por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Meu pai e a Gastronomia
Moreirinha

Quando o meu pai era vivo, queria comer peru todos os domingos. Tinha uma freguesia certa, que lhe vendia o peru da roça. Não gostava de muitas misturas. Bastava que fosse ao molho, e acompanhado de um arroz soltinho, e farofa de cuscuz com feijão verde. Na falta desse prato, podia ser substituído pela galinha caipira ou carneiro.
Minha mãe, cozinheira de mão cheia, temperava tudo de véspera, para pegar bem o gosto.
-Fazemos isso até hoje.
Dizia-nos: Para uma galinha caipira, coloquem uma cabeça de alho, uns dez grãos de pimenta do reino, suco de um limão, sal, uma cebola roxa picada, pimentão, tomate, pimenta de cheiro e cheiro verde (coentro e cebolinha).
Depois de partidas, as porções tinham que ser escaldadas e escorridas.
Pilava a pimenta, depois acrescentava os dentes de alho (macerava), e acrescentava o suco do limão, sal e colorau.
Antes a gordura usada era o toucinho. Depois substituído pelo óleo vegetal (canola é o melhor). Refogava os temperos secos ,na gordura quente com os pedaços de carne. Acrescentava os temperos verdes, deixava esfriar e colocava na geladeira coberto com papel alumínio até o dia seguinte.
A carne era cosida em fogo brando, colocando água aos pouquinhos (o mínimo) até ficar tenra e no ponto.
Os acompanhamentos ideais:
Farofa de cuscuz c/feijão verde;
Macarrão (talharim) com nata, manteiga, cebola, tomate e queijo ralado.
Angu de milho (polenta), com molho da carne e queijo ralado.
Uma saladinha básica de alface e tomate, e pronto!
No decorrer dos tempos, substitui o colorau pelo açafrão, e acrescento umas pitadas de alecrim, quando a carne é de criação (carneiro).
A nossa sobremesa geralmente era pudim de leite condensado, que ela fazia com duas latas de leite moça, uma de leite de gado e cinco ovos.
A calda de açúcar , quando a gente errava, usava mel Karo. O pudim, impreterivelmente era acompanhado de doce de ameixa, em calda bem consistente.
Depois da refeição ele pegava no sono, deitado na sua rede – sempre armada. Ventilador e som ligados. E tome Uno, Jalousie, Adeus Pampa Minha, Delicado, e os sucessos de Orlando e Nelson Gonçalves.

Nenhum comentário: