por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 10 de junho de 2019

RECORDAR É VIVER ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Com relação à seríssima denúncia do site The Intercept, do intrépido, sério e corajoso jornalista Glenn Grenwald (laureado com o prêmio Pulitzen de jornalismo investigativo), e a quem o americano Snowden escolheu para divulgar ao planeta as safadezas da CIA com gente do mundo todo, entendemos que se tivéssemos um Corte Suprema digna de tal expressão Sérgio Moro e Deltan Dallagnol já deveriam ter amanhecido vendo o sol nascer quadrado (ou seja, atrás das grades) por chefiarem uma "quadrilha", na mais completa acepção do termo. 

A propósito, permitimo-nos repostar/transcrever uma postagem de nossa autoria, com o título "De: Sérgio Moro - Para: Sérgio Moro", que fizemos nos blogs para os quais colaboramos, em setembro de 2016, tratando exatamente sobre o mesmo tema. 

Premonição ??? Confiram abaixo.

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terça-feira, 20 de setembro de 2016

DE: SÉRGIO MORO - PARA: SÉRGIO MORO (José Nilton Mariano Saraiva)



Se alguém por essas bandas (Brasil) duvidava que o deprimente espetáculo patrocinado meses atrás pela Câmara Federal para aprovar a cassação (sem crime de responsabilidade) da Presidenta Dilma Rousseff, algum dia poderia voltar a acontecer, dada à palhaçada de que se revestiu e a consequente repercussão negativa resultante, quebrou a cara.
Nem o banco esfriou e a “República de Curitiba” não só o bisou, como tratou de armar um circo bem mais amplo e repleto de holofotes, que abrigasse a imprensa nacional e internacional, com direito a um sem número de “transparências” (power point), mas com um só mote: acusar Lula da Silva de ser o “maestro”, o “general” e o “comandante” de todas as ações irregulares havidas no decorrer dos tais “mensalão” e “petrolão”. 

E aí, empolgado e visivelmente picado pela mosca azul, o pastor evangélico Deltan Dallagnol, com o seu ar messiânico não economizou nos adjetivos e deitou falação sobre a culpabilidade de Lula da Silva nos dois processos e, alfim, antecipou ali mesmo o veredicto final: deve ser preso e pagar por tudo aquilo. Bastou, entretanto, que um repórter mais perspicaz fizesse uma simplória pergunta para que o circo literalmente desabasse: “Doutor, e as provas ???”. E a resposta foi um misto de bizarrice e hilaridade: “Não temos prova, mas temos convicção”. 

Ou seja, sem tirar nem por, aconteceu exatamente o que presenciamos no julgamento do tal “mensalão”, quando a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber (à época assessorada por um então desconhecido juiz de primeira instância, Sérgio Moro), inquirida sobre a existência de provas, disparou: “Não tenho prova cabal contra o Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. E assim foi feito, vapt-vupt. Sem choro e nem vela. E já com as digitais do Moro.

Fato é que, apesar do vexame propiciado por Dallagnol e sua troupe na apresentação da denúncia contra Lula da Silva, ela tem toda a chance de ser aprovada e, enfim, se anuncie a prisão do ex-presidente, e por uma razão simplória: existe uma gritante anomalia na “República de Curitiba”. Lá, Sérgio Moro manda e desmanda, casa e batiza, bate e assopra e, enfim, determina como e quando as coisas devem acontecer. Dallagnol e demais procuradores do Ministério Público não passam de caixa de ressonância, ouvintes atentos e "cordeirinhos amestrados" prontos a executar o que o Juiz lhes determinar; Moro e o Ministério Público Federal curitibano são como carne e unha, visceralmente ligados, constituem uma mesma entidade, agem em conjunto, se confundem.

Assim, não há que se duvidar que o próprio Sérgio Moro instrua-os como devem apresentar a denúncia e por onde seguir. Ou seja, o que Dallagnol envia para o Sérgio Moro é o que o Moro lhe enviou para que seja devolvido em forma de denúncia. Ou mais precisamente: seria uma espécie de correspondência de MORO para MORO (com a desonesta tabelinha do procurador). Não há, pois, como referida denúncia não ser aceita, apesar da comédia pastelão patrocinada pelos procuradores curitibanos. Simplesmente porque em assim acontecendo, Moro estaria a negar o próprio Moro. 

Em razão de tais arbitrariedades, a pergunta que então se impõe é: afinal, para que serve mesmo o “livrinho” (Constituição Federal) ??? Para que serve um Supremo Tribunal Federal cuja missão maior é exatamente ser o “guardião” do livrinho, fazendo-o ser respeitado ??? Ou o marginal Sérgio Machado estava coberto de razão quando disparou: “Nunca tivemos um Supremo tão merda como esse”. 
A conferir.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

A MÃE, O JUAZEIRO E O PADRE CÍCERO - Dr. Demóstenes Ribeiro (*)


O menino despertou com o canto do galo, e a mãe já preparava a viagem ao Juazeiro. Ela dormiu pouco. O trem ainda apitava ao longe, mas estavam todos ansiosos. Haveria a compra das passagens e era grande o burburinho do povo.
Eles logo tomariam assento. Aquela, quase aventura, era uma viagem especial. A irmã querida, frágil e magrinha, quase morreu de sarampo, e a família iria demonstrar ao Padre Cícero toda a sua gratidão. E próximo à estação, pela janela do trem, vendo a Igreja dos Franciscanos, logo chegaram ao Juazeiro.
O pai, a mãe e as crianças desceram pela rua São Pedro, vaguearam pela São José, andaram na Santa Luzia, na Conceição, no Mercado, talvez na José Marrocos e na Floro Bartolomeu. E o pai conduzindo a todos, certamente deslumbrado com “A Aliança de Ouro”, “As Casas Pernambucanas”, o BNB e o Banco do Brasil: mil sonhos e temores no seu coração guerreiro.
E em meio aos romeiros, na capela do Socorro, no túmulo do Padre Cícero, eles pagaram a promessa. Muitas vezes depois, agora sozinho, no mesmo trem ou de ônibus, o menino voltaria. Compraria gibis e enfeites de bicicleta; na praça principal tomaria sorvete de abacate ou pegaria uma Kombi para o Crato, onde nesse tempo estudava.
E as promessas continuaram com a mãe pedindo a aprovação dele no vestibular e a formatura em Medicina. O milagre se repetiu e todos voltaram, subiram o horto e agradeceram ao “meu Padim” pelo ingresso improvável daquele menino velho na universidade.
Juazeiro do Norte, lugar abençoado, onde meu irmão é feliz. Terra da fé e milagre do Padre Cícero. No teu povo humilde e bom, e não nos ladrões do dinheiro público, existe a força divina a construir a tua história.
E dias atrás, ao ver na televisão tantos “padres cíceros” na bateria de uma escola de samba no carnaval do Rio de Janeiro, ele se lembrou do Cariri e da sua gente, chorou em silêncio e novamente agradeceu ao santo da mãe e da irmã, da infância e da família, pela proteção presente nessa caminhada.
Outro dia em Fortaleza, dia treze, ao passar em frente à Igreja de Fátima, dentro de um automóvel, ele, como um menino antigo, também se juntou às vozes que cantavam e murmurou “com minha mãe estarei na santa glória um dia...” E lembrou do pai, de terno branco e gravata, - velhos tempos - para a missa do domingo na cidadezinha.
Então, fez uma prece e agradeceu muito à mãe. Pois ela, tão devota do Padre Cícero, ainda muito pequeno lhe ensinou a rezar e com imensa sabedoria lhe transmitiu toda a fé. Porque somente um milagre, acreditem ou façam pouco, era a sua vida até aqui.

(*) Médico-Cardiologista, natural de Missão Velha e residente em Fortaleza-CE

terça-feira, 30 de abril de 2019

“NUVEM PASSAGEIRA, QUE COM O VENTO SE VAI” - José Nilton Mariano Saraiva


É de certa forma incompreensível que, repentinamente, os blogs particulares, que serviam de estuário às manifestações de colaboradores dos mais diversos matizes e perfis ideológicos, progressivamente se esvaziem em razão da migração dos seus participantes para a rede Facebook.

E incompreensível porque, enquanto as postagens nos blogs se caracterizam pela disponibilização contínua do que lá é postado (a quem interessar possa), no Facebook é como se fora uma “nuvem passageira, que com o vento se vai”;  assim, “rolam” rapidamente dentro de instantes, ficando difícil até de acha-las a posteriori (ou 01 minuto depois).

Além do que, nos blogs particulares o espaço é “generoso” e convidativo à reflexão, porquanto fixo e facilmente acessível a qualquer momento, permitindo até o surgimento do contraponto daqueles que pensam diferentemente, trazendo, como consequência, o “debate” de ideias conflitantes.

Referimo-nos, particularmente, ao “abandono” verificado nos últimos meses nos blogs cratenses “No Azul Sonhado” (de Socorro Moreira) e “Cariricult” (do Salatiel), outrora prestigiados por diversos colaborares de reconhecido gabarito e competência (José Flávio, José do Vale, Emerson  Monteiro e outros), mas que, agora, apresentam uma “secura” de dar dó, com postagens esporádicas de um ou outro.

Portanto, senhores, não vamos deixar que os blogs morram de inanição; postem, divulguem, exponham, estimulem outros a o fazerem, independentemente do viés ideológico.

Afinal, blogs são ou não difusores de cultura e informação ???


sábado, 20 de abril de 2019

OS "LAVAJATEIROS-VAZADORES" - José Nilton Mariano Saraiva

Já alertávamos, lá atrás, em uma de nossas postagens, que após permitir que a tal Lava Jato impunemente pintasse e bordasse (através do estupro diuturno da Constituição Federal), algum dia os integrantes do Supremo Tribunal Federal haveriam de sentir-se “ameaçados” na sua teórica condição de “guardiões da Constituição” e tenderiam a partir para o revide, a fim de mostrar “quem manda mesmo no pedaço” (definição jurídica final).

Pois bem, como a “corda” foi generosa e magnânima, capaz de afagar o ego até do mais insensível dos seres, (por parte de uma mídia desonesta e parcial), os ”lavajateiros”, à frente Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e Gelbran Neto,  perderam as estribeiras e abertamente assumiram a condição de “semideuses”, capazes de tudo e abrangendo todos, quer através de chantagens e mentiras, quer pela disseminação de um clima de terror generalizado, capaz de transformar a simpática Curitiba (sede da Lava Jato) numa terra a ser evitada de qualquer maneira, por gregos e troianos. Até porque, guardada as devidas proporções, “descer” pra Curitiba seria como que adentrar Auschwitz, o famigerado campo de concentração nazista (afinal, até prova em contrário, a tortura psíquica, especialidade de Sérgio Moro, é tão ou mais dolorosa e devastadora quanto à física).

E o retrato emblemático das ilegalidades nos interrogatórios que ocorriam em Curitiba pode ser observado pela transcrição de parte do embate entre a defesa de Marcelo Odebrecht e o então todo poderoso Sérgio Moro, a saber (ipsis litteris):
Defesa de Marcelo Odebrecht — Antes que Vossa Excelência encerre a gravação, estou vendo aqui, no site Antagonista, que o depoimento do senhor Marcelo está sendo transmitido, neste exato momento, EM TEMPO REAL, de sorte a desrespeitar a determinação de Vossa Excelência do segredo de Justiça. Está aqui. Quer que eu coloque para Vossa Excelência? (…) E SÓ PODE TER VAZADO AQUI DE DENTROEntão, nós estamos numa situação de flagrância. É só entrar no site e ver.
Juiz Sergio Moro — Tá… Ehhh… A gente trata disso sem precisar da gravação aqui.
Defesa de Marcelo Odebrecht – Não, não, faço questão que isso fique registrado aqui.
Juiz Sergio Moro – Não, sim, mas…
Defesa de Marcelo Odebrecht – Vossa excelência não quer ver a fidelidade da transmissão?
Juiz Sergio Moro – Sim, doutor. Mas é uma questão pertinente ao interrogatório dele [Marcelo Odebrecht]. Nós tratamos na ata. Pode interromper a gravação.

Ou seja, surrealisticamente, com autorização expressa do juiz Sérgio Moro, um depoimento tido como “segredo de justiça” estava sendo transmitido (vazado) “ao vivo” para um site pra lá de suspeito, na Europa, a fim que fosse divulgado quando se tornasse conveniente à bandidagem.

Não é de se estranhar, pois, que hoje, quando (até que enfim) os integrantes do Supremo Tribunal Federal parecem ensaiar um “bater de frente” com os “lavajateiros” (depois que o “objeto de desejo” – condenação e prisão de Lula da Silva, foi alcançado), estes se apeguem aos mesmos métodos sujos para “vazar” ao mesmo site (O Antagonista) possíveis malfeitos do atual Presidente do STF, praticados lá atrás. É o “método Moro” de agir e fazer (e o seu “banco de dados”, convenhamos, deve contemplar milhões de patrícios, todos sujeitos à “deduragem” a qualquer momento).

Fato é que, se tivéssemos um Corte Maior expedita, atuante e que se fizesse respeitar, a essa altura Sérgio Moro e seus procuradores estariam pagando caro pelas cabeludas e infindáveis barbaridades que perpetraram desde o nascimento da tal Operação Lava Jato (mas, pagarão, mais cedo ou mais tarde).

E o país não estaria a experimentar a vexatória situação que atravessa, refletida na esculhambação jurídica vigente, permissiva a que alguém seja condenado por "atos de ofício indeterminados" antes mesmo do processo acusatório chegar ao seu desenlace final, ao arrepio, pois, do que preconiza a Constituição Federal.  




quarta-feira, 17 de abril de 2019

A AULA DE ZAVASCKI


O MÉTODO MORO DE MANTER PRESAS PESSOAS SEM CULPA CONFIGURADA, EM BUSCA DE “DELAÇÕES”, É “MEDIEVALESCO” E ENVERGONHA QUALQUER SOCIEDADE CIVILIZADA (TEORI ZAVASCKI).

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A pergunta é: se vivo estivesse Teori Zavascki, Sérgio Moro teria tido a oportunidade de impedir que Lula da Silva concorresse à Presidência da República, influindo decisivamente no resultado do pleito (que findou por nos legar esse idiota que assumiu o poder) ???

segunda-feira, 15 de abril de 2019

ELEGIA PARA RANÚSIA - (LURILDO SARAIVA - PROF. TITULAR DE CARDIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)


Eu a conheci durante as inúmeras passeatas, que fazíamos contra a Ditadura Civil-Militar de 64. Era uma quase meninota, magrinha, de olhar meigo, olhar faceiro, olhar puro, pernas finas, tez branca, nariz adunco, cabelos alourados e muito lisos. Era extremamente generosa, dócil, apegada à profissão de Enfermagem, que escolhera para ajudar ao próximo. Valente e guerreira. Incursa no Decreto-Lei 477, feito pelos generais para afugentar os jovens da conscientização política e da luta pelas liberdades democráticas, não se furtou a continuar o seu trabalho de ajudar fundamentalmente os enfermos pobres, ontem, como hoje, a sofrerem pela própria doença e pelo descaso com os hospitais universitários, carentes de tudo.
Lembro-me que a vi no enterro do Padre Henrique Pereira Neto, este uma das primeiras vítimas do terror da era Médici, de olhos úmidos, em plena Avenida Caxangá, ao lado da minha irmã, como ela, enfermeira. No ano de 1970, quando eu era interno no Hospital Pedro II, por volta das nove horas das sextas feiras, quase sempre me trazia um enfermo pobre para medicar e, sobretudo, companheiros, que militavam em luta clandestina, mostrando na pele estigmas das torturas ocorridas no DOPS. Eu os via de modo sorrateiro, com nomes falsos, tentando burlar a vigilância dos agentes direitistas, que pululavam nas unidades da UFPE, que, ulteriormente, viria a saber ser um dos centros de tortura política no país.
Em fins de 1970, ela me chama com discrição e diz estar partindo para a luta armada. "Tem certeza, Ranúsia, que é este o caminho? - Sim, Lurildo, não há outro, esta ditadura só será exterminada na bala. Tu não queres ir comigo? - Não, Ranúsia, não tenho coragem, não. - Mas, companheiro, a gente adquire na luta! - Não, amiga, prefiro atuar como médico". Foi este o nosso último encontro. Em 1973, leio no Estadão, em frente ao apartamento, onde recém casado residia na Rua Teodoro Sampaio, em São Paulo: "Terrorista é morta em tiroteio contra as Forças de Segurança em Jacarepaguá". Enchi os olhos de lágrimas, eu e todos sabíamos que aquela notícia era falsa, devia ter sido morta pelas torturas medievais, comandadas por Fleury, o sádico serviçal da ditadura, desumano e cruel.
De fato, as cinco maiores organizações da esquerda armada - VAR-PALMARES (fusão da VRP e COLINA), da qual era uma dos dirigentes a companheira Dulce, e que iria futuramente sofrer a metamorfose direitista atual como Presidente Dilma; a ALN, do Mariguella e Joaquim Câmara; a VPR, do Comandante Lamarca; o PCBR, do Mário Alves; o MR8, de Palmeiras e Gabeira; e a APML, do Mata Machado - se juntaram no justiçamento de famoso torturador paulista, íntimo do Delegado Fleury, que havia morto vários companheiros da guerrilha urbana, em violentas torturas no DOI-CODI de São Paulo. Ranúsia representou o PCBR em plena Avenida Copacabana. Por este ato político, Fleury jurou diante dos seus asseclas, que nenhum dos componentes do grupo guerrilheiro, se salvaria da tortura e da morte.
Ranúsia foi apanhada em 27 de outubro de 1973. Viríamos a saber que durante dois dias, ininterruptamente, foi torturada sem piedade pelos comparsas de Fleury, sob seu comando pessoal. Como era comum nesses atos criminosos, deve ter sofrido no pau de arara, deve ter recebido choques elétricos na sua intimidade de mulher, deve ter tido unhas e dentes extirpados a cru, deve ter padecido horrores, com gritos lancinantes.
Ainda assim, quase exangue, foi obrigada pelo monstro humano, a reconhecer, naquele bairro distante da cidade do Rio, companheiros com quem iria encontrar-se. É possível, com a coragem da mulher sertaneja, que tenha se recusado a cumprir o papel de delatora, mas há um limite para a atrocidade e a dor. E, ali mesmo, teve o que restava do seu corpo, metralhado por balas, sendo jogado em cova rasa e tempos depois, em vala comum. Antes disso, meses antes, teve a prudência de entregar a sua filhinha, gerada e nascida na repressão, a uma senhora doméstica da casa dos pais na infância em Garanhuns, para dela cuidar, criança não de todo aceita, face à clandestinidade em que vivia a mãe, não compreendida por muitos.
Posso avaliar já distante no tempo, o que deve ter pensado aquela menina, sequiosa de Justiça, amante do Socialismo, durante as sessões de tortura:" Onde estaria Zane, sua irmã, membro do mesmo PCBR? Como estaria sua filhinha, de quem foi forçada a se separar, pelo amor à Pátria? Como estaria seu pai, o senhor Moisés Rodrigues, de quem cuidei pessoalmente como médico, observando diariamente o seu semblante triste, com o afastamento de quatro filhos, todos em luta clandestina contra aquela mistificação de “Revolução”?
E os algozes que se desfaziam daquele corpo violentado, como nos dizia o nosso Dom Helder - "Templo vivo do Espírito Santo", mal sabiam que estavam a enterrar uma Heroína Pernambucana, que deu a própria vida por Justiça, preenchendo, assim, plenamente, uma das Bem-Aventuranças de Jesus Cristo, para adentrar no seu Reino de Paz. Sequer sabiam aqueles "homens bichos", que tinham em suas mãos um corpo quase imaculado, pois que legara à Pátria os seus anos juvenis, na luta contra uma sangrenta ditadura civil-militar, serviçal do Capitalismo sem Pátria, mantenedora de um regime excludente, que ainda hoje persiste, sob a égide de uma coligação de centro-direita, a enriquecer, de modo exponencial, os que sempre foram ricos, como agora fez, praticamente doando aos Capitalistas o campo petrolífero de Libra, o maior já descoberto na História.
Querida Ranúsia, ainda ecoa em nossos corações a gargalhada do sádico Coronel Perdigão, "que ria, ria muito alto", naquela noite sombria de 28 de outubro de 1973, na Praça Sentinela, em Jacarepaguá, quando terminava a sua heroica vida, atirando na sua cabeça, os dois últimos tiros que a exterminaram. Nós, permanecemos fiéis aos mesmos ideais que nos levaram às ruas deste país nos anos 60, continuamos seus irmãos. Sua vida não será nunca esquecida, você, inesquecível amiga, hoje Heroína Pernambucana, Heroína da sua Garanhuns, está e estará sempre, no Altar da Pátria, nos lares dos empobrecidos do nosso país, nos que padecem nas filas de hospitais sucateados pela ex-companheira Dulce, para facilitar a sua privatização, nos ônibus que são uma ofensa ao deslocamento dos operários, em ruas entupidas de carros, pois o modelo neoliberal de direita assim o quis, para aumentar o lucro gigantesco dos fabricantes de veículos.
Ao contrário do que queríamos, querida Ranúsia, quem organiza e orienta as nossas cidades, não são os representantes do povo, são as empreiteiras, são as construtoras de gigantescos e feios megaprédios, que vão destruir, dentro de poucos anos, a beleza da Recife, que conhecemos em 1962, aquela linda Veneza Brasileira, querida amiga. E você jamais pensou, na grandeza da sua valente luta, que Dulce, aquela mulher valente da VAR-Palmares, que chegou a considerar o Comandante Lamarca um "frouxo", e que participou do planejamento da expropriação do cofre de Ademar de Barros da casa da sua amante no Rio, para o financiamento da guerrilha urbana, agora, neotransformada pela coligação de centro direita, que nos comanda, traindo o seu passado, vítima do Exército na tortura cruel que sofreu, jogaria esse mesmo Exército contra o seu povo, que protestava nas ruas do Rio contra a doação do riquíssimo campo petrolífero de Libra aos mesmos capitalistas que mataram Getúlio e a torturaram, em crime de Lesa Pátria, a merecer o devido " impeachment" do cargo mais honroso da Nação.
Mas, Ranúsia, diga ao grande Prestes, diga ao João Amazonas, diga ao Padre Henrique, diga ao nosso Dom, diga ao Frei Tito de Alencar, que apesar de estarmos entrando na etapa final da vida, agora surgem jovens tão valentes como fomos, a invadirem as nossas ruas, clamando por Justiça e Liberdade, por um modelo econômico autenticamente nosso, não subordinado ao Capital Internacional, como atualmente reina e nos sufoca. Amiga, a semente vingou, vingou Companheira Ranúsia!

Que você ouça, Ranúsia, no Altar da Pátria, o que nos disse o nosso Dom Helder: "Felizes os que sonham, alimentarão a Esperança de muitos, e correrão o doce risco de um dia ver os sonhos realizados".


sábado, 13 de abril de 2019

LULA É CULPADO (ROBERTO REQUIÃO)


Lula é culpado (Roberto Requião*)

Definitivamente, Lula é culpado. Desde sempre. Nasceu culpado, viveu sob o estigma da culpa e haverá de morrer no pecado. Lula é culpado há gerações. O seu sangue está contaminado por cepas indígenas e, provavelmente, africanas.

Lula é malnascido. E mal-agradecido: em vez de se conformar à sorte de ter sobrevivido a uma taxa de mortalidade infantil que transformava em anjinhos, pela graça de Deus, mais de 90 das 100 crianças nascidas no sertão pernambucano, quis alçar-se além de sua condição de sobrevivente, de sobra do destino, de raspa do tacho. Quis - oh falta de senso da ordem natural das coisas! - ser presidente da República.

Lula não é inocente. Pode até ter sido ingênuo, por acreditar que fosse aceito ou tolerado pela Casa Grande e seus sabujos. Pode ter sido confiado, crédulo. Mas não inocente.

Dizer, gritar, espernear que Lula é inocente, é dar legitimidade às acusações e condenações de Moro, Dallangnol, daqueles patéticos juízes do TRF-4, talvez a mais completa corte de pascácios da história do judiciário brasileiro. Dizer que Lula é inocente é certificar todas as manchetes, todos os textos, todos os artigos, toda as opiniões que a mídia comercial, e monopolista, verte em caudais todo os dias. Dizer que Lula é inocente é reconhecer e validar o que o Jornal Nacional, na voz marcante de William Bonner ou com a sisudez para a ocasião de Renata Vasconcelos, comunica aos brasileiros todas as noites há mais de mil noites.

Dizer que Lula é inocente, corresponde até mesmo a aceitar a bizarrice do power point de Dallangnol, a militância aecista de Igor Romário, a incompetência letal de Erika Mareka e o cavanhaque indecoroso do Santos Lima.
Dizer que Lula é inocente é como que ratificar as acusações dos nazistas a Dimitrov, pelo incêndio do Reichstag; autenticar a culpa de Dreyfus por traição à França; é escolher Barrabás; é filiar-se ao Santo Ofício na condenação de Giordano Bruno; é adotar como sua a sentença contra Tiradentes; é atuar como assistente de acusação da Savonarola; é botar fogo nas piras que consumiram todos os cristãos novos e os muçulmanos recalcitrantes, as bruxas, os hereges e a longa procissão dos desajustados às normas da Santa Madre.

Lula é inocente do quê? De um apartamento que nem Moro reconheceu que fosse dele? De um sítio, cuja propriedade escriturada, de papel passado e testemunhada foi sonegada a troco - mais uma vez - da convicção de um juiz, da delação de um torturado?

Não, não há inocência em Lula. Ele não é inocente de roubo, porque não roubou. Lula é culpado!

Como a Joana D’Arc de Bernanos e de Bressan, Lula é culpado de sua inocência. Como a Santa, foi relapso, desavisado, confiante, demasiadamente confiante. Afinal, ele imaginou que poderia fazer tudo o que fez impunemente? Que poderia arrostar os poderosos e seus interesses transnacionais, desafiar um a um os proprietários da política, os donos do dinheiro, os donos da opinião pública e à sempre desfrutável classe média? Em que país pensou que vivesse? É desta ordem a culpa de Lula.

Lula é culpado porque resgatou dos porões do gigantesco navio negreiro que é este país, dezenas de milhões de brasileiros. É culpado porque introduziu essa gente no maravilhoso mundo das três refeições diárias, mesa há 500 anos reservada a apenas uma minoria. É culpado por essa fantástica e ciclópica (que mais superlativos poderia usar?) obra de combate à fome, à desnutrição, à mortalidade materno-infantil, à degradação física e moral da nossa gente. É culpado porque botou anel de doutor no dedo dos filhos de operários e trabalhadores rurais. É culpado porque inventou um programa para dar aos brasileiros uma moradia digna, sadia e financeiramente acessível. É culpado porque, operário e pau-de-arara, entendeu mais que os ilustrados antecessores, especialmente mais que o sociólogo boquirroto, ciumento, fútil e ocioso, que um país sem ciência e tecnologia estaciona no tempo e no espaço e torna-se mero e servil caudatário das nações imperiais. Daí a magnífica rede federal de educação profissional, científica e tecnológica, a rede de escolas técnicas, as universidades plantadas em todo o país, para horror dessa nossa elite tacanha, obtusa, inculta, grosseira e preconceituosa que ainda hoje sonha com a senzala.

Lula é culpado pela mais fabulosa descoberta em território pátrio dos últimos séculos, o petróleo na camada do pré-sal. Os muxoxos dos tucanos, à frente, na vanguarda do atraso, como sempre, o invejoso FH; e a reação blasé dos economistas e dos jornalistas de mercado, da grande mídia comercial e do mercado financeiro, revelaram não apenas despeito, mas, sobretudo, decepção com as possibilidades abertas à consolidação da soberania nacional e, acima de tudo, da cimentação de um poder popular, nacional e democrático.

Lula é culpado por ter aberto a mais formidável possibilidade para remir o Brasil do atraso, da pobreza e da dependência. Lula é culpado por insurgir, desafiar, confrontar aquela que, talvez, seja a pior, mais daninha, a mais colonial, a mais estúpida, a mais iletrada, ignorante e xucra das classes dominantes mundiais, a elite brasileira.

Lula é culpado por tornar o Brasil respeitado, ouvido e acatado internacionalmente. Jamais, em tempo algum, o nosso país teve tal protagonismo e liderança. Lula enterrou o complexo de vira-lata, de que os sapatos do chanceler dos tucanos são o mais vergonhoso exemplo. E isso foi imperdoável!

Lula é culpado, mil vezes culpado, por ter libertado a Polícia Federal e o Ministério Público das injunções políticas, dando-lhes, é verdade, uma autonomia excessiva.

Lula é culpado (por favor, nunca relevem essa culpa que, para a classe média metida a sebo, esse é um pecado mortal) por transformar os aeroportos em rodoviárias.

São por essas culpas que Lula foi condenado e é mantido preso. São as culpas de Mandela, de Spartacus, de Frei Caneca, de Zumbi dos Palmares, do Conselheiro. O tal do triplex, cuja propriedade permanece em um incômodo e escandaloso limbo? Os pedalinhos dos netos em um sítio em Atibaia?

Ora, vão à merda!


quarta-feira, 10 de abril de 2019

UM RARO MOMENTO DE SINCERIDADE DO MINISTRO


Em reunião acontecida no sexto andar do ministério da Economia, no dia 12 de março de 2019, presentes seis presidentes de Tribunais de Contas estaduais (Thiers Montebello – Presidente TCM/RJ; Antônio Roque Citadini – Presidente TCE/SP ; Adircélio de Moraes Ferreira Júnior- Presidente TCE/SC ; Edilberto Carlos Pontes Lima- Presidente TCE/CE;  Celmar Rech – Presidente TCE/GO, Cláudio Couto Terrão, que deixava a presidência do TCE de Minas Gerais , além do  conselheiro Antônio Renato Alves Rainha do TC/DF), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou peremptoriamente:

“Estamos convencidos de que Lula não roubou um tostão. E seu patrimônio prova isso. Ele não teve foi quem o avisasse do que acontecia em torno de seu governo. Acabou vítima do jeito de fazer política no Brasil. Serve como exemplo”.  

sábado, 6 de abril de 2019

A "AULA" DO MINISTRO - José Nilton Mariano Saraiva

“... não existe uma possibilidade, por exemplo, de uma mulher, uma C O N G E seja morta pelo seu C O N G E baseado na violenta emoção e seja aplicável a esse dispositivo, porque não haveria uma situação de legítima defesa. Ao contrário, o que poderia eventualmente acontecer é uma mulher ser atacada pelo marido, e a mulher, reagindo eventualmente cometer algum excesso e não V I M a ser condenada como uma homicida por conta de ter agido S O B R E  violenta emoção...” 

(trecho do depoimento do Excelentíssimo Senhor Ministro da Justiça SÉRGIO FERNANDO MORO à Comissão de Constituição e Justiça do Senado).

QUE VERGONHA,  MINISTRO.
  

sexta-feira, 5 de abril de 2019

"PODRIDÃO" INSUPORTÁVEL - José Nilton Mariano Saraiva


Incompreensivelmente blindada durante anos pelos prolixos, frouxos e covardes integrantes do Supremo Tribunal Federal (que, lembremo-nos, aceitaram passivamente todas as “cabeludas” arbitrariedades perpetradas pelo seu então comandante, o “medíocre” juiz de primeira instância, Sérgio Moro, o agora famoso “marreco de Maringá”), a tal Operação Lava Jato progressiva e paulatinamente vai sendo desnudada e desmoralizada pelos fatos que emergem do lodaçal que lhe serviu de base. E a “podridão” é insuportável. 

Num primeiro momento (2016), numa prova inconteste de desonestidade e falta de ética, o juiz curitibano e seus procuradores, em nome das “autoridades brasileiras” (os quais não eram credenciados para tal ),  não se acanharam em meter a mão com desmedida voragem no dinheiro da própria Odebrecht (ato de corrupção), ao aceitarem uma superlativa propina de R$ 6,500.000.000,00 (SEIS BILHÕES E QUINHENTOS MILHÕES DE REAIS), a serem geridos por aquela “casta de iluminados”. 

Mais adiante (2018), incontestados, arrogantes e prepotentes os “lavajateiros”, desde sempre comandados pelo dito juiz de primeira instância, meteram a mão também no dinheiro da Petrobras (outro ato de corrupção), através do recebimento de uma outra propina bilionária de R$ 2.500.000.000,00 (DOIS BILHÕES E QUINHENTOS MILHÕES DE REAIS) que seriam igualmente geridos com exclusividade pela “República de Curitiba”, ao seu bel-prazer, sem ter que prestar contas a ninguém. 

No total, por enquanto (será que vem mais por aí ???), a assombrosa quantia de R$ 9.000.000.000,00 (NOVE BILHÕES DE REAIS) foi repassada à turma então comandada pelo juiz Sérgio Moro, que à época se autoproclamavam “autoridades brasileiras”, para receber tal “agrado”, conforme expresso na documentação agora descoberta e veiculada pela mídia (isso depois das indesmentíveis e incontestáveis  denúncias dos tais “blogs-sujos”, à frente o corajoso jornalista Luiz Nassif).

Hoje, após descoberta a grotesca maracutaia, o que se comenta é que toda essa “montanha de dinheiro” seria colocada numa espécie de “fundo-financeiro”, cujo objetivo maior seria a formação de “quadros” (através de palestras, congressos, lavagem cerebral, agrados, viagens, etc) visando a disputa de eleições num futuro que está bem aí. 

E como o comandante da Lava Jato, Sérgio Moro, preventiva, maquiavélica e espertamente já “se fez ministro” em razão dos relevantes serviços prestados à “camarilha” de mafiosos que assumiram o poder (prendendo arbitrariamente Lula da Silva) existiria a possibilidade, sim, do próprio lançar-se candidato à sucessão do incompetente e tosco chefe (Bolsonaro), que, graças exclusivamente a ele, chegou lá (ou, então, ascender ao Supremo Tribunal Federal). 

Portanto, não esqueçamos de uma verdade incontestável: toda essa patifaria e esculhambação jurídica que estamos a vivenciar deve ser creditada aos prolixos, frouxos e covardes membros do tal Supremo Tribunal Federal (tivessem “cortado as asas” do Sérgio Moro, lá no começo, não teríamos chegado a isso). 

Aliás, as “excelências togadas” acabam de adiar, “sine dia” (sequência do golpe), em conluio com a também mafiosa OAB, o julgamento (marcado para o dia 10.04.19), que trataria se a “presunção de inocência”, preconizada na Constituição Federal, ainda tem ou não validade (ou seja, se a condenação em segunda instância deve aguardar o desenlace do processo legal) ou, então, se prevalecerá a vontade do “marreco de Maringá”, segundo a qual a condenação em segunda instância é o “fim de linha”, não precisa concluir o processo). 

Agora, aqui pra nós, alguém tem alguma dúvida que essa associação mafiosa entre os membros do tal Supremo Tribunal Federal e os desonestos membros do OAB objetiva impedir que Lula da Silva seja libertado e provoque uma reviravolta no quadro atual ???






terça-feira, 2 de abril de 2019

O "PREDADOR" - José Nilton Mariano Saraiva

O “PREDADOR” – José Nilton Mariano Saraiva
Para aqueles não muito íntimos com o vernáculo pátrio, a palavra “predador” comporta multifacetadas definições, dentre as quais poderíamos destacar: “o que destrói o ambiente em que atua, ou os elementos dele”.
Nos dias correntes, tal definição se adapta como uma luva à “excrescência” que, infelizmente para o nosso país, boa parte da população sufragou para a Presidência da República: Jair Bolsonaro.
Não propriamente porque seja um “tosco” (grosseiro, rústico, destituído de cultura e refinamento espiritual) mas, sim, por se nos apresentar como autêntica tragédia humana.
Participante do “baixo clero” da Câmara Federal (não confundir com “CÂMERA” Federal, conforme define o poliglota Sérgio Moro) por quase 30 anos, Jair Bolsonaro é aquela figurinha medíocre que nunca se preocupou em favorecer o povo, mas, sim, à bandidagem miliciana, responsável por sua ascensão, e dos filhos, na política (onde todo o clã está “empregado”).
Pois bem, agora mesmo, na viagem oficial que empreendeu aos Estados Unidos, Jair Bolsonaro envergonhou toda a nação brasileira ao se pôr de cócoras ante o exótico presidente americano Donald Trump, num festival de puxa-saquismo sem precedentes (não se cansou de afirmar ser admirador não só do próprio, mas, sim, da nação americana, e por aí vai).
Aproveitou para, literalmente, “doar” a Base de Alcântara, no Maranhão, onde os americanos, a partir de agora, poderão lançar seus mísseis e foguetes, ao bel prazer e com custo bem mais baixo, com o adendo que o local se tornará, a partir de então, área exclusiva e reservada para os gringos (brasileiro que incursionar por aquelas bandas deverá passar longe ou será expulso).
Não satisfeito, assinou tratado onde permite que os yankees que desejarem vir ao Brasil (sob qualquer pretexto) não precisarão mais apresentar o tradicional “visto de entrada” (sem qualquer reciprocidade), o que não é comum entre as chancelarias dos países (pra piorar, estendeu tal privilégio aos originários da Austrália, Canadá e Japão, transformando nosso país numa autêntica casa de mãe-joana).
Mas o pior e mais horripilante viria depois, quando, em reunião com empresários americanos, assumiu de vez sua porção de potencial “PREDADOR”, ao assegurar que não tinha sido eleito pra “construir”, mas, sim, pra “desconstruir” o Brasil.
E o retrato emblemático dessa sanha predatória podemos visualizar agora mesmo, no Ministério da Educação, onde um alienígena, que mal sabe falar português e já provou ser pouco dado à gestão, está destruindo de forma avassaladora uma área tão importante e fundamental.
Afinal, qual o país do mundo que se desenvolveu sem a participação real e efetiva da educação, da tecnologia e, em suma, do conhecimento ??? Até parece que Bolsonaro, face à sua ignorância e limites, almeja nos legar um país à sua imagem e semelhança.

Fica, então, a pergunta: o que fazer, visando obstar a chegada definitiva do caos ???

domingo, 24 de março de 2019

O "FUNCIONÁRIO" DO BOLSONARO - José Nilton Mariano Saraiva



Imagina-se que antes de decidir renunciar à magistratura federal para ingressar na política (já na condição de Ministro de Estado), o então juiz Sérgio Moro (naturalmente que com o apoio da digníssima esposa, também atuante na área jurídica, mas paradoxalmente suspeita de se achar envolvida em “tenebrosas transações” com o dinheiro público) pesou os prós e os contra de tão radical mudança.

No entanto, como houvera sido picado pela mosca azul, em razão do repentino “cartaz” obtido quando chefiou a tal Operação Lava Jato (quando “peitou” deus e o mundo, sem maiores consequências), optou por fazê-lo ainda durante a campanha do “coiso” à Presidência da República, na perspectiva de que, em lá chegando, teria a oportunidade de estender seus tentáculos  em outras áreas governamentais.

Para tanto, dispunha de um handicap poderosíssimo: um “banco de dados” dos mais completos (e não tão republicano) sobre milhares e milhares de brasileiros (principalmente da classe política), obtidos através de um aparato tecnológico digno dos FBI, KGB e CIA da vida, conhecido por “Guardião” (o mesmo que serviu pra gravar as conversas de Lula, Dilma e familiares, usadas ilegalmente para alavancar o tal impeachment).

Além do mais, e visando a agilidade necessária na operacionalização do próprio, convenceu muitos dos seus subordinados da Lava Jato para ajudá-lo na tarefa de “dizimar” de vez com a classe política (se necessário), conforme já preconizara lá atrás em artigo sobre a Operação Mani Pulite, ocorrida na Itália na década de 90, e que lhe serviu de “catecismo” quando elaborou a Lava Jato, a saber:

“No Brasil, encontram-se presentes várias das condições institucionais necessárias para a realização de ação judicial semelhante. Assim como na Itália, a classe política não goza de grande prestígio junto à população, sendo grande a frustração pelas promessas não-cumpridas após a restauração democrática. Por outro lado, a magistratura e o Ministério Público brasileiros gozam de significativa independência formal frente ao poder político” (ipsis litteris).

Portanto, não se constitui surpresa nenhuma que, no primeiro “arranca-rabo” com a classe política, via discussão pública com o Presidente da Câmara Rodrigo Maia, em razão deste não priorizar e colocar em votação o seu projeto sobre a reforma do Código Penal, Sérgio Moro haja “lembrado” a todos que Maia fora citado numa das delações da Petrobras.

Aparentemente sem se intimidar com o “recado”, Rodrigo Maia partiu para o ataque e devolveu na mesma moeda, ao afirmar que Sérgio Moro não passava de um “funcionário de Bolsonaro” e que o projeto em questão seria discutido com Bolsonaro e não com ele, Sérgio Moro, já que sem competência para tal.

Fato é que o “fuá” tá armado, e em Brasília muitos lembram que quando aceitou ser Ministro da Justiça Sérgio Moro possivelmente já houvera combinado  com o “coiso” que seria uma espécie de “nuvem passageira” na Esplanada dos Ministérios, já que para ele e seis seguidores já estaria reservada uma vaga no Supremo Tribunal Federal ou - por que não - uma concorrência à própria Presidência da República, já em 2022.

A pergunta que se impõe, então, é: será que até que isso aconteça (Sérgio Moro no STF ou candidato à presidência) ele conseguirá convencer o “coiso” a reverter a decisão do Presidente da Câmara de só colocar em votação seu projeto sobre segurança após a votação da questão da Previdência ??? Ou ficará “engolindo sapo” até lá (o que não condiz com a sua personalidade autocrática e personalíssima) ???

Há que se considerar, ainda, que, além de não ser dado a “dar murro em ponta de faca”, Sérgio Moro está compromissado com os colegas da Lava Jato que “empregou” no Ministério da Justiça (também renunciaram aos cargos ???) daí nem pensar em “tirar o time” antes do tempo regulamentar.

sexta-feira, 22 de março de 2019

OS (FALSOS) "PALADINOS DA JUSTIÇA" - José Nilton Mariano Saraiva


Desde tempos imemoriais, aqui neste espaço, através de postagens diversas, temos afirmado com contundência e convicção que a esculhambação jurídica hoje vigente no país se deve exclusivamente àquele que deveria ser o guardião da Constituição Federal – o STF (Supremo Tribunal Federal).

Afinal, ao fechar os olhos para as diuturnas arbitrariedades perpetradas pelo juiz de piso Sérgio Moro e seus procuradores, integrantes da Operação Lava Jato, aquela Corte Superior literalmente estimulou os novos (falsos) “paladinos da justiça” a estuprarem nossa até então respeitável Carta Maior, sem a menor cerimônia, através da criação de um novo “direito”, próprio, intocável e oriundo de Curitiba, remetendo as “calendas gregas” todo o receituário jurídico então vigente.

É que, picados pela “mosca azul” e marombados pela soberba, em razão do apoio popular embutido no “canto de sereia” de um presumível combate sistemático à corrupção (uma farsa descomunal), os lavajateiros se consideraram como que semideuses, donos de uma verdade primeira e única.

E tanto fizeram, e tanto provocaram, e tanto exageraram, que findaram por despertar ciúmes explícitos nos membros do tal Supremo Tribunal Federal, que, parece, agora acordaram de  vez e decidiram bater de frente com a “criatura”, na perspectiva de mostrar-lhe “quem manda mesmo no pedaço” (aplicação do constitucionalmente estabelecido).

Assim, num primeiro momento a decisão de remeter à Justiça Eleitoral os processos relativos à corrupção/via caixa 2, feriu de morte a Operação Lava Jato, porquanto esvaziando-a em sua essência.

Tanto é, que a Internet está sendo usada e abusada “full-time” e de modo depreciativo pelos “lavajateiros”, numa clara demonstração de confrontação ao STF, principalmente porque em meados de abril teremos esse mesmo STF julgando definitivamente sobre a legalidade ou não da prisão em segunda instância, defendida arraigadamente pela República de Curitiba, mas, para muitos juristas de escol, absolutamente ilegal.

Na perspectiva de desaprovação de tal tese (perfeitamente possível, já que flagrantemente inconstitucional, porquanto não contempla a “presunção de inocência” e obsta o prosseguimento do processo legal, como determina a Constituição Federal) o STF finalmente se credenciará ao respeito daqueles que primam pela legalidade.  

Até lá, entretanto, prisões e mais prisões serão efetuadas a mando da Operação Lava Jato, numa tentativa de manter um protagonismo que definha dia-a-dia.

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Enquanto isso, a impressão que se tem é que o hoje ex-juiz Sérgio Moro “quebrou a cara” ao ingressar na política sem qualquer vivência e apenas com o aval de um maluco incompetente. É que imaginou que em lá chegando e já na condição de Ministro da Justiça poderia casar e batizar, fazer e desfazer, mandar e desmandar e, enfim, exercitar sua porção perversa em maior amplitude.

Com apenas três meses de governo já foi “enquadrado” pelos mafiosos políticos do Congresso Nacional e tende a ser um simples e banal “empregado de Bolsonaro” (como o definiu Rodrigo Maia), com tudo de “agradável” (???)  que uma companhia dessa estirpe possa propiciar.