próprio partido. Uma coisa é organizar motociatas ou ter muitos seguidores (e robôs) nas redes sociais. Outra, bem diferente, é exercer uma efetiva liderança política, congregando interesses por meio de ações políticas coordenadas", prossegue o autor. "Se é triste constatar a diminuta dimensão moral e política de quem ocupou a Presidência da República por quatro anos, é alvissareiro reconhecer que Jair Bolsonaro volta a ter agora o exato peso que sempre mereceu ter. A mais cabal e rigorosa irrelevância", finaliza.

domingo, 2 de julho de 2023

"SAYONARA" (O Filme) - José Nilton Mariano Saraiva

Se você, aí do outro lado da telinha ainda não sabe, a palavra japonesa “Sayonara” significa “adeus” e serviu pra titular um dos grandes filmes românticos já rodados (vencedor de três Oscar’s). Tanto que naquela oportunidade a imprensa foi pródiga em elogios, destacando: “Um gigante entre os filmes” (The Film Daily), “Um filme de beleza e sensibilidade” (Variety), “Uma encantadora história de amor; um dos melhores filmes do ano” (Los Angeles Mirror News).

No filme, Marlon Brando (numa atuação soberba), interpreta o Major Lloyd Gruver, herói da Força Aérea americana, envolvido na guerra com a Coréia, e que repentinamente, após pousar, vindo de mais uma batalha aérea, toma conhecimento da sua transferência para a Base Militar Americana, no Japão; é que o futuro sogro (General Webster, comandante da base) já lá se encontra com toda a família e, temendo pela vida do futuro genro, parece pretender “agilizar” a união da filha com o “major-herói”. Como os militares americanos eram terminantemente proibidos de se relacionar com as mulheres orientais, e o Major Gruver um dos mais ardorosos defensores de tal (pre)conceito, o caminho praticamente estava pavimentado.

As coisas começam a mudar quando o Major Gruver é convidado pelo amicíssimo recruta Joe Kelly (seu subordinado e a quem não podia faltar), pra ser padrinho do seu casamento... com uma japonesa, numa cerimônia simples em pleno recinto da Embaixada americana, lá no Japão (por tal atitude, posteriormente foi advertido pelo futuro sogro).

Enquanto no convívio diário com a noiva as coisas começam a “azedar” em razão das diferenças só agora descobertas, a função burocrática, à qual não estava acostumado, começa a lhe “encher o saco” (e a paciência).

Pra espairecer, e como não tinha mesmo nada pra fazer, ele aceita o convite de um colega pra visitar na cidade vizinha a cerimônia de “passagem” por uma trilha, rumo ao teatro, das jovens mulheres componentes do balé feminino mais famoso do Japão, o Matsubayashi.

E foi aí que o “cupido o flechou definitivamente”, ao colocá-lo à frente da beleza suave e ao mesmo tempo estonteante de Hana-Ogi, a principal estrela da companhia. Tentou chamar-lhe a atenção, sem sucesso, mesmo envergando a vistosa e bela farda militar (as mulheres japonesas eram também proibidas de se relacionar com os americanos).

Assistiu ao espetáculo no teatro, voltou nos dias seguintes à trilha e, sempre do mesmo posto de observação, tentava pelo menos conseguir algum olhar, mesmo que piedoso, de Hana-Ogi. Nadica de nada. Já cansado e desestimulado com tanto desprezo, resolve observa-la de um outro ponto. E aí, a surpresa. Enquanto dava autógrafos aos fãs, Hana-Ogi timidamente levanta a vista e dirige seu olhar para onde ele sempre ficava; não o encontrando, permite-se um giro de 180 graus com a cabeça, à sua procura. Xeque-mate (sim, havia esperança)

Através da esposa japonesa do amigo Joe Kelly, consegue marcar um encontro secreto com Hana-Ogi (na casa do recruta); na oportunidade, fala, fala, fala e ela, bela e angelical, sem pronunciar um pio, uma única palavra. Visivelmente encabulado, ele lhe diz que não sabe mais o que fazer e, só então, ela “abre o verbo”: que seus pais foram mortos pelos americanos, que ela mesma fora criada com a quase obrigação de detestar os americanos, mas que, agora... estava apaixonada por ele, um americano. E a partir de então passam a se encontrar às escondidas e viver intensamente aquela paixão explosiva.

Com o suicídio do recruta Joe Kelly e a esposa (grávida), em razão da sua remoção ex-offício para os Estados Unidos (desacompanhado da mulher), o Major Gruver “chuta o pau da barraca”: acaba o noivado com a filha do General, lhe diz da sua intenção de também casar com uma japonesa e recrimina aquele preconceito absurdo (do qual ele era um dos defensores, lembremo-nos); de pronto é ameaçado de expulsão da Aeronáutica pelo ex-quase futuro sogro (que ainda teve o dissabor de ver a filha, ex-noiva do Major, sair de casa anunciando que iria viver com o principal dançarino de um dos balés do Japão).

Para não o prejudicar, Hana-Ogi foge para uma outra cidade, sem comunicar-lhe, deixando-o ensandecido. Ao descobrir onde ela se acha, vai ao seu encontro e, após o espetáculo, no camarim, lhe diz que renuncia a tudo por ela e, principalmente, que está pra ser aprovada uma Lei americana acabando com tudo aquilo; lhe dá um prazo de alguns minutos para que decida se topa ou não ir com ele para a América, naquele mesmo dia.
Retira-se e, do lado de fora, cercado pelos principais integrantes da mídia nipônica, aguarda ansioso que ela apareça. Tensão, expectativa...

No último segundo Hana-Ogi surge risonha, belíssima e esplendorosa e corre para os seus braços; quando os repórteres e jornalistas pedem pra o Major Gruver deixar alguma mensagem ao povo japonês, sucintamente ele responde: “diga-lhes que eu lhes disse... SAYONARA”. The End.

Nota 1000. Um "filmaço".

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Obs: trata-se de texto da nossa lavra, postado anos atrás. 

sexta-feira, 30 de junho de 2023

DO “RUGIR” DO LEÃO AO “MIAR” DO GATINHO – José Nílton Mariano Saraiva 

Durante meses, antes da eleição presidencial de 2022, nos palanques da vida o então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, tal qual um leão ensandecido foi pródigo e incisivo em rugir desafiadoramente contra o constitucionalmente estabelecido, ao ameaçar colocar na rua o “meu exército” (sic), para quem ousasse desafiá-lo ou sequer contestá-lo.

Investindo sem qualquer escrúpulo contra tudo e contra todos, o psicopata que na oportunidade estava Presidente da República se detinha, entretanto, em dois alvos preferenciais: o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, na sua versão, seriam os principais responsáveis por questionar os seus descalabros, as suas diatribes, os seus excessos, as suas irresponsabilidades. 

Como integrantes das duas cortes citadas, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes foram seus alvos prediletos, quando aventou, inclusive, a perspectiva de se mover um processo de impeachment contra os mesmos (embora sem nenhuma prova das acusações que proferira contra eles). 

Já em particular, usando sua condição de Presidente da República, chegou a convocar e receber, em palácio, uma reunião extraordinária com os embaixadores de diversos países que detinham vínculos com o Brasil, onde mentiu desbragadamente sobre as urnas eletrônicas usadas em nossas eleições, já que, na sua opinião, seriam passíveis de fraudes ao final da apuração de cada uma delas (embora ele e os filhos mafiosos hajam sido eleitos com os votos advindos delas, em mais de uma oportunidade). 

Enfim, enquanto estava no trono e cercado por uma camarilha de generais golpistas, reacionários, ultrapassados e comprovadamente mercenários, rugiu em alto e bom som (Braga Neto, Villas Boas Correia, Augusto Heleno, Pazzuelo, dentre outros). 

Covarde de primeira hora, medroso, inconfiável e frouxo, ao perder uma eleição onde gastou bilhões de dinheiro público na tentativa de reeleger-se, abandonou a Presidência da República e fugiu do país na calada da noite para os Estados Unidos, onde assistiria de camarote o desfechar de um golpe de estado arquitetado por ele e seus medíocres generais reacionários, cujo objetivo seria reassumir na marra o poder (tanto que Braga Neto chegou a afirmar para os vagabundos acampados em Brasília, em frente ao quartel do Exército, que tivessem paciência que algo ia acontecer em breve). 

E a prova disso tudo foi materializada quando a Polícia Federal achou com um dos seus principais assessores (Anderson Torres, então Ministro da Justiça) uma minuta detalhada de como se daria o golpe de estado (só que, após 04 meses preso, alegando depressão, saudades das filhas e saúde debilitada, foi incompreensível e esdruxulamente liberado pelo Supremo Tribunal Federal para cumprir prisão domiciliar). 

Em resumo, agora que a tentativa de golpe foi definitivamente descoberta e esclarecida, Bolsonaro deixou de rugir feito um leão e passou a miar como um gatinho, alegando não ter feito nada de errado, mas que em algumas oportunidades simplesmente estava “brincando” ao incitar o seu “gado”. 

Com o julgamento sobre a sua inelegibilidade em andamento (em razão das “cabeludas” mentiras e inverdades proferidas quando da reunião extraordinária com os embaixadores estrangeiros), espera-se que não pare por aí; assim, levando-se em conta que está incurso em diversas ações judiciais, é imperioso e necessário colocá-lo na prisão, se possível de segurança máxima (face a alta periculosidade que apresenta), a fim de pagar pelos muitos e graves crimes cometidos. 

Afinal, e até prova em contrário, para quem atua à margem da lei o lugar apropriado, merecido e correto é mesmo uma prisão de segurança máxima.

sábado, 24 de junho de 2023

 PORNOGRAFIA TEM NOME E NÚMERO: TAXA SELIC A 13,75% -  José Nílton Mariano Saraiva

Entre risos e aplausos dos comensais, numa conferência fechada do BTG Pactual, em 25.10.2021, com filhos de grandes empresários (future leaders), André Esteves, dono do BTG Pactual, afirmou de forma peremptória e categórica que sempre é consultado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre qual seria o limite (lower bound) para a queda da taxa de juros no Brasil, atualmente em 13,75% (qualquer dúvida, existe o vídeo na Internet, a quem interessar possa).

Com o barco (Brasil) literalmente à deriva e aparentemente “perdido” sobre o rumo a tomar sobre, o presidente do Banco Central, teria perguntado: “Pô, André, o que você está achando disso, onde você acha que está o lower bound (limite inferior) ???  Ao que o André Esteves sarcasticamente respondeu: “Olha, Roberto, eu não sei onde que está, mas eu estou vendo pelo retrovisor, porque a gente já passou por ele” (ipsis litteris).

Prepotente e arrogante, pra delírio da seleta plateia de endinheirados André Esteves também afirmou que teria recebido uma ligação do todo poderoso Presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, procurando saber qual fora a repercussão no mercado sobre a saída de quatro (04) dos principais assessores do Mistério da Economia, por discordarem das decisões do então ministro Paulo Guedes.

Consultado posteriormente, Roberto Campos Neto não só reconheceu as afirmações do dono do BTG Pactual, Luiz Esteves, ao tempo em que argumentou ser essa uma atitude absolutamente “normal” no mercado (ou seja, um “abutre” e potencial beneficiário dos juros altos sugerir ou ditar qual a taxa que quer para as suas aplicações e da sua corriola, inclusive banqueiros internacionais).

Não satisfeito, André Esteves afirmou também ter conversado com Ministros do STF, os quais teriam sido “educados” por ele sobre a importância de um Banco Central independente, ao tempo em que ainda exercitou sua veia humorística ao dizer que “afinal, ninguém é obrigado a nascer sabendo” (ou seja, os senhores ministros do STF eram jejunos no trato da questão e, pois, influenciáveis pelo papo furado de qualquer espertalhão atuante no tal “mercado”).

Fato é que, se fosse séria e quisesse realmente desvendar o mistério da teimosa manutenção de uma taxa de juros pornográfica (já que com a inflação em queda), a mídia tupiniquim não mais deveria dirigir-se ao Roberto Campos Neto, mas, sim, ao André Esteves, sobre qual a política do Bacen em relação à Selic (deixemos de intermediários).

Aliás, também seria interessante e por demais aceitável, procurar se saber quantos BILHÕES de reais o BTG de André Esteves e sua corriola do mercado financeiro têm investido em títulos do governo federal, já que a taxa Selic é determinada por ele (André Esteves) e, pois, quanto mais alta, mais ele e os seus são beneficiados (ou o Brasil seria um país tão surreal que os pobres também detêm portentosas aplicações no mercado financeiro ???).

Alfim, e definitivamente, é chegada a hora de acabar com tanta hipocrisia: André Esteves para a presidência do Banco Central, já.   

sábado, 10 de junho de 2023

 O BANDIDO ERA O JUIZ - José Nílton Mariano Saraiva

Dada à cristalina obviedade, não é necessário que aqueles inseguros e que guardam uma certa reserva no trato da língua pátria recorram aos dicionários da vida a fim de concluírem que, entre outras referências, a palavra “marginal” cognomina ou batiza aqueles que atuam à margem da Lei (elementar, meu caro Watson).

Partindo de tal pressuposto, não há como desconsiderar que a procuradora da república Monique Cheker desde sempre considerou Sérgio Moro um potencial marginal, ao peremptoriamente afirmar, sem papas na língua, que... "Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados; desde que eu estava no Paraná, em 2008, ele já atuava assim e alguns colegas do MPF do PR diziam que gostavam da “proatividade” dele, e que inclusive aprendiam com isso" (ipsis litteris).

Pois foi assim, sempre atuando ousada e irresponsavelmente à margem da Lei, que Sérgio Moro aterrorizou o Brasil durante anos, ao encaminhar às calendas gregas a presunção de inocência, ao não considerar a obrigatoriedade da existência de provas para se condenar qualquer pessoa, ao ignorar a necessidade de preliminarmente se notificar alguém antes de conduzi-lo coercitivamente, ao banalizar as prisões temporárias para os infelizes que presumivelmente houvessem cometido algum ato ilegal (mesmo sem qualquer prova mas, tão somente, por convicção do Juiz), ao, enfim, autorizar a escuta telefônica ilegal (inclusive da Presidenta da República) e seu posterior vazamento para a mídia, e por aí vai.

Em resumo, e em português curto e grosso, a intimidade da república foi, sim, devassada e estuprada por um oportunista e megalomaníaco juiz de primeira instância no curso da tal Operação Lava Jato, onde, comprovado restou, a posteriori, que O BANDIDO ERA O JUIZ.

Para tanto (e é duro, mas absolutamente necessário reconhecer), Sérgio Moro e seus comparsas (Dallagnol à frente) contou com a covardia e incompreensível omissão do Supremo Tribunal Federal, porquanto,   desde o nascedouro da Operação Lava Jato, ele (Moro) foi useiro e vezeiro em – valendo-se do apelo popular propiciado pelo tema “corrupção” – ousada e conscientemente transgredir diuturnamente o que reza a Constituição Federal, sem que nossa Corte Maior (em tempos outros galhardamente conhecida como guardiã da Constituição Federal), sequer tenha ensaiado alguma admoestação ao próprio (simplesmente porque receosa em desagradar a população, àquela altura embevecida pela propaganda morista).

Foi preciso, então, que uma escuta telefônica clandestina (tantas e tantas vezes usada pelo próprio Sérgio Moro e demais integrantes da quadrilha), e agora captada por um hacker, fosse divulgada na Internet por um blog independente, para que tomássemos conhecimento, atônitos e perplexos, que na 13ª Vara Federal da cidade de Curitiba fora instalado um perigoso ajuntamento de pessoas de índole duvidosa, que, num conluio imoral, promíscuo e ilegal (embora integrantes do Judiciário), objetivavam a tomada do poder (tendo à frente, repita-se, Sérgio Moro e procuradores de justiça adeptos do seu modus operandi, naquilo que ficou conhecido como a “República de Curitiba”).  

Descoberta a falcatrua, e presumivelmente já antevendo um futuro um tanto quanto complicado quando eclodisse a sujeirada da qual foram os “atores principais”, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol trataram de fazer o que antes disseram que jamais fariam: ingressar na política (aqui, o Moro na condição de Ministro da Justiça do governo Bolsonaro, que ele houvera ajudado a eleger) tendo, para tanto, renunciado (ambos) aos anos de vínculo no poder judiciário (na verdade, preventivamente buscavam se escudar na tal “imunidade parlamentar”).

Na realidade, e isso o próprio Bozo confirmou posteriormente (ao bateram de frente), o ousado e sonhado “objeto de desejo” de Sérgio Moro seria queimar etapas e “pular” da primeira instância para ministro do Supremo Tribunal Federal.

Fato é que hoje, eleitos Senador e Deputado Federal por alienados eleitores paranaenses, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol estão sob os holofotes: Dallagnol teve seu mandato cassado por tentar obstruir a Justiça, renunciando ao Ministério Público mesmo antes de candidatar-se, a fim de fugir das diversas ações em curso contra ele (é, pois, um FICHA SUJA); e Sérgio Moro está às vésperas de ter o mesmo destino, percorrer o mesmo caminho, porquanto seríssimas e múltiplas (com provas) são as denúncias contra seu modus operandi quando no comando da tal Lava Jato.

Alfim, o que se espera é que, ao entardecer desse imbróglio, não tenhamos que se contentar apenas com a sumária cassação dos dois; A CADEIA, SIM, SERÁ O JUSTO E MERECIDÍSSIMO PRÊMIO QUE DEVEM RECEBER por parte do Supremo Tribunal Federal (para o bem de todos e felicidade geral da nação).

segunda-feira, 22 de maio de 2023

 DALLAGNOL: O “FICHA SUJA” (ou AS DUAS FACES DE UM CRIME) – José Nílton Mariano Saraiva

Se a tal Operação LAVA JATO serviu para a mídia nacional apressadamente catapultar do anonimato o então desconhecido juiz curitibano Sérgio Moro, transformando-o da noite pro dia numa espécie de herói nacional, sua antônima, a Operação VAZA JATO serviu para que essa mesma mídia, posteriormente, fosse obrigada, literalmente, a desnudar e mostrar a periculosidade do próprio, porquanto comprovadamente um ativo integrante de uma organização criminosa judicial (ORCRIM), sediada em Curitiba, à qual chefiava com desembaraço e mão de ferro.

Fato é que, só após o surgimento da VAZA JATO (com um cenário político nacional já bastante negativo e acentuado, por conta da LAVA JATO), estarrecida, atônita e perplexa a nação tomou conhecimento, porque em viva-voz (através de interceptações telefônicas) dos métodos nazistas adotados por Sérgio Moro objetivando autopromover-se (prisões preventivas “sine die”, que só seriam findas quando o preso se mostrasse disposto a fazer uma “delação premiada” de acordo com o que fosse ditado pela dupla Moro/Dallagnol, conduções coercitivas sem a devida notificação e por aí vai).

E foi aí, a partir do início da série de reportagens da VAZA JATO, que o Brasil começou a descobrir que a imagem do ex-juiz Sérgio Moro já não era das melhores mesmo entre os próprios procuradores do Ministério Público Federal com quem trabalhou (por mais paradoxal), já que os colegas constataram que aquele juiz violava constantemente a lei, por ter uma agenda pessoal e política. Para eles, Moro infringia sistematicamente os limites da magistratura para alcançar o que queria. 

Vejam os relatos: 

01) procuradora Monique Cheker: "Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados; desde que eu estava no Paraná, em 2008, ele já atuava assim e alguns colegas do MPF do PR diziam que gostavam da “proatividade” dele, e que inclusive aprendiam com isso"; 

02)  procuradora Jerusa Viecili, integrante da força-tarefa em Curitiba, ao comentar a decisão de Moro de integrar o governo Bolsonaro, escreveu no restrito grupo “Filhos do Januário”: "Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo, porquanto ao aceitar o cargo (algo que ele havia prometido jamais fazer), Moro colocou em eterna dúvida a legitimidade e o legado da operação” (afinal, os óbvios questionamentos éticos envolvidos na ida do juiz ao ministério poderiam dar maior credibilidade às alegações de que a Lava Jato teria motivações políticas); 

03) procuradora Laura Tessler, também da força-tarefa, concordou com a avaliação: "Tb acho péssimo. Ministério da Justiça nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a Lava Jato. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo”. 

Convém lembrar que tais procuradores (e demais) tinham a chefiá-los o procurador Deltan Dallagnol, que muito cedo aliou-se ao então Juiz Sérgio Moro. Carne e unha, íntimos mesmo, Dallagnol recebia orientação de como proceder, elaborar, redigir e quando encaminhar os processos/ações que versassem sobre a Lava Jato, a serem encaminhados... ao próprio Moro (em legenda postal teríamos: De: Sérgio Moro – Para: Sérgio Moro). 

A promiscuidade do Juiz e o Procurador chegou a um nível tal que, no auge do imbróglio da Petrobras, tentaram, por baixo dos panos, surrupiar R$ 2,5 bilhões daquela estatal e mais R$ 6,5 bilhões da Odebrecht, supostamente para constituírem uma “fundação”, sem fins lucrativos, a ser administrada por Deltan Dallagnol, e cujo objetivo seria obter poder a qualquer custo, através da política. 

Resumindo: após prender o ex-presidente Lula da Silva baseado em inexplicáveis “fatos indeterminados” e com isso abrir caminho para a eleição do Bozo, Sérgio Moro foi premiado com o Ministério da Justiça, bem como com a promessa de ascender ao Supremo Tribunal Federal (STF) na primeira oportunidade (para tanto, teve que antecipadamente renunciar de forma definitiva à magistratura). 

Mas, como dois canalhas não se beijam, no primeiro “tête-à-tête” com o chefe, acabou sendo humilhado e escorraçado do governo sumariamente, restando-lhe o “olho-da-rua”; e então, desempregado, despreparado para enfrentar algum concurso na área jurídica e vislumbrando um futuro complicado por conta dos inúmeros processos que certamente passaria a responder pelas arbitrariedades perpetradas na época de Juiz, resolveu concorrer ao parlamento brasileiro, onde adquiriria a malfadada “imunidade parlamentar” (artigo 53 da Constituição Federal: Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos). Acabou sendo eleito Senador, pelo Estado do Paraná. 

Na outra ponta, Deltan Dallagnol, seu velho e querido comparsa, enveredou pelo mesmo caminho de busca da “imunidade parlamentar”, tendo, para tanto, que renunciar à função de Procurador da República; é que existiam (existem) quase duas dezenas de processos aos quais teria (terá) que responder; acabou sendo eleito Deputado Federal pelo Estado do Paraná. 

Hoje, considerado “FICHA SUJA” por unanimidade dos membros daquela Corte, o Tribunal Superior Eleitoral resolveu cassar seu mandato, no pressuposto de que a tal “renúncia” não passou de uma manobra desonesta para fugir dos diversos processos que lhe aguardam.   

A expectativa, agora, é que Sérgio Moro também seja considerado “FICHA SUJA” e tenha seu mandato cassado (afinal, foi ele que magnanimamente ensinou tudo ao Deltan Dallagnol). 

A dúvida é: cassados, irão parar atrás das grades ???

domingo, 14 de maio de 2023

  

ORELHAS – Doutor Demóstenes Ribeiro (*)

No final dos anos sessenta, a ditadura militar sentindo crescente insatisfação da classe média buscou agradá-la facilitando aos jovens o acesso indiscriminado à universidade. Era o tempo dos excedentes e toda a semana aumentava o número de alunos. As aulas eram precárias, auditórios e laboratórios não comportavam tanta gente e a formação do pessoal, inevitavelmente inadequada.

E foi assim, que Florisvando, um dos últimos excedentes, chegou lá. Da zona rural de Salgueiro, era baixinho e míope, de barba rala, cabeludo e muito calado. Magro e pálido, ocasionalmente, nos sobrados do Recife Velho ou da Rua do Rangel, buscava prostitutas gordas e logo ficou conhecido por “Taradim”, pois era também um dos mais entusiastas praticantes do vício solitário.

 Ele almoçava no restaurante universitário e morava na Casa do Estudante, onde jantava um dia macarrão com farofa e no outro, farofa com macarrão – não tinha outra escolha, o cardápio era assim mesmo. Tomava o ônibus da reitoria para chegar à faculdade.  Nesse transporte gratuito, superlotado, sempre entrava mais um e o motorista nunca conseguia fechar a porta.

De todo jeito, a moçada ia em frente, pois outro ônibus do Derby à Cidade Universitária, só bem depois de meia hora. Então, com muito mais gente em pé do que sentada, no percurso era um esfrega-esfrega geral, tolerado e sem muita reclamação: fazer o quê? Uma ou outra freada brusca variava a arrumação e fazia a alegria dos tarados.

 Naquele dia, seu aniversário, Florisvando entrou no ônibus com a braguilha aberta, e logo se aproximou de Orisvalda. Ela, estudante de Enfermagem, evangélica e muito compenetrada, sentara na cadeira junto ao corredor, com a bíblia nos joelhos e os olhos fixos no “Apocalipse de São João”. Trajava vestido azul-marinho, de mangas compridas, e que ia do pescoço até abaixo dos joelhos. Maquiagem discreta, em tudo lembrava uma senhora.

O ônibus seguia: Madalena, Caxangá, Várzea, Cordeiro... E de repente, sem ninguém se dar conta, num furor diabólico de guerreiro enfurecido, a espada de Florisvando subiu pelo ombro Orisvalda, foi ao pescoço e a face, e avançou progressivamente até àquela orelha que o deixara maluco e incontrolado.

A certa altura, ele explodiu em espasmos convulsivos, e então veio o grito fanhoso e esganiçado de Orisvalda: Socorro! Motorista pára o ônibus, um tarado encheu o meu ouvido com uma gosma branca !

Aparentemente, somente eu assistira toda a cena. Florisvando, sem mais ninguém perceber, esgueirando-se como um fantasma entre a moçada atônita, saltou na Caxangá e fugiu em direção ao cemitério da Várzea. À noite, na Casa do Estudante, pediu-me por tudo no mundo, que eu não contasse o acontecido a ninguém.

Anos depois, calvo e gordo, quase irreconhecível, eu o reencontrei num supermercado: Taradim, quanto tempo! Como vai a vida, rapaz?

Extremamente formal, me respondeu: devo-lhe um favor imenso, mas nunca mais me chame assim. Depois de muitos anos, me formei em direito e hoje sou oficial de Justiça. Tenho mulher e filhos, e somente uma orelha ou outra ainda me deixa agoniado.


(*) Dr. Demóstenes Ribeiro é natural de Missão Velha-CE e hoje, médico- cardiologista, reside e exerce a profissão em Fortaleza-CE.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Música Incidental para o Sonho

 

J. Flávio Vieira

 

“Com a roupa encharcada e a alma repleta de chão

Todo artista tem de ir aonde o povo está

Se foi assim, assim será

Cantando me desfaço e não me canso

De viver nem de cantar”     

Milton Nascimento / Fernando Brant

 

                               Uma das canções mais belas de Milton, com letra de Fernando Brant,   fala sobre a magia da profissão itinerante dos cantores e instrumentistas, morando nas estradas do mundo e levando o enlevo da música ao coração do seu povo. Fascinante esta trajetória das bandas, emoldurando os bailes da vida, cifrando a trilha sonora de muitas gerações de pessoas, criando, cuidadosamente o clima romântico para a paquera, para o namoro, para a paixão. Cada um de nós tem em si a trilha pessoal do filme da nossa vida, a dos momentos mais amorosos, dos mais tristes, dos mais alegres e felizes. Ouvir tocar uma canção no rádio ou no celular nos remete, imediatamente, como num bólido, para aquele instante único e eterno vivenciado e que nos acompanha ao longo de toda existência: uma dança , um beijo, uma perda, um desejo, um fascínio, uma farra. Houve um momento, menos tecnológico, em que as festas, os bailes, as tertúlias , os saraus, vesperais e matinês dependiam diretamente das bandas e dos seus instrumentistas. Os Conjuntos Musicais viviam comendo a poeira da estrada, em carros improvisados, por estradas  esburacadas, carregando seus instrumentos e amplificadores precários  de vila em vila, de arrabalde em arrabalde: tinham que ir aonde o povo estava. E tocavam nas praças, nas palhoças, nos cinemas, em pequenos clubes, em bares, em casas, em sítios, em latadas, onde houvesse público ali eles estavam, estimulados por pequenos cachês que mal cobriam os custos da viagem. E , como os palhaços dos circos, os especialistas em itinerância, deviam estar sempre alegres, com alta energia, com som leve e solto, independentemente do estado de espírito de carregassem. A amargura e a tristeza, os problemas pessoais tinham que ser deixados nas pensões de beira de estrada onde se arranchavam, não podiam subir ao palco.

                        Esta semana o Cariri perdeu um desses monstros sagrados das estradas da vida e da magia dos palcos improvisados:  Hugo Linard.  Tecladista inspirado, músico intuitivo desde a mais tenra infância, ele encabeçou as bandas mais seminais da nossa região. Eclético, tocava todos os ritmos, passeava galhardamente pelo clássico, pelo Nordestino, pela MPB, pelo frevo,  pelo música latina, francesa, italiana, pelo blues e pelo jazz , sem quaisquer sobressaltos. Apenas não condescendia com o mal gosto. Tê-lo no palco era a certeza absoluta de que teríamos poesia em movimento. Hugo carregava consigo um compêndio inteiro de histórias desse safari sonoro de setenta anos pelas veredas do mundo, muito se perdeu quando, nesta semana, as peças do teclado emudeceram. Levando uma roupa encharcada e uma alma repleta de chão, o artista deixa uma obra imorredoura: criou a música incidental propícia à paixão, à sedução e ao afeto dos corações caririenses. Quantos olhares apaixonados propiciou? Quantos beijos ardentes favoreceu? Quantos amassos facultou , entre uma e outra nota, entre um e outro acorde, entre uma e outra frase musical escolhidos, cuidadosamente,  para a construção do clima necessário a meteorologia do romance?

                        O céu agora perderá aquela morosidade e silêncio etéreos, Hugo vai mostrar que  só com música  um lugar pode merecer  o nome de paraíso.

Crato, 12/05/2023

sábado, 6 de maio de 2023

 Se você, aí do outro lado da telinha, já tá de saco cheio de assistir filmes com os tais “efeitos especiais” do diretor americano Steven Spielberg, ou mesmo aqueloutros onde humanos pensantes batem papo alegremente com animais irracionais, convido-os a voltarem a um autêntico faroeste americano (em qualquer aspecto), digno de ser visto e revisto tantas e tantas vezes. Refiro-me à série GODLESS, na NETFLIX. Simplesmente portentosa, impressionante, imperdível.

Abaixo, uma “tentativa” de resumo.  

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“LA BELLE” – José Nílton Mariano Saraiva

Esquecida pelo poder público, nos confins do território americano a pequenina cidade de “LA BELLE” vivia quase que exclusivamente em função de uma mina de prata que garantia sua própria sobrevivência.

Tanto, que todos os homens em condição de trabalho viviam o dia mergulhados em suas profundezas (só retornando à noite), enquanto as mulheres cuidavam dos afazeres domésticos e das crianças.

Mas, de repente, tudo mudou radicalmente, em função de uma tragédia inimaginável: uma explosão no interior da mina soterrou todos os homens da cidade (à época no total de 83). A partir de então, LA BELLE, passou a ser conhecida como a “cidade das mulheres”.

Eis que, na perspectiva de tomar de conta da mina, e vindo de um outro extremo do país, senhores falantes e teoricamente persuasivos, acompanhados da “casca grossa” (bandidos violentos) se apresentam como capazes de desenvolver a cidade, desde que lhes permitam explorar a mina; para tanto, 90,0% do lucro ficariam com eles retidos e 10,0% seriam destinados às mulheres. Claro que não tiveram receptividade, mas, mesmo assim tomaram de conta da cidade, na marra.

Paralelamente, uma viúva não muito querida pelas demais mulheres, que vivia num rancho isolado, contíguo à cidade (junto com o filho e a sogra, uma índia sorumbática), na madrugada é acordada por um barulho suspeito; sai e, de rifle em punho, dispara na escuridão e fere alguém que viera à procura de ajuda. À base da luz de candeeiro, sensibilizada acolhe o forasteiro (que já chegara ferido à bala) e na manhã seguinte encarrega a sogra a dele cuidar.

Durante a convalescença e após recuperar-se, o estranho mostra ser um exímio domador de cavalos selvagens; é que, como no curral do rancho existem vários, ele começa à paciente tarefa de domesticá-los. Aproveita e ensina o filho da viúva, de maneira persistente e insistente (monte de novo, monte de novo), a não só montar como também domar os quadrúpedes; de longe, a viúva e a sogra (a índia sorumbática) embora não verbalizem, mostram extremo contentamento.

E aí começa a “pintar um clima”, quando ele manifesta o desejo de aprender a ler e escrever (era zerado em tudo); assim, enquanto ensina o filho da viúva a domar os cavalos, ele aprende com ela a arte das letras e de gostar das pessoas (a essa altura já houvera posto as fichas na mesa ao identificar-se como um famoso pistoleiro procurado pela Lei).

Entrega-se ao “xerife” da cidade, que voltara de uma perseguição infrutífera a bandidos, mas logo é solto pela própria viúva, que sentira sua falta.

Fato é que, ao ter-se transformado num famoso pistoleiro, fora capaz de romper com aquele que, num passado não tão distante o houvera lhe criado e ensinado tudo; tanto que foi capaz de arrancar-lhe o braço com um tiro de fuzil e roubar-lhe o produto milionário de um assalto a um trem-pagador; e, por essa razão, agora era incessantemente caçado pelo próprio e sua quadrilha, que já descobrira seu paradeiro.

E assim, as mulheres de LE BELLE se organizam e travam um confronto de proporções épicas com aquela bandidagem selvagem; derrotados inexoravelmente, o chefe da quadrilha, que viera se vingar do filho-adotivo (agora um famoso pistoleiro) e recuperar a grana, foge e é perseguido por ele; alcançado, travam um duelo de titãs, que é vencido pelo filho.

Alfim e como o duelo fora assistido pelo filho da viúva, este o traz de volta, onde ele se despede do garoto e daquela que poderia ter sido sua para sempre.

Antes, pede ao delegado (de volta à cidade e que o cientifica que houvera comunicado às autoridades que ele houvera sido morto no duelo), pois bem, ele o orienta a recomendar à viúva a ajeitar uma estaca da cerca de sua propriedade que estaria por cair; e quando ela lá chega e começa a escavar, dá de cara com um alforge de cavalo repleto de dinheiro, muito dinheiro (produto do roubo ao trem-pagador).

E num singelo bilhete, que ele houvera aprendido a escrever com ela, simplesmente um “THANK YOU” (OBRIGADO).